terça-feira, 8 de março de 2011

Há mais sol
sol na mão
manhã de terça, eu em piscina e aconchego de casa de mãe, quando surge no céu um círculo em volta do sol brincando com tons e pintando cores outras. lindo. lindo. o poder da percepção do contraste. e passei o dia sentindo o calor e a força dele na mão minha. bom simsim!
...............................................................................
Presente palavrado
"Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos..."
Pablo Neruda
as simples gentilezas, como essa, fazem os mais raros presentes. Presente que dá cor e ritmo a essa semana que caminha. obrigada, querido!! espero poder sempre retribuir seu carinho e delicadezas mil! beijo! =)
.................................................................................................
No país da Alicinha
"esperando chegar a hora de partir e futucando o seu todo amarelo encontrei entre os comentarios uma frase que levo pra minha meiasemanaposcarnaval - pra começar de novo o ano que já começou!
"... leveza, desprendimento e segundos todos bem vividos no caminho para o inevitável.""
querida, tava com saudades de vc por aqui.... não resisti! =)
beijotodacor
....................................................................................................
Segunda rima com Caio

"Há alguns dias, Deus — ou isso que chamamos assim, tão descuidadamente, de Deus —, enviou-me certo presente ambíguo: uma possibilidade de amor. Ou disso que chamamos, também com descuido e alguma pressa, de amor. E você sabe a que me refiro.


Antes que pudesse me assustar e, depois do susto, hesitar entre ir ou não ir, querer ou não querer — eu já estava lá dentro. E estar dentro daquilo era bom. Não me entenda mal — não aconteceu qualquer intimidade dessas que você certamente imagina. Na verdade, não aconteceu quase nada. Dois ou três almoços, uns silêncios. Fragmentos disso que chamamos, com aquele mesmo descuido, de "minha vida". Outros fragmentos, daquela "outra vida". De repente cruzadas ali, por puro mistério, sobre as toalhas brancas e os copos de vinho ou água, entre casquinhas de pão e cinzeiros cheios que os garçons rapidamente esvaziavam para que nos sentíssemos limpos. E nos sentíamos.

Por trás do que acontecia, eu redescobria magias sem susto algum. E de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. Nada de mal me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa. Os olhos da outra pessoa me olhavam e me reconheciam como outra pessoa, e suavemente faziam perguntas, investigavam terrenos: ah você não come açúcar, ah você não bebe uísque, ah você é do signo de Libra. Traçando esboços, os dois. Tateando traços difusos, vagas promessas.

Nunca mais sair do centro daquele espaço para as duras ruas anônimas. Nunca mais sair daquele colo quente que é ter uma face para outra pessoa que também tem uma face para você, no meio da tralha desimportante e sem rosto de cada dia atravancando o coração. Mas no quarto, quinto dia, um trecho obsessivo do conto de Clarice Lispector "Tentação" na cabeça estonteada de encanto: "Mas ambos estavam comprometidos. Ele, com sua natureza aprisionada. Ela, com sua infância impossível". Cito de memória, não sei se correto. Fala no encontro de uma menina ruiva, sentada num degrau às três da tarde, com um cão basset também ruivo, que passa acorrentado. Ele pára. Os dois se olham. Cintilam, prometidos. A dona o puxa. Ele se vai. E nada acontece.

De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou. Além disso, sem perceber, eu estava dentro da aprendizagem solitária do não-pedir. Só compreendi dias depois, quando um amigo me falou — descuidado, também — em pequenas epifanias. Miudinhas, quase pífias revelações de Deus feito jóias encravadas no dia-a-dia.

Era isso — aquela outra vida, inesperadamente misturada à minha, olhando a minha opaca vida com os mesmos olhos atentos com que eu a olhava: uma pequena epifania. Em seguida vieram o tempo, a distância, a poeira soprando. Mas eu trouxe de lá a memória de qualquer coisa macia que tem me alimentado nestes dias seguintes de ausência e fome. Sobretudo à noite, aos domingos. Recuperei um jeito de fumar olhando para trás das janelas, vendo o que ninguém veria.

Atrás das janelas, retomo esse momento de mel e sangue que Deus colocou tão rápido, e com tanta delicadeza, frente aos meus olhos há tanto tempo incapazes de ver: uma possibilidade de amor. Curvo a cabeça, agradecido. E se estendo a mão, no meio da poeira de dentro de mim, posso tocar também em outra coisa. Essa pequena epifania. Com corpo e face. Que reponho devagar, traço a traço, quando estou só e tenho medo. Sorrio, então. E quase paro de sentir fome."
Caio Fernado Abreu
................................................................................................................
Quinta rima com...
novas regras, conhecidos caminhos, excelente companhia, a um nunca morrida, gente de sorriso aberto, 3 bolas matadas na sequência 2x, o dançar gostoso de quem dança entregue, presentes musicais, sonífera ilha cantada em 3 vozes que são 4, a elegância de tímidos contatos, a delícia boa do quase-ter, passo leve, peito quente, a simplicidade imprescindível, energia renovada, som, cheiro, gosto, tato, sinestesia, sinestesia, sinestesia.


...............................................................................................................

4 comentários:

  1. POIZÈ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    E que muitas outras quintas venham enfeitadas!!!!!

    ResponderExcluir
  2. ele era muito, muito, muito canceriano... quer ver?
    http://astrodestino.blogspot.com/2008/08/amor-e-plenitude-cncer-e-poesia.html#links

    deu no que deu. de tão ruim, decidiu escrever e maltratar a humanidade com requintes de crueldade poética.

    e vc ainda agradece, tsc, tsc... ;-)

    ResponderExcluir
  3. que venham MUITAS, lalous!!!
    beijo, querida!

    ResponderExcluir
  4. é demais da conta, luzita!!rs...
    delícia boa essa crueldade.AMO!!!
    e ói que perfeito que tenho meu amigo que manda o que há de melhor do neruda!! =)
    beijomarelin, minha flor!

    ResponderExcluir