sexta-feira, 24 de março de 2017

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o textinho abaixo foi escrito em fevereiro do ano passado e não me recordo por que deixei o pobre mofando no rascunho por mais de um ano. anyways, achei por bem deixá-lo sair livre por aí, deixá-lo respirar. até mesmo por que, em alguns momentos, poder respirar é tudo que se quer e parece simples e inalcançável ao mesmo tempo. e momentos "irrespiráveis" viraram meio que uma rotina de uns tempos pra cá. me sinto imersa nesse campo giratório de elevações e desmoronamentos. ora me inunda a leveza das pequenas alegrias: um gesto do pedro, uma palavra amiga, uma manifestação de saudade sincera; ora me esfarinho numa dinâmica de olhos cegos e de ouvidos moucos e de silêncios que doem fino e de palavras sem lugar de paz. elevações e desmoronamentos. e se tanto me falta ar, a escrita me lembra que ela tem simsim o poder de me puxar os braços e me abrir o peito. aperta até o limite pra conseguir desapertar um pouco que seja. me agarro a esse filete.


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Pois sim que não sei
as coisas bonitas que ganhamos. não falo de presentes materiais, por mais interessantes que sejam. falo de uma dúzia de palavras em um pedaço de papel, um desenho, uma bobeirinha que transborde carinho. houve um tempo em que eu ganhava poemas que tinham como inspiração o meu jeito de escrever. bonito isso. mas relê-los depois de tantos anos trouxe uma delicadeza misturada com incômodo e ainda não entendi direito o por quê. houve um tempo em que minha vida mais parecia uma canção do hedonista Bita (rs): o mundo inteiro era só diversão. festas, viagens, bares, desemplanos e danças sem fim. e foi deliciosamente incrível simsim. e era rico e criativo e pulsante e colorido. mas tinha um lado velado, uma tristeza carregada, que acho que não assumia nem pra mim. ou será que assumia? não sei, o que sei é que no meio daquela energia vibrante eu me sentia sozinha como nunca. sozinha e carente de algo que não sabia nem pontuar. até hoje não sei. e ler aqueles poemas encheu meus olhos de brilho e meu peito de estranheza. como se eu me estranhasse pelas letras, pelas linhas e pelos sentidos que senti. e, no fundo, não sei se essa estranheza diante da beleza é boa ou ruim. não sei.
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