terça-feira, 27 de março de 2012

"Dentro da canoa, só notícia boa"
Dá para sentir daí, no ar, o cheiro dessa alegria única? Espero que sim, pois é o que se sente por aqui. A alegria da vontade de mais, da comunhão, da entrega ao novo, do que prescinde de explicação...
Depois de dias de peleja boa com procuras, documentos, providências, planos gostosos e noites quicantes de ansiedade... veio a mudança. Nossa casa é perfeita ponto. Árvores gigantes do lado de fora para combinar com a nuvem que centraliza o quarto do lado de dentro. Tudo vai ficando com a nossa cara e um pouquinho também com a cara de quem anda conosco. Toda parede é um telão em potencial para a luz do nosso projetor e todo canto pode ser mil coisas diferentes. Poucos pratos, poucos móveis e a rede já pendurada. Quem entra aqui pode até achar que falta quase tudo, mas para nós falta nada. Nada. E em meio a caixas e bagunças e cansaço de sobedesceescadas, o que se sente por aqui é alegria. Alegria genuína que transparece no nosso passo. E que transparece na minha voz, a cada vez que eu o chamo de meu marido.
Celebremos! =)


"Como se um sobressalto
Pudesse prolongar-se por vários dias
E conter passos e olhares
Sem que o espanto momentâneo se dissipe.
A limpidez de tudo
Delimita o mundo à sensação,
Traz as coisas ao contacto com a pele,
Experiências do tremor
Na demora que concentra."
                          Rui Almeida (presente palavrado da little jane)
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Rádio Plutão
quer " ouvir uma canção de amor que fale da minha situação
          de quem deixou a segurança do seu mundo por amor
           por amor."

"Nem sei dessa gente toda
Dessa pressa tanta 
Desses dias cheios
Meios-dias gastos
Elefantes brancos
Vagalumes cegos
Meio emperrados
Entre o meio e o fim
Meio assim

Nem sei dessa pressa toda
Dessa gente tanta
Meios-dias feios
Desses dias chatos
Vagalumes brancos
Elefantes cegos
E o céu engarrafado

Fica por aqui
Vem cuidar de mim
Vamos ver um filme 
ter dois filhos
Ir ao parque
Discutir caetano
Planejar bobagens
E morrer de rir

Fica bem aí
Que essa luz comprida
Ficou tão bonita
Em você daqui

Ninguém vai dizer
Que foi por amor
Todos vão chamar de derrota
Vamos esconder nosso cobertor
E vamos viver sem escolta "

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quinta-feira, 22 de março de 2012

Assim
por que tem dia que é assim, um quasenada. você há tempos não mais espera que as coisas aconteçam da maneira que você gostaria ou, no mínimo, seguindo algum tipo de lógica ou coerência. you know better. então nem há razão pra espantos quaisquer. você reage como der, dorme como der e acorda como der, assim, sem sorrisos falsos nem dramas, no mais próximo que você consegue chegar do blasé. como diria a suzi márcia, "é o que tem pra hoje". ponto. e em dias de quasenada como hoje eu leio leminski e ouço chico. clichê, eu sei. mas é o que tem pra hoje. e simsim a história é que adora uma repetição.

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terça-feira, 20 de março de 2012

Por que amo a fal - parte 1 de hoje
por que ela escreve. também. e taí o tão esperado livro novo. =)!
 aquiaqui .

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Por que amo a fal - parte 2 de hoje

"É ótimo sair daqui de quando em vez, para me lembrar de porque não devo sair. Devo aprender com o imortal Almeida Reis, esta sábia criatura, que diz que costureiras e escritores devem ficar quietos, em casa, ganhando o pão, e não na rua, gastando o dinheirinho suado com coisas pouco dignas. 'Boa romaria faz quem em casa fica em paz', ensina o venerável mentor, mas sou uma cabeça oca e não aprendo.
*

Dificilmente o mundo tem tempo para conspirar contra nós. (grifo meu)
*
Não se deve viver para os elogios. Sequer esperar por eles. Quem foi filha do meu pai, aprendeu isso bem cedo. Mas alguns elogios, vindo de quem se admira profundamente, elogios secos, gentis, curtos e pronto, acabou, valem mais do que se pode esperar. Fazem o dia, justificam um trabalho. Compensam tanta coisa.
*

Achei que depois da volta do azul royal dos anos 80, Santo Agostinho assumiria o comando, resolveria a parada e tal, mas não. Santo Agostinho não me atende, por mais que eu leia suas sábias palavras. Voltaram o azul royal, o veludo molhado e, socorro, o macacão. É fugir pras montanhas, porque só cobrir a cabeça de cinzas e meditar não tá resolvendo. Olha.
*
Quando tem luz, não tem internet, quando tem internet não tem gás, quando tem gás o aquecedor vai pras picas e eu lavo as melenas na água gelada, quando tem tudo eu que não tou dando conta. Hahahaha, falta quanto pro fim do mundo?"

Fal Azevedo
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Amada Blogosfera
"Filtrar a alma...
Quando adoeci dos escuros, médico em tom de passarinho me receitou verbos pra se praticar entre as alternâncias de mim. 

São eles: 
... lavar os (in)cômodos que vivem na casa-de-dentro;
...  levar o coração pra tomar sol. 
Multiplicar sorrisos e repartir o perdão. Somar silêncios. 
Jogar fora ressentimentos e outros lixos que se acumularam nos cantos do corpo e da mente
...desintoxicando o próprio futuro. 
Alimentar-se de luz e enfeitar-se de disposição.  
Vestir coragem e despir-se do medo; 
...namorar os dias!
Apaixonar-se muitas vezes, por muitas coisas na vida. 
Viver por inteiro para depois, morrer de rir; 
...filtrar a Alma no rio do tempo."

Gulherme, em oração na ilha
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segunda-feira, 19 de março de 2012

Sobre a plenitude


arte de duy huynh

"Falar é a melhor maneira de se entender", disse Guimarães Rosa ( no delicioso "Primeiras Estórias", se me lembro bem) e eu cito, repito e digo amém. A gente sabe que é assim, mas sabe melhor quando sente o entendimento ali, no ato da fala. Pois sim que estava em almoço palavrado com meu amigo Jeannjeann e me dei conta de algo diferente em mim. Explico. Tive a sorte (if there is such a thing...) de viver bons relacionamentos, de experimentar o amor em doses cavalares com pessoas especiais que me serão sempre queridas. E foi falando, entre pratos e talheres, que ficou claro para mim que o que sinto agora é diferente de tudo que já vivi. O que sinto é que agora tenho uma clareza mais real das coisas. Se antes o amor era meio que tido como algo dado e trazia uma "tranquilidade" por ser floreado com uma certeza ilusória de continuidade, agora ele vive com os dois pés no chão. Ele é questionador. Ele encara as crises de olhos bem abertos. Ele sabe bem das dificuldades e não só das alegrias e entende, com leveza ou pesar, que esse é apenas um dos caminhos entre mil possíveis. Entende que, em termos práticos, se eu quiser é só tirar o anel do dedo, sofrer a já conhecida dor da perda, mudar o passo e esperar passar. Porque já aprendi que passa. Mas aprendi também a entender melhor o todo e entender que o que me rege não é mais a inércia do estabelecido ou o medo do vir-a-ser, pra ficar ou pra correr. Agora entendo que mais que uma opção de risco o amor é uma questão de escolha. E o amor que vivo hoje é simsim escolhido. Todo dia. Sei do bom e do ruim, ponho na balança e escolho. Escolho o que pesa mais: o valor do que dou e recebo, o companheirismo, a sintonia rara, a alegria única do estar junto, o aprendizado, as bobagens festivas, o respeito, o amor em si. Escolho todo dia. Dia a dia. E assim tenho a sorte (if there is such a thing...) de viver o mais pleno dos amores. E o mais gostoso deles também. Lucky me. =) 

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quarta-feira, 14 de março de 2012

Presente Musicado
Quase duas semanas sem escrever. Raro. É que tenho tido dificuldades em dar nome, cara e cor para essa alegria. Sei como me sinto, sei que é deliciosamente simples, mas não sei explicar. Não sei. Aí tenho procurado: em palavras minhas, em palavras outras, em cheiros, em canções e nada. Os adjetivos escapam escondidos, os verbos se sabem pouco e qualquer tentativa de frase ri boba de mim como quem diz "ai, precisa não, darling...". 
Essa alegria me escapa.
Acontece que, mesmo sem sequer saber da minha procura, a Lutianita achou para mim. Ói que bonito. Lá de BH, mandou esse presente musicado para cantar minha alegria. Como ela é.
Obrigada, quéri. Beijos doces, coloridos e mareados. =)

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quinta-feira, 8 de março de 2012

ST em: dias atrás.
Iza: tataaaaaaaaaa diadia!
Tata: izaaaaaaaaaaa
Iza: esse mundinho é cheio de surpresas, vou te contar.
Tata: q houve?
Iza: quando nêgo colocou aquela plaquinha "estamos modernizando este elevador" eu quase enfartei de rir.
      e não é que era verdade?
      ói só!!!
Tata: kkkkkkkkkk
Iza: vc entrou no bichinho?
Tata: mas ainda tá em teste... não entro lá nem a pau
Iza: rs! boa!
     pois eu, que não tenho noção do perigo, entrei. e ele CONVERSA!! os elevadores daqui custam a subir e descer... 
Tata:  what????????
Iza: fiquei imaginando se ele também fará massagem nos pés, elogiar meu cabelo, essas coisas, depois do teste. imagina que dê.
Tata:
Iza:
Tata: kkkkkkkkkk. tenho medo desse elevador
Iza: vc é uma mulher sábia, tataaaaa. e ficará ainda mais temerosa quando eu te contar que ontem à tarde ele tava confuso.
Tata: afffff
Iza: eu cheguei aqui no segundo e ele disse "subsolo. portas fechando." e abriu as portas. rs cavalar! foi lindo.
      ele é a nossa cara!
Tata: kkkkkkkkkk sabia que ele não estava bem. pq liberaram ele para uso e uns 2 dias depois colocaram uma folha " em fase de teste". eu, hein? eu é q não vou testá-lo...



ST em: hoje.
Iza: viu o "elevador feminino" em comemoração ao dia das mulheres? é o que está em teste!!
      o que que é isso, tataaaa? piadinha de mau gosto?? pq mulher tem que ser forte e dar conta de tudo, correr risco de vida no elevador confuso?
      francamente.
Tata: kkkkkkkkkkkk
Iza: num entendo.
Tata: agora que eu não entro lá mesmo!
Iza: rsrsrsrs!!
Tata: vai saber o que armaram pra gente lá dentro?
Iza: e a música tataaaa? todo ano é o mesmo shalálá na linha kenny g. quem inventou que a gente curte kenny.g.??? fico emputecida. de verdade. me sinto ofendida.
Tata: ainda bem que cheguei mais cedo e não peguei essa parte da música!
Iza: se safou, queridinha.
Tata: é muito constrangedor... tem alguma outra saída, izaaaa? ou todo mundo vai ter que passar por lá na hora do almoço?
Iza: num sei, tataaaa. it´s a jungle out there. a gente pode esperar tudo!
Tata: kkkkkkkkk 
Iza: e vou te dizer uma coisa
      se alguém vier me "sprayzar" perfume docequedói eu vou dar piti.
Tata: kkkk quero estar perto pra ver
Iza: não queira, meu bem. maus modos e sangue garantidos. hehehe. 
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Amada Blogosfera
" As meias vermelhas de meu tio-avô
Escrevi sobre o padre Nejar e recebi inúmeras confidências dos leitores.
Agora, sim, acho que o conheço bem. Conhecemos uma biografia quando desfrutamos de informações suficientes para mentir a seu respeito.
Já poderia, portanto, mentir sobre Alberto Nejar, meu tio-avô, mas desejo expor uma verdade.
A verdade sempre me seduziu mais do que a mentira. A mentira impressiona, a verdade emociona.
Alberto Nejar era monsenhor da Igreja São Geraldo.
Passou a vida esperando ser bispo, pois estava a um passo da recompensa profissional. Tratava-se da próxima escala; natural, previsível. Assim como depois de um capitão vem a estrela de major, assim como depois de um capitão-tenente vem a cruz bordada de capitão de corveta.
Alberto aguardava assumir o ruivo do solidéu, o rubro da batina. Ansiava pelo reconhecimento do trabalho comunitário, da evangelização dos jovens pelo esporte, das campanhas de agasalho e acampamentos no Interior.
O que me entristece é que ele, tão certo da promoção, tão convicto da transição, comprou meias vermelhas de bispo jurando que seria chamado. E não foi. Nunca foi.
Ele dormia com meias vermelhas de bispo para atrair sorte, talvez para convencer o destino a entregar a carta do Vaticano no dia seguinte. E não veio. Nunca veio.
É um desconforto projetar o quanto ele sofreu em silêncio. O quanto padeceu em segredo para não ser tachado de ambicioso.
Mas alguém incutiu a esperança nele, Alberto não concluiu sozinho que seria bispo. Tudo deve ter partido de uma insinuação, de uma fofoca. Alguém influente torturou Alberto com sua própria fé. Criou uma falsa expectativa para retirar o resto pouco a pouco, para deserdá-lo do sentimento de justiça e retribuição que tinha pela vida.
O exemplo de meu tio renova meu cuidado na hora de conversar: não temos o direito de maltratar a esperança do outro. (grifo meu)
Se não ama seu namorado ou sua namorada, deixe ir, não fique prendendo por comodidade e vaidade. Se um convite desagradou, diga de cara, não torture com desculpas. Se está interessado em promover um funcionário, faça logo, não fique adiando ou explorando a expectativa para que o sujeito trabalhe mais. Se pretende oferecer um presente,  dê rápido, sem suspense, não realize chantagem.
Há a necessidade de ser direto e evitar insinuações que provoquem mal-entendidos. Não procure o benefício da dúvida, e sim a lealdade da palavra.
Falar a verdade o quanto antes, para que a pessoa possa adaptar-se com a perda, criar um novo sonho e mudar a cor das meias."
Fabrício Carpinejar
sejamos mais genuínos. e mais cuidadosos. =)
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Dando pala com a Ci no youtube Parte 2
vai ter show do roxette aqui em bsb. hum. não vou nem comentar. e relembrando as "pérolas" da banda, chegamos à conclusão que pra cantar essa aqui a figura tem que bordar na camiseta: "I have no self-esteem and my middle name is drama queen". "Feeling so small/ I stare at the wall/ Hoping that you are missing me too"?? pelamor... rs!
e não, a gente não tem mais o que fazer. =)

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terça-feira, 6 de março de 2012

PSs (pq tempo: necas de pitibiriba)
- eu e ci dando pala no youtube parte 1: catchy!

- não tem problema se o que te sacode às 5 AM é um sorriso de orelha a orelha. levanto feliz =)
- li e gostei: o que podemos aprender com a bunda da scarlett
- beijo cheiroso no coração da fal
- respondo comentários com calma em um cadinho
- falando em cadinho, nenhum, eu digo NENHUM, doce de leite é melhor que o dosdileidepatosdiminas. ponto.
- notícia boa dentro da canoa.... =)!
- beijos a todos.
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sexta-feira, 2 de março de 2012

Ar por metro (ou d de b)
Seus encontros eram pontuais, periódicos e certos. Hora, dia, local e lá estavam eles. Mesmo a essa altura eles só haviam se encostado três vezes, de forma amigável e quase despercebida. Toque comum mas que trazia susto de tão carregado que era do que não se tem mas tem.
Ele adorava o nome dela e o repetia incontáveis (mas que ela contava) vezes, sempre em sorriso. Ela ora olhava sem mudar a expressão da hora, ora abaixava a cabeça em uma espécie silenciosa de consentimento velado.
Ela adorava a voz dele e arrepiava quando a ouvia de perto. Quando de longe, sentia em cada som de letra um convite e sorria para si mesma com o canto esquerdo da boca.
Ele dizia sabe lá o que com o olho e ela adolescia.
Ela perguntava algo corriqueiro e ele engasgava.
Ele não sabia do que podia.
Ela não sabia do que queria.
E lá estavam eles, livres do peso de qualquer concretude e imersos na vontade de ser o que já eram sem nem ser.
Eles a sós entre outros. Eles da mesma cor.
E brilhavam em pontos de luz afastados no meio da multidão.
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Amada blogosfera

"Shuffle
Não temos televisão em casa, às vezes penso que essa é a maior das bênçãos para, no instante seguinte, discordar do meu vazio interior de preencher as vagas horas da madrugada (Jô Soares – você faz falta). Quero retomar aquela trilogia básica de Jornal da Globo com Programa do Jô e filme água com açúcar. Enquanto as “férias” (para a maioria dos brasileiros, é claro) terminam com chave de ouro através da avalanche de bons seriados globais, contento-me em ler revistas nas parcas horas vagas e dominicais do meu trabalho: a verdadeira bênção é ter uma hora de descanso.
Nunca havia parado para ler a Piauí, embora, em raríssimas ocasiões, quando questionada sobre o conteúdo da revista, tenha “admitido” que era interessante, porém não uma de minhas prediletas. Eu sou muito cara de pau para mentir, às vezes. Típica hipster que tenta ser cult pagando pau para revista do gênero. Ainda assim, não tenho responsabilidade alguma para falar dela, pois não compreendo o objetivo de algumas de suas colunas. Mas parece ficção, literatura. Estarei enganada?
O fato é que possuo uma preguiça imensa para recorrer aos conteúdos que alteram meu cotidiano. E, para estabelecer uma nova rotina, decidi que, caso eu chegue cedo no serviço, pegarei uma revista para ler e seja lá o que Deus quiser.
Comecei com a Época porque, de revista “séria”, só conheço Veja e IstoÉ. A segunda não me atrai e a primeira contém em si um vasto currículo de entrevistas de grandes nomes da música popular brasileira com opiniões alteradas por jornalistas gananciosos. Pode significar o mesmo para a frase “O Estado de S. Paulo é manipulado pelo governo”, mas eu não ligo. Até recuso aquele que é considerado o jornal mais importante do país.
Daí que na coluna intitulada “cultura” ou “comportamento”, presente em uma das edições de fevereiro, a Época veio com essa matéria para mostrar que, mais uma vez, eu não estou “de todo só no mundo”.
A revista denomina “jovens de espírito velho” como a “geração shuffle” – aquele botãozinho agradável para “misturar” as músicas de uma playlist, existente no aparelho de som da sua casa, nos programas para ouvir música do seu computador e também nos milhares de “mptrecos” que a alta tecnologia cria e recria a cada segundo.
Interessante como tudo ficou mais antigo enquanto vivemos a melhor fase da era digital. A última moda é editar fotos em programas que consigam envelhecê-las ao invés de deixar nossos rostos absurdamente perfeitos, como cartazes de marca de cosméticos européia com atrizes famosas fazendo pose para os mesmos. Já poderíamos aderir a roupas na cor prata e verde flúor, andar por aí como se tivéssemos acabado de sair de um filme de Spielberg ou obra de Huxley; mas o que realmente importa é com qual vestido florido meio riponga dos anos 60 eu vou trabalhar hoje. Filmes? Qualquer um com Audrey Hepburn é referência – mesmo que nunca tenhamos assistido. Ouvir bandas indie não é o suficiente: o ritmo jamais será o novo grounge e você precisa saber quem foi Bob Dylan e/ou Janis Joplin. E, de quebra, vai dizer que é impossível viver sem ela e Adele. No campo literário, vale à pena Bukowski, Kerouac, e alguns clássicos universais e/ou autores marginais para que sejamos “alguém na vida”. Anos de luta pelos direitos e independência da mulher moderna caem por terra quando tornamo-nos submissa na cama no papel de pin-up’s. Nós, habitantes da perdida e solitária “geração ‘z’” sabemos tudo, mas pecamos feio no quesito originalidade. Pelo contrário: repaginamos. Ou seja.
Naturalmente, isso se reflete em mim. Acho bonito lingerie de bolinha, calça de cintura alta, inclusive isso faz parte do meu guarda-roupa. O ápice da cafonice de terceira idade veio dia desses, quando saí para fazer uma consulta no oftalmologista (finalmente) e passei em diversas óticas, impressionando dezenas de funcionárias com o meu “ensaio sobre a cegueira” de um astigmatismo e miopia de quatro graus cada (nem a médica entendeu como consegui enxergar esses anos todos e ler mais de sessenta livros no ano passado vendo tudo turvo, embaçado – Saramago perde para mim): óculos “retangulares” estão na moda, mas quando eu os punha em meu rosto, enxergava apenas moldura, armação. Na ótica mais meia-boca encontrei a metade da laranja, o colírio dos meus olhos: um par de óculos retrô, de armação vermelha, grande e… bem, a minha cara.
Acho que, no mesmo dia, vi um fusca cor-de-rosa num ensaio dantesco de concesionária. Entrei, fingi fazer um test-drive e me apaixonei pelo negócio. Eu pretendia seriamente ficar rica e mandar fazer uma carruagem dourada no estilo dos filmes de época que a Keira Knightley interpreta, porém, se nada mais der certo, acredito conseguir adquirir pelo menos aquele fusca.
Voltando ao assunto “não-tenho-televisão-em-casa”, cada vez mais fica difícil acompanhar as notícias do dia-a-dia. O Brasil inteiro sabe que, aqui na Bahia, os “competentíssimos” policiais decidiram fazer greve. Greve esta que tornara-se motim em pouco tempo. Eu e o meu marido só ficamos sabendo porque um amigo nosso telefonou avisando que desmarcaria o nosso encontro por esse motivo. Em seguida veio a morte de Wando e Whitney Houston – ambas tendo sido anunciadas pelo quarentão que vive comigo e navega o dia inteiro na internet.
Sinto uma saudade imensa do Arnaldo Jabor e suas reflexivas reflexões de reflexo e caráter político ao fim da noite, início da madrugada. Do charme (e cabelo branco) de William Waack e das piadas do Jô (e de uma porrada de escritores bons que vão lá para serem entrevistados e EU NÃO ESTOU ASSISTINDO!). Em contrapartida, apesar do cansaço pós-trabalho, chego em casa e assisto Californication – uma série legal com nome de música do Red Hot (que marcou a minha infância), de um escritor em crise de processo criativo (infrutífero) que pega um monte de menininhas nada frágeis e balzaquianas problemáticas, apesar de saber-se ainda apaixonado pela ex-mulher que está para casar com um cara que ele considera um babaca (e, no fundo, é mesmo). Rola muita cena de sexo e isso, para um fim de noite é, no mínimo, estimulante. Mais excitante ainda foi descobrir, recentemente, que eu sou uma bissexual que ficou muito tempo dentro do armário e só agora, depois de ter encontrado o homem que dá sentido ao nascer do sol de cada dia em minha vida, possuo interesse por mulheres num ménage que sonho ter, um dia (e pensar que tive inúmeras oportunidades de beijar uma garota – e fazer coisas piores – durante o ensino médio, mas, como “era moda”, eu me sentia privilegiada em ser exceção nessa regra).
Hoje é domingo e eu sempre me condeno por escrever durante as horas lunares quando, na verdade, deveria estar descansando. Existem centenas de brasileiras que desejam fervorosamente que seus maridos saiam de casa enquanto seus amantes entram pela janela, mas quando o meu não está aqui, quase tenho um orgasmo por poder escrever na santa paz de Deus (estou utilizando nome d’Ele em vão?) e Hilda Hilst, minha musa, que tem me deixado muito safada nos últimos tempos. Acontece que, uma das atividades mais gratificantes do nosso convívio são as nossas conversas. Eu gosto de conversar com ele. E a escrita não tem vez quando ele está em casa. Porque conversamos. Porque sempre temos um assunto diferente e, por isso, o relacionamento não cai no ego da rotina, de ser exatamente o que ela é: insuportável. Caso eu me atrevesse a escrever roteiros para filmes americanos, intitularia minha obra-prima com o nada original “se escrever, não case”. Mas troco um punhado de frases bem construídas por orgasmos múltiplos sem medo de ser feliz. O meu marido não aprova muito o que escrevo. Por exemplo: ele deve estar lendo tudo isso agora e, com certeza, está detestando as palavras “orgasmo” e “bissexualidade”, nunca antes expressadas nesta mal fadada tentativa de diário. O que me parece um bom motivo para discutirmos a relação e reconciliarmo-nos logo após, com sexo, é claro. Ops, perdoem-me. Até."
Nina Vieira (bailarina de letras em pele de livreira =))
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Rádio Plutão
pedala. =)
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quinta-feira, 1 de março de 2012

Só conto o milagre


 pepe le pew e o santo
¨¨ "Sabe aquela música "foi pra rua de novo, entrou no velório pulando a janela, xingou o defunto, apagou a vela, cantou a viúva mulher de favela, deu um beijo nela..."? Minha noite ontem foi assim."
¨¨ "Eu queria morrer e voltar para assombrar Tânia." (santo humilhado)
¨¨ "O fogão tá ali." (e não é que a leandra leal, no filme, ouviu a dica do santo e partiu pro fogão? foi lindo. rs!)
¨¨ "Olha para o teto e pensa no Reinaldo Gianechini." (quer dizer...)
¨¨ "Quem é que aguenta a verdade assim, feito chuveirinho chuviscando na cara o tempo todo? Ninguém aguenta!"
¨¨" Bem, acorda e conversa comigo. Acho que eu tô enlouquecendo." (santo encenando com sotaque catarinense)
¨¨ "Teve o Bomdiazzzzaço e agora o Pepe Le Pew. Você acha que eu passo a vibe que atrai stalkers?" (tô rindo até agora)
¨¨ "Ele me abraçou molhado de mar e eu tive que contar até 100 para não sair gritando."
¨¨ " Como é que eu tava? Doía viver." (depois eu que sou dramática...rs!)
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Na mesa
Interessante como pequenas mudanças na rotina nos trazem elementos novos. Jeannjeann está de férias, Tataaa não se mistura com essa gentalha (rs!), Nath não sei cadê, Ave César não está mais entre nós - foi para um plano melhor (leia-se: MPU) -  e meu horário é tarde para o meu amor ou para a Ci; o que quer dizer que eu tenho almoçado sozinha. Aí meu lado observador fica aguçado e vai colhendo pequenas peculiaridades de cada um com quem divido mesa nos restaurantes da vida. Uma reza antes da primeira garfada e come com ar leve e sorrisinho, como quem canta em silêncio uma música de que gosta. Bonito isso. Outro checa o celular de 10 em 10 segundos, fazendo dele sua companhia. Outra fica me olhando e quando eu olho, desvia o olhar, e eu, maizamente, fico simulando subidas de olho mas sem olhar de fato só para ver a figura ficar perdida em desviar desconfortável. Maldadinha boba. =). Outro almoça espremidinho no canto, em solidão envergonhada. Outro não pára de fungar e pedir desculpas pelos efeitos da gripe, e por aí vai.
E hoje me aparece esse senhor. Senta na minha frente e solta um " esse restaurante é muito barulhento. não gosto desse conversê." e DISPARA A FALAR. Fala de quando foi contínuo no Itamaraty, de uma viagem para o estrangeiro, do casamento da neta, da consistência do peixe, do concurso do Senado, do calor, da seca que virá e promete ser pior que a do ano passado, da cirurgia da esposa, diz que eu tenho cara de maranhense (essa é nova) e fala e fala e fala. Não gosta de conversê, né? Sei. rs! Terminei o prato, a melancia, dei um tchau em sorriso sincero e fui-me embora pensando cá com os meus borbotões. O cerumano é um bicho engraçado mesmo. Às vezes fala mal de algo não por que de fato não gosta, mas por que quer e não tem. Que coisa. E a gente ainda fica aí, batendo cabeça querendo entender TUDO o que se pensa, que se sente, que se faz. Não dá. Haja entendimento! Pois sim que somos engraçados. E iludidos. =)
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Amada Blogosfera
"Suas pernas tem a força do pecado, sua pele cor de desejo.
Ela é suprema, é o delírio de bêbados e sãos. 
Comete homicídios com seus olhos, provoca estupros com 
sua boca, sua língua. Mesmo sem movimento de perpassar.
Ela tem a flor em teu colo, tem cheiro de sedução.
Ela é da vida, ela é do mundo, ela é do pecado, 
mas não é de seu ninguém.
Tua dança vive nos movimentos de seu quadril e
teu dengo está sobre os ombros de um.
Ela, tão somente ela é dona de si, de seu próprio corpo.
Dedicado as donas dessa vida, as musas."
Luana Almeida (florindo aqui ) =)
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Presente Musicado
Obrigada, amor. 
Dancemos na chuva, dancemos no sol. Dancemos.  =) 


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