quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Hã Biloute?

arte de jana magalhães

** dia lindo lindo de morrer na capital.
** boto fé que o vento bom que trouxe um dia de chuva para amenizar a secura foi o mesmo que trouxe rosí de volta ontem. rosí voltou e meu coração canta! =)! ela chegou sem a bike (ôu nôu!!) mas cheia de energia vital, histórias mil e a cor vibrante do caminho estampada no rosto e nos olhos. também trouxe um cheirinho de coquine. que alegria, minha flor...
** nesse vai e vem, vámininex desfaz uma mala para fazer outra e se prepara para viver a riqueza de ares variados. sambo daqui contigo nesse fim de semana, querida! =)
** bete, seja bem-vinda! muito bom te ter por aqui!
** jones, a gente veve, meu bem?
** pequi, cê tá aí???
** tataaaaaaaaaaaaaaa, AMO nossos almoços em prosa. é sempre um prazer, queridinha...
** ó, o blogger tá chiliquenta e não aceita minha modificação de fonte no texto do hemingway. vai assim mesmo.aff.
** tava eu lá na avenida a caminho de casa, guiada pela leveza do dia bem vivido, quando começa a tocar essa aqui no rádio. reduzi a marcha, abri as janelas para sentir melhor o vento fresco da noite no fim, coloquei o som no talo e cantei como se o mundo fosse acabar ali. a vida é boa simsim e traz momentos simples que são presentes únicos. e que bonito que tem sempre uma música pra ditar o ritmo da hora. música, música, mil vezes música! um ótimo dia a todos. =)



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Hemingway é uma festa ponto


"Queimávamos boulets no fogo de lenha - boulets eram bolos de poeira de carvão moldados em forma de ovo - e, nas ruas, a luz do inverno era linda. Já nos havíamos habituado, a essa altura, com a nudez das árvores sobre o fundo do céu, e passeávamos sob claro vento cortante pelas alamedas ensaibradas dos jardins do Luxembourg que a chuva acabara de lavar. As árvores desfolhadas - quando a gente se reconciliava com elas - eram como esculturas; os ventos do inverno batiam a superfície dos lagos ornamentais, as fontes jorravam na claridade luminosa do dia. Depois da temporada nas montanhas, todas as distâncias nos pareciam curtas.(...)
Era maravilhoso descer os longos lances de escada sabendo que meu trabalho correra bem. Eu sempre trabalhava até que tivesse alguma coisa acabada e parava quando sabia o que ia acontecer depois. Desse modo podia ter a certeza de continuar no dia seguinte. Mas, às vezes, quando iniciava um novo conto e não achava jeito de continuá-lo, sentava-me junto ao fogo, espremia nas chamas as cascas das pequenas laranjas-cravo e espiava as fagulhas azuis que elas faziam. Levantava-me, punha-me a contemplar os telhados de Paris e pensava: "Não te aborreças. Sempre escreveste antes e hás de escrever agora. Tudo o que tens a fazer é escrever uma frase verdadeira. Escreve a frase mais verdadeira que souberes. Assim, finalmente conseguia escrever uma frase verdadeira e avançava a partir daí. A coisa não era tão difícil, nessa época, porque havia sempre uma frase verdadeira que eu conhecia, tinha lido ou ouvido alguém dizer. Se começasse a escrever rebuscadamente, ou como se estivesse defendendo ou apresentando alguma coisa, achava logo que podia cortar esses floreados ou ornamentos, jogá-los fora, e começar com a primeira proposição afirmativa, verdadeira e simples que tivesse escrito. Foi lá naquele quarto que decidi escrever um conto a respeito de cada coisa que conhecesse realmente bem. Era o que me esforçava por fazer sempre e esse método constituía uma boa e severa disciplina.
Foi naquele quarto, também, que aprendi a não pensar mais sobre o que estivesse escrevendo, desde o momento em que parasse até começar de novo, no dia seguinte. Desse modo, esperava eu, o subconsciente ficaria trabalhando no assunto e ao mesmo tempo, eu daria ouvidos às outras pessoas e perceberia o mundo em torno de mim; estaria aprendendo, esperava eu: poderia ler muitos livros, a fim de não me obcecar com meu próprio trabalho e tornar-me impotente para fazê-lo. Descer as escadas quando tinha trabalhado bem - o que requeria tanto de sorte quanto de disciplina - era uma sensação maravilhosa e só então me julgava livre para andar a esmo em Paris.
Se me encaminhava, à tarde, por qualquer rua, ao Jardin du Luxembourg, podia passear pelos jardins e depois ir ao Musée du Luxembourg, onde se encontravam os grandes quadros que, em sua maioria, hoje estão no Louvre e no Jeu de Paume. Ia lá quase todos os dias por causa dos Cézannes e para ver os Manets, os Monets e os outros impressionistas de que tinha tomado conhecimento pela primeira vez no Instituto de Arte de Chicago. Estava aprendendo com a pintura de Cézanne algo que tornava as frases simples e verdadeiras que eu escrevia em algo muito aquém das dimensões que tentava dar a meus contos. Estava aprendendo muito com ele, mas não conseguia clareza suficiente para comunicá-lo a quem quer que fosse. Além disso era como que um segredo entre nós dois."
Ernest Hemingway ("paris é uma festa")
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Só conto o milagre
" Pra quem tem zero, um é 100%, camarada." (repita 8x. rs!)
" A lição é: se você não presta, não tire férias."
" Vamo por aqui? É mais longe..."
" Seu sonho estava certo." (que alegria ouvir essa frase...)
" Na lista, priorize os parafusos." (okidoki)
" Vi de longe e de costas uma mulher de guarda-chuva azul de bolinhas e sapatos vermelhos e tive certeza que era você." (olha que delicadeza...=))
" A gente deveria adotar o estilo-loucalouca-de-resolver-as-coisas pra vida." (simsim!)
" Não sei se ele vai, ele só aparece sem aviso prévio..."
" Achei que tivessem roubado meu leitinho!" (santo em susto e riso)
" Da próxima vez a gente traz um durex." (rs cavalar!)
" O cabelo dele não conseguiu embarcar."
" Ela deve ter sido detida por desacato à autoridade." (boa!)
" Tinha esquecido como era." (te lembrarei mil vezes, darling.hehehe)
"Amigos, queridos, eu podia estar roubando, matando ou me candidatando a vereadora, mas estou só explorando vocês." (amoamoamo esse santo!)
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

rua curta

Eu não moro na Rue Humboldt mas escrevo cartas. Algumas acham seu destinatário em um segundo e outras esperam o entendimento do tempo montar o quebra-cabeça das letras do nome. Mas a verdade é que grande parte delas não são entregues. Não por ineficiência dos correios, por problemas na rede ou por confusão na hora de escrever o endereço. Elas não saem daqui por que quando saem de mim aqui ficam. Como se nesse curto trajeto elas já cumprissem sua função. Tristes ou festivas, elas são guardadas em maços esparsos para leituras futuras. Sei que as guardo com carinho e cheiro as folhas durante as releituras. Gosto do cheiro das coisas todas que são guardadas porque consideradas valiosas. Acho bonito isso. E faz tempo que não te escrevo. Tenho saudades de te escrever. Tanto o a ser mandado quanto o que você nunca vai ler. Tenho saudades de escrever você.
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Por que amo a fal, aquela gana! 
(tb na rua =))

"Prezado sr. H.:
Como vai?
Meu nome é Helena, e vivo há três anos neste prédio baixo e simples, sem porteiro e sem elevador, em São Paulo. É um prédio pequeno e tranquilo, que fica numa rua curtinha, estreita e sem saída. Temos quatro andares, dois apartamentos por andar.
Foram treze vezes, senhor H., nesses três anos em que vivo aqui, que recebi cartas suas. Cartas que alguém chamado Beatriz deveria ter aberto e lido. Mas ela não vive aqui, sr. H. Apenas eu, Helena, vivo aqui. Eu e meu gato, Olavo
Sr. H., entenda: é um prédio tão pequenino que não temos o apartamento 160 para onde são endereçadas suas cartas. Dona Normélia, a zeladora, é a responsável por receber, separar e entregar a correspondência. E sempre que vê uma carta endereçada ao apartamento 160 (uma carta sua endereçada ao número 160), ela desliza o envelope por baixo da porta do meu apartamento. O apartamento 16 (moramos em apartamentos de mesmo número, reparou, sr. H.?).
Nas treze primeiras vezes em que recebi a correspondência para a Beatriz, esperei o carteiro no sábado seguinte (o único dia que estou em casa em horário hábil) e devolvi as cartas para ele. Sem maiores explicações. Também nunca me expliquei para a dona Normélia.
Mas, confesso, ontem algo me deixou inquieta. Esse décimo quarto envelope era diferente, sr. H., o senhor sabe disso. Quando cheguei em casa, vi que havia um envelope seu me esperando no tapete azul. Quero dizer, esperando a Beatriz. A Beatriz que não vive aqui, que desconhece suas cartas, que nunca está aqui quando elas chegam. Sabia que aquele envelope no chão, sobre o tapete azul, era seu, sr. H., porque era cor de vinho. Todos os seus envelopes são cor de vinho. Sei também que Olavo andou sobre ele depois de andar pelo parapeito molhado da janela da sala (há dois dias chove sem parar em São Paulo), porque há marcas de patinhas sobre sua letra pequena e regular. Eu me abaixei e peguei o envelope, decidida a enfiá-lo na mesma gaveta onde coloco todos os seus envelopes, até que sábado chegasse. Mas sr. H., do outro lado do envelope, em letras de fôrma negras, enormes, estava escrito:
RESPONDA, POR FAVOR!
URGENTE.
O senhor sabe disso. Foi o senhor quem escreveu.
Coloquei o envelope sobre o aparador e fui tomar banho. Depois, vestindo pijama, esquentei água e fiz meu miojo (meus hábitos alimentares são lamentáveis, mas não quero falar sobre isso). Com o prato na mão, liguei a televisão e o DVD e assisti dois episódios de West Wing, minha série favorita. Sim, eu como na frente da televisão. Mais hábitos lamentáveis. E depois, fui para a cama. Mas, ao me deitar, e antes disso, ao assistir minha série e antes disso, ao esquentar minha água para fazer meu, ah, macarrão, sua carta não me saía da cabeça. Não exatamente a sua carta, mas o seu pedido: RESPONDA, POR FAVOR! URGENTE.
Gostaria de dizer que fiquei preocupada. Gostaria mesmo de dizer que temi pela sua saúde, pela saúde dos seus, até mesmo pela saúde da Beatriz (quem sabe a carta não conteria um alerta sobre algum recém-descoberto e letal gene familiar?). Gostaria de dizer que temi pela sua segurança ou pela segurança dela.
Gostaria de dizer que só quis ajudar.
E, talvez, só talvez, seja verdade. Talvez eu realmente só tenha querido ajudar.
Mas sr. H., sou humana. Foram treze cartas em três anos. Sou apenas humana. E, ao ver aquelas palavras no envelope… Fraquejei.
E fiz o que ninguém deveria fazer. Sr. H.: abri uma carta endereçada a outra pessoa. Por favor, não me julgue. Ou me julgue, sim, direito seu, mas entenda: foi mais forte do que eu.
Assim que comecei a ler, me arrependi. E, arrependida, não parei de ler até o final.
É uma carta linda.
Nunca recebi nada nem remotamente parecido com aquilo.
Nunca.
Tenho inveja dessa Beatriz, e mesmo arrependida, fico feliz de ter lido a sua carta para ela.
Mas achei que deveria escrever para o senhor para contar: li sua carta, violei sua intimidade e peço desculpas.
A carta é linda e lamento muitíssimo que a Beatriz não tenha lido.
Espero que o senhor a encontre.
Depois de ler a carta, não pude mais dormir. Zanzei pela casa, ouvi músicas pela metade, comi só o recheio macio de uns 4 bombons, até me sentar para escrever para o senhor. Precisava dizer alguma coisa, preciso…
Eu não sei.
Por favor, tente me perdoar.
Junto a esta, segue a sua carta (violada), para que o senhor possa, se quiser, guardá-la.
Sr. H., não sou uma pessoa má. Não me meto na vida de ninguém, não faço fofoca (bem, não muita), não cometo crimes, não machuco animais (Olavo testemunhará por mim) e quase não cometo crimes federais do tipo violação de correspondência.
Não sei mesmo o que foi que me deu.
Um abraço,
Helena Nucci
PS: O senhor diz ter enviado 26 cartas para ela. Nos três anos em que aqui estou, foram catorze as que chegaram. Treze delas, devolvidas para o carteiro. Uma violada. Não imagino o que possa ter acontecido com as outras. Foram anteriores a esse período?
H."
Fal Azevedo (escrevendo aqui tb ó)
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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Estômago
arte de duy huynh

""A paciência, a paciência, a paciência, só isso ela encontrava na primavera ao vento".
Leio e fico pensando como é que Clarice Lispector escreveu isso. Pois é claro que toda primavera venta, varrendo o inverno, anunciando que um novo ciclo começou. Mas a associação direta com a paciência só costumava aparecer na filosofia chinesa, que liga o leste com o vento, a primavera, a manhã, os olhos, o fígado, o sabor ácido, a criação e a calma observação do que acontece, isto é, a paciência. Até porque a primavera sempre dá mais do que pode - arrebata, apaixona, excita órgãos e sentidos.
Como aguentar isso?
"Com paciência", responde o sábio.
"Ter paciência significa conter a própria inclinação para as sete emoções: ódio, adoração, alegria, ansiedade, cólera, pesar, medo. Não cedendo a elas você se torna paciente, depois compreende todo tipo de coisas e entra em harmonia com a eternidade". "
Sonia Hirsch ( em "meditando na cozinha")

"Madalena era sinestésica. Ia pra varanda, fumava um maço de cigarro e pensava em coisas brancas, pretas, azuis, vermelhas, amarelas. Sua vó era rosa com marrom. Sua mãe era lilás e o homem que mais amou na vida era azul com preto. Aliás, feio. Madalena achava muito bonito um homem muito feio. Sean Penn, Benicio Del Toro.
Ia ao cinema sozinha esperar um príncipe encantado. Ia pra balada, bebia 3 mojitos, 2 tequilas e dava vexame modelo grande, ria à toa. Estudou Ballet, não tinha vocação e desistiu, mas ainda trazia aquele típico ar blasé. Estudou teatro, até tinha algum talento, mas também desistiu. Remoía as perdas e traições no escuro da sacada, sem contar a ninguém. Amanhecia chorando, anoitecia dançando. Manchava a blusa branca quando expulsava o cheiro de Vanilla."
Isadora Monteiro

"Escreva minha filha, escreva. Quando estiver entediada, nostalgica, desocupada, neutra, escreva. Escreva mesmo bobagens, palavras soltas, experimente fazer versos, artigos, pensamentos soltos, descreva como exercício o degrau de escada do seu edifício, escreva para não publicar e principalmente para não publicar. Não tenha a preocuapação de fazer obras primas, que de há muito eu já perdi, se que algum dia a tive, mas só e simplesmente escrever, se exprimir, desenvolver um movimento interior que encontra em si proprio sua justificação. Isto é muito melhor do que traduzir Proust, distração que não distrai, porque é chata como toda tradução, e acaba nos desculpando mui fracamente perante nós mesmos de não havermos escrito por nossa conta e responsabilidade."
Carlos Drummond de Andrade (em carta para Maria Julieta)
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Minicontos sobre a falta

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Mia apertou o passo. Passou dias passando a limpo tudo da vida que estava passando batido. Reviu valores, releu o pouco lido, reavaliou atitudes, retomou aquele plano, reestabeleceu prioridades, repetiu diferente, redesenhou traços esboçados, redefiniu o conhecido, reinventou vontades, refez o feito sem gana, repensou o querer e, enfim, redescobriu a cor. Reconheceu que o que faltava era ela mesma. A nova ela, que já havia chegado mas ainda não tinha achado lugar. Até que achou.
E chegou com verbos em re sem ré.

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Ele chegou depois de um mês do início das aulas e escolheu como lugar fixo na sala a carteira atrás da dela. Lucas. Alice sentiu algo estranho desde o minuto um e a presença dele causava um desconforto diário e implacável. Lucas tinha a pele clara, cabelo escuro e sotaque do sul. Alice tinha olhos gigantes, cachos que mudavam de cor e um dente pendurado na orelha. Lucas gostava de Alice e Alice detestava Lucas. Em silêncio. Lucas a escolhia como dupla para as coisas de sala, levava borrachas perfumadas de presente e ria de tudo que ela falava. Alice o tratava com indiferença, olhava reto nos olhos para frisar cada nãosorriso e fazia questão de, em silêncio, ser melhor que ele em tudo. Acertava mais nos ditados, ganhava corridas na aula de educação física e destruia o garoto no espirobol. Lucas gostava de escrever e Alice passou a desfilar as melhores notas em redação. Lucas era só graça e Alice congelava os lábios em bicos. Até que em novembro Lucas voltou para Porto Alegre e Alice não viu a alegria da despedida chegar. Ele foi embora e ela perdeu a cor. Lucas faltava e Alice se culpava pela falta de percepção do amor. Era cedo e ela era menina. Não tinha entendido aquele sentido até então desconhecido se manifestando nela. E Alice chorava, em silêncio, sua falta de entendimento.
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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

de quê

Comecei a reler "paris é uma festa" de hemingway e ele me parece um livro nunca lido. Tavez seja pela passagem do tempo esticado ou por desta vez estar lendo a versão em português ou então por esse momento meu, de olhos outros, distantes. Provavelmente por um pouco de cada. Anyways, sempre gostei de livros que falam sobre a escrita, das suas sutilezas, das inspirações, do seu dinamismo. E durante a insônia da noite passada me vi com inveja do hemingway. Sinto nas palavras dele uma inteireza quaseplena, mesmo quando as situações narradas indicam o contrário. Passei boa parte da madrugada tentando sugar cada gota daquela entrega e depois corri para o meu caderno para tentar achar nas palavras minhas algum sentido de pertencimento. Em vão. A verdade é que tenho me sentido uma estranha em cada aspecto da minha vida, como se eu estivesse descolada, sem um ponto de contato sequer. "Barco embriagado ao mar". O livro me parece novo, mas essa estranheza me é mais que familiar. E a conhecendo bem, sei que é momentânea. Sei bem pra quê ela vem e sei que passa. Mas nunca deixo de me espantar com a calma com que ela chega e se instala, causando desordem através da passividade que lhe é característica. Ela não puxa meus cabelos, não me joga no chão, nem grita na minha cara. A estranheza prescinde de alardes. Ela sutilmente junta dois dedinhos e tira a minha cor. Pronto. Gesto simples e certeiro. Um amigo querido me disse dia desses que andava esquisito, "sem vontade de contato com vcs, humanos", e entendo o que ele sente. Também me sinto et. Inverno na primavera. E até eu conseguir me tirar da minha estranheza e fazer voltar a cor, vou seguindo assim. Um corpo solto em uma vida outra.
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Rádio Plutão
questiona a autoria


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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dia Mundial Sem Carro!

arte de jana magalhães
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Amarelando
no melhor sentido da cor. =)
arrivederci rosso!
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Minicontos sobre a falta

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Um susto. E ela levava a mão na barriga. Também o fazia quando ria leve, quando sentia medo e quando alguém trazia notícias boas. Levava a mão na barriga para passar pelo degrauzinho do box na hora do banho. Também enquanto lia, tranquila, entregue ao embalo sonoro da rede. Quase nem notava que também acordava com a mão assim. Sentia a mais dura das faltas, aquela ciente da perda mas ainda inteira imersa na presença vazia. "Todo dia é aquele domingo.", dizia. Ela carregava a falta no corpo.
E a protegia. Com a mão.


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Ele a viu no trânsito - óculos enormes, lábios cantantes, carrinho velho - e só de olhar pra ela perdeu o ar. Aquela falta era velha conhecida e fazia parte das reações frequentes do leque " tímido demais para complete". O sinal abriu e um algo novo, um quase tapa na cara, fez com que ele esquecesse seu caminho e a seguisse. Curvas, retas, faixas de pedestres, sinais e ele tentava não perdê-la de vista. Não sabia o que diria quando ela parasse o carro. Não sabia nem se diria palavra alguma. Mas dirigia como se aquele fosse um destino único, além da razão e muito além de quereres quaisquer. Mantinha sua atenção focada no trânsito e todo o resto que fazia parte dele estava concentrado na tarefa nada simples de continuar respirando naquela escassez ridícula de ar. Boca seca, peito fraco, punhos firmes no volante, quase onze minutos e ela estacionou em frente a um sacolão. Não havia outra vaga disponível e ele parou em fila dupla, fechando o carro dela. Ele continuou a perseguição, agora em passos pela calçada. Salto em caminhar firme, ritmo macio, costas irretocáveis e ela parou já olhando para trás. Ele recuperou o ar, se apresentou e desenrolou uma história impossível de ser repetida de tão descabida. Ele falava com desenvoltura, como se abordagens daquele tipo fossem rotina. Pediu o telefone e ela negou. Ele insistiu e ela negou, mas riu. Aí ele calou e ela, após algum titubear, abriu a bolsa, anotou o dito em um pedaço já rasgado de papel e entregou a ele. Ele agradeceu com um sorriso que nunca tinha dado e desceu a rua se sentindo um ele mesmo melhorado.  Em ato talvez insano mas natural, fechou a mão que trazia a conquista entre os dedos e jogou fora o papel no lixo laranjado que passava ao lado. Assim. Só para celebrar a falta da falta. 
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Estômago e Tricô

chá com hemingway, por gentileza.

"Era um café agradável, quente, limpo e acolhedor. Pendurei minha velha capa no cabide, para secar, coloquei meu surrado e desbotado chapéu de feltro na prateleira que ficava por cima dos bancos e pedi um café au lait. O garçom trouxe-o e eu tirei do bolso do paletó o caderno de notas e um lápis e comecei a escrever. Estava escrevendo um conto que se passava em Michigan e, como o dia estava péssimo, frio e ventoso, coloquei em minha história um dia exatamente assim. Eu já conhecia muitos fins de outono, da minha infância, da adolescência e dos primeiros anos da idade adulta, e sabia que há lugares em que se pode escrever melhor sobre essa época do ano do que em outros. É o que se chama de transplantação, pensei, e isso podia ser tão necessário às pessoas como a outras espécies de coisas que crescem. No meu conto os rapazes estavam bebendo, e isso me deu sede: pedi um rum Saint James. Caiu-me bem, naquele dia frio, e continuei a escrever, sentindo-me aquecido, no corpo e no espírito, por aquele esplêndido rum da Martinica.
Uma moça entrou no café e sentou-se perto da janela.
Era muito bonita, com um rosto fresco como moeda acabada de cunhar, se é que se possa cunhar moedas em carne tão macia, coberta de pele umedecida pela chuva. Seus cabelos eram negros como a asa de um corvo, cortados rente e em diagonal à face.
Olhei para ela, senti-me perturbado e numa grande excitação. Desejei colocá-la no meu conto, ou noutra parte qualquer, mas a moça se colocara de maneira a poder acompanhar o movimento da rua e da entrada do café, e compreendi que estava à espera de alguém. Por isso, continuei a escrever.
O conto escrevia-se por si próprio, e eu tinha dificuldade em conduzi-lo. Pedi outro rum Saint James, observando a moça todas as vezes que levantava os olhos ou quando fazia a ponta do lápis, com um apontador, deixando as raspas encaracoladas no pires que tinha sob o cálice.
- Eu te vi, oh beleza, tu me pertences agora, seja quem for que estejas esperando e mesmo que nunca te veja mais em toda a minha vida - pensei. Tu me pertences, toda Paris me pertence e eu pertenço a este caderno e a este lápis.
Voltei a escrever, entrei a fundo na história e me perdi nela. Agora quem a escrevia era eu; o conto não se escrevia mais a si próprio, de modo que não tornei a levantar a cabeça. Esqueci-me do tempo, do lugar em que me encontrava e nem sequer mandei vir outro rum Saint James. Cansara-me dele sem pensar nisso. Terminei o conto, afinal, sentindo-me realmente cansado. Reli o último parágrafo e, quando levantei os olhos à procura da moça, não a encontrei mais. Tomara que tenha ido com um homem decente, pensei. Mas sentia-me triste.
Fechei o caderno, coloquei-o no bolso de dentro, pedi ao garçom uma dúzia de portugaises e meia garrafa do vinho branco seco da casa. Depois de escrever um conto sentia-me sempre vazio e simultaneamente triste e feliz, como se tivesse acabado de me entregar ao amor físico: estava seguro de que este conto que acabara de escrever era muito bom, embora não soubesse quanto o era antes de lê-lo de ponta a ponta, no dia seguinte.
Comi as ostras, que possuíam forte gosto de mar e um leve travo metálico que o vinho branco gelado lavava, deixando somente o gosto de mar e a suculenta textura; à medida que ia sorvendo o líquido frio de cada concha e o fazia descer acompanhado do estimulante sabor do vinho, o sentimento do vazio me foi abandonando e me vi de novo feliz, cheio de planos."
Ernest Hemingway (iniciando o excelente "paris é uma festa")
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Presente Palavrado

Projeto de Prefácio
"Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras."
Mario Quintana

minha caixa de mensagens agradece! =)
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sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Este lado para cima

"nevermind the clouds", arte de Duy Huynh

Que frágil é o amor. Justo ele, que é tão enaltecido, querido, analisado, escrito em mil palavras e cantado em tudo que é tom. Ele é frágil. Não precisa de grandes acontecimentos para se abalar. Às vezes um insight é suficiente para que ele se perca e assim se ache em nãosentido. Ele deixa de ser sentido e ponto. Não vou ficar aqui enchendo linha enumerando as variadas formas em que o amor acaba; Paulo Mendes Campos já o fez com maestria. Prefiro fazer o que me cabe: olhar tranquila. E só. Sempre soube da fragilidade do amor, mas hoje a encaro diferente. Antes eu tanto sabia dela que me agarrava ao amor com unhas fincadas. E vivia na crença de que se eu fizesse tudo, desse tudo e aceitasse tudo, o amor perderia sua cor mutante e ficaria sob o meu controle. Besteira. Agora eu simplesmente aceito a fragilidade. Vai ver por isso agora me apaixono menos vezes, mas amo mais puro. Vivo com gana, com entrega, mas despida daquela ansiedade que teme o fim. Não temo. Deixo fluir. Estando em treinamento (constante, darlings), exercito meu olho para ver beleza na temporalidade das coisas. E aceitando a fragilidade do amor, sinto uma leveza inédita que só traz benefícios. Valorizo mais o amor que sinto, valorizo mais as pequenas delicadezas. Valorizo mais quem está comigo e o que ele traz dele. Valorizo mais o amor amplo e ele, o amor amplo, me deixa mais segura e livre para viver melhor o amor a dois. Valorizo o fato do amor ser frágil e ter acabado todas as vezes que acabou, para me ensinar a amar leve assim. Valorizo os segundos, mas sem tentar segurá-los. Valorizo.

Que frágil e valioso é o amor.
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Paulo Mendes Campos!
O amor acaba
"O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba."
Paulo Mendes Campos
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Rádio Plutão
dança como bailarina em caixinha de música

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Verde e amarelo?

Hoje, ao dar os primeiros passos para fora de casa, dei de cara com o céu nublado e nunca um céu nublado foi tão bem recebido por mim. A seca ferrenha e o sol impositor de calor insalubre têm castigado tudo o que é vivo nessa cidade e estamos cansados. A verdade é que a cidade anda cansada de muita coisa. Não vou aqui perder nosso tempo falando da sujeirada politiqueira. Nós sabemos. Nem das raízes históricas desse nosso peculiar modus operandi governamental. Nós sabemos. Muito menos dos personagens bizarros que escolhemos para sentar nas nossas cadeiras e rodar em volta de si próprios em movimento festivo. Nós sabemos. Somos um bando de plutos e sabemos bem disso. Mas o glorioso sete de setembro parece ter trazido e deixado no ar um algo meioquesemnome, uma espécie de tempero. Uma multidão de plutos mudou a cor da esplanada, trouxe preto para o marrom seco. E caminhamos e cantamos e gritamos e, plutos que somos, não sabíamos por onde ir ou o que fazer mas fizemos mesmo assim e sentimos a falta de liderança (ói que bonito isso) e invadimos o espelho d'água do congresso nacional e, enfim, fomos primeira pessoa do plural. E ficou esse "que" vibrante no ar. Penso que o sete de setembro pode ter sido o início, ainda que desajeitado, de uma nova articulação. Talvez a aspereza da secura em tudo esteja lixando as gargantas para tempos de grito. Dizem que chega uma hora em que é preciso pular a cerca e enfrentar os cães, mas talvez seja essa a hora de lembrar que não nascemos plutos, que antes somos cães. E talvez o necessário seja o tempo nublado, o som do latido feroz, a mordida. Talvez. Só sei que ficou esse "que" queroso no ar. Um "que" de cor cinza e com gosto de dentes. E para mim, que, veja bem, estava lá de branco, ficou a certeza de que nós somos cães.

Brademos pois.
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terça-feira, 13 de setembro de 2011

Minicontos sobre a falta

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Foi por acaso. Na pausa do plantão ela foi ao banheiro, sentou no vaso e simplesmente dormiu. Ela, desperta há dias, dormiu por mais de uma hora um sono de molhar a boca. Acordou assustada, lavou o rosto e voltou pro mundo com um sorriso tímido estampado no rosto. Estampa quaseculpada. Depois disso, a descoberta virou rotina e ela programava seu tempo de sono ali, no banheiro do hospital. Espreguiçava, entrava no cubículo, fechava a porta e dormia. A melhor posição era sentada no chão com as pernas esticadas até a parede por trás do vaso. O azulejo gelado equilibrando a temperatura do corpo, as costas pregadas na pedra cinza chamuscada. Dormia. Sentia um prazer enorme, secreto, como o de quem executa pequenos crimes perfeitos. E eram aqueles cochilos breves que a sustentavam dias afora. Traziam o descanso que ela não tinha em casa. Nãonão, ela não era insone. Sempre dormiu bem. Mas é que desde a chegada dele, sua cama tinha virado coisa outra. Coisa outra sem tempo nem espaço pra sono.

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Ele tinha dúzias de pares de olhos. Espalhava-os a sua volta mas tinha o foco preso. Não se colocava, não conhecia a cor da inteireza, só trazia o de fora para si. E de tanto ver variado sem realmente ver, afundou-se em um mar de espelhos caindo em seus cacos inteiros. Nada quebrado naquele muito vivido feito de pouco. Perdeu-se em si sem nem perceber. Perdeu cada um de seus olhos e perdeu a firmeza do passo. Passou a seguir andando pelos pés da multidão festiva que ele acompanhava frugalmente, assim, sem nem mais ser. Vivendo sem ver.
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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ok.
Quem me conhece sabe que meu funcionamento é guiado pela frequência da palavra. É dela, da palavra escrita, da que leio e escrevo, que tiro esse ritmo meu. E nos meus devaneios, me imagino escrevendo a quatro mãos com drummond, tomando um chá phino e sem sentido com clarice, na estrada com kerouac, caminhando em prosa e trilha pelo mato com guimarães rosa, contando meus fatos bizarros para GG márquez, virando noites em boemia louca com bukowisk, e por aí vai. Tudo isso seria espetacular, inacreditável. Mas nada, e eu repito, NADA se compara à alegria docevibrante (e quase surreal, devo admitir) de fazer parte da vida da fal e de tê-la na minha como a amiga que ela é. NADA. Ponto. Agora, se ela ME POSTA NO DROPS... ah, minha gente... a tiete adormecida em mim acorda aos berros e grita mais estridente que groupie adolescente que ganha um beijo do ídolo. 

Eu tô lá no drops RÁ!! =)  =)  =)  =)  =)

Smack my ass and call me penny lane.

clique aqui pra ver! =) 

RÁ!
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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Tiba nasceu
e nasceu leve. ói que bonito. =)

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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Indeed.
fotoca roubada do templo . AMO!

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Hã, biloute?
¨¨ Preciso nem dizer, né?
¨¨ Hoje parece terça.
¨¨ Sempre que tomo o "café" do trampo me lembro de um "pão de queijo" que comi anos atrás em Salvador. Quase uma ofensa. Inventa outro nome já que o trem é outro, minha gente!
¨¨ Já contei que Vá voltou? ELA VOLTOU! E meu coraçãozin supita de alegria. =)
¨¨ Tem nêgo que respeita o mar e não nada no fundão de jeito nenhum. Outros respeitam a correnteza e mal molham o pé em rio corrido. Pois eu respeito aquela porta giratória ponto. Sempre entro nela na certeza de que mais cedo ou mais tarde algo tenebroso vai acontecer ali. Até hoje só rolou um pequeno contratempo (né nath? rs!) sem mortos nem feridos, mas mantenho meu respeito. Entro grilada e saio aliviada.
¨¨ Drop set. Soa divertido, não é vero? E é. E depois você se lembra dele o dia todo...
¨¨ "Algum dia, e talvez esse dia nunca chegue, eu vou lhe pedir um favor. Mas até lá aceite isso como um presente." frase brilhante do O Poderoso Chefão que Bia relembrou dia desses lá no face. AMO!
¨¨ Me tasco aquele adjetivo. Essa impressão vai se esvaindo no decorrer do dia e nem me lembro dela quando a noite chega. Mas acordo com a certeza latejante de que ele me cabe mesmo. E começo de novo. A Fal amadinha diz que não há nada mais bonito que um adjetivo bem colocado e eu digo amém. =)
¨¨ O professor de AFO tem a boca mais suja da galáxia. Moçoilos e moçoilas defensores da moral e daqueles costumes rubram as faces. Bom de ver. rs!
¨¨ E é isso. =). beijostodaco
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Tricô com Seu Bernardo em : whitman x camões

"Estão todas as verdades
À espera em todas as coisas:
Não apressam o próprio nascimento
Nem a ele se opõem;
Não carecem do fórceps do obstetra,
E para mim a menos significante
É grande como todas.
Que pode haver de maior ou menor do que um toque?
Sermões e lógicas jamais convencem;
O peso da noite cala bem mais
Fundo em minha alma.
Só o que se prova a qualquer homem ou mulher,
É o que é;
Só o que ninguém pode negar,
É o que é.
Um minuto e uma gota de mim
Tranqüilizam o meu cérebro:
Eu acredito que torrões de barro
Podem vir a ser lâmpadas e amantes;
Que um manual de manuais é a carne
De um homem ou de uma mulher;
E que num ápice ou numa flor
Está o sentimento de um pelo outro,
E hão de ramificar-se ao infinito,
A começar daí­,
Até que essa lição venha a ser de todos,
E um e todos possam nos deleitar
E nós a eles."
Walt Whitman

"Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê. "
Camões
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Só conto o milagre
"Eu já fui a um show do Wando. Num bingo."
"Bom diazassooooo" (poupatempo for sure)
"É fazer um plano pra seguir outro."
"Não, essa conversa eu quero ter é com Kardec. E Jesus Cristo himself."
"Deixa eu te apresentar meu irmão? Ele é um gato. A cara do Gianechini." (amor de irmã distorce a visão ponto)
"Você leu como insulto o que na verdade era um elogio." (oops. my bad. rs!)
"Aí só não take the hint quem não quer." (e ele não quis...hehehe)
"Tenho uma média notícia pra te dar." (rs cavalar!)
"Sabe aquela história de dar um boi pra não entrar na briga e dez pra não sair dela?" (amo a sapiência desse santo!)
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Minicontos sobre a falta

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Depois da noite em claro, no não acordar, ela se viu sem pele. A transpiração ansiosa, seu pranto pelos poros, tinha lhe retirado toda a casca. Não havia mais um milímetro de epiderme cobrindo o corpo. Olhou-se no espelho inteiro e não se chocou com a aparência de aula de anatomia. Observou as texturas, as cores várias e brincou de seguir com o dedo o desenho dos músculos. Estudou com cuidado aquela completude e descobriu traços escondidos, nunca antes vistos. Sentiu vontade de sair do quarto, de sair de casa, mas não podia. Qualquer toque abriria pedaços, qualquer sol a queimaria, qualquer brisa leve traria frio. Qualquer olhar brusco causaria dor. Ela tinha em si, exposto, todo o sentido do mundo e não podia sair.

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Ele acordou com o alarme do pássaro na árvore e viu o dia entrando claro. Chegou perto, sentiu o cheiro da nuca e deu um beijo quase sem lábios no pescoço dela. Levantou-se e foi executando cada pequeno ato cotidiano em pacotes de minutos fluidos: banho, café, varanda, granola, dentes, beijo, escada, rua. Trocou o som do carro pelo da própria voz e cantou meia dúzia de variadas até o trabalho. Pensou nos dias passados e desconheceu aquela tensão que foi tormenta lenta. Esqueceu a testa franzida, o estômago lixado, a boca seca, a mente inquieta, o corpo cansado. Esqueceu as análises, as soluções, as conclusões, as paranóias. Esqueceu. Esqueceu. E assim, quase sem memória, bateu a porta do carro e seguiu em passos leves, musicados pelo barulho do sapato nos asfalto. Seguiu na paz do esquecimento natural. Sem peso, enfim.
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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Por que amo a fal

"João Paulo diz: Acabou agosto e, como diria o cantador de bingo da capelinha de são joão pérdicasa, quando alguém pensava ter completado a cartela, mas na verdade tinha marcado alguma pedra errada: "Renovam-se as esperanças"

Fal diz: Hahahaha, encaremos pois setembro com o destemor que nos caracteriza

João Paulo diz: ha ha ha!! meu nome é joão, meu sobrenome é destemor. Deixa o destemor saber disso.

Fal diz:Pede pensão pro destemor, môfio"

que venha setembro =)
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Rádio Plutão
fecha os olhos e canta

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