segunda-feira, 28 de julho de 2025

"vermelho sangue, verde oliva, azul celestial..."

☆ Venho por meio desta dizer que, aparentemente, o inverno acabou. Celebro e me sinto pronta para reclamar do calor desalmado quando setembro chegar. 

☆ Toda uma geração que foi alfabetizada ouvindo Marina Lima e passou a vida soletrando fugaz em caderninhos e cartas tendo Marina como fonte. Até que o corretor automático veio enfim dizer que não não, que o gás total é sem L e e com z. Achei bonito. Tanto ter escrito errado mas certo esse tempo todo quanto descobrir um jeito certo mas errado novo de escrever. 

☆ O cheiro fresco e úmido de roupa recém pendurada no varal.

☆ Eu me olhando de fora e quase sempre vendo sentido em estranhar meus ímpetos primeiros. Basicamente um eu contra eu pra então achar o a favor. Quase todo dia. Em cartaz em mim.

☆ Outra batalha é ouvir o corpo e atendê-lo no que ele pede, jogar a rigidez em relação à malhação pros ares. Fácil não. Esse fds teve teatro, boteco com cerveja agarradinha na cachaça (oi, Minas), torresmo, prosa ao sol, chamego noturno sem pressa e me permiti não pisar na academia, me controlei na minha cartilha quicante. Passei o domingo quietinha e, em agradecimento, meu corpo me colocou pra dormir às 20:36 e segui feliz até acordar com o primeiro sabiá laranjeira. Só ganhei nesse exercício de escuta. Mas é fácil não. 

☆ O choque de ter o que queria. Um susto. Aperta áspero e me solta macia em movimento contínuo. Tátil.

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Rádio Plutão 

Nova da Noga no repeat





sábado, 26 de julho de 2025

Filhos de mim

Nós ali sentados no banco esperando por Pedro, em chamego e brincadeira, quando André me pergunta: manhê, qual é seu ponto fraco? E lá vou eu: filhote, talvez seja o silêncio. Nos seus opostos. A presença marcante dele me incomoda, me faz preencher os espaços vazios com dúvidas e devaneios que via de regra nem fazem sentido. Eu sou da palavra e entro em conflito com o não dito, entende? E, por outro lado, me perco de mim e do outro quando o silêncio me falta. Preciso do silêncio, do tempo, do respiro. Preciso de espaço para elaborar o que eu penso e sinto. Preciso da falta. Mas nem sempre sei lidar com ela. E ele diz: não, mamãe,  é o ponto fraco no corpo. O meu, por exemplo é a cosquinha. AÍ eu não soube responder. E como ri. rs.

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Por que eu amo a Fal


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quinta-feira, 24 de julho de 2025

Trecho esparso sobre o amor

O nome dele, um sussurro. O desfecho de um suspiro. Os erres que não sei se sobem ou descem ao final das sílabas soam despretensiosamente como um quase ronronar. Algo singelo. Mas para minha voz, com o meu sotaque, parecem evidentes demais, a ponto de eu me constranger. Ou não. O nome dele. Ele. E eu solta em sons.

quarta-feira, 23 de julho de 2025

 " olha o meu charme, minha túnica, meu terno..."

quem não pode jacumã, vai de olhos d'água 

E este sorriso estalado? Esta cútis cheia de viço? Esta dancinha enquanto escova os dentes cantando p.l.e.a.s.e (oi, Noga) em pretenso silêncio? Esta energia saindo quicante por todos os poros? Fim das férias escolares, darlings.

"Janelas escancaradas como bocas que bocejam". Karl Ove Knausgård. Bonito isso.

☆ Fui a um café encontrar cazamiga e lá encontrei uma outra que não via há tempos mas sabia eu que ela tinha se divorciado recentemente. Aí ela me conta o que rolou e né, putz. Se Chico Buarque estivesse ao meu lado, sussurraria em meu ouvido "não sou eu quem repete a história, é a história que adora uma repetição". Que merda! Sou capaz de tacar o caderno na cara de quem disser "nem todo homem", por que é o homem na maioria esmagadora das vezes. E não pense que falo aqui em cima de um palanque de moralismos ou regras impraticáveis. Sou a mulher que carrega "não linear e contraditória" piscando em neon na testa e sei que todo mundo faz merda, todo mundo pode ser escroto e magoar os outros de quando em vez. Mas escrotice continuada, sustentada no tempo e no espaço, com a pessoa que está ali subindo a montanha contigo, aí não. Acho o fim da picada. Sabe o que eu queria? Peraê que vou abrir um meu reino inteiro só pra dizer.

Meu reino inteiro 

Por um feitiço que, diante de uma escrotice consciente e continuada, faça o pau dos caras ir apodrecendo até cair no sétimo dia. Quem sabe seria didático.

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 "mas não tem nada não, tenho o meu violão". 

☆ Há os que adoram estar sempre certos, cobertos com o manto adamascado da razão. E há os que até apreciam a beleza dos próprios tropeços, suspiram ufas quando se percebem equivocados. Talvez não por maturidade mas por um senso crítico um cadinho mais apurado em relação a si mesmo. Ou então, se pá, por simples estratégia de sobrevivência. Não sei. Perdi o fio da meada. rs.

E eu que sou a rainha do falo o que sinto me peguei segurando a palavra ali, na pontinha da língua. Mas isso é prosa que carece de elaboração, prosa pra texto. 

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Rádio Plutão 

Quer...

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sábado, 19 de julho de 2025

Trecho esparso sobre o amor 

Parte de mim tem sobrenome escapar. Mapeio vielas escondidas, examino a viabilidade de terrenos de passagem e guardo senhas batidas no bolso. Enxergo rotas de saída em portas de entrada e, não satisfeita, chamo outrem para entrar. Decifro códigos talvez nem escritos. Desenho possíveis obituários no canto do caderno. Deixo a mochila pronta e prendo os cachos no alto, também pronta. Alongo o corpo, afino os olhos e me faço Rita em "cartão postal". E não sei se mais me acho ou me perco nesse ensaio supostamente sem palco.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

 "cada estrela se espanta à própria explosão"

☆ Fal sempre fala tanto da importância do registro e eu não só digo amém como afirmo ser tatuável "sou uma crente do registro ". 2012, que ano horrível. E como é bom reler e me ver ali me debatendo. Eu não estava passiva. Melhor ainda reler e ver que não estou mais lá. Um grande sonoro e prolongado ufa.

☆ Ainda sobre o tema acima, eu boto  fé que toda vez que alguém começa a escrever um diarinho, o universo inteiro agradece. E se o diarinho é compartilhado, eu agradeço (oi, Davi).

☆ Os filmes do Wes Anderson. A estética, as cores, a fotografia, os diálogos, aquele ritmo permeado por um todo díspar. "O Esquema fenício " e a abertura com aquela cena no banheiro. Putz. Assistiria mil vezes partindo em pedaços e degustando segundo a segundo.

☆ E como não confessar que estou apaixonada? Suspirante, olhos brilhantes, ridiculamente entregue. Querendo tudo, querendo o todo, querendo mais. Sou puro amor pelo meu e só meu recém chegado óleo de canabidiol. Noite passada dormi oito, eu disse OITO horas de sono. É um soninho bom, uns sonhos macios, uma sensação de descanso que nem sabia mais que poderia existir. Sou só amor, sou só bem querer. 

☆ Feminista de merda. E. abomina a expressão pelo mesmo motivo que pra mim faz sentido usá-la (assassinei o português aqui, produção?). Diz ele que fomos criadas em uma cultura machista e misógina então sempre haverá contradição em nós, independentemente do quão "feministas" somos. Por isso não há que se falar em "de merda" pois é uma condição esperada. E, pra mim, exatamente por ser uma contradição via de regra inescapável, mesmo com letramento e atitudes outras, ela é uma merda. Ela não deixa de ser merda só porque temos clareza da contradição. Bem, discordâncias em concordâncias à parte, estava lá eu na melhor linha "então é outra festa, é outra sexta-feira" quando parei para me perguntar se aquilo que eu me dizia querer eu queria de fato ou queria de modo automático, mais para os outros que para mim. E minha resposta foi diametralmente oposta ao "meu querer" inicial. Me senti simsim uma feminista de merda. Mas não com ares pejorativos. É mais como um percalço (ui) natural no caminho de quem questiona o script e, boa parte das vezes, rompe com ele. Consegui me explicar? Bom, as 6 pessoas que leem o blog sabem que nem sempre me faço entender, então está tudo sussa. 

☆ Me interesso tanto. Me desinteresso tanto. Aí me interesso tanto. Às vezes nem eu dou conta, na boa.

☆ André Alves e a empatia. Era outro tópico, mas hoje não. :)

terça-feira, 15 de julho de 2025

49 e 3



O 13 de julho virou outra coisa mais que o meu aniversário. Em 2022, foi também a data do dia um de separação, o dia do "nem mais uma noite". Só de lembrar me vem aquela força no peito, o pé firme bancando a decisão e uma serenidade controversa, um prenúncio de alívio. Até então eu via o fim do casamento como um quase fim do mundo. E protelava. Ouvia Chico Buarque cantando que "a saudade é o revés do parto" e cria na separação como o revés do amor. Mas bastou a concretização da experiência chegar para minha perspectiva começar a mudar. Passei a ver e sentir o término da relação como uma grande manifestação de amor. Pela vida, por mim mesma e, de uma maneira meio truncada (às vezes envolvendo raiva e mágoa), também de amor pelo outro. Porque há o entendimento de que estar junto daquele jeito não tem mais nada a ver com amor. Ali sim, permanecer na relação, seria o revés do amor e a separação é o grito pro resgate. É um suspiro fundo que puxa ar novo e nos abre para a possibilidade de uma vida que faça sentido. Sair de uma relação exaurida é um ato de amor imenso. Por isso acho que o divórcio deveria perder o estigma de fracasso e ser celebrado, ritualizado como outros tantos acontecimentos marcantes e decisivos pelos quais passamos. Tanto que na época fiz uma despedida de casada: festa, bolo, lembrancinha, karaoquê. E ontem celebrei o ano três com água de cachoeira escorrendo pela nuca e sol no rosto, com a alegria de estar em mim e rodeada de amor por todos os lados. Viva.

quarta-feira, 9 de julho de 2025

Georgie Jones - Resoluções para felicidade 

 N° 12  "Surpreenda-se com algo pequeno todo dia. Uma sombra, uma frase, uma colher ".

☆ Sobre o branco, o movimento lento dele de abraçar meu pé com a mão.

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Palavra roubada

"Glitch love

do amor ter sido a sorte

da morte 

do amor ter sido amor

tecido à sorte

do amor

à morte e a sorte

do amor ter

vencido 

do amor ter amortecido a morte 

e sido"

Davi Machado (Aqui)


sexta-feira, 4 de julho de 2025

 " e sonho soluções fenomenais..."

☆ 17:35. Tardinha que cai, minha hora preferida no dia. E sim, estamos em julho e acredito ser senso comum que esse é o mais gorjeante dos meses. Nada a ver com o fato do meu aniversário ser no dia 13 e ser também o Dia Mundial do Rock. Nada a ver.

☆ Fui visitar escritos antigos (oi Davi), lá dos idos 2010 e, pelamordadeusa, que obsessão por uma idealizada "leveza".  Aff que dá uma vontadinha de sair apagando, mas não, né? A gente foi quem foi pra ser quem a gente é, quem a gente está. Então tá valendo. 

☆ Lendo "A morte do pai", de Karl Ove Knausgård e degustando a maneira na qual ele descreve sua criança perceptiva e observadora, inserida naquela cultura familiar tão tão rígida e tão igualmente familiar pra mim. 

☆ Gosto dele. Esta afirmação teve o patrocínio da oitava série B (oi, Falzuca). rs. E gostar, pra mim, decerto por ser algo que não acontece com frequência no campo afetivo-sexual, carrega um quê de estranheza. Me estranho. Estranho estar neste terreno único, não antes pisado por mim nem pelo outro, um todo novo. Acho bonito, excitante e estranho. A sensação que tenho é a de que tudo sinto e nada sei. Ou quase algo sei já que sei que me estranho. E sei também que minha boca talvez não se mova, mas meu olho abre em sorriso quando a gente se vê.

☆ E se a Iza de 2010 era obcecada por leveza (blé), a de 2025 tem como alvo Georgie Jones e sua escrita recitada. Não me canso.  AQUI


quarta-feira, 2 de julho de 2025

Imo

Falhos. Intrinsicamente falhos. Ou meramente humanos, por assim dizer. E às vezes sem perceber, em movimento mais que natural, mergulhamos fundo nas nossas fendas, nas nossas ladainhas, na nossa pequenez mais genuína. E ali engendramos análises mirabolantes e perfis adversos e planos plausíveis que fazem MUITO sentido. Bem, MUITO apenas no secreto âmago de nós. Até que conseguimos enfim respirar, respirar de fato, e iniciamos o movimento de volta. Nos afastamos do conforto caótico da nossa gema e aos poucos sentimos certa clareza chegar. Esticamos os braços para alcançar o Eu que existe para além de nós e espreguiçamos como quem acorda de um sonho ruim, de uma viagem errada. Mas vira e mexe voltamos para lá, talvez entendendo melhor os ditames do passeio amargo e aprendendo a não se demorar. E penso que não é problema o imo ter ares de inescapável. Desde que consigamos, de alguma forma, escapar.

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Rádio Plutão 

"eu abro meu Neruda e apago o sol"


Aqui

terça-feira, 1 de julho de 2025

Retórica 

E quando não há chão para o clássico e esperado "mas agradeço por"? Quando o que há é batida de pé que anseia por cegueira de poeira pra enxergar o não visto?

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Bishop