quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O que me acorda ou faz dormir

"sonho o poema de arquitetura ideal
cuja própria nata de cimento encaixa palavra por palavra
tornei-me perito em extrair faíscas das britas e leite das pedras.
acordo!
e o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
acordo!
o prédio, pedra e cal,
esvoaça como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
acordo!
e o poema miragem se desfaz desconstruído
como se nunca houvera sido.
acordo!
os olhos chumbados pelo mingau das almas e os ouvidos moucos
assim é que saio dos sucessivos sonos:
vão-se os anéis de fumo de ópio
e ficam-me os dedos estarrecidos.
metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros sumidos no sorvedouro.
não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
no topo fantasma da torre de vigia
nem a simulação de se afundar no sono.
nem dormir deveras.
pois a questão-chave é: sob que máscara retornará o recalcado?"
Waly Salomão

"Posso aprender a viver assim. Com medo da hora, na ponta dos pés, com sangue nos olhos, com ódio no coração, com círculos de fogo em volta. Não me provoque."
Fal Azevedo
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