terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Hã, Biloute?
¨¨ Quem?
¨¨ Sigo no que parece ter se consolidado como rotina. Forças nada misteriosas me bloqueiam e me restringem de variadas formas. E eu fico aqui... querosa de coca colas quentes e de idiotas felizes e de águas claras e de bemditas benditas palavras de Lê e de entrelinhas e de pequenas criaturas e de não sente ao meu lado e por aí vai... ai ai. E se essa é a única página que abre no universo blogosférico, nada me resta a não ser vir aqui e jogar mais um blind post no escuro. Um dia a vidinha virtual minha volta ao normal. Tenhamos fé. =).
¨¨ Issana e Cláudio, queridinhos, respondo os comentários assim que conseguir acessar a página do mta. A coisa tá nesse pé, vejam bem. Beijo para os três! hehehe.
¨¨ Dias gostosos de chuva lá fora. Dias inquietos de tempestade aqui dentro. A calmaria aparece, tenta por um breve momento, mas não faz casa. Phoda.
¨¨ Ver o nome do amigo querido no resultado final do concurso me deixa TÃO FELIZ que a respiração até pára por um segundinho só. E volta encorpada pra ajudar a abrir um sorriso gigante. Parabéns, Jeannjeann! Mérito seu, alegria pra todos nós. =)
¨¨ Hoje de manhã levei um tombo cinematográfico na escada do prédio. E tive a sorte de me machucar o mínimo que qualquer um poderia se machucar ali naquele tipo de tombo, então não posso reclamar. Se alguns são "salvos pelo gongo", posso dizer que eu fui salva pela bunda, que lindamente absorveu toda a responsabilidade do impacto para si, poupando o resto de mim do pior. Foi bonito. rs. Interessante é que meu primeiro pensamento foi "machuquei meus joelhos?", vi que não e soltei um ufa. O segundo foi "ainda bem que não estou grávida" e soltei um segundo ufa. E o terceiro, por algum motivo bizarro, foi uma sobremesa que servíamos no amer's durante alguns meses do ano: maçã picada com caramelo quente derretido por cima. Não sei por que aquela imagem me veio na cabeça naquela hora. Mas, de alguma forma, a lembrança da textura do caramelo e do cheiro da combinação me acalmou do susto. Levantei com a ajuda do apavorado Seu Francisco (tadinho...), arrumei a franja descabelada, catei o que se espalhou pelo chão e segui pro dia. Cê lá vi.
¨¨ Encontrar com a Vá de surpresa em um restaurante cheio de trocentas pessoas foi um presente com laço de prosa boa. =).
¨¨ Saltimbancos com Bixiga 70 e Anelis Assumpção no CCBB. Alegria de cantar, dançar e ouvir e deixar o peito criança abrir. Excelente simsim.
¨¨ Música salva.
¨¨ Beijos aos que são de beijos e baldes de saudade boa aos que tanto adoro ler. =)
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Rádio Plutão
Se eu ganhasse uma moedinha por cada vez que já me senti uma pitanga em pé de amora na vida contrataria essa banda pra tocar na minha sala. por dias. meses. anos talvez . =)

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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Alex Castro
e mais um excelente texto.

"O mal é a falta de atenção

Amiga falando do irmão com quem divide um apartamento:

“Ai, não sei o que fazer. Meu irmão é uma pessoa boa, linda, incrível, tolerante, generosa, etc etc. Mas não lava a louça! Sai da mesa e deixa a louça toda lá, como se ela fosse magicamente se lavar sozinha, e quem tem que lavar tudo sou eu!”

Mas não acredito em gente boa e generosa que não lava a louça.

Não cometer genocídio é fácil.

No nosso dia a dia, não temos muitas oportunidades práticas de ativamente não-estuprar, não-roubar, não-torturar, não-cometer-genocídio, etc.

Não-matar não é uma daquelas decisões conscientes que tomo todos os dias e das quais posso (ou não) me orgulhar – assim como, digamos, ir malhar ou não repetir o prato são duas decisões que tomo todos os dias a um custo pessoal considerável.

Ou seja, não posso me considerar bom somente porque nunca matei, roubei, mutilei, joguei judeus no forno ou comprei escravos em Luanda.

Do mesmo modo, nada é mais fácil do que ser bom (e generoso e justo e honesto e até heroico!) naquelas dramáticas situações hipotéticas do futuro que nunca acontecerão: Sim, se minha avózinha precisar de um rim… eu dou! Sim, se eu estivesse em uma naufrágio, só entraria no bote depois de todas as criancinhas estarem acomodadas! Sim, se você engravidar por estarmos transando sem preservativo por insistência minha, eu assumo a filho! Agora, vamos, vamos, abre essas pernas, vai!

Ser bom é não humilhar o garçom
Quando sair com alguém, ignore a maneira como ela te trata (afinal, vocês são amigos, namorados, colegas, iguais, etc) mas preste atenção em como ela trata as pessoas (que acha que estão) abaixo dela.

A moça que se abre toda em decotes e gentilezas para você e quase unha os olhos da garçonete que derrubou o café não é uma pessoa boa; ela é uma pessoa que quer dar.

O moço que se pavoneia todo pra se mostrar másculo e elegante, mas quase dá porrada no garçom que derrubou o café não é uma pessoa boa; ele é uma pessoa que quer te comer.

Na melhor das hipóteses, é uma pessoa boa à beira de um ataque de nervos, o que na prática dá na mesma.

A facada dói igual.

O mal é a falta de empatia
Não sou religioso. Não acredito em metafísica.

O mal existe apenas como um comportamento humano. O mal é um contínuo de ações no qual podemos nos mover de um extremo a outro e, até mesmo, sair.

O mal é a falta de empatia. O mal são os olhos cegos e os ouvidos moucos. O mal é a desatenção e o auto-centramento. O mal é aquilo que sinceramente não te ocorre, que realmente não enxergou, que jura que não ouviu, que não sabe como foi esquecer.

O que é um batedor de carteiras comparado ao honesto pai de família que não enxerga nada a sua volta? Que não vê sua esposa insatisfeita e desesperada, seus filhos confusos e autodestrutivos, seu sócio abrindo a garrafa de uísque cada vez mais cedo?

O mal não é puxar a Anne Frank do sótão: o mal é cruzar todo dia pelo seu porteiro com o braço engessado e nunca perguntar, nunca se preocupar, nunca nem reparar.

O mal não é ser dono de uma fazenda com duzentos escravos: o mal é ser contra uma nova estação do metrô porque vai destruir as arvorezinhas da sua praça e nunca te ocorrer das centenas de milhares de trabalhadores que não têm carro, passam horas e horas em ônibus e terão suas vidas significativamente melhoradas por uma nova estação.

O mal não é a Estrela da Morte explodir Aldebarã: o mal é você relaxar do seu longo dia de trabalho curtindo um filme, depois de um belo jantar feito pela sua irmã, e nunca lhe passar pela cabeça que ela teve um dia igualmente longo de trabalho, ainda por cima fez o jantar e agora está sozinha tirando a mesa e lavando a louça, e ainda perdendo a chance de ver o filme!

O mal é a falta de atenção
Você, já na defensiva ao ler um texto tão moralista, responde:

“Perdão, eu sou tão distraído, estou com a cabeça cheia de coisa, não lembrei mesmo…”

Mas a “distração” que te faz esquecer não é o que te justifica, entende? É o que te condena!

Você não é uma pessoa boa que tem péssima memória e é muito distraída. Sua péssima memória e sua extrema distração são sintomas de seu profundo desinteresse por tudo que não diga respeito a você.

Duvido que esqueça os nomes dos vice-presidentes da empresa que vão decidir sua próxima promoção. Duvido que esqueça o endereço daquela loira gostosa que te deu mole na praia.

Você esquece é de lavar louça (“puxa, fiquei aqui distraído do filme, esqueci totalmente da louça, agora ela já lavou, amanhã ajudo!”). Você esquece é de assinar o livro de ouro dos porteiros (“putz, com essa correria de natal, nem lembrei, mas tudo bem, ano que vem dou em dobro!”).

É muito fácil nos absolvermos. Em nossa cabeça, somos sempre os protagonistas do filme da nossa vida. Tudo o que fazemos é sempre justificado.

Se dirigimos perigosamente e alguém nos xinga, ainda nos achamos no direito de ficar chateados ou revoltados:

“Porra, ele não vê que estou com pressa? Respeito as leis do trânsito todo dia, mas hoje tenho aquela reunião importantíssima!”

Não interessa o que seja: ou fizemos o certo (e o mundo tem que ver reconhecer e nos premiar, senão é muita injustiça) ou fizemos o errado, mas por um motivo totalmente válido (e o mundo tem que reconhecer e nos entender, senão é muita injustiça).

O que estou propondo é o oposto: qualquer comportamento seu que precise ser justificado ou racionalizado já está por definição errado.

Mais ainda: talvez você não seja uma pessoa boa.

Já pensou nisso?

Então, o que é ser bom?
Um exemplo.

Lavar metade da louça junto com a sua irmã (pois lhe seria intolerável sentar pra ver um filme sabendo que ela está lavando toda a louça sozinha) significa sim perder cinco minutos do filme, mas você não conseguiria viver consigo mesmo sendo o tipo de pessoa que não faria isso.

(Aliás, bróder mesmo é quem vai na minha casa e lava a louça. O resto é visita.)

Porém, o exemplo acima não é um exemplo de “ser bom”, mas simplesmente de “não ser escroto” – duas coisas radicalmente diferentes.

Parte do problema é esse: estamos tão pouco acostumados a fazer o que tem que ser feito que ficamos até orgulhosos.

Parece até que lavar a louça ou ir malhar na academia são grandes conquistas. Que não são coisas que fazemos para nós mesmos, para cuidar de nosso corpo e de nosso espaço.

Ser bom não é somente limpar o próprio cu. Isso apenas te impede de incomodar os outros com seu cheiro de merda.

Talvez fosse o caso de derrubar tudo
Minha ex-mulher é de uma pequena e próspera cidade no interior da Amazônia. Veio morar comigo no Rio e se deparou, pela primeira vez, com a população de rua em nossas calçadas.

Nunca amei tanto minha ex-esposa quanto naqueles momentos em que a mera visão de uma criança de rua já era o suficiente para levá-la às lágrimas.

Sabe por quê? Porque é.

Imagine qualquer criança que você conhece naquela mesma situação e você vai imediatamente entender o horror.

Com o tempo, para não enlouquecer, para poder funcionar como ser humano, minha ex-esposa foi criando a mesma couraça de insensibilidade social que quase todos os cariocas e paulistanos já trazem do berço.

É uma educação do olhar: você se treina para não ver, para não se importar, para não se horrorizar.

Hoje, tento desmontar minha couraça.

Se precisamos ser monstros insensíveis para funcionar em sociedade, talvez essa sociedade é que não devesse funcionar.

Talvez fosse o caso de derrubar e fazer outra.

O que vocês vão fazer com essas palavras
Algumas pessoas leem textos como esse e ficam indignados. Pensam que me considero melhor que eles. Que me acho santo. Que estou lhes dizendo o que fazer.

Não percebem que o dedo que aponto é na direção da minha própria cara. Quem precisa lavar mais a louça sou eu.

Do alto do meu galopante egocentrismo, estou sempre escrevendo só pra mim. Repetindo as coisas que eu preciso ouvir. Tentando me tornar menos pior.

Mas, na verdade, que importa se sou um santo ou um hipócrita? Um cagador de regras ou um vaidoso egoísta? Faz diferença?

Sou irrelevante.

Já minhas palavras, essas podem ser relevantes ou não, dependendo de quem as lê e do que fazem com ela.

Eu sou um fingidor, mas vocês não precisam ser.

O mal não é uma condição imanente, existencial, metafísica. O mal é um comportamento.

Então, basta começar a lavar a louça. Um dia de cada vez."
Alex Castro, aqui
(grifos todos dele)
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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Rádio Plutão



"I'm a new soul
I came to this strange world
Hoping I could learn a bit 'bout how to give and take
But since I came here, felt the joy and the fear
Finding myself making every possible mistake
La, la, la, la 
See I'm a young soul in this very strange world
Hoping I could learn a bit 'bout what is true and fake
But why all this hate? try to communicate
Finding trust and love is not always easy to make
La, la, la, la
This is a happy end 
Cause you don't understand
Everything you have done
Why's everything so wrong
This is a happy end
Come and give me your hand
I'll take you far away"
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segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Repostando
porque soluço desde ontem. e não posso reclamar. =)


Soluço
Soluço. Paro. Soluço, paro e volto a soluçar. Quem me conhece sabe que meu soluço é intermitente e dura o dia todo. Não adianta beber água de cabeça pra baixo, prender a respiração, levar susto ou repetir "papopapo soluçopapo" compulsivamente. Ele passa e volta. Herdei esse soluçar do meu avô materno. Diz a lenda que certa vez ele soluçou por três dias. Não o conheci. Desencontramos por pouco aqui nesse plano. Só o vi de dentro da barriga e quando saí ele não estava mais aqui. Mas o admiro pelo pouco que sei dele. Sei que quando voltava da fazenda sempre levava um agrado pra minha Vó. Uma fruta com cara de boa, uma flor bonita. Quando não achava nada de encher os olhos, levava uma folhinha de árvore ou uma pena de ave. Amor puro. Amor leve. Sei também que um de seus grandes prazeres era descascar laranjas. Não para ele, mas para os outros. Ficava feliz quando as visitas aceitavam a oferenda e descascava uma a uma com regalo. Homem de modos simples. Homem sábio. Homem forte. Forte também por ter se casado com a mulher mais firme que já conheci (e mal sabia ele da seqüência feminina que se seguiria dali...). E sei que soluçava. Meu soluço me irrita quando vem. Mas me incomoda mais quando demora a vir. Sinto falta do desconhecido próximo. Sinto falta do Vô Jorginho em mim.
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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Pichonelli
"A patrulha nunca termina

Não sei se era só naquele tempo ou naquela cidade. Mas, na minha adolescência, havia duas frases distintas, embora similares, usadas por meninos e meninas quando alguém passava arrancando suspiros. Quando era “a” menina dos sonhos, os meninos diziam: “com ela eu casava”. Quando era “o” menino, as meninas diziam: “para ele eu ‘dava’”. Era como se a conquista exigisse uma concessão a princípio indesejada: o “enlace”, para uns, e a “entrega”, para outros. Como uma ordem ancestral reproduzida, imaginava que o casamento era bom negócio apenas para a mulher e o sexo, apenas para meninos.

Naquele tempo (não faz muito) e naquele lugar (nem perto nem longe demais das capitais), as pessoas cresciam sob conotações e nomenclaturas distintas para esconder vocações semelhantes. Só meninas, por exemplo, ouviam que era necessário se dar o valor para ser respeitada. Ou que ir longe demais num primeiro encontro era uma fratura exposta de um caráter desvirtuado. Era a forma de legitimar, de forma direta ou não, direitos e deveres distintos conforme o gênero. Nenhum menino da turma se ofendia ao ser chamado de Don Juan, enquanto o similar feminino não só era ofensivo como não tinha paralelo na literatura. Os destinos de Madame Bovary, Anna Karenina e Luísa Mendonça funcionavam mais ou menos como o pôster de um corpo estendido ao chão com os dizeres “Seja Herói”.

Lembrando de tudo, tudo parece distante: um tempo em que a revolução sexual ainda não havia fincado bandeiras definitivas. Pura miragem. No Brasil de 2013 é possível sentir que a inércia conservadora paira feito um cadáver insepulto sobre qualquer tentativa de mudança em direção a um mundo menos paranoico, menos policialesco, menos misógino, menos intolerante, menos reprimido, menos autoritário. Sobretudo com menos privilégios.

Exemplos não faltam. Na quarta-feira 16 a repórter Tory Oliveira publicou, neste site, uma entrevista com a jornalista e escritora Nádia Lapa, de 33 anos (leia clicando AQUI). Ela acaba de lançar um livro chamado Cem Homens em Um Ano em que relata suas experiências sexuais, originalmente narradas em seu blog – hoje reformulado e focado em questões de comportamento. Como uma criminosa comum, Nádia foi alvo de todo tipo de ataque e justiçamento. O crime da escritora foi simplesmente relatar – e pagar com a experiência própria – o quanto ainda é difícil, para uma mulher, assumir que suas vontades muitas vezes passam longe de um padrão pré-moldado de comportamento. Para os defensores deste padrão, é aceitável que os homens joguem no ventilador seu protagonismo em pirotecnias eróticas enquanto as mulheres trocam receitas de bolo e vinagrete para agradar os filhos e o marido. Foi assim durante anos e é bom que, de vez em quando, alguém levante o dedo e lembre que as coisas mudaram.

Nádia não tem desejos nem vocações diferentes de ninguém. A diferença é que aceita falar sobre o assunto. Não sem punição argumentativa.

“Mas o que me interessa saber suas aventuras pessoais?”, perguntam alguns leitores. A vontade é responder: há quem escreva sobre automóveis, sobre armas de guerra, sobre viagens, sobre vinhos, sobre babás, sobre coleção de maços de cigarro. E há quem escreva sobre relacionamentos. Ponto. Se nenhum destes assuntos é útil para você, você tem a opção de não ler. Se for, você tem a opção de ler. Lendo, você pode criar identificação, empatia, trocar impressões, segredos e a sensação de ver dissipadas dúvidas pessoais correntes que até hoje não teve coragem de expressar.

Assim é o princípio da comunicação.

Não há mal algum em não ver identificação e fechar a página. Mas é estranha a campanha para que blog e autora simplesmente deixem de existir, como demonstra a reação dos leitores com estilingues e tridentes a lamentar o “vazio” e “falta de objetivos na vida” da autora ao se dispor a falar de relações efêmeras em detrimento do “verdadeiro amor?” – foi o lamento de uma leitora mais romântica.

É como se houvesse uma pane na cabeça das pessoas criadas a andar em linha reta. Como se virtudes estivessem todas de um lado e as transgressões, de outro. Neste modelo, não há espaço para dúvidas, incoerências, contradições. A ofensa de Nádia, formada em direito e jornalismo (portanto, ocupada com outros planos) foi simplesmente dizer que uma coisa não elimina a outra. Mas as pessoas, a maioria delas, não querem debater. Não estão dispostas a aceitar que temos inclinações diversas para momentos diversos da vida (quanto menos num mesmo dia). Elas precisam acreditar em escolhas sem riscos. Em modelos sem contradições. Precisam acreditar em salvação. Em final feliz. Em príncipes e princesas. Em estabilidade, enfim. Para isso é necessário eliminar quem aponta em outra direção, como se fosse possível eliminar o risco de serem sozinhas, inconstantes, contraditórias e infelizes – ainda que sejam tudo isso fazendo tudo o que se espera delas.

É como sintetizou, em entrevista recente à Folha de S.Paulo, o filósofo Simon May, professor do King’s College e crítico da “supervalorização” do amor nos tempos atuais: “Nada humano é verdadeiramente incondicional, eterno e completamente bom. Essa é uma forma de amor que só Deus pode ter. Esse entendimento gera expectativas altas, que relacionamentos cotidianos não são capazes de suprir”. (grifo meu)

Nádia corre o risco de ter entendido isso alguns séculos antes da massa uniformizada de seus contemporâneos que hoje a ataca. Contemporâneos dispostos a passar o resto da vida com olhos, bocas e ouvidos tampados para não deixar passar (e se fixar) um pensamento incômodo: somos (ou queremos ser) todos assim.  Mas, em nome da coerência (e dos bons modos), é melhor evitar novas Nádias e se abraçar a velhas convicções sobre o mundo ideal. Ainda que este mundo ideal esteja fincado em séculos de repressão, violência e privilégios."
Matheus Pichonelli, aqui
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Por que eu amo a fal


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Meu reino inteiro
pela eliminação progressiva, contínua e definitiva das minhas camadas variadas de orgulho.
asap, de preferência.
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Em mim

arte de duy huynh

Daí que jeannjeann me diz que a gente sabe que liberdade não é fazer tudo o que dá na telha. Que liberdade é ter alternativas e poder escolher (ah, o bom e velho poder de escolha...) aquilo que é o melhor naquele contexto, naquele momento. Que fazer o que se quer, sem a devida medida das coisas, não é liberdade e sim barbárie. E que na barbárie você não vê o outro nem vê a si mesmo, só vê o ato pelo ato.
Daí me peguei pensando nos bárbaros, sempre se preparando para ataques e vivendo os dias em constante estado de alerta. Pensei no peso de se sentir alvo e no peso de carregar esse alvo invisível nas costas a cada passo do caminho. Pensei nas embarcações furiosas que vão se destroçando até deixar de ser. Pensei nas lutas violentas que nem ganham nome de tão carentes de sentido construtivo. O ato pelo ato. A batalha pela batalha.
Daí olhei para dentro e vi minha nau tranquila. Vi os mares navegados e os povos e lugares a serem conhecidos e não conquistados. Vi outro tipo de glória. Vi olhos hospitaleiros, pratos de sopa rala e camas duras. E me vi. Me vi espalhada para além do corpo. Me vi sem corpo. Vi amplitude.
E senti a liberdade fechar meus olhos e esquentar meus dedos frios enfim.
Livre em mim.
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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Papeis em pedaços nãoperdidos e achados
E eu, sempre tão destemida, entendi, naquele momento, o assombro de que o T. já havia falado. Porque naquele momento único, diante dele, do momento, me vi tomada por uma mistura de susto e medo. Não medo de ter ou perder o que tinha ali, nem do tamanho do amor, mas medo de me sentir impotente, sem instrumento pra lidar com aquele sentimento de cara nova. E o susto de, enfim, sentir algum tipo de medo. Queria não falar mas falei um pouco, de coisas outras e não disso. Segurei o choro que me vinha a cada segundo e corri aqui pro papel pra tentar explicar, entender. Assombro. Ou quase assombro. Mas meu olho brilhava além do assombro, além do susto, além do medo. Meu olho brilhava gigante.

escrito em 07/08/2011 e achado semana passada.
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Cataploft


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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013


PSs
Cataploft.
Sempre quero ir para o vídeo em 3, sem 2, 1 nem 0.
O mais doce mamão.
Eu falando pra ele dos meus sentidos de vazio transbordados e ele me diz pra jogar "síndrome de abstinência esportiva" no google. Nome aos bois simsim.
Quanto texto mal começado e não acabado é muito texto mal começado e não acabado? Nunca imaginei que chegaria o dia em que eu desafiaria as leis da matemática. Tá perto, meus caros.
Cheiro de grama cortada no caminho. =).
Margot, lady que é, não curte patinha na grama molhada. Humpf.
O tempo passa e a história da golfada na van continua rendendo risos lacrimejantes. Disponha. rs.
"Isso não é nada" é o que ecoa. Fora e dentro.
Viver com ele. Tão pra inventar algo melhor. Dá trabalho simsim, mas as alegrias e o crescimento são infinitamente maiores que os necessários reveses ocasionais. Amo. 
Encontro festivo com Vá traz alegria e mata charadas. Agradeço. =).
Ah, a Fanfarrona, Ka... dá asas a cobras e sorri com um canto da boca, amiga... Mas a gente levanta os ombrinhos e sorri com os dois cantos, não é vero?
Ouvir a frase "Você parece um personagem de desenho animado" e escolher tomá-la como um elogio, pq né? E nem perguntar "qual" ou "de que tipo" só por via das. Taí a beleza da liberdade de escolha!
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Copo medidor
O tamanho. O peso. O efeito. Não vale perder tempo em busca de régua ou regra. O pequeno pode, no engatinho, solapar, soltar gritos e criar quase insolúveis quiprocós. Ou não. E o grande pode chegar à galope e ser recebido com serenidade impensada, sem dramas e com apenas um ou outro "e agora?". Ou não. Só se sabe na hora. Só se sabe na pele.
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Chá para dançar
=).

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Não se cale
Clique para ler o comentário de Gustavo Gitti, ouça a bela canção de Lu Horta, leia o excelente texto da Paula Abreu e espalhe palavra e a atitude pela NÃO violência contra a mulher.

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Paula brilha
"Na primeira vez em que um pau me foi enfiado goela abaixo – figurativamente falando – eu tinha apenas doze anos. Doze.

Voltava da escola pra casa todos os dias, de ônibus. Naquele dia não foi diferente. E, mesmo assim, foi totalmente diferente. Porque, naquele dia, sentado do meu lado, estava um senhor que achou que seria uma excelente ideia colocar o pau pra fora da calça e se exibir pra uma criança.

Aquele foi o primeiro dia em que me senti um objeto. Enojada e impotente.

Da segunda em diante, parei de contar. Já apertaram minha bunda, já apertaram meus peitos, já puxaram meu cabelo, já assobiaram e disseram grosserias que, certamente, não diriam às suas santas mãezinhas.

Há quase dez anos, contudo, uma dessas situações marcou a minha vida. Há quase dez anos fui estuprada.

Não fui estuprada por um estranho. Sei o nome e sobrenome do meu estuprador, e há dez anos sabia também o seu endereço, onde trabalhava, o que fazia, onde tinha estudado, quem eram seus amigos.

Fui estuprada por um amigo, num encontro.

Não estávamos muito bêbados. Não, eu não estava usando roupas provocativas. Sim, eu disse que não queria. Aliás, nada disso explicaria ou justificaria o que aconteceu, mas acho bom ressaltar pelo caráter educativo do relato: não, as mulheres nunca estão a salvo.

Como em algumas vezes anteriores, eu e meu amigo tivemos um “date”, saímos juntos pra jantar, conversamos, rimos. Fomos pro meu apartamento, depois. Tomamos um drink qualquer. Eu queria estar com ele, eu estava atraída, eu estava a fim.

Mas, de repente, me vi forçada a uma situação de violência e agressão da qual não queria participar. Enojada e impotente, como aos doze anos. Dizendo, ou melhor, gritando que não, mas não tendo força suficiente para me desvencilhar de um corpo adulto muito maior e mais forte do que o meu.

Sei que é chocante revelar publicamente um estupro e pensei muito antes de escrever esse texto. Nem mesmo as pessoas mais próximas sabem do que me aconteceu.

Mas o estupro em si não é o meu ponto mais importante. A cada doze segundos – SEGUNDOS – uma mulher é estuprada no Brasil. A cada quinze segundos uma mulher é espancada por um homem, também no Brasil. Aproximadamente uma em cada três mulheres sexualmente ativas já sofreu agressão física ou sexual por um parceiro. Uma em cada 3 mulheres NO PLANETA já foram espancadas, estupradas ou submetidas a outro tipo de abuso. De cada cinco mulheres no mundo, uma será vítima ou sofrerá uma tentativa de estupro até o fim da sua vida. 

O meu estupro é só mais um em UM BILHÃO no planeta. Sim, esse número é real. Um bilhão.

O importante é como eu, depois do estupro, relutei em acreditar e admitir que fui estuprada. É como defendi meu estuprador para o amigo que me socorreu, dizendo que ele provavelmente não tinha entendido que eu não queria. É como passei um longo tempo achando que, apesar de todos os meus gritos, resistência física e de todo o sangue que ficou na roupa de cama, aquilo tudo podia ter sido apenas um mal-entendido.

O importante é que, depois do estupro, ainda falei amigavelmente com meu estuprador, e ainda tive pena dele.

O importante é quantos anos demorou pra que eu finalmente admitisse pra mim mesma – e só pra mim, claro – que eu tinha sim sido estuprada. E como, mesmo assim, optei por não contar isso pra ninguém, por não falar no assunto, por não alertar outras mulheres para o perigo que correm todos os dias ao simplesmente existirem.

O estupro em si foi só mais um, mas a minha ATITUDE – infelizmente, também muito comum – é o que permite que a cada doze segundos uma mulher seja estuprada no Brasil.

Esse ano, me vi novamente numa situação em que me senti impotente e, por alguns minutos, não tive força física suficiente para resistir a algo que eu não queria que acontecesse com o meu corpo. Não era uma tentativa de estupro, mas a sensação de impotência me remeteu automaticamente a dez anos atrás. Das entranhas, me veio uma força desconhecida e consegui dizer NÃO. Consegui reaver a posse do meu próprio corpo, e impedir que alguém fizesse comigo algo que eu não queria.

E, pela primeira vez em dez anos, chorei pelo meu estupro. Me permiti sentir pena de mim pelo que aconteceu. Me permiti sentir raiva do meu estuprador. Me permiti chorar.

Mas chorei também de orgulho pela minha recém-adquirida coragem, por ter conseguido me defender, me impor, cuidar do meu corpo, mandar no meu corpo, retomar das mãos do outro o meu direito sobre mim mesma.

Parece uma coisa simples que uma pessoa tenha direito sobre seu próprio corpo, mas não é simples para as mulheres. E as mulheres precisam falar mais sobre isso, se abrir, contar suas histórias, ter coragem de se expor. Não só sobre estupro, mas mão na bunda, mão nos peitos, puxões de cabelo, paus pra fora da calça, agressões verbais. Me arrisco a dizer que TODA mulher que conheço já passou por pelo menos uma situação de abuso ou violência sexual (sim, tudo isso É violência!). E os homens precisam ouvir, saber, perceber as diferenças, compreender as dificuldades que, ainda hoje, as mulheres sofrem. (grifo meu)

A propósito do 11 de setembro, lembro que na época do atentado uma das coisas que mais se falava era que eram tantos passageiros contra apenas uns poucos terroristas que, se tivessem se unido, o desfecho poderia ter sido tão diferente. Uma tragédia poderia ter sido evitada.

Demorei dez anos pra admitir e chorar pelo meu estupro. Demorei dez anos pra ter coragem de me abrir e me expor. Não esperem isso tudo. Contem suas histórias. Somos mais frágeis, sim, mas somos muitas. Juntas, podemos mudar tudo."
Paula Abreu
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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Time to understand the urgency
because i DID have the time of my life.
e agora só me resta bem usar letuce pra rir. não falha.

(e á, seguimos com blind posts, obrigada. um dia o trem volta ao normal.)
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Hã, Biloute?

biloute, hã?. a origem. =)
¨¨ 2013 yeah.
¨¨ "(...) o entendimento básico e sempre bem-vindo de que são os adjetivos e não a matemática, o que nos separa dos animais. Bom, de alguns.", diz a Fal Azevedo e eu digo amém.
¨¨ Ahhh... as pequenas gigantes alegrias.... =)
¨¨ De tanto encher o saco do Jeann dizendo que fasceíte plantar era doença de gente phina, arrumei uma condromalácia patelar pra chamar de minha. Como diria meu cunhadão: "toma tua merenda, nêga!". rs. Ainda bem que o cerumano é um bicho adaptável. E eu sigo me adaptando simsim.
¨¨ Meus blogs favoritos bloqueados. O meu "póprio" inclusive. Ói que bonito. Vou escrevendo no escuro esperançosa de uma visualização minimamente decente para esse post.
¨¨ Para cada coisa que vejo de errado nos outros, vejo duas a mais em mim. Sério. E às vezes tenho atitudes  tão descabidas que olho e olho e olho e não me reconheço ali por nem um segundo. Aí o jeito é assumir, pedir desculpas sinceras e ficar atenta para não cair na passada errada de novo. É phoda, mas cê lá vi.
¨¨ Coisa boa é passar o fim de ano em encontros festivos com gente querida. Fica um aconchego no peito e um cheiro de jasmim no ar que dura dias e dias. Agradeço imensamente.
¨¨ Conviver com meu sobrinho Bruninho desperta o lado mais Felícia que existe em mim. Fico me controlando pra não apertá-lo loucamente nem cravar meus dentossauros naquelas pernocas fofas. Tá fácil não, minha gente. rs. =)
¨¨ Beijosmeus.
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Meu reino inteiro
por leveza.
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Celebremos pois

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