quinta-feira, 28 de junho de 2012

Fatia de carta
BSB, 21/06/12

amor, tô ficando preocupada. mesmo.

primeiro eu guardei meu contracheque na pasta de documentos.
e hoje achei aquele trem perdido dentro da necessaire que mora na minha bolsa.

será que eu tô ficando organizada?

tô com medo, amor. nada na vida me preparou pra isso.
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Rádio Plutão
toca qualidade ponto.


Marçal sendo o rei que sempre será, Chico espetacular e lindo de morrer como sempre e Caetano, bem, Caetano com bigodinho na linha "sujei no caldo de feijão" e roupitcha em uma mistura bizonha de Miami Vice com bicho grilo. Mas ele pode. Ele é o Caetano. Amém.


PSão: na época em que rolou esse programa sensacional eu tinha lá meus 10 aninhos e por culpa boa de uma tal amiga da mamãe chamada Sissa (outro dia conto essa história) eu já sabia que chico e caetano eram CHICO e CAETANO. ficava louca para assisti-lo mas não podia porque o toque de recolher da criançada lá de casa era tipo 9pm. nice. mas aí vieram as férias e fui pra casa da vó elza em monte carmelo, a casa da anarquia infantil. A casa na qual não havia hora de dormir ou acordar ou regras de banho e  alimentação. aí eu assisti ao chico e caetano toda santa semana, em solidão feliz, ridiculamente tarde para os meus padrões, no quarto dos meus primos (que já estavam na gandaia), comendo quantidades absurdas de goiabada com queijo. e se isso aí não for um pequeno pedaço de paraíso, minha gente, eu não sei mais o que é.
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terça-feira, 26 de junho de 2012

PSs
"Cri cri cri cri", cantam os grilos sem pressa.
Tempo que tempo?
Manga doce e um quaseacidente cortante rimam com terça-feira.
Ele me manda beijosexponenciais e eu derreto. Ao cubo. =)
Aula de local embalada por música sertaneja. O inferno tem subsolo simsim. E é aqui.
Amigo é aquele que te dá o segundo "até mais" quando ninguém responde ao seu tchau coletivo. Agradeço a gentileza.
Margot crê piamente que sua vontade de brincar é mais importante que meu estudo. E rosna como um pombo.
Colchão de solteiro em casa de mãe = quasequeda noite sim noite não.
Texto rodando na cabeça desde domingo e nenhuma palavra ainda no papel.
Quem dá pala de rir estudando direito do trabalho? A boba aqui.
Bruninho bem = todo mundo tranquilo.
Amor? Amor é dividir o teto, os planos, a vida com alguém que tem um CD do Kenny G. na estante. Isso é amor. Ponto.
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sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pois sim
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Rádio Plutão
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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Hã, Biloute?
¨¨ Uma semana. Certeza que foi só isso? Pareceu mais.
¨¨ Se eu ganhasse uma moedinha pra cada vez que algum santo me diz "tem um negócio sujo no seu nariz", estaria eu nas Ilhas San Andres, lendo manuscritos frescos e comandando de lá, com mãos macias, a tão sonhada Editora Ave Margot, criada exclusivamente para publicar até espirros livros dessa gente brilhante que eu amo ler.  Pintas, minha gente, pintas. Será que é tão difícil assim sacar o padrão "tiro de paçoquinha" que impera nessa que vos fala? Mais fácil achar que é sujeira, really? Sei. Acredito.
¨¨ Já tive uma quantidade considerável de experiências boas nessa vida e tenho os olhos bem abertos para o valor das alegrias simples, essas que vêm de tudo que é grande ou pequeno. E mesmo assim, achando que tenho algum conhecimento sobre as coisas que fazem bem ao peito, fico aqui tentando achar adjetivo pra descrever o prazer que sinto ao acordar do lado dele. E não acho. Todo adjetivo me parece pouco rico.
¨¨ Engorde em uma semana o que você levou mais de mês para emagrecer. Pergunte-me como.
¨¨ Na linha "notícias da base", cada cômodo bagunçado em graus de elaboração diversos, Isaura (a máquina de lavar) começou a trabalhar em motoquasecontínuo e o estudo de hoje foi no quarto porque minha escrivaninha está em um estado de dar medo.
¨¨ " Crisis is a rite of passage", eu li em algum lugar e digo amém.
¨¨ Tataaaa voltou. Jeann voltou. Iêi.
¨¨ Ok. Na próxima vez em que eu pensar a frase "escolhe você o filme, vai...", alguém por favor me dê um tiro antes que eu chegue a dizê-la? Gratíssima ponto.
¨¨ Coração tranquilo e muito pra ser vivido aí pela frente. Simbora que desperdício de tempo tem gosto gasto de nada. Beijosgostosmil e um ótimo resto de dia a todos. =)
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Só conto o milagre
" O amor dela por mim não só não é cego como é crítico, desaforado e beira a falta de noção." (tô rindo até agora)
" Você perguntou meu nome com uma voz tão séria que por um segundo eu até esqueci quem eu era." (santo amigo estranhando minha "voz de trabalho". rs.)
" - Izabela.... Cosenza?
 - (Santo).... Lacunoso?" (porque um apelido bem dado diz mais que 10 sobrenomes, não é vero?)
" Encontrei ela só 3 vezes e tenho assunto para uma vida!" (pega a senha e entra na fila, santo.)
" Sabe o que eu vi hoje? UM TATU!! (santo provando, com seu entusiasmo festivo, que é simsim um urbanóide com "u" maiúsculo. rs)
" Eu sou da roça, sô. Lá a gente não tá acostumando com coisas pulando da tela pra cima da gente não." ( santo pulando de susto no cine 3D.)
" Você hoje tá parecendo a Emília." ( e mais uma vez eu escolhi tomar isso como um elogio, porque né? vai saber.)
" A gente se diverte com a insuportabilidade compartilhada." ( and it is so so true...)
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Rádio Plutão
faz a matemática do trem. rs. =)


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quarta-feira, 13 de junho de 2012

PSs
Caixas para a publicação de comentários em blogs queridos concluem que eu sou um robô. Todo dia.
Assisti a um teco de flamengo e coritiba com meu pai (que segue até a 4ª divisão do campeonato iraniano) e me lembrei do quanto é sensacional não ter televisão em casa.
Sai coquinho (foi uma dê), entra ouro (tá uma dê).
Dar de cara com o fato de que o tempo às vezes opera milagres nos outros enche minha mente complexa de esperanças.
Almoço nãocorrido. Bom simsim ponto.
Na linha "suco do chaves", a caixa diz portarias tributárias, a indicação interna diz notas técnicas, mas na verdade são atos normativos. Ói que bonito. Até meu armário não é melhor organizado.
Pão de queijo branquelo com "essência" de queijo é ofensivo. Churrasco sem queijo na brasa não é churrasco. Sopa sem queijo não é sopa. E por aí vai. Aprendizado básico, minha gente, por favor.
Alegria de insone é ter um motivo real (e delicioso) para acordar às 4 am.
Mais um projeto de livro vai para o saco. Perdeu a graça. Cê lá ví.
Aparentemente meu inferno astral está datado para começar hoje. Mas eu escolho acreditar que já paguei tudo adiantado no mês passado. Se não putz.
Sorriso gigante e dentes ainda maiores nessa quarta feira. Será por que? =)
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sexta-feira, 8 de junho de 2012

To whom it may concern (você mesmo =))

sem mais
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Por que amo a Fal


"- Então, eu estou ligando porque eu quero estar marcando uma aula, para vc poder estar me avaliando.... preciso de aulas de inglês, entendeu? Mas sabe, eu não queria assim... aulas com gramática, entendeu? Assim, aqueles exercícios chatos e tal. Minha gramática é ótima, eu só preciso de conversação, entendeu?


Tá bom, amoli, então me explica: se sua gramática é ÓTIMA porque vc não fala inglês? Não, pq se sua gramática é ÓTIMA, se vc só precisa treinar pronuncia, alugue 3 filmes por final de semana. Em um mês vc viu 12 filmes, treinou sua pronúncia e, com essa ÓTIMA gramática que vc tem, vc tá pronta pra vida. Nunca lhe ocorreu que idioma tem SEMPRE base gramatical? Que vc só fala português corretamente (se é que fala) pq sabe gramática? 
Não tem jeito. A vida é difícil. Não esse difícil de sofrimentos e dores católicas. Mas esse difícil que exige trabalho, roupas confortáveis e sim, umas aulas de inglês. Esforço. Uns dias cansa pra cacete. Nos outros dá tudo errado. Na maioria dá vontade de sair correndo. Mas não adianta. A gente quer a fórmula mágica. Nego vive citando a moça que trabalhava na roça e virou uma super modelo... não dá pra entender, que pra essa moça estar na capa da revista, MILHARESSSSSS de outras foram bater lá na porta da produtora do Rui e não deram em NADA? Ninguém tem a humildade de perceber que se magia não funciona com o vizinho, não vai funcionar com ele.
"Sessões de emagrecimento", "pílulas de dieta", diet-shakes: vc não faz dieta, vc não se priva de nada, vc emagrece só com o nosso tratamento. Hum.
"Aprenda a tocar violão em 12 aulas". Como??? Paulinho Nogueira toca violão, eu vou ficar feito ele em 12 aulas? 
"Selecionamos moças bonitas para comerciais e novelas". 
"Aqui a gente te ensina a pensar em inglês". Rárárárá!!! Hohohohoho!!! 
"Fale inglês em 11 semanas". Hã???


Meu desprezo profundo, meu nojo, pra essa fórmula "rápida"e "mágica", pras aulas só de conversação, pras oito semanas que vc vai demorar pra aprender o que quer que seja, pro aparelhinho de ginástica feito de plástico, que vc compra pela TV e que vai te dar a barriga de tanquinho que o resto da humanidade bombada demora anos e anos pra ter, frequentando a academia duzentas vezes por semana. Tá achando que é tudo tão mole, e que trouxas somos nós, nesse nosso tampo de formiguinhas, um pouquinho por dia, todo dia, todo dia??? Vai à luta, campeão."
Fal Azevedo 
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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Drops furtado 
=)
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Que passa

Pra mim já era sexta. Mas todos os calendários passaram o dia me lembrando que ainda era quinta. Fim de tarde, café, Gwyneth Paltrow cantando "bette davis eyes" e gente que passa. Algo me apetece em estar entre gente desconhecida que olha, senta, não demora, levanta e segue. Passa. É confortável ser também desconhecida e poder observar tudo à distância. E devo dizer que, por vezes, o mesmo sentido de conforto nos abraça quando vivemos, também, distanciados de nós mesmos. É o assistir às suas coisinhas, suas atitudes e situações como se elas não te pertencessem. Não é você vivendo aquilo ali. Você olha de fora. E aprende e se protege e não escolhe. Sim, é confortável. Mas até certo ponto. Até o ponto em que o conforto vira inércia, a inércia vira incômodo e você precisa voltar pra você. Precisa assumir que está em luto pra poder sair dele. Precisa trocar de casca. Deixar cair, pedaço por pedaço, a invisível armadura escamosa e sem cor que te cobre. Precisa trazer à tona o viço brilhante da pele nova. Voltar pra você e pro seu lugar no mundo. Porque continuar vivendo descolado de si te tira da realidade, assim, de forma sutil. É um esconderijo bem disfarçado. E quem só vive escondido só pensa que vive. Não vive. Só passa.
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terça-feira, 5 de junho de 2012

Hã, Biloute?


"existirmos, a que será que se destina?"...

-- A permanente visão distorcida do tempo conjuga verbos que são engraçados de tão discrepantes.
-- Não tenho o menor senso de direção. Me sinto até privilegiada em conseguir distinguir céu/chão e frente/trás, porque sei que qualquer outra x/x está fora de minhas habilidades reais. Direita e esquerda, então, nem pensar. Daí que me perco. Em caminhos todos, sem importar se conhecidos ou não. Me perco no óbvio. Erro até a quadra em que moro, na melhor linha "uai, cadê meu prédio?". Me perco tanto que deixou de ser divertido pro universo, virou rotina, e ele agora fica brincando comigo de quaseacerto. Funciona mais ou menos assim: eu misteriosamente sigo nos caminhos esperados, exclamando vários "ói que é por aqui mesmo!", me iludindo de que dessa vez não vou me perder... até que não. Na BOCA do trem eu me perco. Ali, no último suspiro, passo a última placa e tenho que me aventurar nos já costumeiros km a mais e retornos inexistentes. E juro que ouço RÁS nadasutis quicando pelo ar. Bonito isso.
-- Lutianita me deu até o fim de junho para escrever um texto sobre a arte de responder. Não sei o que acho mais bonitinho: o fato de ela acreditar que eu tenho propriedade pra escrever sobre o tema ou a paciência que ela SEMPRE tem nos prazos que me dá pra responder "às demandas". Rs. Você é uma flor, queridinha. =)
-- "Fácil é uma palavra que não existe no vocabulário adulto.", disse bem aquele personagem do excelente "o sol de cada manhã". E estão aí as formigas de volta para ratificar a afirmação. Nobody cares, I know.
-- Saudades da Tataaaaaa, aquela adorável poucocaridosa que sabe multiplicar férias como ninguém.
-- Oi Paulinha! Beijo p'c! =)
-- Paulo, não se assuste com o que quer que exista no flickr. Nem eu sei mais. Aquilo lá tá tão abandonado e há tanto tempo que até eu tenho receio de passar por lá. hehehe. E á, parabéns pelas lindas fotos.
-- Andar na rua. O simples andar na rua. Em qualquer lugar, com qualquer propósito. Tá na lista das coisas que mais me faltam nessa fase aqui.
-- Dia bom! beijos a todos. =)
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Só conto o milagre
" Aquilo não é cabelo, é um sapato engraxado."
" Falei para ela: ligue para ele, diga que desistimos, minta, e também diga "bem feito"." (santo bonzinho. rs)
" Tá vendo? Nessa vida a gente precisa de preparação!" (amém)
" A galera que come comida microbiótica..." (santo trocador de palavra)
" Quase golfei de tanto rir."
" Aí que a Dona Helena me passou um floral enlouquecedor (...)" (eu hein. pra quê? já basta a vida)
" Quem oferece por educação acaba fazendo por obrigação."
" Olha, eu nasci em Minas Gerais!" (santo já adulto descobrindo suas origens. bonito isso. e um pouco triste também)
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Lots of joy!
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domingo, 3 de junho de 2012

Lutianita e suas boas dicas
"A arte perdida de se perguntar

Ontem conversando com um motorista sobre o trânsito, os engarrafamentos e minha escolha recente por não ter mais carro e andar de bike, metrô, ônibus e esse equipamento super moderno, portátil e tecnológico que são os meus pés, me dei conta de que um dos grandes problemas do mundo hoje é que o ser humano perdeu a arte de se perguntar.

Eu ponho a culpa na velocidade estúpida do mundo, na sensação que a gente tem o tempo todo de que está perdendo tempo com alguma coisa que nem sabe o quê, e nessa coisinha tão confortável que é a inércia, o go with the flow.

O motorista me perguntou por quê eu decidi não ter mais carro e eu me dei conta: porque eu parei cinco minutos pra me perguntar se eu realmente precisava de um carro. E me dei conta do quanto eu odeio ter que cuidar de um carro, botar gasolina, lavar, manter arrumado, fazer manutenção, fazer vistoria, ter carteira de motorista em dia, procurar vaga, pensar antes de sair de casa se vou ou não beber, achar que não vou beber e chegar no lugar e descobrir que é open bar e eu to com o maldito carro, pagar IPVA, seguro, extintor de incêndio que não saberei usar na hora do incêndio, manobrar o carro pro meu vizinho tirar o dele da garagem e, enfim, todas as coisinhas chatas que estão no entorno deste bem supostamente tão indispensável que é o carro. Que eu praticamente só usava pra ir pro trabalho, um lugar pra onde eu não precisaria mais ir.

(não vou falar em poluição porque confesso – envergonhada – que num primeiro momento nem pensei nisso, mas fica aí mais um ponto para se pensar)

Cinco minutos de reflexão, decisão tomada com consciência, alinhada com as minhas crenças, meus valores, meu estilo de vida, minha necessidade, meu orçamento, minha realidade. Olha que jóia.

Aí esse motorista me deixou no Projac, onde eu gravei (ontem) o piloto do programa da Fátima Bernardes e falei sobre adoção. E, conversando com as pessoas por lá sobre por quê eu escolhi adotar já que poderia ter engravidado, me veio à mente de novo a questão da arte perdida de se perguntar. Eu me perguntei, há mais ou menos 4 anos: faço questão de engravidar? Parir? Amamentar? O que é ser mãe pra mim, afinal? É isso? O que é um valor maior pra mim?

Mais uma vez, decisão tomada com consciência, alinhada com as minhas crenças, meus valores, meu estilo de vida, minha necessidade, meu orçamento, minha realidade. Alouco, hã?

Se tenho curiosidade de engravidar? Olha, tenho curiosidade de milhares de coisas nessa vida, muitas delas coisas que certamente jamais farei, como pular de pára-quedas, andar na Lua ou transar com o Colin Firth. Bom, vou corrigir pra ‘provavelmente’ jamais farei porque né, ainda tenho alguma esperança com o Colin Firth. Mas é isso, só curiosidade, e ao contrário do ditado, não mata não.

Quem tem – ou quer ter - filho biológico pode também se perguntar se não tem curiosidade de receber um telefonema no meio da tarde falando de uma criança, ir num abrigo, pegar essa criança nos braços e sentir a indescritível sensação de saber que É o seu filho.

Acredito a sério que muita gente ao se perguntar: por quê não adotar?, se surpreenderia com a resposta. Falta só parar aqueles cinco minutinhos pra uma reflexão.

E quanto mais eu penso – desde ontem – mais eu vejo que isso se aplica a tudo que eu venho mudando na minha vida pra ter uma vida melhor. Desapegar de um mundo de tralha que tenho em casa? A arte perdida de se perguntar: eu preciso mesmo ter isso? Comer bem, me exercitar, cuidar de mim? A arte perdida de se perguntar: é isso que eu quero pra minha vida, pro meu corpo? (em especial quando estiver no caixa da padaria com cinco pacotes de baconzitos).

Vamos resgatar a arte perdida de se perguntar."

Paula Abreu

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Rádio Plutão
toca o que há de belo.
aquela que AMO do noel em ares de puro respeito à música. quase uma oração.
e alguém POR FAVOR me explique a Dona Inah. voz e presença que putz.
meu coração canta aberto diante de tanta beleza.

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sexta-feira, 1 de junho de 2012

A vida em palavra
Não tive muito contato com meu avô paterno, Seu Nicodemo Cosenza. Ele e minha avó moravam em bh, a gente aqui em bsb, e nosso encontro era um-por-ano no natal. Meu avô foi um pai rígido para os 11 filhos que criou mas o passar do tempo o fez macio com os netos. Ele fazia sua tradicional vitamina colorida (daquelas que levam tudo dentro) para a netaiada e gostava de contar histórias. Gostava também de escrever versinhos, que depois foram reunidos em um livro chamado "patacoadas do vovô". Foi ele quem me deu de presente um caderno simples, com capa dura e dedicatória, quando ficou sabendo do meu gosto pela palavra. Eu tinha 9 anos e foi o meu primeiro caderno de escritos, ao qual eu dei o nome festivo de "farofa". Bem, mas não é disso que eu quero falar.
Certa vez meu avô me chamou para ouvir música. Colocou na vitrola um vinil do Lupicínio Rodrigues e começou a contar dos bailes, da vida em Paraguaçu e dos seus dias de moço. E contou também uma história sobre o Lupicínio. Segundo o vô Nicodemo, e não tenho a menor idéia se isso foi verdade ou não, o Lupicínio, rei da dor-de-cotovelo, compôs a canção "vingança" para uma ex namorada e, algum tempo depois, ela de fato sofreu um acidente e rolou pelas pedras. O compositor teria sentido um peso enorme por ter visto o seu desejo concretizado e sentia uma pontada de arrependimento a cada vez que cantava a canção, que é até hoje um de seus maiores sucessos. E eu ali, criança, ouvindo a história, aprendi que a vingança não tem graça nenhuma. Aprendi com o meu avô e com o Lupicínio que a vingança não é "um prato que se come frio" como se diz, e sim um prato que se come azedo. E o azedume deixa o estômago revirado e um gosto acre na boca. É sofrimento garantido para os dois lados.
Ontem, ouvindo a versão dos Caram, lembrei-me disso tudo e fiquei pensando no quanto é importante a educação pela palavra, quando se conta o vivido e o outro tem a oportunidade de refletir sobre a questão antes de ter que lidar com a situação real. Boto fé que nos dá a chance de evitar um tanto considerável de cabeçadas. Minha história com a vingança foi assim. Aprendi na palavra sem precisar aprender na prática. Que bom. E me pergunto se a gente anda contando nossas histórias e as histórias que nos foram contadas para quem está ao redor ou se esse hábito está se perdendo na falta de tempo. A vida ensina a todo instante e cabe a nós usar a palavra como instrumento.
Tenhamos tempo.
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