terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mini conto sobre a falta

Um susto. E ela levava a mão na barriga. Também o fazia quando ria leve, quando sentia medo e quando alguém trazia notícias boas. Levava a mão na barriga para passar pelo degrauzinho do box na hora do banho. Também enquanto lia, tranquila, entregue ao embalo sonoro da rede. Quase nem notava que também acordava com a mão assim. Sentia a mais dura das faltas, aquela ciente da perda mas ainda inteira imersa na presença vazia. "Todo dia é aquele domingo.", dizia. Ela carregava a falta no corpo. E a protegia. Com a mão.
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Rádio Plutão
pq "todo beijo, todo medo, todo corpo em movimento está cheio de inferno céu".

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