quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

 Por que eu amo a Fal

"Tormenta

Ninguém pode ser o que você quer que ele ou ela seja, ou o que você precisa. As pessoas são o que são. Talvez elas se encaixem. Talvez não. Talvez você se encaixe. Talvez seja tudo uma grande besteira. Talvez o emprego apareça, ou as suas cutículas parem de doer, ou ele ligue duas, três vezes por semana só para saber como você está. Talvez você finalmente entenda aquele livro estranho, talvez um filme com o Kevin Kline salve você, talvez você se dê conta de coisas muito apavorantes durante uma madrugada muito triste. Talvez a sua alergia misteriosa se manifeste mais violenta do que nunca. Talvez você acabe bebendo vinho rose numa taça linda ou andando num carro sem capota com o Miltão ou num consultório médico recebendo notícias horríveis.

Talvez haja um fim.

Talvez não.

Quando Claudel disse há algo de ausente que me atormenta, ela não se referia só às chances que não alcançava por ser mulher num mundo de homens, ao amante casado que jamais seria dela, ao seu próprio talento (que era imenso). Ela não se referia apenas ao que nunca é o que desejamos ou esperamos de nós mesmos, ao amor, à felicidade, ao tempo, à grana, à liberdade.

Sempre acho que Claudel se referia fundamentalmente a si mesma. Nunca estamos, real e definitivamente. Não de verdade, não sempre, não, não.

O algo de ausente que sempre falta somos, ao fim e ao cabo, nós mesmos. Eu para mim, você para você.

Estamos, nós, minha voz anasalada e irritante, sua voz grave e doce, nossa coragem, nosso mover de mãos, peito, pelos, unhas, lábios e suas pelinhas, dentes e aquele quebradinho do dente, mamilos, unha do dedão, dedos dormentes, boceta, pontas mastigadas do cabelo e olhos que embaçam, estamos, todos, em falta conosco, distantes, meio apagados, meio longe demais, ausentes.

Nunca estamos, nunca estamos o suficiente em meio à tormenta dos dias, das dores, das graças, dos sins.

Nós nos atormentamos a nós mesmos e nos faltamos e nos faltamos."

Fal Azevedo 

domingo, 5 de janeiro de 2025

 "A assinatura de todas as coisas"

Livro. Livro é coisa outra que é livro mas é mais. Porque se expande para além da história no papel, abre esse portal imagético automático e quase inexplicável. O livro dita o escrito e você cria caras, roupas, ruas, movimentos. Inventa sem pensar o tom do diálogo, a voz que fala, o silêncio que ouve. E sente a umidade da gruta, a textura aveludada do musgo, o cheiro na nuca, a angústia e o amor de quem "nem existe". E ri e chora e vira refém da história pra depois ficar meio órfã quando ela acaba. Um livro é mais que uma história contada. E consegue ser ainda mais se se põe a caminhar, ganhar mundo. Aí, quem de novo o lê conhece a leitura de quem já o leu. Não só por traços, grifos ou palavras soltas de canto. Mas por que ali se conecta com idos olhos atentos, com a impressão invisível dos dedos nas folhas, com o barulho do passar das páginas, com as pausas. Há toda uma energia vivida na leitura do outro que chega pra quem agora chegar. E essa beleza, esse encontrar, me toca. Tanto me toca que coloco sem dó meus livros pra girar e esse, a partir de hoje, é seu. Acho justo. Acho justo que você me leve nele, eu estando ali nas quatro vezes que o li. E leva de quebra também outros dez pares de mãos e olhos de gente querida que por ele passou. De alguma forma, quase inexplicável, eu o lerei contigo.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

 Acorde

"Uma discreta insinuação de interesse entre duas pessoas". Essa é uma das definições de flertar que mora no dicionário. Descrição simples de algo que de fato é simples, mas de certa forma complexo. E bem gostoso, sinto eu. Especialmente aquele que segue sem pressa, que não se limita a minutos antes de um beijo na mesa de bar. Falo do flerte que demora a se entender como tal, da dinâmica que vai mudando de jeito. Até que sabe-lá-o-que vira uma chave invisível e você percebe um interesse outro do outro e se olha pra descobrir se há interesse em si. Se sim, começa a dança. Dança que varia em ritmo e sobe em tons. Devagar. E talvez venha daí a complexidade que mencionei, desse movimento que se demora um cadinho na despretensão e desafia imediatismos. Do movimento que degusta o nascer e crescer das vontades ainda no campo da incerteza. Qualquer toque vira marcadamente um toque, o olhar vai aprendendo a se demorar, risos mais soltos, pausas, desconcertos. Pequenos frenesis. É o outro passear a língua pelos lábios enquanto você fala e você, por um instante, se perder no que estava dizendo. Pequeno frenesi. Prazer simples de sem mais acontecer.

Um sol. Um sol suspenso.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

 Poema oração para os dias todos

"De uma maneira ou de outra

é o tempo e a sua desenvoltura

nos proporcionando possibilidades de nos atrevermos

nos refazermos em movimento com o espaço

em pensamento e intuição com o próprio tempo.

É o meu existir em desfile aberto

por entre as existências todas.

É o tempo e a sua desenvoltura

renovando os estados de consciência

através das constantes travessias

das incessantes batalhas

que nos trincam as cascas

nos trocam as peles

amolecem o leito e o peito

e a cada passo fortalecem o coração.

No tempo e no espaço deixo rastros

deixo jeitos, deixo risos, deixo choros,

deixo histórias, deixo glórias, deixo perdas,

deixo sortes gastas e presentes do azar.

Deixo, deixo, deixo e deixo

até que minhas percepções acessem a fenda

um portal, um estreito laço entre as dimensões

onde meu espírito observa-se vívido e vivo

reconhece a si mesmo dentro de um corpo re-habitado

realmado, reamado e desarmado.

Pela resiliência que nos sorri

com a sabedoria dos saltos

e a experiência das quedas."

João Pedreira

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Acorde

F. , a sábia, me disse numa sexta feira de mês já bem passado que a então "amiga" faria com as outras variações dos absurdos que fez comigo, que era só questão de tempo, que elas aguardassem. Eu duvidei e disse que não, que a treta era só comigo. F. repetiu que era só questão de tempo. Pois é. Ela, sábia que é,  estava certa. Taí.

Um dó. Um dó maior.

domingo, 29 de dezembro de 2024

 Cais

Ouço o que você me mandou e me acho e me perco. Misturo tudo. Misturo as histórias, os tempos, os personagens, o tom da voz. Misturo as estradas, meus passos, as falas idas e as esperadas, mesclo palavras. Confundo o sentido do ato acabado com o querido e ainda não vivido. Troco nomes e esparramo no chão as letras poucas, esse curto início de alfabeto. O único ponto em comum sou eu. Eu que "invento cais" e não sei ser inerte. Não preciso. Não preciso nem quero quedar o movimento meu. Ouço, sinto, misturo.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

 Vasto lugar

Ontem éramos 9. Uma quarta qualquer em que esse bandinho de gente se reuniu pra cantar parabéns surpresa para uma amiga nova que fará aniversário ali na esquina do fim de semana. Gente que vive em parceria há anos, gente que se aproximou intensamente nesse 2024, gente que acabou de chegar. E ontem, no meio daquele falatório solto e festivo, eu parei quieta e respirei fundo. Senti tudo até sentir um nada tranquilo e soltei o ar.

Passei boa parte desse ano um tanto sem chão. Vivi meses no receio abissal de perder o grupo de amigas que foi minha base afetiva nessa última década. E eu, que sou tão do "estou" e não "sou", que falo tanto do movimento inescapável da mudança de tudo, me agarrei com unhas fincadas no que já não mais existia. Eu sabia que não existia. Surgiu o momento de provar aquilo que sou naquilo que ensino (oi, Emmanuel) e nadei contraditória sem dó. Eu sabia que não me encaixava mais ali, naquele modus operandi, naquela ética relacional, mas demorei a me convencer a deixar ir o que já tinha ido e assumir a mudança em mim. O fim parece fim e assusta, desterra. Mas o fim não é fim, é só mudança. E mudança é um lance que expande, não se limita a um fatídico ponto final. De fato, "perdi" as amizades que já não eram. E doeu de rasgar. As que fazem sentido ficaram e nos ajeitamos em novas dinâmicas numa naturalidade que eu nem sabia possível. Nem consigo colocar em palavras o quanto acho bonito isso. E toda a energia que eu colocava em me agarrar ao ido, de repente ficou livre. Eu fiquei livre. Vejo com clareza que esse lugar antes tão temido faz sentido. O que eu temi é campo vasto e não o fim de mim. Talvez, de certa forma, o fim de uma Iza que foi virando outra, que outra está. E a Iza que estou realmente estava naquela sala ontem, mergulhada em afeto, nadando junto. Sentindo tudo até sentir um nada tranquilo e soltar o ar.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

 Mini conto sobre a falta 


Desta vez, ela vazia. A falta. Digo isso porque normalmente ela me vem repleta, suntuosa. Parece contraditório mas não é. Estou acostumada a viver faltas cheias de tantos até a tampa. Me transbordam e me derramam em verbos fartos, adjetivos móveis, substantivos fugidios. Essa não. Essa quebra a regra e se instala em nada. Indivisa, quase in-crível. Ela vazia, ela em nada. Também do nada, em movimento não planejado, desfiz o nó do cordão carmim com minhas unhas rentes e liberei meu punho pra além dela. Pra outros virás. Outros atares e desatares enfim.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

 Trecho esparso sobre o amor


Em mim, você é criança, acabou de chegar. Corre por todo lado e brinca e canta e ri solto e bagunça festivo e demanda. Não se cansa. Chama tanto a minha atenção que não tenho como te desperceber. Mas sei que isso há de passar, que virá o ajuste do tempo outro, da distância física, do espaço nosso afastado de atravessar o globo. Sei que você vai achar um lugar tranquilo em mim, um canto onde entre luz. Com futton, vinho, som, cordão e instrumentos espalhados pelo quase chão. Aí vou te sentir só de fundo, ouvir só seu respirar meditativo. Um respirar. Parte quieta e presente nesse meu ritmado novo pós nós.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Talvez, talvez, talvez.

Me bateu essa brisa de que talvez (talvez) esse tenha se tornado o mais seguro e secreto espaço para um diarinho. Porque, né, quem lê blogs nesse quase dezembro de 2024? Nem eu que leio de um tudo leio. Talvez aqui eu esteja segura, protegida da obsolescência programada dos smartphones que evaporam num segundo anos de escrita variada ali guardada. Talvez seja a alternativa virtual perfeita para quem não vê mais graça na dinâmica de compartilhamento e consumo de dopamina barata do Instagram. Talvez aqui seja, mais uma vez, mas de uma outra forma, o espaço outro além do caderno e da caneta que, não sei bem pra quê, gosto de ter. Talvez, talvez, talvez.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Volver
o textinho abaixo foi escrito em fevereiro do ano passado e não me recordo por que deixei o pobre mofando no rascunho por mais de um ano. anyways, achei por bem deixá-lo sair livre por aí, deixá-lo respirar. até mesmo por que, em alguns momentos, poder respirar é tudo que se quer e parece simples e inalcançável ao mesmo tempo. e momentos "irrespiráveis" viraram meio que uma rotina de uns tempos pra cá. me sinto imersa nesse campo giratório de elevações e desmoronamentos. ora me inunda a leveza das pequenas alegrias: um gesto do pedro, uma palavra amiga, uma manifestação de saudade sincera; ora me esfarinho numa dinâmica de olhos cegos e de ouvidos moucos e de silêncios que doem fino e de palavras sem lugar de paz. elevações e desmoronamentos. e se tanto me falta ar, a escrita me lembra que ela tem simsim o poder de me puxar os braços e me abrir o peito. aperta até o limite pra conseguir desapertar um pouco que seja. me agarro a esse filete.


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Pois sim que não sei
as coisas bonitas que ganhamos. não falo de presentes materiais, por mais interessantes que sejam. falo de uma dúzia de palavras em um pedaço de papel, um desenho, uma bobeirinha que transborde carinho. houve um tempo em que eu ganhava poemas que tinham como inspiração o meu jeito de escrever. bonito isso. mas relê-los depois de tantos anos trouxe uma delicadeza misturada com incômodo e ainda não entendi direito o por quê. houve um tempo em que minha vida mais parecia uma canção do hedonista Bita (rs): o mundo inteiro era só diversão. festas, viagens, bares, desemplanos e danças sem fim. e foi deliciosamente incrível simsim. e era rico e criativo e pulsante e colorido. mas tinha um lado velado, uma tristeza carregada, que acho que não assumia nem pra mim. ou será que assumia? não sei, o que sei é que no meio daquela energia vibrante eu me sentia sozinha como nunca. sozinha e carente de algo que não sabia nem pontuar. até hoje não sei. e ler aqueles poemas encheu meus olhos de brilho e meu peito de estranheza. como se eu me estranhasse pelas letras, pelas linhas e pelos sentidos que senti. e, no fundo, não sei se essa estranheza diante da beleza é boa ou ruim. não sei.
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terça-feira, 19 de abril de 2016

Pois sim
das certezas de estar nesse plano:
vai dar merda. eventualmente ou todo dia, em algum aspecto, em intensidade variada. e vai dar merda tantas vezes- de formas inusitadas, repetidas, catastróficas, até imperceptíveis- que eu me pergunto por que a gente se espanta. se espanta e se indigna e às vezes até grita "injustiça!" e se culpa e sofre e sofre e sofre. se dar merda é garantido para todo ser que habita esse plano, se é parte do processo evolutivo, por que tanto susto e sofrimento?

por que somos humanos. e, contrário ao que afirmam, não somos realmente guiados pela razão. 

somos sentido. uma amarela colmeia de sentires.
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segunda-feira, 21 de março de 2016

Pois sim

Aí alguém solta uma piada inteligente sobre a situação caótica, aí você lê uma frase que faz sentido, aí te enviam uma música nova pra ouvir, aí uma pintura postada em um blog te faz parar por cinco minutos, aí você aproveita pra dançar um pouquinho enquanto escova os dentes, aí te tratam com sorriso e gentileza, aí a garfada de bolo no copo te faz fechar os olhos, aí seu amor te abraça por trás na frente do espelho, aí você diz pra sua mãe que a ama, aí alguém passa deixando um perfume doce no ar, aí a bandeja cai mas ninguém se machuca, aí você faz duas novas amigas,aí seu sobrinho sofre mas sua irmã cuida, aí a margot cheira a orelhinha do pedro, aí você ri do jimmy fallon até doer o maxilar, aí a febre e o choro vêm mas trazem dentinhos, aí seu pavor do desconhecido vira aprendizado, aí você tem a oportunidade de ajudar alguém com uma coisa bem boba, aí seu filho te beija a bochecha com a boca aberta, aí você sente vontade de escrever de novo.

a vida é boa, simsim.

aí você não sabe se escreveu isso de fato ou fez meio que uma versão meia boca de algo que leu algum dia.

mas o que importa é que a vida é boa, simsim. 
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sexta-feira, 18 de março de 2016

Avancemos!
   Tenho esse batom vermelho que, assim como a maioria esmagadora dos batons, vai saindo no decorrer do dia. Mas esse, por alguma razão misteriosa, sai de modos que me deixa com a boca da Emília do Sítio do Picapau Amarelo. E juro que não sei se acho festivo, simpático, ou assustador, na linha "boneca-louca". Até pensei em jogá-lo fora, mas né, o que seria da vida sem o exercício de questionamentos tão relevantes como esse? rs.


   Talvez a boca de Emília venha bem a calhar pois é exatamente essa cara que eu faço quando vejo as notícias sobre a crise política que assola nosso país. Espero que o fundo do poço (não sei se já estamos nele ou a breves passos dele) sirva como oportunidade para mudanças significativas, significativas MESMO. E continuo firme na crença de que o caminho revolucionário está na auto-transformação: cada pessoa, cada UM melhorando aquilo que temos de mais humano em nós e colocando em prática valores reais de respeito, justiça e comunhão. "Fazer com o outro apenas o que gostaríamos que fizessem conosco". Parece utópico, mas não acho que seja. É quando o "ser" importa mais que o "querer ter". Viemos todos pra esse plano pra evoluir, não foi? T-o-d-o-s. Eu, você e os escolhidos para governar nosso país. Avancemos, pois!
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quinta-feira, 17 de março de 2016

Por que amo TANTO a Fal

"Se esse país não existisse, teriam de inventar. Nós absorvemos grande parte da quota mundial de imbecis, não sei se as outras nações são suficientemente gratas." Fal Azevedo


Q: Fal, e quando você acha que achou o cara da sua vida, mas ele é quase 15 anos mais novo do que você? como faz?
"Amolis, cê sabe que eu não sou uma florzinha, não sou uma pessoa boa, não creio numa energia-muito-linda, não creio na bondade, então saiba  que não tou te falando isso porque sou uma fofa. Tou te falando isso porque é a real: vai lá. Quinze anos mais novo, que odeia tatuagem, usando peruca, trinta anos mais velha, muito mais alta, muito mais gordo, magro de doer, bigodudo, torcendo pro time errado, com dez vezes mais grana do que você, atleta, tatuado, bicho grilo, careca, duma profissão que sua santa família considera abaixo “do nosso status social”, fumante, cadeirante, dum gênero que você jamais imaginou que rolaria, eleitor de partidos exóticos, pobre de doer, doutro país, artista, funcionário público, com cabelo esquisito, dono de boate, gótico, pagodeiro, sertanejo universitário, iéiéié: vai lá. Sempre. Só não vale quem não quer você, quem você não quer e dimenor. De resto, vai lá. Eu juro pra você que nada, nada, nada disso importa. Na-da. Não é papo “clube dos corações solitários”, é da vida, ouça a tia Fal: vai. Seja ele o cara da sua vida ou o cara dos próximos lindos 15 minutos (a gente nunca, nunca, nunca tem como saber): vai. Vai, vai, vai. O que a sua mãe acha, eu juro, não importa, porque ela dorme agarrada no seu pai e você, vivendo pela cartilha dela, vai ou dormir sozinha (nada contra, eu durmo, mas, né?) ou dormir com um ser que não é teu número. Quem não quiser te receber de fim de semana porque “ela se juntou com aquele cara estranho” e “ele casou com aquela esquisita”, pode ir capinar um lote, porque num sábado chuvoso e tristonho, eles têm com quem ver Netflix, você vê com o cão (eu vejo com o cão, nada contra, mas, né?). Eu já pensava isso antes de o A. morrer, mas depois que ele morreu, falo pra todo mundo, o tempo todo: vai. Porque é raro. É tão bom. E efêmero. Em um segundo a sua vida muda. E se você for quem tou pensando que você é: VAAAI!!!" Fal Azevedo
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quarta-feira, 16 de março de 2016

Hã, Biloute?



 peguei lá na nina galdina

¨¨ Querid@s, problemas técnicos pra responder os comentários do post anterior. Guentem um cadinho que respostinhas carinhosas virão! =)
¨¨ O peso da idade. De tempos em tempos ele bate e nós, que nos achamos somos eternos jovens, ganhamos a oportunidade de parar e reorganizar nossa energia. =). E os meus 40 só chegando...
¨¨ Às vezes me impressiona a capacidade de recuperação do Pedroca. Deixo ele na creche e ele começa a chorar quando me afasto... por 5 segundos... porque basta ele virar de costas e dar de cara com os brinquedos e outros bebês que pára de chorar e fica de boa. Que continue assim, esse fofo. =)
¨¨ Quero, bato o pé e luto pelo meu direito de sofrer quando preciso. Entendo que não dá pra se afundar em tristezas, mas preciso sentir o que sinto. Preciso me permitir pra que a dor possa ser vivida no seu tempo, na sua importância, e possa passar. Rio de água que flui para se manter limpa, para seguir em movimento. Na linha daquela música que diz "dançar na chuva quando a chuva vem".


¨¨ Um dia cheio de som e cor para todos nós. Beijosdoces =)
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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Meu Todo Amarelo ainda vive =)

arte de jana magalhães

 ¨¨ Pois sim que o tempo passa e a vida segue com sua rotininha básica de mudanças constantes. Pouco escrevi durante a gravidez e menos ainda depois que Pedro nasceu. E talvez seja agora uma hora boa pra voltar. =)
¨¨ A maternidade é uma mistura rica. Dificuldades, dúvidas, cansaço, angústias. Quando você acha que as coisas estão entrando nos eixos, vem uma nova fase e sacode tudo. Gosto de brincar repetindo o que ouvi de uma amiga : temos um bebê novo por semana. rs! Por outro lado, é uma alegria, um amor e um senso de responsabilidade nunca antes experimentados. As dificuldades são superadas, as angústias resolvidas e o que fica, quando olho pro Pedroca, é uma gratidão abissal por estar tendo a oportunidade de viver tudo isso. Vejo o quanto me tornei uma pessoa mais forte, com mais pé no chão, e vejo também o quanto preciso me melhorar, evoluir, para poder seguir nessa jornada que é botar um filho no mundo. Agora tenho que ter mais maturidade e coragem para fazer as escolhas que considero mais acertadas. Não dá pra ser inconsequente ou pagar de porra-louca. Não dá pra largar tudo e fugir pra shangri-la. Existe esse serzinho que depende de mim, e isso não é brincadeira. Esse serzinho sorridente está só começando. E se arrasta pela casa, não pára de fazer barulho de leão (uraaauuu!), me abraça apertado e eu quero dar a ele a oportunidade de ser um menino bacana e se tornar um adulto bacana. Além de dar amor (o que tá fácil!), preciso dar o exemplo. Preciso ser bacana também! É o projeto de auto-transformação que ganha outro tempero e segue pulsante. Agradeço. Sigamos pois. =)
¨¨ Beijosdoces e saudosos aos que por aqui ainda passam =)
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Rádio Plutão

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quinta-feira, 16 de abril de 2015

Hã, Biloute?
arte de jana magalhães =)
¨¨ Já é meio de abril. Alguém sabe me explicar o que aconteceu? Me disseram certa vez que o tempo passa pingado quando as coisas não vão bem e voa quando a vida corre macia. Faz sentido. Que siga voando feliz então. =)
¨¨ Receita que traz comandos do tipo "prepare a carne com duas horas de antecedência" me perde no ato. É uma reação imediata e automática. Fico até meio envergonhada. E olha que eu nem posso colocar a culpa no barrigão. Já era assim antes. rs.
¨¨ Pedro gosta de tardezinhas. Chego em casa do trabalho, deito de barriga pra cima de frente pra janela, e a gente fica ali, conversando, cantando e assistindo ao dia cair. Pedro responde atento e vai mexendo seguindo o calor da minha mão. Às vezes cochilo, às vezes me energizo e parto para alguma pequena tarefa. Mas é sempre fantástico. Nosso pequeno ritual diário... nossa horinha dedicada à quietude leve do amor.
¨¨ "La senda de la virtud es muy estrecha y el camiño del vicio, ancho y espacioso. Miguel de Cervantes, certamente falando sobre o Netflix. Ou torta de limão." Fal Azevedo, aquela linda. =)
¨¨ As drogas naturais que o organismo libera durante a gravidez são um trem maravilhoso. Você fica mais lerda, mais pastel, mais esquecida, mais tranquilona e dorme sonos ridiculamente gostosos. Até que a pá vira, aciona seu ioiô emocional e você se vê acordando o maridão no meio da madrugada, desesperada e aos prantos, porque o Dorival Caymmi não pára de cantar na sua cabeça e você solta um quicante e molhado "eu não vou conseguir dormir nunca mais!". Drama pesado ponto. Tudo tudão não dá pra ter, né?
¨¨ Falando nisso, acho "a noite tá que é um dia, diz alguém olhando a lua" bonito demais da conta...
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Rádio Plutão
essa aqui ó:
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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Pois sim
"Tem gente que é morno na amizade. Sabe, gente que economiza afeto. Afeto e conhecimento são coisas que se você guardar você perde."
Mário Sérgio Cortella
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sexta-feira, 27 de março de 2015

Hã, Biloute?

arte de duy huynh
 
¨¨ Chuva, vento e trovões assim combinadinhos me dão vontade de abstrair o almoço e ficar quietinha me alimentando de luz e de som. Mas né, dá não.
¨¨ É impressionante a quantidade de sorrisos que o todo mundo precisa de um amiguinho me arranca. Na boa, sinto vontade de entrar nas fotos e gritar iêi. =)
¨¨ Guilherme Antunes disse que "Às vezes mandar alguém pra *puta que pariu* pode ser um ato pedagógico de amor. Seja para conduzir e situar o outro ao seu devido lugar, seja de amor-próprio a nos libertarmos e restabelecermos as coisas devidas. Por vezes cabe praticarmos polêmica compaixão, é revigorante." e eu digo amém. 
¨¨ Bloodline yeah.
¨¨ No início da gravidez eu achava que minha barriga estava enorme e que aquele era o máximo de xixi que alguém poderia fazer por dia. HAHAHA!
¨¨ Tanto pessimismo verborrágico em relação a tudo. Gente, pra quê? Parece que a galera tá aprisionada num plot novelístico/passivo de tensão sem fim. Eu tô com a Ka, usa essa energia pra FAZER alguma coisa, meu amigo. Pequeninos atos de amor e caridade são sempre grandiosos e, se não contibuir pra mudar o outro, pelo menos contribui para a SUA mudança. O que ao meu ver, tá de excelente tamanho.
¨¨ Um fim de semana cheio de leveza a todos. =)
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Rádio plutão
tocou "down by the river", mesmo que em guitarra imaginária, ganhou pontos comigo. =)
neil young yeah!
 
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