terça-feira, 30 de novembro de 2010

Hã Biloute
¨¨Ele: "Eitchá", Eu: "Pitchímm!", Ela: "Jesus" (sem i no final), provando que é assim que se fala!!! Dez, atrás, arroz... tudo sem i! ponto. =)
¨¨Ok. rosí veve, voltou e voltou com flores no cabelo... =) E de agora em diante, qualquer viagem a trabalho sua deve ser antes aprovada por mim, darling. Ponto.
¨¨Seguindo a linha "deleites", programa mulherzinha ontem com Ali, Ana, Coquine e rosí... ai, delícia... café, glamour, déjà vu, universo paralelo e risos mil... obrigada,meninas! Amo vcs!
¨¨ Tataaa...saudade!!
¨¨Diz o Falsobelém que o Grêmio não perdeu aquela partida pro Santos. Que eu é que não soube assistir ao jogo. Que, na verdade, o Grêmio NUNCA perde. Hum. Ok. Assim que eu entender a sistemática do trem, pode deixar que ensino para a massa atleticana... quem sabe aí a gente sofre menos no ano que vem...hehehe.
¨¨Quem se esqueceu de passar protetor solar nos braços antes do pedal e agora exibe um lindo manguito bronzeado? Quem? Quem?
¨¨E quem hoje sacudiu Coquine (tadinha...) antes das 6 pra ir pra academia que nunca abriu por que é feriado (não pra nós)? Quem? Quem?ôhu nôu!! Mas aff que o desemplano não erra... trouxe o nascer do sol lindolindo asa afora, treckking dos horrores (rs cavalar!) na ida, corridinha deliciosa na volta e limonada pós banho. Bom demais, Coquine. Você é toda cor, querida! Genebra is SO lucky... =)
¨¨ Já agradeci a chuva de deleites, né? Agradeço de novo! e vamos a eles...

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Ai, deleites...
"Oi!
Segue minha lista de coisas deleitáveis:
Sorriso matinal de bom dia do filhinho, nascer do sol no mar, na montanha, no cerrado, chuva gostosa na janela, cheirinho da chuva na terra, beijinho de bom dia de bafinho do ser amado, assistir a um bom filme, chorar de rir de algo engraçado, participar de encontros de família, dar um fim a coisas que não usamos mais, dar um sorriso, receber um sorriso, planejar viagens, viajar, chegar, cair e depois levantar mais forte, estar perto de pessoas amadas, ter um sonho bom...Nossa mas é tanta coisa boa que tem na vida... É mesmo um bom exercício enumerá-las. Poderia ficar aqui escrevendo mais trocentas coisas deleitáveis. E sei que se eu fosse fazer uma lista das detestávéis, com certeza a lista seria infinitamente menor...
Beijos a todos com carinho
Larissa"
Infinitamente menor... my thoughts exactly, meu bem... =)

"Crônica do Paulo Mendes Campos; miado, no meio da madrugada, do gato que tinha sumido; gente que fala bem baixinho; sonhar que tudo, tudo mesmo, não passou de um sonho e que as coisas estão bem; sorvete de morango; sorvete de pistache, sorvete de café; sorvete; uma crônica que ficou infernalmente boa; ler de novo e de novo sobre Aníbal Barca; gente tranquila; ouvir Rodrigo, o mecânico das estrelas, dizer "Isso não é nada, Fá, qualquer 30 reau resolve"; rímel que não borra; e-mails gentis; gentileza, sempre; falar com sobrinho carioca no telefone "Tchia Bibaaaaaa, que saudade"; café; desenho animado; homens de voz grave; mulheres de voz grave; momentos de destemor; ouvir pai cantando; cor de rosa; passar requeijão no pão quentinho devagarinho; a palavra 'devagarinho'; boteco em BH; homens que fumam cachimbo; secador que funciona; livro do Eduardo Almeida Reis; banho de banheira; segredos sussurrados; aliás, quase todo tipo de sussurro; batom cor de boca; manchas que somem; ter alguém para ligar quando se está muito muito triste (eu não tenho mais); deslizar de carrinho de rolimã, dirigir sem rumo (ainda que em São Paulo, fazer o quê), a janela do carro aberta, o vento na cara e o Chico Buarque no último volume; telefone que não toca, a não ser naquelas ligações bem tarde da noite, que você acorda para atender e conversa de olhos fechados; conversar com mãe tomando chá; receber cartão postal; poesia do Cesário Verde; Bobby Goren; os anos 50; restaurante vazio; cinema no meio do dia; traduzir; histórias da infância alheia; rosas amarelas; pasta de manjericão; cachorro recém saído do banho; o jeito que meu irmão diz a palavra "cueca"; bolsa de couro; cotovelo macio; mulheres que cantam bem; bons blogs; gente feliz; bolo de bolo; esmalte clarinho (Izinha, comprei um que, depois de seco, tem cheiro de algodão doce); bolacha com Nutella; não precisar viajar de avião; cheiro de limão; gosto de limão; fazer mosaicos; toalha felpuda; ovo frito; colar figurinha no álbum; homens de óculos; livro do Stanislaw Ponte Preta; beijos que duram para sempre."
Fal
Ai, Fal... esmalte com cheiro de algodão doce é demais... delicadeza sem fim...

"Dormir com o barulho de chuva; acordar com o céu azul; correr de manhã cedinho e ver o Sol nascer; véspera de feriado; pedalar 200 km e chegar inteiro; fazer trilha beirando um rio;andar numa mata fechada; avistar o horizonte do alto de um penhasco; arrastar um amigo pra fora da barraca enquanto ele dorme; viajar de moto com a pessoa amada na garupa; rodar 400 kms só pra tomar café da manhã num lugar diferente; provar comidas regionais; piqui, jerivá e mangaba; beber um bom vinho; quejios; ir à casa de um amigo, abrir a geladeira e pagar sapo pro cara porque não tem cerveja; dar um abraço apertado no filho; morrer de amor, mas ressuscitar é melhor ainda; ler um bom livro; conhecer pessoas de outras culturas; se apaixonar por uma menina só de olhar; dar uma abraço apertado;beijar no cantinho da boca;
Gente, tenho que trabalhar. Isso vai levar o dia todo. rsssss"
HC

HC... deleites+palavras novas em francês é baiser de tão bom! rs!

"Amigos que gostam de ler e que citam autores; perceber semelhanças; perceber diferenças; respeitá-las; Alpino, Capuccino de Alpino gelado pela manhã, pela tarde, pela noite; ter amigos; receber e-mail deles; coisas simples; um olho brilhando; ainda ter esperança; não depender das esperanças; computador que funciona; ouvir música; conseguir entender uma velha música de uma forma nova; beijo na bochecha; um cheiro; minha Bela; as belezas; arara azul; a sensação que vem após um susto falso; um frio na barriga... E por aí vai..."
Jeann
Você... sempre certeiro, jeannjeann... =)
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A little Céu a day keeps the doctor away


divina Céu... AMO!
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"Call me Ishmael." Herman Melville (Moby-Dick) =)
Serviço de Utilidade MTA dá aqui um conselhinho. Antes de dar nome ao seu filho, gato, cachorro, planta, carro, caderno (é estranho, eu sei) ou qualquer coisa outra, faça um pequeno teste. É rápido, fácil e indolor. Aí vai: diga o nome escolhido a um estranho. Se ele demonstrar (verbalmente ou não) que não entendeu, faça um favor à humanidade e escolha outro. Vá de Maria ou João... lindos e certeiros. Digo isso porque ontem conheci um lindo bebê de nome SINSGRID. Eu de boca aberta e com um ponto de interrogação gigante piscando em neon na testa e a mãe repetiu: SINSGRID. Juro que me segurei. Porque minha vontade foi perguntar enfaticamente " I beg your pardon??" e avisar a mãe que ela própria repetirá essa mesma frase, só que na exclamativa ("I beg your pardon, SIN!!!"), assim que ela cair em si e perceber que, de fato, foi deveras semnoção. Espero que a pequena SINSGRID seja compreensiva. E você, faça o teste! O universo agradece.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pois sim
Ok. Não sei quanto a vocês, mas a vida por aqui não anda lá muito macia. Ruim, eu não diria... mas for sure longelonge de qualquer tipo de maciez. Eu concordo com a teoria de que fim de ano não presta e ponto. E o que a gente pode fazer além de olhar o touro nos olhos sem medo (minha vó quem me ensinou) é buscar os pequenos prazeres, o essencial gosto bom do simples. Hoje acordei engasgada em choro e juro que quase não saí da cama. Bati a mão nos livros de cabeceira e dei de cara com o Paulo Mendes Campos e essa crônica que quase sei de cor. Peguei meu casaco e escrevi nele a minha lista. E só aí meu dia começou. E começou melhor.

Coisas deleitáveis
"Depois de ter publicado uma lista de coisas abomináveis, pediram-me para fazer uma relação de coisas deleitáveis. Pois não:
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Coleção de revistas de antes da Primeira Grande Guerra, em feriado chuvoso; cigarro depois do café da manhã, sobretudo de manhã fria, no interior; água de geladeira; às quatro horas da manhã, depois de uma festa; arrancar os sapatos depois do baile; andar descalço em relva úmida; breakfast em cama de hotel; cochilar em viagem de automóvel com rádio tocando canções napolitanas; montar cavalo bonito; banho de cachoeira; banho de mar em manhã de verão na praia de Boa Viagem; grande partida de futebol à noite no Maracanã; dizer baixinho versos de Verlaine em madrugada de romantismo e vaga melancolia; ganhar discos de presente (João!); ganhar uísque de presente; conhecer gente que conheceu Machado de Assis; sombra de árvore; um bom papo em carro-restaurante; dormir cansando; viagem de segunda classe em transatlântico de luxo; lago de águas límpida; andar de canoa em rio grande; acertar um sem-pulo de canhota; acertar tiro ao alvo, sobretudo garrafa; jogar novela de Conrad no mar; música de João Sebastião quando a manhã é infinita; canivete alemão; aroma de madeira; passarinho colorido quando pousa perto da gente; oferecer bebida a uma senhora de idade e ela aceitar com prazer; octogenário lúcido e lépido; casa na qual morou quem admiramos muito; tulipas e narcisos à beira do Avon; batucada bem batida; batida bem batucada; flamenco bem dançado; comida chinesa; salto acrobático que pode causar a morte do artista; crawl com estilo; time de basquetebol americano; passe de Didi; gol de Pelé; drible de Garrincha; lembrar os grandes craques argentinos do passado; rasgar papéis inúteis; copiar caderneta de telefones; dinheiro que não se esperava; dinheiro quando é mais do que se esperava; fisgar um peixe; ver Raimundo Nogueira diante duma travessa de caranguejos; cartomante ou palmista quando acerta alguma coisa; geladeira nova, sobretudo a primeira; mudar para apartamento maior; andar de bailarina; roupa de palhaço de circo; o olhar superior do tigre; vento de montanha; tomar ponche de rum nos Alpes; canja de galinha dum restaurante subterrâneo que existe em Hamburgo; catedral góticas; igrejas barrocas de Ouro Preto; o adro da igreja de São Francisco de Assis, em São João del Rei; jabuticaba de Sabará; ar refrigerado; lareira em terra fria; milho cozido; bateria de cozinha novinha em folha; trazer para casa um queijo enorme; dar boneca para menina pobre; menino preto tomando sorvete; comer mexido à meia-noite, desembarcar de avião; álbum de pintura, sobretudo Paul Klee; brincar com argila; sol da manhã no inverno; foto em que a gente fica mais bonito do que é; máquinas de escrever, nova; lenço de linho; atlas; mapas antigos; passear de jangada; telefonar para outro país; descobrir, quando o cigarro acaba, que a gente ainda tem um cachimbo e uma lata de fumo; a palavra cognac, aprender o que é Weltanschuung aos 20 anos; xícara de porcelana; taça de cristal fino; facão de cozinha bem amolado; aprender que faca de pão é o instrumento ideal para descascar abacaxi; paradoxo de Bernard Shaw; cesta de cajus do Nordeste; hortaliças frescas em cima do mármore; aquele coelho de relógio em Alice no País das Maravilhas; lembrar de repente um episodio da infância; mãe; ser cumprimentado com intimidade pelo ministro da Guerra; passagem de graça para a Europa; achar dinheiro; ilha fluvial coberta de vegetação; piracema; baleia; balança de farmácia; adega de vinho; comer pão saído do forno; brincar de cozinhar; matar aula; votar bem cedinho e ter o dia todo para não fazer nada; pensar na confusão que havia em Jerusalém no tempo de Cristo; “sua pressão está ótima”; “no fígado o senhor não tem nada”; “assine o recibo nesta linha”; bisbilhotar biblioteca dos outros; discos dos velhos tempos; varanda de fazenda; pátio espanhol; cisterna; água nascente; a Floresta Negra; montanha-russa; water-shoot; apanhar com a mão a laranja que nos lançaram de longe; notar de repente que uma pessoa muito feia tem uma voz muito bonita; retirar o gesso; ducha escocesa; demonstrar teorema de geometria; mata de pinheiros; álamo; conversar com um velhinho que só entende de árvores; rever Luzes da cidade; o andar de Michèle Morgan; o sorriso de Ingrid Bergman; a feiúra de Katharine Hepburn; encher o filtro com batida de limão em dia de feijoada; ser apresentado a um rio famoso; ver uma raposa na estrada; flores; frevo; escola de samba; aquarela de criança; bola de couro nova; ganhar uma bola de borracha maciça na aula de catecismo; a vida de São Francisco; claustro; caixa de ferramentas; janelas para o mar; luvas de inverno; ter em casa uma poltrona de humorista inglês; espelho do século passado; quadro de Braque e de Morandi; motorista de táxi gentil; médico beberrão; crescimento de árvore plantada por nós; descobrir semelhança entre pessoas e objetos (por exemplo, entre uma lâmpada guarnecida por uma armação de ferro e o pai de Hamlet); o Rio visto de avião; fotografia antiga; descobrir uma frase que nos revele; colega de boa memória, recordando coisas do colégio; gente engraçada; gente que sabe imitar os outros; esquilo roendo avelã; Tarzã, o filho das selvas; Sherlock Holmes; mocinho que não erra tiro; o Blue Boy aos 17 anos; o Coração de De Amicis aos 14; Papini aos 18; o Jeca Tatu aos 7; Gulliver e Robinson Crusoé em edições juvenis aos 13; Pinóquio em qualquer idade; ver marceneiro trabalhar; fogueira na praia, à noite; dormir em barraca; estar vivo; descobrir que viver é de graça; poder falar a verdade; os momentos que precedem o jantar em casa de amigos; chegar em casa depois de viagem; ficar de short o dia inteiro; coceira de bicho-de-pé; ler na cama; casaco de camurça; ver jogo de futebol, na televisão, deitado; o primeiro contato com Pepino, o Breve; Luís Lopes Coelho; fazer a própria lista de coisas deleitáveis."
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Paulo Mendes Campos
E quem quiser tb compartilhar seus deleites com os adorados leitores do MTA, faça sua lista e mande pra mim... meutodoamarelo@yahoo.com.br ....
OBRIGADA aos que já enviaram... delícia de deleites... =)
beijobaladecafé e uma segunda boa a todos...
Iza.
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Aí vai a minha...
Dormir ouvindo o barulho da chuva, dormir ponto, correr enquanto o sol nasce, cheiro de bolo, bolo de limão, ouvir gente conversando em língua outra, cinemaprosapoesiacrônicas, ler, fechar livro pra chorar, fechar livro pra xingar "putaquepariu" em voz alta, ler livro emprestado e todo rabiscado, ler com quem se gosta, inspiração, cheiro de livro velho, cheiro de livro novo, livro ponto, água de banho, barba, alegria de cachorro, cheiro de grama cortada, corpo cansado deitado sem pressa no chão gelado, sonhar com a vó elza, o aconchego tímido da minha mãe, minhas hermanitas amadas, ganhar romã ou qualquer outra fruta de presente, ganhar palavras de presente, ganhar música de presente, dar presente espontâneo, sotaque nordestino, brilho no olho da criança em dia de circo, amor de criança, amor de amigo, amor ponto, mostrar pra alguém algo que escrevi e que escondo até de mim, cochilo no meio do dia, dor de cabeça que passa, as delícias do mundo virtual, viagem não planejada, saber ligar o foda-se, desemplano ponto, gargalhada da flavinha e da bela, sobremesa mal educada de tão saborosa, pequenas anarquias, alongar a panturrilha, decidir não esquecer o que é importante (mesmo que te faça sofrer pra cacete), aprender libras com o rubens, inventar libras com as margaridas, ter margaridas na vida ponto, a Fal existir ponto, ter apelidos, apelido maldoso que pega, medinho bobo de gente que fecha os olhos pra falar, small groups, mau humor do jeann combinado com o jeito único da Tataaa, espreguiço, dar nome a caderno, uma ofensa merecida e bem elaborada, saudade de gente querida, "on the road" com chá de laranja, Clarice Lispector todo dia, sol ponto, amarelo, MTA, escrever para arrancar o bicho do peito, usar faixa no cabelo, cachoeira, rio, mar, piscina e todas as possíveis águas variadas, café ponto, voz uma, Baioque do Chico Buarque cantada com gana em banho de chuva, música ponto (don't let me get started), dançar dançar dançar, requintes de crueldade, romper, unhas vermelhas, chorar pra passar, chorar de tanta pala de rir, o passar do tempo, querer fazer o tempo parar.

sábado, 27 de novembro de 2010

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Sim sim

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Mil vezes Clarice
"Era um ser que elegia. Entre as mil coisas que poderia ter sido, fora se escolhendo. Num trabalho para o qual usava lentes, enxergando o que podia e apalpando com as mãos úmidas o que não via, o ser fora escolhendo e por isso indiretamente se escolhia. Aos poucos se juntara para ser. Separava, separava. Em relativa liberdade, se se descontasse o furtivo determinismo que agira discreto sem se dar um nome. Descontado esse furtivo determinismo, o ser se escolhia livre. Separava, separava o chamado joio do trigo, e o melhor, o melhor se comia. Às vezes comia o pior. A escolha difícil era comer o pior. Separava perigos do grande perigo, e era com o grande perigo que o ser, embora com medo, ficava:só para sopesar com susto o peso das coisas. Afastava de si as verdades menores que terminou não chegando a conhecer. Queria as verdades difíceis de suportar. Por ignorar as verdades menores, o ser parecia rodeado de mistério; por ser ignorante, era um ser misterioso. Tornara-se uma mistura do que pensavam dele e do que ele realmente era: um sabido ignorante; um sábio ingênuo; um esquecido que muito bem sabia de outras coisas; um sonso honesto; um pensativo distraído; um nostálgico sobre o que deixara de saber; um saudoso pelo que, definitivamente, ao escolher, perdera; um corajoso por já ser tarde demais e já ter se escolhido. Tudo isso, contraditoriamente, deu ao ser uma alegria discreta e sadia de camponês que só lida com o básico. E tudo isso lhe deu a austeridade involuntária que todo trabalho vital dá. Escolha e ajustamento não tinham hora certa de começar nem acabar, duravam mesmo o tempo de uma vida.
Tudo isso contraditoriamente foi dando ao ser a alegria profunda que precisa se manifestar, expor-se e se comunicar. Passou a dar-se através da pintura. Nessa comunicação o ser era ajudado pelo seu dom inato de gostar. E isso nem juntara nem escolhera, era um dom mesmo. Gostava da profunda alegria dos outros, pelo dom inato descobria a alegria dos outros. Por dom, era também capaz de descobrir a solidão que os outros tinham. E também por dom, sabia profundamente brincar o jogo da vida, transformando-a em cores e formas. Sem mesmo sentir que usava o seu dom, o ser se manifestava: dava sem perceber, amava sem perceber que a isso chamavam amor. O dom era como a falta de camisa do homem feliz. Como o ser se sentia muito pobre e não tinha o que dar, o ser se dava. Dava-se em silêncio, e dava o que juntara de si, assim como quem chama os outros para verem também.
Pouco a pouco o equívoco passou a rodear o ser: os outros olhavam o ser como uma estátua, um retrato. Um retrato muito rico. Não compreenderam que para o ser, ter se reunido, fora trabalho de despojamento e não de riqueza. Por equívoco, o ser era festejado. Mas sentir-se amado seria reconhecer-se a si mesmo no amor recebido, e aquele ser era amado como se fosse outro ser."
Clarice putz Lispector ( A descoberta do mundo)
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Anuncinho
Bom dia, margas...
Sim sim, estão oficialmente abertas duas temporadas. Uma já esperada e outra surpresa, que surge aqui pela necessidade. A uma é a "temporada de chororô ai, genebra", que teve sua pré-estreia no Rio e agora segue com força aqui na capital. Preparem seus lenços, faixas, vestidos e quaisquer utensílios que possam ser usados como aparador de lágrimas. Cairão com gosto, serão plenas e muitas. MUITAS. Cursos de rios serão alterados, terras serão alagadas, mares subirão pra mais perto do céu. Será um pouco triste e muito, muito bonito. A duas é a temporada de caça às antas paquidérmicas, que ainda não tem nome oficial. Pensei em " ata-me, posto que sou anta", mas sugestões outras são bem-vindas. Preparem seus lenços, faixas, vestidos e quaisquer utensílios que possam ser usados como repressores de atos insanos. Porque antas paquidérmicas, quando tomadas por sua genuína antice e falta de bom senso, não podem vagar livres. Elas são espirituosas, sorridentes e muitas. MUITAS. Mãos serão atadas, bocas serão amordaçadas, pés seguirão em compasso pianinho. Será um pouco trabalhoso e muito, muito divertido. Pelo menos assim espero. E boto fé que o equilíbrio encontrará seu espaço em algum lugar entre a água liberada e a antice contida. Ou não. Tudo bem. =). Anyways, boa sorte e sintam-se livres para usar o (=) sempre que preciso.
beijosóprachatear
Izaumaeduas
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No país da Alicinha
Bom dia, adorável Iza!
Foi sim, foi delicioso.
Cheguei em casa de coração aquecido e confortável...dormi, acordei no meio da noite, minha casa tava cheia de gente, levantei, perambulei por ela e disse a mim mesma: vai dormir, não tem ninguém aqui! Parece que 'meu quartinho do fundo' tá de portas escancaradas e os meus fantasmas mais escondidos andam saindo da clausura...que venham - é tempo de limpeza!!!
Otima sexta.
Beijoka
Ali
Tempo de limpeza, meu bem... sempre... =)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Presente musicado

Adorei... e é claro simsim que ele tá lá no balaio...
Obrigada, querido... =)
Estômago
"Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados,
fartos do mesmo sol a fingir de novo todas as manhãs,
convocaríamos os amigos mais íntimos
com um cartão de convite para o ritual do Grande Desfazer:
"Fulano de tal comunica a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem
hoje às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, fatos escuros,
olhos de lua de cerimônia, viríamos todos assistir a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!" E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se em fumo... tão leve... tão sutil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis..."
José Gomes Ferreira
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Mantra em rima
One art
"The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent to be lost

that their loss is no disaster.

Lose something every day.
Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant to travel.

None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last,

or next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones.
And, vaster,some realms I owned,
two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

Even losing you (the joking voice, a gesture I love)
I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster."

Elizabeth Bishop
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(=)
Ser sociável. Hum. O ano acabando e a galera, em um surto psicótico coletivo, sente a necessidade de "confraternizar". Não entendo o significado da palavra nem o seu encaixe em qualquer contexto que seja. Com quem você quer encontrar você "encontra". Ponto. Não precisa ficar inventando nominho firula nem época do ano específica para o trem. Nunca virei pra Alice e disse "querida, eu busco Coquine, você liga pra Ana e bora confraternizar em casa de rosí". Amigo você encontra, família você encontra, amores você encontra. Parece-me então que "confraternizar" é " a obrigação de encontrar pessoas com quem você não partilha nenhum tipo de vontade espontânea de encontrar". Ou não??. Anyways, a desse ano, como se já não bastasse o simples fato de existir, vai ser, hum, em um barco. Mais de 50 pessoas (o limite NA VIDA é 6 , né Jeannjeann?) que se vêem 5 vezes por semana presas em um barco por 5 horas. Simsim, a palavra é presas. Porque não há como ir embora mais cedo nem achar um canto escondido para fugir de gente ou situações inconvenientes. Além disso, barco, lago paranoá, moçoilas desaparecidas...ring a bell??? Aff! Aí, quando você responde à pergunta "você vai?" com um curto e claro "nem morta" sem nem mudar de ares no rosto, neguinho te olha torto e diz "nossa, mas você sempre é tão sociável". (=) Eu? Sorridente, sim (e hj nem isso)... sociável, quem disse?Aff! (=)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A sua dor dói mais em mim que as minhas. As minhas eu choro, reclamo, grito, escrevo molhado. As minhas não têm pressa. A sua eu quero tirar com a mão. Agora. E de uma vez só. Mas não posso. Só posso saber dela. E senti-la gigante em mim. Queria poder gastar sua dor, querida. Como eu queria. Amo-te.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Terça tirinhas
Para Jeann

Por que será que me lembrei de vc? rs!

Para Coquine

De um lado o caos...de outro, poesia até na geometria... =)

Para Tataaa

Que bom que está de volta,meu bem...

Para Rosí

você veve? saudade boba essa...
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Palavra roubada

Sartre e "o momento da decisão"
"O momento da decisão desempenha um papel central na filosofia de Sartre. Ele o apresenta como o traço definidor da experiência humana. Em O Ser e o Nada, Sartre estabelece uma distinção entre dois modos básicos de existência: o ser-em-si e o ser-para-si. O primeiro é um objeto não consciente, que pode ser definido em termos de uma essência ou função predeterminada. Objetos inanimados, tais como livros e bolas de futebol, estão nessa categoria. O ser-para-si, ao contrário, é um agente ou pessoa consciente capaz de perceber e refletir sobre o mundo ao seu redor. Sartre sugere que, longe de possuir uma essência predeterminada, ele é permanentemente assombrado pela possibilidade do “nada” ou da negação. Em outras palavras, o ser-para-si é forçado a enfrentar continuamente a possibilidade de que as coisas possam ser diferentes do que são.(...)
Em nossa vida cotidiana, sustenta o filósofo, nos envolvemos constantemente em indagações sobre o mundo que nos rodeia: perguntas sobre a existência de Deus ou sobre onde largamos as chaves do carro colocam certos aspectos de nossa existência em xeque. Uma vez que a resposta a essas questões seja negativa, parece-nos que nosso lugar no mundo não é necessário, mas contingencial.
Segundo Sartre, o sentimento de contingência permeia a experiência humana da escolha. Por mais certeza que tenhamos sobre uma determinada decisão, temos consciência, não obstante, de que outra alternativa seria possível. Uma vez que cada caminho está cheio de possibilidades, parece que não podemos deixar de aceitar a responsabilidade sobre nossas escolhas. Sartre argumenta que esse sentimento de responsabilidade inescapável tende a provocar angústia.
Imagine que está caminhando por uma trilha estreita na beira de uma montanha. Você está permanentemente consciente da importância de pisar com cuidado. Ao mesmo tempo, também está ciente de que, apesar do cuidado e da atenção, seria muito fácil se jogar no precipício. Sartre mostra que a existência humana está cheia desses momentos que podem potencialmente alterar a vida. No espaço de um instante, seria possível jogar seu carro na contramão ou fazer um comentário que afastaria para sempre uma pessoa querida.
Para Sartre, a vida humana envolve uma inevitável percepção dupla. Em primeiro lugar, as possibilidades de alternativas presentes na minha experiência de escolha me revelam que sou livre. Simultaneamente, também estou consciente de que sou responsável, uma vez que sou confrontado com a aparente ausência de restrições a exercícios potenciais, significativos da minha liberdade. Independente de eu caminhar calmamente ao longo da beirada ou de me jogar de cabeça no abismo, a decisão cabe somente a mim.
Sartre argumenta que, para viver uma existência autêntica, os seres humanos devem abraçar o sentimento simultâneo de liberdade e responsabilidade que está no cerne de suas vidas. Eles devem reconhecer que o tipo de pessoa que vêm a ser, longe de ser ditado por forças externas, é resultado da vida que decidem levar. Para o ser-para-si, na famosa definição de Sartre em O Existencialismo é um Humanismo, “a existência precede a essência”. Nossas características pessoais não são necessárias ou fixas, mas fruto de nossas escolhas.
Viver uma vida autêntica é um desafio. É tentador esquivar-se da responsabilidade por nossas escolhas, atribuindo-a a aspectos inatos de nosso caráter ou a forças externas avassaladoras. Sartre descreve esse tipo de atitude como formas de má-fé. Qualquer tentativa de negar a nossa capacidade de moldar nossas vidas por meio de nossas escolhas é uma forma de autoengano, “uma mentira para si mesmo”.
Sartre observa que, quando pedem conselhos sobre uma decisão moral difícil, as pessoas muitas vezes já decidiram o que fazer.(....)
Não são apenas os juízes que se escondem por trás das normas escritas quando tomam uma decisão difícil ou impopular. Patrões a burocratas, policiais e juízes, fazem-no com frequência. De acordo com Sartre, essa recusa em aceitar a responsabilidade por suas decisões é uma forma de má-fé. Regras e políticas podem estabelecer diretrizes para as nossas ações, mas elas não determinam e nem podem determinar nossas escolhas. Cabe somente a nós, como agentes livres e responsáveis, fazer isso.(....)
A estratégia do vacilante é adiar o momento da decisão pelo maior tempo possível. Sartre discute um exemplo semelhante de má-fé em O Ser e o Nada. O caso diz respeito ao que se passa com uma mulher num primeiro encontro. O homem flerta com ela a noite inteira, fazendo comentários do tipo “Acho você tão atraente!”. Porém, a mulher opta por interpretá-los como elogios à sua personalidade, e não a seus atributos físicos.Por fim, o homem pega na mão dela. Este é o momento da decisão, quando ela deve escolher se vai retribuir aos avanços ou não. A mulher, no entanto, não quer reagir, pois teria de ferir os sentimentos do candidato ou admitir a reciprocidade da atração. Ela então simplesmente deixa a mão lá – como uma “coisa”, nas palavras de Sartre – fingindo não perceber. Sua reação é ignorar a situação e esperar que ela acabe. De acordo com Sartre, ela age de má-fé, presa em uma mentira para si mesma.(...)
Suponha que uma pessoa que se comportou mal diga: “Me desculpe, eu sou apenas uma pessoa má.” Essa confissão é para ser aplaudida? Sartre não pensa assim. Esse pretenso “campeão da sinceridade” parece estar confessando seus defeitos, mas na verdade tenta evitar a responsabilidade por seu comportamento.
Seu comentário de que é “uma pessoa má” trata seu caráter como imutável, como se tivesse nascido mau e não pudesse fazer nada a respeito. Ao mesmo tempo, ele tenta se valorizar diante dos outros sendo sincero sobre seus próprios defeitos. Procura transformar sua má conduta em um emblema de honra."

Trechos do artigo de Jonathan Crowe, roubado do Sharing
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IM em : libras no papel
Izabela Fernand... vou gravar um vídeo
Izabela Fernand... passando dois dedos na testa
Jeann Fabricio ... :)... o vídeo podia ser estilo a noviça rebelde
Jeann Fabricio ... cantando num gramado... dançando
Izabela Fernand... sim sim
Jeann Fabricio ... e passando 2 dedos na testa ... hahahaha
Izabela Fernand... rs!...ai, pára
Izabela Fernand... sabe com quem eu encontrei no corredor?
Jeann Fabricio ... com quem?
Izabela Fernand... com o cumprimentador do corredor
Jeann Fabricio ... hein?!?!o sr banana?
Izabela Fernand... o próprio....passei pregada com a cara na parede pra nao ter perigo de ele vir me dar beijinho de oi de novo
Jeann Fabricio ... ele sabe quem a gente é?será que se a gente avisar a ele, ele para de falar com a gente?
Izabela Fernand... POR FAVOR!!!!! e ele acha que tá todo muderno com o novo corte de cabelo menosbanana... mas uma vez banana...
Jeann Fabricio ... ele descascou o cabelo foi?
Izabela Fernand... RS!!!!ai...
Izabela Fernand... anyways, ele abre um sorriso do tamanho do universo e eu sou tomada pela urgência de correr grandes distâncias
Jeann Fabricio ... kkkkkkkkk

(...)
Izabela Fernand... boa,jeann,boa!!!!!
Jeann Fabricio ... (=)
Izabela Fernand... põe ordem nessa palhaçada
Jeann Fabricio ... sabe o que é que significa esse símbolo?
Jeann Fabricio ... (=)
Izabela Fernand... não
Jeann Fabricio ... acabei de inventar... prestenção nele
Izabela Fernand... são os dois dedos passando pela testa!!!!!!!!!!!
Jeann Fabricio ... kkkk... exato
Izabela Fernand... não acredito!!!!
Jeann Fabricio ... ficou legal?
Izabela Fernand... não sei nem o que dizer,meu bem...tô emocionada... =)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Areia
Ele me apareceu do nada. Perguntou um "Izabela Cosenza?" e eu respondi com um só sim e não dois, meio perdida. Aí ele começou a falar, falar, falar, como quem me dava orientações quase mecânicas sobre algo aparentemente importante. Entendia sim as palavras em separado. Mas não conseguia entender a lógica do conjunto e nem estava preocupada em entendê-la. Minha primeira preocupação foi juntar as mãos ao corpo no receio de estar ali sem roupa, coisa típica de sonho, e senti o tecido do vestido que dizem ser rosa e que para mim é lilás. Ou azulado. Ele falava e usava um terno quadriculado de azul e branco que mais parecia um pano de mesa de quadrados grandes. Quem usa um terno assim? Ele falava e eu olhava para quem passava e quem estava sentado esperando algo. Ele falava e eu reparava nos cabelos negrosgrisalhos ondulados e no olhar de ares de tio querido. Ele falava e eu sentia arrepios confortáveis. Ele falava e o chão gelava a sola do meu pé. Ele falava. Até que fez uma pausa e, olhando além do olho, me disse a única frase que eu realmente entendi. E meus olhos fecharam pra abrir já aqui. Espreguicei sem nem ligar pro sonho e disse em voz alta: ai, dormi. E espreguicei de novo na simplicidade boa e essencial de simplesmente dormir. E sorri como quem ganha um beijo ou um doce. Ai, dormi... =)
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Idéias ditas vagas
As janelas, imaginação.
Faz alguns dias que não conversamos.
Eu,
comigo.
Célio Bernardo
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O segundo post da Alicinha trouxe uma chuvinha de emails, assim, interessantes. Agradeço a gentileza dos comentários, já encaminhei os que chegaram pra ela e fica aqui um deles... =)

"Comentários imprórios sobre a carta da Alicinha
Você sabe que a Alice tá errada né?! rsrsrsrs
Na verdade não é nem de-todo-errada, apenas uma falha técnica. Não é que o curso não exista ou que ele tenha cabulado aulas ou que só tenha xerocado os três primeiros capítulos e lido enquanto enchia a cara e ouvia pagode... O curso existe e provavelmente foi cursado. O problema é que ele só vai até o 3° capítulo mesmo. Não existe um 4° muito menos um 5°. É claro que não existe... Nem no avançado.
O curso é facílimo, e você sabe disso. O problema é que muitas vezes ele forma canalhas (dessa parte vale a pena gargalhar). E eu nem acredito que seja o caso. O problema está no que vem depois. Os três primeiros módulos são chamados de "A conquista" e, como já te disse, não trazem qualquer mistério ou segredo. Claro que vc sabe que o difícil não é essa parte... A parte difícil pro cachorro sempre é saber o que fazer com o carro depois que ele pára. É normalmente aí que o trem desanda.
Parece que desandou mesmo, mas não culpe o aluno nem se faça de vítima. Não vale a pena "choramingar por mixaria" nem "reclamar do gosto de poeirinha fajuta na boca". Até porque só temos duas opções: ou a vida é uma bosta e feita "pra estragar todo mundo" ou então a bosta somos nós que não sabemos viver. Qual das duas opções é a correta? Eu não sei. O fato é que o gosto na boca é ruim do mesmo jeito.
Dito isto, não se iluda. Você não vai criar cascas, e sabe quais são os motivos? 1) Não está ao seu alcance; 2) Nós não somos imunes a nada; 3) Como a felicidade não parece estar ao nosso alcance, é a dor que nos dá a falsa sensação de que estamos vivos; ... 200) Criar cascas não resolve porra nenhuma (essa é a notícia boa).
Toda vez que cairmos, temos de aplicar o princípio de Lázaro: "levanta e anda". Na verdade a vida coloca um "e se fode de novo" que está implícito na frase. Mas é isso mesmo. Estamos aqui pra sorrir de nossas desgraças, fechar os olhos pras alegrias, e fazer festa em meio ao lixo.
Resumindo: a pergunta-chave pra tudo isso é: por que foi que eu não escolhi a pílula vermelha mesmo??? A dormência seria a única saída se nós soubéssemos como alcançá-la. essa seria a minha pergunta para o orákulo: como alcançar a dormência? kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Chega né!?!?!?!
Bjs e tente dormir com uma bronca dessas :)
Baltazar"
Ai, Balta.... sensacional, meu bem!!!

domingo, 21 de novembro de 2010

Em Brasília, 4 horas e 5 minutos
Insoninha vem e eu não sou boba de brigar com ela... escolho companhias...Tom Wolfe com o "The eletric kool-aid acid test" para os olhos e a grande Dinah para os ouvidos... letras e sons under my skin... =)

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Estômago
"People are always shouting they want to create a better future. It's not true. The future is an apathetic void of no interest to anyone. The past is full of life, eager to irritate us, provoke and insult us, tempt us to destroy or repaint it. The only reason people want to be masters of the future is to change the past."
Milan Kundera
"Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus — ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não."
Manuel Bandeira
"Plano
Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor que se despeja no copo da vida, até meio, como se o pudéssemos beber de um trago. No fundo, como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na boca. Pergunto onde está a transparência do vidro, a pureza do líquido inicial, a energia de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa da alma suja de restos, palavras espalhadas num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez, esperando que o tempo encha o copo até cima, para que o possa erguer à luz do teu corpo e veja, através dele, o teu rosto inteiro."
Nuno Júdice
"Rio do mistério
que seria de mim
se me levassem a sério?"
Paulo Leminski =)
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Rotineira
Tá virando rotina. Eu ouço um algo interessantíssimo, inédito, que me solapa, em algum lugar por aí. Aí, solapada, descubro que o algo um já morava lá no meu balaio musical. Desde julho. Me esperando. Esperando eu me surpreender lá fora pra depois me contar que aquilo eu já tinha. Pra eu ouvir o encontrado já com sentido, com mais gosto. Pra eu saber o que já sabia. E já ouvia e já cantava e já era assim secretamente há tempos em mim. Secretamente. Assim.
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No país da Alicinha
"Cosenza: Boo-hoo!
Agora fica claro que ele não deu o curso e nem ao menos fez o curso e é um farsante. Ele decorou as 3 primeiras lições, provavelmente xerocadas do caderno de um idiota burro o suficiente pra emprestar esse tipo de coisa, e nem sequer foi às aulas. Passou o curso inteiro na porra do buteco da esquina fumando cigarro, e bebendo conhaque, e ouvindo pagode, e lendo romance barato. Aí a casa cai rápido e vc corre, né pequena? Isso é rotina nesse mundo cão e vc faz parte dessa merda querendo ou não querendo. Entonces vê se cria casca e deixa de choramingar por mixaria e pára de reclamar do gosto de poeirinha fajuta na boca por que tem pior, sempre tem. Aliás, minha querida, nada é tão ruim que não possa piorar... Veja que tem fdumap que decora as primeiras lições e declama pra primeira idiota que cair - eu no caso - e repete infinita vezes e eu que não corro caio infinitas vezes, e eu ouço, e eu sei que é balela, e eu acredito, e meu coração palpita, e quase sai pela boca, e agora CHEGA!!! Só vou fazer isso de novo quando outro infeliz cretino, que decorou as proximas lições que eu ainda não conheço, declamá-las e eu creditá-las afeto, verdade, paixão, amor. É assim, e como já foi muito bem citado antes "a vida tá aí pra estragar todo mundo, meu bem. É tudo uma questão de tempo e oportunidade."
Boo-hoo pra nozes!
Alicéfala"

ok...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

That's what I was talking about...
=)!!!
Hã, Biloute?
¨Coquine ("meio insuportavelmente tosquinha") voltou, as férias de Jeannjeann acabaram, hj verei Anaqueridinha e a noite foi sem insônia. Conclusão: Deus existe, é justo e gosta de mim. =). Por outro lado, Tataaa tá longe, rosí tá abduzida em sampa e Vá segue sendo engolida por livros monopolizantes. Conclusão: gosta, mas não tanto.
¨"Aceito a carona no guarda pernambucano às 18:30" e "segura na mão da tia e vambora" fizeram meu dia começar em riso leve...obrigada!
¨Só pra constar, minha adorada hermanita foi ontem nomeada para analista do MPU. Quantos candidatos mesmo? Mil quatrocentos e bolinha. Quantas vagas pra dentista mesmo? UMA. E ela foi lá...primeiro lugar, simsim!! Quanto orgulho, meu bem...mil vezes parabéns, Lalous!! E ó, já entrei com a papelada pra aumentar a P.A. da Mela...rs!
¨Jones, até quando em caráter pianinho nossa corrida é sensacional!Delícia, a sua companhia. Achei o "José e Pilar" lá no ytb... tá na lista for sure!!
¨Alicinha, que bom que a senhorita caiu em si e finalmente me liberou pra postar por aqui o que vc nos escreve. Não que sejam brilhantes (RÁ), mas seus comentários e vc são parte essencial do nosso jardim. E só pra aprender a nunca mais regular miséria pra chegada... virou coluna... reclame à vontade. Tenho material para posts diários... hehehe!
¨Ainda não estou preparada pra falar sobre Genebra. Toda vez que penso no assunto minha mente é tomada por pensamentos egoístas. Visceralmente egoístas. Odeio Genebra. Ponto.
¨E á, lindo céu azul estampado lá fora... manhã boa, simsim...
Beijos e um dia dos bons para os que passarem por aqui! =)
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No país da Alicinha
"Olá Cosenza,
Acabei de ver o post do Hemingway no MTA e adorei a fota (linda) mas achei o texto ruinzinho. Faltou muita informação! Como assim "elegantemente agasalhada"? Em qual língua ela lia? Qual a raça, tamanho, jeito, descrição completa do cachorro? Justifique o "boa noite": a que horas você tem ido para a academia, sua louca? A prosa foi com o Hemingway? Retrô? E a mais importante: qual era o conteúdo do seu squeeze? Pois essa cena está me cheirando a efeitos de Vale verde, Sagarana ou de outro tipo de castanheira. Detalhes, pequena, detalhes... ou conta direito ou não conta. Espero as respostas!
Beijoka
Ali"
Alicinha, sua chata,
Seu email me fez lembrar daquela vinheta véiavéia na linha "perguntas sem resposta" do Cartoon Network... como a mulher maravilha encontra o jato invisível no estacionamento? por que o coiote continua comprando na ACME se tudo explode na cara dele?... Pois é. Pergunte ao MTA. Você tem perguntas. Eu entendo. E só. rs!!!
beijocomimpáfia, minha flor...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Encomenda
Recebi uma encomenda. Não, não me pediram que trouxesse mergulhos de águas geladas, um gosto de que falei, cheiros diferentes, nem quitutes de minas. Me foi pedido um texto. Um texto que fale desse seu tudo. E me vi parada, com a caneta vermelha no papel envelhecido, sem saber o que dizer. Porque aqui não cabe floreio. Não cabe otimismo. Não cabe um olho leve, um jeito mais macio de ver as coisas. Não cabem minhas idéias florzinhas e nem meio suspiro de conforto. Nem meio. Não cabe falar que às vezes a gente não tem noção da dimensão das coisas e que isso acontece mesmo. Não cabe. Por que a única coisa que genuinamente acho é que é tudo fruto de uma burrice cavalar. Sim, meu amigo, você foi burro. Burro na iniciativa, burro na escolha, burro na entrega, burro em cada pequenino passo do caminho. E olha que foi um caminho longo. Não posso te falar que entendo seus motivos, que você fez o que pôde. Você poderia e deveria ter feito diferente, desde o minuto um. E já sabia disso, mas preferiu ser burro. Brilhantemente burro. E agora dói e quebra e estilhaça e espalha vão pelo chão. E eu, que tantotanto te amo, me recuso a te compreender. Não há desculpas. Porque qualquer desculpa ou afago seria só um incentivo para você persistir e seguir se alimentando dessa burrice sem fim. Sem fim? Acho que não. Por isso de mim não virão palavras coloridas. O que melhor posso fazer como amiga é te chamar de burro. E chorar com você. E você sabe bem por quê.
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Mil vezes Clarice

" Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou um romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível de se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação.
Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada. Que pena que só sei escrever quando espontâneamente a "coisa" me vem. Fico assim à mercê do tempo. E, entre um verdadeiro escrever e outro, podem-se passar anos. Lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros."
Clarice Lispector ( A descoberta do mundo)
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Palavra Roubada


Exceção nº1
"A tua lenda - teu livro
aberto que, a cada segundo,
é lido de trás p'ra frente,
de baixo p'ra cima e vice-versa
- está aí para que a construas
em constante movimento,
atitude e algum carisma.

Não é fácil que consigas
transcrever (em palavras,
amores, viagens, sabores, canções,
emoções, abordagens, trabalhos,
desenhos, piadas, cantadas,
jogadas, sorrisos, tristes
passagens de ida e volta, revoltas,
compaixão) todo esse caminho.

É preciso que mergulhes,
tal num romance; chores,
tal num drama; gargalhes,
tal numa comédia, te intrigues,
tal numa ficção científica;
te assustes, tal num suspense;
te desprendas do padrão, tal
num filme "b"; te entregues
de corpo e suor, tal num pornô.

Ouças a ordem que for, não sigas
ao pé da letra; lances mão
da tua melodia de rumo, teu mapa
do tesouro universal; algo que
somente tu tens no bolso, impresso
em muitos tons, relevos, cheio
de rabiscos; teu protocolo
natural, aleatório ritual
de solução; assumas os riscos
de ser, isso é viver. "
Felipe Sanches ( Poesia de padaria)
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Capitoso som

domingo, 14 de novembro de 2010

Risco

Contraditório esse instinto de preservação. É um quermasnãoquer sem fim. Conflito inevitável. Conflito tolo. Porque a mudança sempre chega pra nos dar um sacode. Ahh,o novo... o novo tem olho brilhante e te acorda escondido no meio da noite.Sorri.Te chama pra dançar.O novo é um desconhecido louco.E você ali: um pé atado, um pé alado.Conflito esperado.Conflito mouco...ignora que o desejo da entrega ao movimento ritmado é mais vivo que a segurança da quietude coberta.O real é pés dançantes em piso escorregadio.Só dança a dança quem arrisca o deslize.

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SextaBlack
Selo recomendo. A noite começa em samba de primeira com banda de instrumentos mil no palco. Mal o incrível Pegada Black começa e rola uma canja surpresa do Tihuana, que tava ali, a banda toda, assim, de bobeira. Eu, que nunca achei nada dos caras, senti nas minhas botas suspensas o Arena mudando de lugar em pulo ( "Tá de bobeira???"). Sensacional!! Aí chega a Dih Ribeiro pra misturar tudo quanto é ritmo...Selo recomendo for sure!! Se vez ou outra passava uma palavra avessa pela cabeça, lia a camiseta dele que dizia com letras cavalares "you cannot be serious" e ria de mim mesma. E no riso, preenchia a linha vazia com outra cor simsim.
Coquine, sambei seu samba contigo, darling!
Alicinha e rosí, delicia de jardim dançado...sempre um prazer, queridas... =) ............................................................................................

Just like water

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Em branco

pé de sono
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Gota
Manhã de sábado. Dia branco, chuva forte. Ela começou logo cedo, antes mesmo do dia começar e segue brincando em ritmos variados. Eu, que comecei o dia ainda antes, passei muito tempo na cama, sendo levada por essa música dela. Um quasetango. Tempestade e calmaria. Na sua última temporada, no início do ano, ela me ensinou, meio que pelo susto, a respeitá-la de um jeito diferente. E também me ensinou sobre ser mais flexível, a me entregar tranquila ao desemplano. Agora, eu e ela vivemos um momento novo. Uma comunhão. Como se ela trouxesse, a cada visita, um pouco da inspiração e do equilíbrio que tenho buscado. Banhos de chuva. Conversando sobre isso com Jones, ele lembrou o quanto nós, adultos, nos esquecemos da alegria dos banhos de chuva da infância. Pois eu tive muitos na casa da Vó Elza, em um quintal de tamanho que caberia tantas outras casas. Aquela dúzia de netos em delírio puro, se esbaldando na lama do chão e no molhado firme das árvores. Alegria boa aquela. Única. Não sei remontar aquela alegria. Mas é ela quem abre espaço para esse sentido de agora. Agora, a água mais firma meus pés na terra do que me faz pular. Energia tranquila. Bom também. Agradeço e aproveito a umidade de cada gota. Bonito isso, esse aconchego da água.
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Só conto o milagre
"Se eu for pra cadeia por isso, por favor só me leve pão velho e bituca de cigarro." (disse ele, confiando, hum, em mim e assinando o documento)
"Nem vi. Só checo meu email pessoal no trabalho."
"Parceira, se a vida fosse um contrato administrativo eu lhe aplicava uma sanção na hora."
"Relativizo de boa até partes faltantes, mas bermuda jeans com mocassim pra mim é demais."
"Se quiser saber se uma música é realmente ruim, declame-a."
"Bule eu até faço, mas açucareiro não."
"Um horror, Iza, um horror!!" (rs cavalar!)
"Tava com saudade da minha vida."
"Aquela coisa é uma coisa esquisita,né? Levantei a cabeça do livro e levei um susto. Não estava preparada."
"Falando em bicho dentro do peito..."
"A vida tá aí pra estragar todo mundo, meu bem. É tudo uma questão de tempo e oportunidade."

"Daqui eu falo com Júpiter."
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IM em: sem
Izabela Fernand... tataaaaaaaaaa
Tharsila dos Sa... izaaaaaaaaaaaa
Izabela Fernand... achei minha carteira!!!!
Izabela Fernand... =)
Tharsila dos Sa... onde??
Izabela Fernand... estava, hum, na minha bolsa
Izabela Fernand... hehehe
Izabela Fernand... mulher é phoda
Tharsila dos Sa... mentira!!!!!!!!
Izabela Fernand... juro
Tharsila dos Sa... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Tharsila dos Sa... não acredito
Izabela Fernand... simsim
Izabela Fernand... o pior é que nem tô usando a bolsa gigante
Izabela Fernand... e o fundo dessa aqui é cinza
Izabela Fernand... a cor da carteira: branco e verde em quadradinhos simpáticos
Izabela Fernand... sem desculpa
Tharsila dos Sa... sem desculpa mesmo
Izabela Fernand... tô valendo nada, minha amiga
Tharsila dos Sa... kkkkkkkkkkk
Tharsila dos Sa... ainda bem q vc achou logo
Izabela Fernand... já tava com a chave na mão pra subir a serra atrás do trem
Izabela Fernand... ufa
Izabela Fernand... Vc bem que podia perguntar pro Sr seu marido bigodedegato se tem remédio pra esse tipo de coisa
Tharsila dos San... kkkkkkkkkkkkkkkk
Tharsila dos Sa... eu sei um remedio
Tharsila dos Sa... férias...
Tharsila dos Sa... :)
Izabela Fernand... hummmm
Izabela Fernand... sim sim... sábia tataaaa!
Izabela Fernand... Será que ele receita pra mim??
Izabela Fernand... pede prele!
Tharsila dos Sa... hehehehe

Aproveite bastante,meu bem!!
Beijotevejonavolta =)
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"Careful with that axe, Eugene..."
Sim, sim... =)
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Historinha cAntada Parte 2

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ele, Ernest, e Eu

Segundinha e eu voltando da academia com chuva forte, sombrinha manca e vento frio. Embaixo de um bloco, estava uma senhorinha elegantemente agasalhada, cachorro sentado ao lado, lendo, ói só, o mesmo livro que eu havia começado na noite anterior, só que em língua outra. Dei um boa noite em sorriso e falei bem dele. Ela disse um "Ele é meu caso de amor, minha jovem" e também sorriu. O cachorro nada fez. Nem me viu. E segui leve para a noite de prosa e ar retrô que me aguardava.
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Mil vezes Clarice

Medo da Eternidade
"Jamais esquecerei o meu aflitivo e dramático contato com a eternidade.
Quando eu era muito pequena ainda não tinha provado chicles e mesmo em Recife falava-se pouco deles. Eu nem sabia bem de que espécie de bala ou bombom se tratava. Mesmo o dinheiro que eu tinha não dava para comprar: com o mesmo dinheiro eu lucraria não sei quantas balas. Afinal minha irmã juntou dinheiro, comprou e ao sairmos de casa para a escola me explicou:
- Tome cuidado para não perder, porque esta bala nunca se acaba. Dura a vida inteira.
- Como não acaba? - Parei um instante na rua, perplexa.
- Não acaba nunca, e pronto.
Eu estava boba: parecia-me ter sido transportada para o reino de histórias de príncipes e fadas. Peguei a pequena pastilha cor-de-rosa que representava o elixir do longo prazer. Examinei-a, quase não podia acreditar no milagre. Eu que, como outras crianças, às vezes tirava da boca uma bala ainda inteira, para chupar depois, só para fazê-la durar mais. E eis-me com aquela coisa cor-de-rosa, de aparência tão inocente, tornando possível o mundo impossível do qual já começara a me dar conta. Com delicadeza, terminei afinal pondo o chicle na boca.
- E agora que é que eu faço? - Perguntei para não errar no ritual que certamente deveira haver.
- Agora chupe o chicle para ir gostando do docinho dele, e só depois que passar o gosto você começa a mastigar. E aí mastiga a vida inteira. A menos que você perca, eu já perdi vários.
Perder a eternidade? Nunca.O adocicado do chicle era bonzinho, não podia dizer que era ótimo. E, ainda perplexa, encaminhávamo-nos para a escola.
- Acabou-se o docinho. E agora?
- Agora mastigue para sempre.
Assustei-me, não saberia dizer por quê. Comecei a mastigar e em breve tinha na boca aquele puxa-puxa cinzento de borracha que não tinha gosto de nada. Mastigava, mastigava. Mas me sentia contrafeita. Na verdade eu não estava gostando do gosto. E a vantagem de ser bala eterna me enchia de uma espécie de medo, como se tem diante da idéia de eternidade ou de infinito.Eu não quis confessar que não estava à altura da eternidade. Que só me dava aflição. Enquanto isso, eu mastigava obedientemente, sem parar. Até que não suportei mais, e, atravessando o portão da escola, dei um jeito de o chicle mastigado cair no chão de areia.
- Olha só o que me aconteceu! - Disse eu em fingidos espanto e tristeza. - Agora não posso mastigar mais! A bala acabou!
- Já lhe disse - repetiu minha irmã - que ela não acaba nunca. Mas a gente às vezes perde. Até de noite a gente pode ir mastigando, mas para não engolir no sono a gente prega o chicle na cama. Não fique triste, um dia lhe dou outro, e esse você não perderá.
Eu estava envergonhada diante da bondade de minha irmã, envergonhada da mentira que pregara dizendo que o chicle caíra na boca por acaso.
Mas aliviada. Sem o peso da eternidade sobre mim. "

Clarice impávida Lispector
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Por que amo a Fal

"Você quer saber o que aconteceu? Rá, foi assim: os gatos derrubaram minhas garrafas de licor de murano, coleção da vida inteira, e sabe como pobre coleciona, né? Uma-por-uma. Bão, estamos lá limpando aquela melequeira, aí ele falou "Pronto, começamos a campanha Eu Agasalho 2003", aí eu tive um acesso de riso daqueles de doer a barriga. Fui me equilibrar segurando na parede, eu tenho milhares de quadrinhos com fotas de família na parede, e rasguei a lateral da mão por dentro (assim, perto da palma). Aí tinha sangue, caco de vidro, licor, gato, gata, cachorro, nós dois abobados. Mas ele desabobou rápido, me fez sentar. Escorria sangue, eu chorava alto e você sabe cumé vizinho de pobre? O meu vizinho, o Manolo, ouviu barulheira, grito, choro, falou "uia, os gordo tão se espancando", tocou a campainha, viu a cena, buscou a maleta e deu doze pontos na minha mão. Detalhe, nega: o Manolo é veterinário. Aí eles limparam a melequeira, embrulharam minhas pobres garrafas em bilhares de jornais pro lixeiro não se machucar, limparam o resto; e a minha prateleira antigatos, que não é antiporranenhuma, tá lá, vazia, uma tristeza. Minha mão está boa, não inchou e só dói um pouquinho, os dedinhos se mexem, o Manolo é um grande veterinário. Os gatos estão trancados na área de serviço, não quero olhar na cara deles por muitos e muitos anos.
Fal mefazliteralmentechorarderir Azevedo (O Nome da Cousa)
Falzita, florminha, doçura muita é doçura sua... com todo o açúcar e o sal que as palavras podem conter. Você merece tudo!! Merece um mundo inteiro em caixas de pequenasgrandes delicadezas. Você merece, meu bem. Beijonutellacomletra =)
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Tricô literário com Seu Bernardo em: drops e bukowski

"Eu tava tentando não abusar do terapia express, pois afinal tem sempre gente que precisa mais do q eu. Mas hoje não deu. Hoje faz 2 anos que eu terminei um namoro de 4 anos. O fedaputa já teve 347.498 namoradas. E eu? Hahaha...meus dias se dividem naqueles em q eu penso nele todos os segundos e aqueles em q eu penso só umas três vezes por dia. E ainda tenho q ouvir pessoas dizendo q "eu não me abro", que eu "não deixo rolar" e q "isso passa". Como se não bastasse, o encosto ainda quer "ser amigo". E mesmo eu tendo cortado qualquer tipo de contato, me liga bêbado. Ãhn? Se ele ainda gosta de mim? Não, é doente mesmo. Ou melhor: é homem. Definitivamente eu fiz guerra de miolo de pão na Santa Ceia. Fui aquela q gritou "não amarra, não! Prega". Ou deve ser Plutão q foi rebaixado de planeta e traz esse caos a minha vida. E ainda querem q eu vote domingo? Ah, não... Eu tb quero ver TV manchete. E Bambalalão, que passava na Cultura. " Carrie, a estranha (roubado dos arquivos idos do Drops da Fal)

"Mulheres: gostava das cores de suas roupas; do jeito delas andarem; da crueldade de certas caras. Vez por outra, via um rosto de beleza quase pura, total e completamente feminina. Elas levavam vantagem sobre a gente: planejavam melhor as coisas, eram mais organizadas. Enquanto os homens viam futebol, tomavam cerveja ou jogavam boliche, elas, as mulheres, pensavam na gente, concentradas, estudiosas, decididas: a nos aceitar, a nos descartar, a nos trocar, a nos matar ou simplesmente a nos abandonar. No fim das contas, pouco importava; seja lá o que decidissem, a gente acabava mesmo na solidão e na loucura."
Charles Bukowski
=)
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Um Pessoa para rosí, que tanto o sempre
"A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
quando a gente as tem na mão
e olha devagar para elas."
Fernando Pessoa
beijograçaempedra, queridinha...
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Lalous
Coisa boa esse dia...
Conquista sua, mérito seu. Alegria nossa!
Amo-te, hermanita...
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Escolhinha
A mão quer (e não quer) escrever a palavra que não deve (e deve) cair no papel. Porque há (e não há) um tom ridículo nessa quasemelancolia pelo não vivido (mas vivido). Posso (e não posso) falar sobre o que existe ainda (e não mais). Ouço aquela que diz (e não diz) o que é (e é). O pouco (muito), o quase (sem). Pronto. Ainda e não. Sem parênteses. Ponto.