Em meios
Acordei com o barulho da chuva na janela. Me soltei do que me prendia e meus pés passaram direto pela varanda, sem nem meio passo de hesitação. Ali, sendo coberta pela água, cantei aquela. Ali, pedi. Pedi que trouxesse. Ou que tirasse. Entrega. Pedi entrega minha. Mais. Ou menos. Sem meios.
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Palavra roubada
Sê tu
"Sejas, não finjas; não
tinjas tuas palavras
de rubro-fosco; tosco
discurso, pobre
percurso dos que saem
de traseira, perdem
o freio na ladeira
da moda-malandragem.
Engates com tudo, sem
embreagem; saias do giro;
dês o tiro certeiro de longe,
de fevereiro, e deixes as águas
de março lavarem toda
a sujeira da pista; insistas
na boa sacanagem,
cambagem de ti.
-Posso? -podes; deixes
crescer o bigode, o jardim
amanhecer em flores cheirosas
e as colhas p'ra tua cama;
a escolha é tua, a mulher
está nua e te quer, ames
com força, torças com grito,
busques o prazer infinito. "
Felipe Sanches
roubado do Poesia de Padaria... o link tá ali.
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Mil vezes Clarice
"Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos. "
Clarice sequiosa Lispector (A descoberta do mundo)
UAU
ResponderExcluiruau.
wow.
passei só para dizer "oi", e para não deixar de ser a cativa.
adoro o site.
mas off-line como estou, o MTA está me fazendo falta inclusive.
passei por aqui para me "alimentar"....
pena não poder feed o sharing tb... mas quando voltar a terras mais planálticas, então estarei com o brilho do céu de brasólis para me iluminar.
beijos Poetiza linda!
Oi Iza, que saudades... passei aqui só para te ver... ou te ler!
ResponderExcluirMuitos beijos,
Maria Paula
Você falta em tudo!!!
ResponderExcluirCéus planos te mandam um sopro leve
E eu, um beijomeu
em tudo, coquine querida, tudo!!!
MP!!!
ResponderExcluirSempre uma alegria você por aqui, meu bem!
Tô te devendo um email há séculos...seisei... escrevo quando a calmaria achar seu lugar por aqui...
Saudades suas sempre!
Beijo nos alfacetomate!(rs)
Beijoamarelo p'c!