sexta-feira, 18 de junho de 2010

Clarice

Para ler Clarice desligo o som.Me desligo de todo e qualquer ruído.Preciso de quietude para lê-la como acho que deve ser lida.Quietude para sentir a textura inusitada de cada palavra.Ora veludo, ora farpa.Amo Clarice e abomino Clarice por motivos que não fazem muito sentido. Abomino quando me identifico, quando me vejo ali exposta, despida.Amo quando ela me enfrenta com o que eu condeno, me enchendo de sentido incompreensível.Abre meu olho para o diferente.E quando creio piamente que é assim, do nada, amo e abomino pela razão trocada.Vai ver é só amor...vai saber...sei que ela é uma amiga brilhante e chata que não sei viver sem.Amo Clarice, abomino Clarice. Clarisem-par. Claricimpávida.Clarisequiosa.Eusequiosatb...

"O que me tranqüiliza é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão
nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos,
a perfeição”.
Clarice Lispector

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