quinta-feira, 2 de outubro de 2025

E
"Amar é sofrer/ eu vou te dizer/ mas vou duvidar", bem escreveu João Donato para Angela Ro Ro cantar e para euzinha aqui acatar. Não duvido da afirmação ou da dúvida. Amar é sofrer. E cabe duvidar. Porque o amor é mais, bem mais, mas traz um sofrer garantido emaranhado no todo diverso. Pois sim. Daí que agora me pego conjugando verbos desse balaio e amo e sofro. Amo a alegria na prosa e no corpo, os lampejos surpresa, as pequeninas graças e um ou outro eventual momento de arrebatamento. Amo o sentido em mim, o sentido que sai de mim para o outro e os quereres que vão abrindo mato sem pressa, ritmadamente. Amo o simples, me águo. E sofro. Sofro pra dentro com supostas incertezas, com minha ambivalência quase crônica, com a ausência manifesta do que falta. Por vezes me sinto como quem busca por vento abanando um leque fechado. Me seco. E depois passa, o ambiente vira ar. Tudo tão típico, tão clichê. Tão novo e ao mesmo tempo mais velho que o próprio tempo em si. Poetizo, degusto, engasgo, sofro e amo. Mas não me engano, sei que gosto do frenesi desse lugar e me permito ficar até. Até chegar a hora de ir. 
Que demore. Ou seja breve. Sem porquês e com todos eles.
........................................................................
Rádio Plutão


Nenhum comentário:

Postar um comentário