sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Rádio Plutão
aprendendo a ouvir

................................................................................

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Hã, biloute?

srta margot multitarefa: finge de morta e dorme

¨¨ Margozitcha voltou para a casa de mamis e a saudade aqui tá diária. Ai ai. =)
¨¨ Meu cabelo não se enganou e finalmente caiu água na sexta-feira, com direito a relâmpagos, trovões e tudo mais. Chegou também com ela uma notícia ruim e a noite foi de água ponto. A chuva caindo lá fora... eu chovendo aqui dentro... foi quasepoético, juro. O bom das dores conhecidas é que elas tendem à pontualidade. Elas vêm sem susto, te fazem sofrer o que é pra sofrer e vão embora deixando a bola para ser chutada para frente e o caminho para continuar a ser seguido. Você já passou por aquilo vezes outras e sabe que não é de morrer nem de perder mais de um dia do seu charme (hahaha) habitual com o trem. E eu, chorona² que sou, chorei rios, tive o apoio dos meus (obrigada!), comi incontáveis pés de moleque (lá de Monte Carmelo - MG. um pecado em forma de doce, minha gente), acordei nova no sábado e na segunda já estava com o derrière na cadeira, pronta para o recomeço. Persistência e paciência, darlings, até a hora chegar. Cê lá ví.
¨¨ Quem é capaz de quebrar os óculos de sol guardados dentro da capinha dentro da bolsa? Quem? Quem? Quem?
¨¨ Curto comida japonesa, mas não me faz bem. Sempre acordo no meio da noite com uma bigorna daquelas de desenho animado estatalada no estômago e repito para mim que nunca mais vou jantar no japonês. Aí o tempo passa, esqueço COMPLETAMENTE (é impressionante!) que não consigo digerir o trem e lá vou eu travêis toda alegre jantar aqueles mimos pequeninos, aqueles pedacinhos festivos de cor com sabor. Ontem. De novo. Bigorna. Não pergunte.
¨¨ Não canso de me espantar com o hábito que as pessoas tem de atribuir valor às relações tendo como base a contagem do tempo. Se o amor acabou, deu errado; se não são mais amigos, nunca foram. Por que o que vale é durar para sempre (mesmo que seja insuportável, mesmo que não faça mais sentido) e não o quanto foi significativo, é isso? O dinamismo natural da vida deve ser subjugado pelo propósito de permanência, é? Se tá valendo para você, massa. A beleza da diversidade humana está aí também, na liberdade de escolher viver como quer. Mas espere concordâncias não. Eu digo blé.
¨¨ Brasília é uma cidade sensacional ponto. No domingo passado rolou forró de vitrola em uma das passagens subterrâneas que atravessam o eixão. Tardezinha caindo e todo mundo lá arrastando o pé... Bonito  isso. =).
¨¨ Já faz quase um mês que ele voltou e só agora aquela energia quicante de "ele voltou!!!!" se acalmou. Agora o que impera é a alegria deliciosa do "ele está.". Ele está. Ele está. =). Amo.
.......................................................................................
Camelo
poetisa a chuva

.................................................................................

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Leva para voltar
Os dias de horas cheias. Quanto cabe em uma hora? O que pode render em uma hora? O que se perde em uma hora? Os significativos minutos seguem como corredores em uma prova de revezamento. E eu, que revezo sozinha e passo o bastão de uma mão minha para a outra, vez ou outra me canso de horas tão cheias. Não quero sair delas, estou bem ali, mas me canso. E quando me canso busco um pensamento leve para alimentar o ânimo.
Na aula de local, calor ridículo, meio dia, Talles solta um "ah, vontade de deitar no asfalto quente!" e eu tive que parar as pernas em extensora para rir.
O cachorro baixinho, malhado, gordoforte do olho caído sacudiu a cabeça e uma de suas orelhas gigantes meio que deu um tapa na cara da Margot, que levantou o focinho, olhou de canto de olho e fez sua melhor cara de grilada.
A chuva de folhas em redemoinho na tarde seca.
As fotos que o Cláudio me mandou.
A sensação de sair da água.
O ritmo da escrita do Cortázar.
A Carolzinha ao telefone perguntando qual é o nome da minha casa.
A fragilidade implacável que permeia tudo e o quanto a percepção dela dói e tira o peso das coisas ao mesmo tempo. Tira o peso.
O dia mudando de cor.
O prazer de alongar a panturrilha.
Cada um de meus pequenos quereres.
E o segundo distante daqui me atrasa o passo e me alivia. O que há de leve me leva para eu poder voltar. Respiro tranquila, troco o bastão de mão e sigo para encher a próxima hora.
...................................................................................
How it feels 

..................................................................................

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Começa hoje
o reinado do caderno laranjado.
iêi. =)

....................................................................................
Serviço de Utilidade Pública MTA informa
meu cabelo, detector sensibilíssimo de umidade, tá aqui me dizendo que vai chover.
vistam suas roupas de domingo e bom deleite a todos.
beijocachosnoteto. =)
..................................................................................

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ela

a concretude colorida do som
(foto tirada em cantoria sem-par em uberlândia, 2011)

Eu e a música. Se já fomos próximas a vida toda, agora estamos ainda mais perto uma da outra. Eu, que nunca havia tocado instrumento algum, e ela, que dispensa qualquer oração subordinada adjetiva explicativa. Eu e a música. Na semana passada tivemos nosso primeiro encontro formal: sala, alunos colegas, professor e aquela excitação boa da chegada do novo. Há anos eu já tinha escolhido meu instrumento de preferência, por motivos tantos e tão certos e tão simples e tão meus que nem me proponho a compartilhar. Seria desnecessário. E agora me vejo com o pandeiro na mão. Através dele me entrego mais ao que a música é para mim. Pratico sozinha/com ele os dois toques que aprendi. Eu mais acerto que erro e mesmo assim mal tiro som dali. E já adoro. Adoro. Vejo nesse quasesom o esboço do que se pinta, a ideia antes do que se escreve ou qualquer manifestação primeira do que se cria. Sinto nele e ouço dele a simplicidade do querer criar. Sinto poesia nesse quasesom.
..................................................................................
Baú
escrito em março/2010

 Som
Já não dava mais.Uma hora iria acontecer. E a madrugada de hoje disse que era hora. Dias extremamente agitados têm me consumido. Não de um jeito ruim. Muito trabalho. Trabalho, malhação, saidelas, muito cansaço. Cansaço feliz. Reclamo não...me sinto mais viva. O problema é que não sobra espaço para a palavra. Aquele tempo quase que diário sumiu da minha rotina. Aí a madrugada vem e me sacode. Faz a hora pra que eu faça o que preciso fazer. Necessidade. Rio e olho feio pra essa necessidade. Anyways, ontem fomos ao clube do choro. Quatro virados pro palco. Pouca prosa e muita música. Fiquei ali entorpecida pelo som bom de chorinhos mil. Êxtase que teve em mim um efeito chuva de brocal azul. Mexe comigo o tocar de um instrumento com gosto.Queria sentir esse deleite em mim. Meses atrás, falei pra um amigo que vou aprender a tocar algo assim que passar em um concurso melhor. Ele riu. Me chamou de Izaboba. Disse que eu já tocava. Disse que meu instrumento é a palavra. Talvez seja, não sei. Penso se junto comigo agora muitos tantos também acordaram para dedilhar o violão, a flauta, o cavaquinho. Dedos que não se controlam diante da força da necessidade. Necessidade que, se não satisfeita, te transforma em um ser incompleto. Quase infeliz. Talvez meu instrumento seja mesmo a palavra. E eu a toco com os dedos infantis de quem não sabe o que faz, mas faz mesmo assim. Torpor feliztriste, esse o da palavra. Palavra instrumento. Mas mesmo se for, nada me impede de tocar outro que seja aprendido. Vai ser um pandeiro. E nele vou escrever palavrinhas de uma noite insone... e nele vou viver o novo combinado com o conhecido... e nele vou sentir a palavra em apagar gradativo... e nele vou virar som. Completude.

" E eu corri pra o violão num lamento
E a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento."
Caetano Veloso
.....................................................................................
Rádio Plutão
toca suzano. =)

.............................................................................



quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Carpinejar
Venha, por favor

arte de gustav klimt

"Eu espero alguém que não desista de mim mesmo quando já não tem interesse. Espero alguém que não me torture com promessas de envelhecer comigo, que realmente envelheça comigo. Espero alguém que se orgulhe do que escrevo, que me faça ser mais amigo dos meus amigos e mais irmão dos meus irmãos. Espero alguém que não tenha medo do escândalo, mas tenha medo da indiferença. Espero alguém que ponha bilhetinhos dentro daqueles livros que vou ler até o fim. Espero alguém que se arrependa rápido de suas grosserias e me perdoe sem querer. Espero alguém que me avise que estou repetindo a roupa na semana. Espero alguém que nunca abandone a conversa quando não sei mais falar. Espero alguém que, nos jantares entre os amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos. Espero alguém que goste de dirigir para nos revezarmos em longas viagens. Espero alguém disposto a conferir se a porta está fechada e o café desligado, se meu rosto está aborrecido ou esperançoso. Espero alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não termina com nossos erros. Espero alguém que não se irrite com a minha ansiedade. Espero alguém que possa criar toda uma linguagem cifrada para que ninguém nos recrimine. Espero alguém que arrume ingressos de teatro de repente, que me sequestre ao cinema, que cheire meu corpo suado como se ainda fosse perfume. Espero alguém que não largue as mãos dadas nem para coçar o rosto. Espero alguém que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone para narrar como foi seu dia. Espero alguém que procure um espaço acolchoado em meu peito. Espero alguém que minta que cozinha e só diga a verdade depois que comi. Espero alguém que leia uma notícia, veja que haverá um show de minha banda predileta, e corra para me adiantar por e-mail. Espero alguém que ame meus filhos como se estivesse reencontrando minha infância e adolescência fora de mim. Espero alguém que fique me chamando para dormir, que fique me chamando para despertar, que não precise me chamar para amar. Espero alguém com uma vocação pela metade, uma frustração antiga, um desejo de ser algo que não se cumpriu, uma melancolia discreta, para nunca ser prepotente. Espero alguém que tenha uma risada tão bonita que terei sempre vontade de ser engraçado. Espero alguém que comente sua dor com respeito e ouça minha dor com interesse. Espero alguém que prepare minha festa de aniversário em segredo e crie conspiração dos amigos para me ajudar. Espero alguém que pinte o muro onde passo, que não se perturbe com o que as pessoas pensam a nosso respeito. Espero alguém que vire cínico no desespero e doce na tristeza. Espero alguém que curta o domingo em casa, acordar tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar para as janelas. Espero alguém que me ensine a me amar porque a separação apenas vem me ensinando a me destruir. Espero alguém que tenha pressa de mim, eternidade de mim, que chegue logo, que apareça hoje, que largue o casaco no sofá e não seja educado a ponto de estendê-lo no cabide. Espero encontrar uma mulher que me torne novamente necessário."
Fabrício Carpinejar
...............................................................................................

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Hã, Biloute?
¨¨ HD morrido foi trocado e a vida volta ao meu vazio, desarquivado, desenpastado notebook. iêi.
¨¨ Ele, nascido e crescido no cerrado, me disse hoje de manhã que daqui até chover vai ser assim: um dia mais quente do ano por semana. O lado ruim? Malhar na hora do almoço está, sendo modesta na escolha do adjetivo, insalubre. O lado bom? Seguir a linha "sete dias da semana, sete vestidos diferentes". Meu lado mulherzinha sorri feliz, obrigada. =).
¨¨ Lembro com saudades daqueles idos tempos em que uma noite virada (por insônia, doença, escrita, folia ou puro melindre) não fazia nem cosquinhas e no dia seguinte eu estava zerada. Doces tempos. Que bom que bem aproveitei. Porque agora, minha gente, ai, melhor nem entrar em detalhes.
¨¨ Todos caminhos levam a Cortázar.
¨¨ Quanto mais a vida me vem, mais repito que TUDO depende do propósito da empreitada. E não sou eu que sou repetitiva (bem, talvez.), a vida é que "adora uma repetição". (citando o Chico, de novo, vejam bem.)
¨¨ Cinema yeah. "360" yeah. O bom e véi porquelenãofoiobond? Anthony Hopkins yeah.
¨¨ Sei que não é lá muito bonito se sentir melhor por causa do inferno alheio, mas às vezes funciona assim e ponto. Conheci um cara que torceu o pulso há semana da prova. Uma semana. Uma semana. Eu ali toda chiliquenta por causa da quantidade ridícula de matéria para revisar e o cara usando seu último suspiro de tempo para treinar preencher gabarito e desenhar números com a mão esquerda. É nessa hora que a gente respira aliviado e diz para si "póprio": tá tudo bem,  tá tudo bem...
¨¨ Blogger não tá me deixando responder comentários no MEU blog. Ói que bonito.
¨¨ Tenho vizinhos barulhentos. Todo dia, por volta das 5 da matina, eles me acordam com sua algazarra festiva. É uma cantoria sem fim. Bem te vi, João de Barro, o marronzinho que grita picado, aquele minimalista que é cinza xôxo do bico laranjado e faz um despretensioso "piu" e outros não claramente identificados. Tenho vizinhos barulhentos. E não reclamo. =).
¨¨ Em passeio dia desses, uma criança pequenina me perguntou "é de verdade?", apontando para a Srta Margot. Respondi que sim e ele passou a mão nela com o olho maravilhado de quem está diante do bicho de pelúcia vivo. Uma gana de cachorro ponto. Ela volta para a casa da Donelza no sábado. =(.
¨¨ Terça boa a todos. =).
...................................................................................
C de Cortázar
" Nesse tempo ainda não falávamos muito de Rocamadour; o prazer era egoísta e nos encontrava gemendo no seu estreito objetivo, amarrando-nos com sua mão cheia de sal. Cheguei a aceitar a desordem da Maga como condição natural de cada instante. Passávamos  da evocação de Rocamadour a um prato de macarrão requentado, misturando vinho, cerveja e limonada, descendo à rua para que a velha da esquina nos abrisse duas dúzias de ostras, tocando no piano descascado de Mme. Noguet melodias de Shubert e prelúdios de Bach, ou tolerando Porgy and Bess com bifes grelhados e pepinos salgados. A desordem em que vivíamos, ou seja, aquela ordem em que um bidê se via convertido, por ordem natural e paulatina, em discoteca e arquivo de correspondência ainda por responder, parecia-me uma disciplina necessária, ainda que eu não desejasse dizê-lo à Maga. Eu depressa compreendera que não se podia apresentar a realidade à Maga em termos metódicos: o elogio da desordem tê-la-ia escandalizado tanto quanto a sua denúncia. Para ela não havia desordem, uma coisa que descobri no mesmo momento em que travei conhecimento com o conteúdo da sua bolsa, enquanto eu, por meu lado aceitava essa desordem e até a favorecia, depois de tê-la identificado; de resto, as minhas relações com quase todas as pessoas sofriam dessas mesmas desvantagens. Quantas vezes, deitado sobre uma cama que não era arrumada havia muitos dias, ouvindo a Maga chorar porque no metrô uma criança lhe trouxera a lembrança de Rocamadour, ou vendo-a pentear-se depois de ter passado toda a tarde diante diante de um retrato de Leonor de Aquitânia, morta de vontade de parecer-se com ela, ocorria-me, como uma espécie de arroto mental, que a todo esse abc da minha vida era uma penosa estupidez por se limitar a um mero movimento dialético, na eleição de uma inconduta em vez de uma conduta, de uma indecência módica em vez de uma decência gregária. A Maga penteava-se, despenteava-se, voltava a pentear-se. Pensava em Rocamadour, cantava algo de Hugo Wolfe (mal), beijava-me, perguntava-me o que eu achava de seu penteado, começava subitamente a desenhar num pedaço de papel amarelo... e isso tudo era ela, indissoluvelmente, enquanto eu, numa cama deliberadamente suja, bebendo uma cerveja deliberadamente morna, era sempre eu e a minha vida, eu com a minha vida diante da vida dos outros."
Julio Cortázar
...........................................................................................
Rádio Plutão
 ama. as duas.


.....................................................................................

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Rádio Plutão
e o que se enxerga

 .................................................................

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ha, biloute
^^ Ferias, meio metro de papel em pilha pra estudar e tempo pra passar um cadiquinho por aqui que eh bom nada. E na linha "who cares", meu notebook foi morto matado morrido por algum virus maligno que neste exato momento faz complos e arquiteta a tomada do mundo la de dentro do meu ingenuo e subutilizado hd. Aff. Aih que o maridao me emprestou o dele (obrigada, amor. =)) e o teclado desse trem parece muito com a vida, cheia de expectativas frustradas. Vc espera o acento e vem o colchete, as potoquinhas viraram circunflexos, o ponto de interrogacao e outras coisitas continuam desaparecidas e por aih vai.  Ce lah vih. rs.
^^ Dormir depois do almoco deveria ser um direito constitucional ponto. Boto fe que niveis de estresse cairiam no pe e a gente seria mais produtivo e mais leve. Quando fui a Padova, na Italia, fiquei de cara com o quanto lah a siesta reina soberana. Ate o albergue tranca as suas portas das 13 as 15. Voce tem que escolher se fica de dentro ou de fora. E de fora, tudo fechado. Nem um cafe, nem comercio, nem gente na rua. Todo mundo feliz na merecida naninha do meio do dia. ISSO eh que eh vida minha gente. E parte do meu protesto eh abracar a siesta como elemento essencial de cada um dos meus parcos dias de ferias. Amem.
^^ Calorzinho desalmado por aqui e as questoes de raciocinio logico me chamam com fervor. E eu vou que vou. beijoscorridos a todos. =)
.....................................................
Radio Plutao
aprende a cantar as notas musicais com eles na memoria.
muito bom simsim. =)

...........................................................


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Por que eu liamo, Fal

"*
Perder a compostura. Esse esporte nacional.

*
Perdi alguma coisa. Não sei muito bem se foi o bonde da história, a mão, o lance, o jeito, mas perdi alguma coisa pelo meio do caminho. E não, não estou falando de sapatinhos de cristal ou juízo, não conto mais com nada disso faz tempo.
*
Recuperar a compostura. Essa arte perdida.

*
Paris continua valendo uma missa. Ceder é uma arte, entregar o jogo, como dizia meu pai para meu eterno ódio, é necessário. Às vezes. Dizer, tudo bem, traga seus tratores, vou desocupar o campo emocional, é parte integrante da historinha que contamos, todos os dias, a nós mesmos.

Racionalizar por linhas e linhas só pra concluir que dói pracaraio.
*
Onde eu pensava que ia com tantos sapatos, é o que pergunto. Este mar de sapatos que me cerca: reflexo consumista ou ilusão? Prefiro acreditar que sou uma pobre capitalista idiotizada e gastadeira. Prefiro acreditar que não achei de verdade que teria uma vida que, nalgum momento, justificaria tantos sapatos divinais.
*
Sou daquelas que não têm inveja da casa dozotro. Que não pensa " e se fosse minha?", que não se pergunta se o lugar é maior ou menor que a própria casa. Eu só entro na casa dozotro, especialmente nesse giga-lindo-fofo e bem decorado apartamento que fui, para pensar "Meu Deus, meu Pai, quem passa pano nessa porra?", "Quem lava essa varanda?", "Quem faz essas torneiras doiradas do lavabo brilharem?". Tenho essa cabeça de pobre, de quem lava quintal (o que, efetivamente, sou mesmo e faço mesmo). Não consigo relaxar e curtir, só penso na faxina. Casa com piscina e quintal e mato e espaço pra quadra disto e daquilo, então, faz os dedos dos meus pés se encolherem. Meu processo de diminuição de coisas e tralhas e bens terrenos, que já dura quase quatro anos, não tem como bejetivo ascender, transcender, nem me tornar uma pessoa melhor, mais espiritualizada, mais atilada e me dar mais chances de ser babaca e arrogante e catequizar meus circunstantes como vejo noutros processos de daumzáizim pelos aí. Minha tacação de tralha fora visa facilitar a faxina. Sou tão prosaica.
*
E depois de lavar loiça (toda a loiça do planeta) e banheiro, fico atacada e venho jogar sapato fora.
*"
Fal  aquelaquebrilha Azevedo
...........................................................................
Só conto o milagre
" Ê vontade de fazer uma cerca." (é o que grita o santo sob o sol do meio dia. no norte.)
" O ônibus tava tão cheio que não dava nem pra ficar com os dois pés no chão. Até o motorista tava de pé."
" Marido é igual a empregada. Não dá pra ficar amigona logo de cara." (santo me matando de rir com suas dicas.)
" O Jane matou o Red John!!!!!!!!!!" (via msm. santo viciado ponto.)
" A galera acha que é só curtir, compartilhar e tá mudando o mundo." (pois sim.)
" Ali o mais bonzinho matou o pai e a mãe para ir ao Baile dos Órfãos." (ave cruz. rs.)
" E nem posso te banir! Só sobrou nós dois."
" A tristeza é um troço triste, né? (santo gastando todo o seu ricorico vocabulário. rs.)
" O com açúcar tá garapa." (disse o santotímidoquenuncadiznada)
" Vá simbora. Será bem-ida." (santo nada hospitaleiro. humpf)
" Essa música é perfeita pra você." (disse o santo, violão em mãos. =). amém.)
...............................................................................
Rádio Plutão

...............................................................................


terça-feira, 4 de setembro de 2012

Carpinejar
"Lugar de ser

Estou solteiro de novo.

Ela se separou de mim. Mas eu não me separei dela.

O desagradável é que sou escritor, eu trabalho em casa. Não conto com um escritório para fugir e mudar de assunto. Identifico sua falta a todo instante.

Venho buscando mudar de hábitos, mas não está surtindo efeito. Passei a espiar classificados.

Localizo alguém vendendo uma telepizza.

Em vez de pensar:
- Como assim telepizza? Que absurdo, o que o cara está vendendo é apenas uma linha telefônica.

Eu penso:
- Coitado, ele está vendendo uma telepizza. Quase compro por compaixão.  Eu não me divirto com aquilo que eu achava engraçado, eu me comovo.

Continuo descendo para levar a Cora a fazer xixi três vezes ao dia, mas sem a Cora, nosso cachorrinho foi junto.

Meu coração é um cativeiro.

Tenho o controle remoto da tevê, mas me enxergo sem opção.

Tenho a liberdade do mundo para sair, e me sinto preso.

Tenho tempo de sobra, e me vejo sempre atrasado.

Tenho espaço nas prateleiras e nas estantes, mas nunca encontro o que quero.

Tenho a cama inteira à disposição, mas permaneço dormindo no cantinho.

Ninguém rouba mais minhas cobertas, mas sinto frio.

Retirei os porta-retratos da residência.

Mas olhar dentro da geladeira é também um porta-retrato dela.

Olhar a geladeira é descobri-la: seus morangos, sua mostarda forte, seu pãozinho integral, sua cerveja.

Como diz Karl Marx, que entendia tudo de divórcio:

"Separados do mundo, uni-vos""
Fabrício Carpinejar
..............................................................................
Rádio Plutão

..................................................................................

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PSs
Operação Pará acabou. Ufa. Maridão chegou são e salvo e essa que vos escreve se esparrama em suspiro e alegria. =).
Senti um cheiro de caipirinha quando passei por um dos galões de água do corredor. Claro que não. Mas explicaria muito.
Farrapo, farrapas, farrapa. Conjuguemos pois.
Calor infernal, secura no limite da insalubridade e eu sem reclamar um pio de nada. Vide PS1.
Margot tem sido hóspede tão frequente que parece mais normal com do que sem ela. Eu digo amém. Amo aquele cachorro. Na terça ela está de volta. iêi.
Torta de maçã com farinha integral e ovo caipira fica douradinha que só. Uma beleza. Para os olhos e para o paladar.
"Acabou chorare no meio do mundo. respirei efundo. foi-se tudo pra escanteio..."
Dia 30 "The Good wife" está de volta. É hora de dar as mãos e fazer o countdown para o fim da abstinência. rs.
É segunda. É setembro. Simba!
...............................................................................
Amada Blogosfera
"Pregação e tche tche rere

Só porque tem mais gente comprando carro 0 km e o país vai sediar dois grandes eventos esportivos, muitos acreditam que o Brasil vai bem, obrigado. Não vai, não.

A coisa por aqui anda feia pra dedéu. Muito feia! Monstruosa! E dois fatos comprovam o nosso retrocesso: a crescente evangelização do país e o domínio implacável da música sertaneja.

Cada vez mais, o Brasil é comandado por Jesus e pelos peões da calça apertada. Em qualquer horário, em qualquer lugar, em qualquer situação, ouve-se pregação e tche tche rere; graças a Deus e tchu tcha tcha.

Tá foda, viu!

Em seus “discursos”, evangélicos e sertanejos até parecem estar em lados opostos. Evangélicos querem ir para o céu; sertanejos, para o inferninho mais próximo. Mas, apesar dessa diferença, ambos representam a permanência dos mais odiosos comportamentos.

Atenção à letra dessa canção da dupla João Carreiro e Capataz: “Sistema que fui criado ver dois homem abraçado pra mim era confusão / Mulher com mulher beijando / Dois homens se acariciando, meu Deus que decepção / Mas nesse mundo moderno não tem errado e nem certo achar ruim é preconceito / Mas não fujo à minha essência pra mim isso é indecência / Ninguém vai mudar meu jeito”.

Homofóbico, sem dúvida. E machista também. Repare: “Por mim faltaram respeito, na muié eu dei um jeito, corretivo do meu modo / No quarto deixei trancada, quinze dia aprisionada e com ela não incomodo”.

Taí. Esse é o gênero musical que mais vende no Brasil. E tem gente que ainda defende esses imbecis, que diz que o Brasil é "o país da vez" porque um tal Michel Teló fez sucesso lá fora.

País da vez o escambau! Por trás desse "calor humano", dessa "alegria de viver" de vitrine, há uma sociedade cada vez mais moralista, conservadora, intolerante, preconceituosa, cafona, atrasada, opressora.

Um dia, os gringos ainda vão descobrir isso, e a gente, com o rabinho entre as pernas, vai voltar para o lugar de onde nunca saímos: a caverna."
Marcos Guinoza
.............................................................................