quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Caro Senhor,

Tudo certinho? Sei que já falei com o Senhor hoje mais cedo, mas como esqueci de mencionar algo "importante" tomo a liberdade de puxar um dedo de prosa assim, meio fora de hora. Sei que esse período do ano é conturbado para o Senhor devido à enorme quantidade de pedidos e desejos, então tentarei ser o mais breve possível. Nãonão, não vim aqui pedir que 2012 seja um ano melhor... meu lado poliana já foi devidamente doutrinado e sei, com meus pezinhos no chão, que ele vai ser como todos os outros: bom e ruim. Também não quero pedir mais dinheiro no bolso, o Senhor sabe (melhor que ninguém) que minhas ambições materiais chegam a ser chocantes de tão módicas. Não quero pedir coisas que dependem só de mim, como passar em um concurso melhor, perder os 3 quilos a mais que me foram companheiros fiéis em 2011 ou que o meu contato com o Senhor seja mais genuíno, mais puro. E o Senhor me livre e guarde, please, de pedir na linha "a paz mundial, o fim da fome" e coisas que definitivamente não serão resolvidas de uma hora para a outra aqui nesse plano, coisas que dependem mais do nosso agir da porta para dentro e da porta para fora do que do Seu empenho no desenrolo da questão, né my Lord? Mas já que o mundo inteiro está nessa "pedição" esbaforida, me sinto no direito de pedir uma força em um trenzinho bobo. O que mais me encanta nessa vida são as pequenas alegrias então é mais que esperado simsim que o que mais me irrite seja o abominável expresso em sua sutil pequenez. Isso posto, peço que o Senhor dê um jeito no frequente fato de as pessoas não conseguirem tirar da cabeça músicas das quais só sabem cantar uma ou duas linhas. Ó Senhor, faça com que elas decorem TODA a canção e a cantem gorjeantes ao invés de repetir o mesmo pedacinho micho 6537 vezes por dia. E por respeito à sua agenda abarrotada de coisas mais relevantes, a rádio plutão se prontifica a dar uma força sempre que for preciso.

Agradeço desde já.
Que assim seja.
Beijos da sua filha

Izabela
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Rádio Plutão
ao Seu dispor.


I am intrinsically no good
I have a heart that's made of wood
And I am only biding time
Only reciting memorized lines
And I'm not fit to touch
The hem of your garment
No, no, I'm not fit to touch the hem of your garment

I have no love but only goals
How very empty is my soul
It is a soul that feels no thrill
It is a soul that could easily kill
And I'm not fit to touch
The hem of your garment
No, no, I'm not fit to touch the hem of your garment
Yeah yeah
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Rádio Plutão
respira em excelente Tom. =)

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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Hã biloute?

¨¨  Manhã branca e Tom Jobim cantando pra mim...
¨¨ Foi só um susto. Margot provou que não é boba nada: deu as costas pro túnel de passagem e pra luz aquelaquechama e saiu correndo na direção contrária. Já de volta em casa, longe de jalecos e agulhas, ela escolheu como cantinho de recuperação a prateleira da estante. Eu não aguento a ganice desse cachorro. Amo ponto. A quem possa interessar, ela já está bem, muito bem obrigada e daqui por diante vai ficar longe dos tóchicos (fal soletra assim e, como em todo o resto, eu imito) rs. =)!
¨¨ Meus mais sinceros agradecimentos a todos aqueles (você mesmo!) que fuçaram no meu celular jurássico por horas a fio, sem descanso, até conseguir eliminar aquele "piiii" abominável. E o fato de os pássaros cantarem mais felizes e da brisa correr mais macia prova que o "piii" simsim contribuia para o desassossego do universo. Obrigada, viu? Te amo.
¨¨ Eu e Lalous fomos a um churrasco dia desses com a galera da infância brasóliana. Gente que eu não via desde os meus 12 anos, imaginem só. E a constatação a que chegamos foi a de que as pessoas parecem mesmo manter sua essência vida afora. A doce contiua doce, a engraçada continua engraçada, a pat continua pat, a chata continua chata e por aí vai. Seguindo a mesma linha, eu continuo a cara da Simone e eu e Lalous continuamos fazendo análises filosofopsicoantropologicas de tudo. rs! E falando em Lalous, eu disse que seria uma menina, né? E que dessa vez acertaria, né? Pois sim que o bebê é menino e vai se chamar Bruno. Errei de novo, como tem ditado a regra. Mas fico feliz em saber que algo nesse mundo goza de alguma estabilidade...hehehe! Que venha o pequeno Bruno!
¨¨ O que mais gosto na primavera é que ela ACABA! Ô revuáááá! Vá e leve contigo seus arrebates, suas intensidades descabidas, vá! O universo, em coro aliviado, suspira ufa.
¨¨ As pessoas do trabalho me dizem que tenho voltado do horário de almoço mais maquiada. Hum. Eu aponto para a bochecha vermelhatomate e digo "nãonão, isso não é blush". Spinning, darlings, spinning! E passo o dia todo com a energia boa da aula assim, estampada na pele. Selo recomendo!
¨¨ Como não sei quando volto a aparecer, deixo aqui um feliz natal para os que são de natal, um feliz feriado para os que não são e um beijodoce a todos. =)
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Rádio Plutão
acha bonito o cantar desses três. =)

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

PTPA?

Que rufem os tambores! Está oficialmente aberta a Primeira Temporada de Perguntas Automultiplicadoras. Sabe quando você passa por crise existêncial e seu nome do meio vira um ponto de interrogação? Sabe quando a vida de dá um sacode, um TIPÁF daqueles bonitos, e você se pergunta do seu lugar nesse planetinha? Sabe quando o galo ganha (eu disse GANHA, minha gente) três partidas seguidas no campeonato que for e você questiona até a força maior que rege o universo? Sabe? Pois é, não é nada disso (Durkheim ficaria orgulhoso de mim nesse momento...rs!). As perguntas automultiplicadoras não precisam de desencadeador, nem fatos bizarros, nem tapas na cara. Elas são mineiras. Chegam quietinhas, com cara de inofensivas, docinhas, e quando você menos espera elas já dirigem seu carro, escolhem suas roupas, discutem nãopolítica, dão pitaco na sua alimentação e mudam o nome do seu cachorro. Não, elas não lavam a louça, o que seria genial pra equilibrar o trem. Elas, marotas e insuportáveis, se instalam na sua mente e se multiplicam em quantidades e qualidades impressionantes. Elas não tem preconceito e atacam os assuntos todos, dos relevantes aos pífios, com a mesma classe e intensidade que lhes são características. Mas coerência não é com elas. Em um instante elas usam Leach para discutir a temática do tempo e no instante seguinte cantarolam Jairzinho e citam Sidney Sheldon. São assim. Os bravos guerreiros escolhidos (sim, porque nem os ridiculamente tolos seriam voluntários) para participar da temporada escrevem textos e mais textos com pelo menos um ? a cada duas linhas, não conseguem decidir nada antes de meia hora de questionamento, mudam de quaseidéia o tempo todo e dormem e acordam em motocontínuo perguntador. 
Quando acaba a temporada? Quando? Previsão, mesmo que remota? Quando? Não sei.
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Rádio plutão
sabe. e contempla a água variada.

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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Flor e Marimbondo

Sentindo o contato do corpo todo com a grama, ela permanecia imóvel. Esticada e imóvel, deixava que os olhos fechados estudassem através da sua pele o movimento da luz e das sombras dançantes. E ficava ali, vendo com o sentido os pedaços móveis do céu.
Há algum pouco tempo, uma das vozes que a acompanha havia falado de uma árvore e da sua importância. Que essa árvore viria como um local físico para a oração e para a reflexão, um quasetemplo. Aí então ela fez dessa sua missão. Iniciou a melhor das buscas, daquele tipo em que não se procura de fato e sim apenas se mantém aberta para ser achada. Sem pressa, sem contar.
Um dia enquanto voltava a pé da escola pegou um caminho outro. É que os dias passados tinham sido tensos e ela estava exausta do trabalho que é cuspir marimbondos a todo minuto. Sabendo bem que os caminhos longos descansam mais que o repouso, ela seguia tranquila por partes desconhecidas da cidade. Um incômodo súbito no olho esquerdo a fez parar o passo e arrancar da pálpebra, com a unha, um carrapato cinzazulado e seu pequeno companheiro marrom.
Veio a dor. Veio o sangue escorrido. E depois de virar o corpo para limpar o rosto com a camisa ela a viu. A árvore viu a menina. Elas, já tão próximas, se aproximaram. O chão era coberto por uma grama verde de dois tons, o tom da sombra e o tom do tempo aberto, e a árvore tinha como companheiras outras duas. Ela abraçou a menina e disse que não iria sarar seu machucado, mas poderia ajudá-la a aprender a curar as próprias feridas. A menina aceitou a oferta de bom grado e visitava a árvore de dias em dias. Recebia os ensinamentos e pedia proteção. Levava poemas (lia enquanto passeava os dedos pela raiztronco) e, com seu amor entregue, também a protegia.
E às vezes, como hoje, só cantava e dançava e girava até cair em riso e ficar ali, na grama, esticada e imóvel. Esticada e imóvel no mais próximo que se pode chegar da leveza.
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Querer
A blogosfera é uma delícia boa. Amigos, amores, args, feedbacks e um mar infindo de coisas familiares e desconhecidas. A palavra escrita traz concretude para tudo que se sente, se vê, se pensa e que bom que tanta gente abre o peito e despeja aqui o que tem de seu, o que tem de vivo. Euzinha aqui agradeço e digo amém. =). Pois bem que lá estava eu no blog da karin flores (que é fresco e doce e eu adoro) e acabei descobrindo as rutes. Sensacional ponto. Ai que vontade que deu de ser rute tb!!! =)! Anyways, tomei a liberdade de roubar um texto que foi parte de uma intervenção deveras interessante e ele vem sem créditos por que não os achei por lá.  As reflexões sobre o dito deixo para outro post.Enjoy.
"Era uma vez um grande rei que governava as terras onde hoje estão a Inglaterra, a Escócia, o País de Gales e a Irlanda.
Arthur, chamava-se.
Um dia, Arthur saiu para caçar sozinho e encontrou uma alce imenso, todo branco de chifres galhados.
Era ele.
Arthur saiu em disparada atrás do bicho.
Acabou indo parar numa clareira da mata, onde nem sequer a luz conseguia penetrar pela trama das árvores imensas.
Súbito, um homem gigante, vestindo uma armadura negra, parou diante dele e trovejou: “Quem ousa caçar nas minhas terras?”. E preparou-se para matá-lo.
Diante da infração evidente, Arthur preparou-se para morrer como um verdadeiro cavaleiro: “Este é um belo dia e um magnífico local para morrer”, avaliou. O Cavaleiro Negro, reconhecendo a coragem do rei, decide desafiá-lo. Pediu que ele voltasse depois de três dias e três noites trazendo a resposta para a seguinte pergunta: Qual o maior sonho de uma mulher? Se conseguisse a resposta a vida do rei seria poupada.
Durante três dia e três noites, o rei Arthur e seus cavaleiros entrevistaram todas as mulheres do reino.
No final do terceiro dia, sir Gawain caminhava pelo bosque quando uma mulher horrenda apareceu na sua frente. De seus cabelos cresciam criaturas rastejantes e seus olhos eram vermelhos, pequenos e remelentos. Feridas cobriam o corpo curvado e retorcido, coberto com uma capa vermelha escurecida de sujeiras. Mas as palavras que a velha bruxa dirigiu ao cavaleiro foram como um clarão de esperança. “Sou Dame Ragnell, irmã do Cavaleiro Negro e conheço a resposta para a terrível pergunta que atormenta você. Posso contar, com uma condição: quero casar-me com o mais belo, o mais forte, o mais corajoso e bom dos cavaleiros do rei Arthur – O SENHOR MESMO – sir Gawain!!
Sir Gawain faria qualquer coisa para salvar a vida do rei e aceitou o pedido de Ragnell.
Então ela disse que o que uma mulher mais sonha em toda sua vida e Sir Gawain contou ao rei Arthur que então foi ao encontro do Cavaleiro Negro com a resposta certa e pode sair do domínios do grande cavaleiro vivo e livre.
O dia do casamento chegou. Toda a corte estava imensa em tristeza. E quando o sol nasceu, a cerimônia não teve os cantos alegres e as brincadeiras tradicionais. Gawain e Ragnell casaram-se em meio ao silêncio e à pena de todos.
Já a sós, os noivos conversaram até o sol se pôr. Quando se preparavam para dormir, a horripilante noiva cobrou do jovem seus deveres de esposo e um beijo. O nobre cavaleiro, sem pestanejar, colocou os lábios sobre a boca nojenta da bruxa. No mesmo instante, surgiu diante dos olhos espantadíssimos de Gawain a mais bela princesa que jamais havia existido.
E com voz de música a princesa falou: “Como você foi gentil comigo, vou deixar que decida. Posso assumir minha forma de princesa apenas durante uma parte do dia. Como você me quer? Bela para você durante a noite ou bela à luz do sol para seus amigos?” Gawain então olhou para Ragnell, curvou-se numa reverência e respondeu: “Lady Ragnell, a decisão é sua e eu vou respeitar sua escolha,qualquer que seja ela”.

O maior sonho de uma mulher é ter sua vontade, seu desejo e sua autonomia respeitadas.

E com estas palavras e sua soberania assim reconhecida pelo marido, Dame Ragnell escolheu ser bela tanto durante o dia quanto à noite e ambos, o nobre e generoso Gawain e a linda e poderosa Ragnell, decidiram ser fiéis um ao outro por toda a vida."
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tons of joy

Tempo a gente tem quanto a gente dá
corre o que correr, custa o que custar
tempo a gente dá, quanto a gente tem
custa o que correr, corre o que custar
O tempo que eu perdi, só agora eu sei
aprender a dar, foi o que ganhei
e ando ainda atrás, desse tempo ter
pude não correr, e ele me encontrar
não se mexer... beija-flor no ar
O rio fica lá, a água é que correu
chega na maré, ele vira mar
como se morrer fosse desaguar
derramar no céu, se purificar.
deixa pra trás, sais e minerais
evaporar.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Hã Biloute?
betty boop

¨¨ Sol tímido secando o molhado da adorada Brasólis. White smears. Lindo céu.
¨¨ Na linha "quem não chora não mama", foi só dar uma reclamadinha e o drops voltou! O universo inteiro, em coro feliz, agradece.
¨¨ O seu direito de usar baforadas mil de álcool para limpar a bike termina quando elas chegam a causar tosse em quem está perto. Eu sei, você sabe. Só quem não sabe é a figura que faz spinning do meu lado. Exagero, darling, pra quê? E pra completar, a figura pede ao professor, que tem um excelente gosto musical, pra colocar "umas músicas mais "verão", um axé, um sertanejo dançante". Minha resposta em pensamento até esfriou o calor do meio dia. 
¨¨ Quando seu professor de local disser que a sequência de braços vai ser pra ninguém conseguir escovar o cabelo no dia seguinte, não ria. Acredite e guarde a energia do riso para os ais de amanhã.
¨¨  Falando em cabelo, já me disseram que o meu ficou anos 30, 40, 50 e 60. Como um corte pode cobrir quatro décadas eu sinceramente não sei. Sei que ficou com ares betty boopianos e me gusta imensamente. =)
¨¨  Essa noite sonhei que carregava sempre comigo um lenço ganhado, todo escrito em caneta vermelha. E acordei me perguntando se não carrego mesmo. 
¨¨ O mais gostoso da saudade é quando a gente mata a dita. Ainda que seja só um pouquinho, já é suficiente pra gente se encher de leveza colorida. Ci e Rudolfis tocam berimbau no meu coração ponto. =)
¨¨ " iaiá, iaiá / eu li num soneto de amor / que as lágrimas que tu não chora/ iaiá, iaiá / se escondem num rio dentro de tu..." Céu.
¨¨ Começa hoje no CCBB a Mostra Clint Eastwood de cinema. Iêi! Destaque para "Bird"....
¨¨ "Ahh... IDÉIAS você pode ter...", disse o santo em tom enfático. Me estragou em riso até 2012. rs!
¨¨ Segundo fim de semana seguido com dia no cemitério. Ninguém diretamente ligado a mim, mas diretamente ligados a quem amo. E o domingo me fez lembrar que um dos sentidos que mais me emociona é a comunhão. A hora do enterro, assim como o dia todo, foi molhada por chuva intensa e todos ali, segurando guarda-chuvas que só protegiam as cabeças quando muito. Todos ali em silêncio profundo de querer bem. Querer bem a quem vai e a quem fica. Todos ali em silêncio de respeito à vida. Todos ali no silêncio da comunhão. Pureza. Comunhão. Muito bonito. Aí no caminho de volta, já no carro, vem o Arnaldo Antunes trazendo de presente a palavra cantada de encaixe perfeito. Muito bonito. =)
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Fim do dia/ Fim da vida
não há o que lamentar ponto. =)


"Demora tanto, demora tanto pra crescer
Pra depois de uma hora pra outra morrer
Tem que mamar, tem que comer e beber
Deixar vir e ir sofrimento e prazer

Não há o que lamentar
Quando chega o fim do dia

Um cara que anda tem que chegar em algum lugar
Um cara que trabalha trabalha trabalha deve se cansar
O cara estuda tanto e ainda tem tanto pra aprender
Passa o tempo e fica mais fácil esquecer

Não há o que lamentar
Quando chega o fim do dia

Não há o que lamentar
quando chega o fim do dia

Se despede da sua dor
Diz adeus à sua alegria

Não há o que lamentar
Quando chega o fim do dia"

Arnaldo Antunes
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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Quereres pontuais 4
frescor. and a bra. e um prato de algo que dê fome. e uma portinha de saída escondida no braço esquerdo. e 3 minutos de "um dia de fúria". e uma lista de coisas engraçadas pra dizer pra tataaa. e rir de tataaa dando pala de rir. e uma margot autolimpante. e um relógio de areia. e uma capa que esconda a transparência. e horas de sono com gosto de domingo. e uma tarde de domingo. e uma, apenas uma, não-elaboração. e as margaridas quando ainda eram margaridas. e um filme bonito: "oceano", aquele francês, talvez. e uma camada extra de pele. e uma saco de paciência. e uma carta escrita à mão. e um controlador de comentários alheios. e asas que se justifiquem. e um saber ficar. e um simples ir. e um manual de instruções escrito ifc. e a ci gesticulando o abraço da caravela. e um silenciador de inocentes. e um poema. e um extermínio de toda palavra desnecessária. e uma queda de luz. e um descanso de mim. e um passar do tempo corrido. e um dia bem acabado. ponto.
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Rádio plutão
canta lá do mantelpiece.

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

E o Bowie canta "Changes"
Coisas. É. Algumas mudam com o passar do tempo e outras nem tanto. Antes se dizia escritor quem tinha livro publicado e/ou tinha a coragem (simsim, é preciso coragem) de se aventurar a ganhar o pão através das letras. Agora o mar de blogs e revistas virtuais abriram espaço para quem quiser jogar para o mundo o que escreve e somos todos (por que não?) escritores. Uns excelentes e outros nem tanto... isso não mudou... gosto é gosto desde que o mundo é mundo ponto. Eu comecei a escrever ainda criança, lá pelos 8 anos, arriscando versinhos simples e textos curtos. Não tenho livros publicados mas devo confessar que tenho três pequenos livros escritos no melhor estilo roots: mão e papel. =)! O primeiro escrevi na antiga segunda série do primário, ilustrei com meus desenhos infantis e dei ao dito o título de " Eu e minhas tralhas". O segundo e o terceiro foram escritos ao mesmo tempo, há quase três anos, para presentear meus adorados sobrinhos recém-chegados a esse mundo de meu Deus (Carol e Felipe) e suas ilustrações mantiveram o mesmo grau de destreza e elaboração estética do primeiro (rs!).
A inspiração para escrever o primeiro teve duas fontes: minha cabeça dura e uma irmã reclamona. Eu e Larissa íamos a pé para o saudoso Colégio Dom Bosco e, como eu carregava uma quantidade absurda de coisas todos os dias, Lalous sempre acabava me ajudando a levar alguma tralha, mas não sem reclamar constante e enfaticamente durante todo o trajeto. Daí veio o livro no qual eu, cabeçuda, justificava detalhadamente a necessidade de cada uma das minhas trocentas tralhas.  As frases simples escondiam um ar de manifesto e uma vontade visceral de provar que meu exagero fazia completo sentido. Acredito que o livrinho não foi guardado (se foi deve estar escondido em alguma caixa da Dona Elzinha), mas me lembrei dele ontem no caminho pro trabalho. Porque descobri que "Eu e minhas tralhas" entra na lista das coisas que não mudaram muito com o tempo. Desci do carro me sentindo uma árvore de natal: bolsa, cadernos, livro de AFO, livro do GG Márquez, caderninho, lancheira (sim, ainda carrego uma), pasta de documentos da mamãe, guarda-chuva de bolinhas (oi coquine!), casaco, kit academia e UFA.
E é isso: o que eu escrevo já não fica escondido, lalous e eu trocamos a w3 em corrida e azedume por horas de prosa amiga. Coisas mudam. Que bom. Mas continuo tralheira... com a diferença que agora sei melhor o quanto posso carregar sozinha, pro dia rotineiro e pra vida. Ou quase. Sigo em Treinamento. Bom também. =)
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Estômago
Dias atrás tava eu aqui escrevendo sobre os limites e sobre uma clareza desejada e experimentada. Aí o Krishnananda me aparece em um capítulo lá no finalzin falando exatamente sobre aquilo tudo que me tomava. Que alegria ÚNICA é um livro nas mãos. Pro confronto, pro conforto, pro diálogo. Agradeço mil vezes pelos meus olhos sadios e pelo meu amor pela leitura.

"Não é todo mundo que entra em choque quando se sente invadido. Alguns são mais do tipo rancoroso. Mas sei por experiência própria que os medos que há em ambas as reações são muito semelhantes. À medida que fui conhecendo melhor meus limites, que os validei e tive coragem de confirmá-los, passei do choque para o rancor. No passado, o tempo que havia entre a invasão e o reconhecimento de que fora invadido era longo. às vezes dias, até semanas. Eu percebia que, por alguma razão, não me sentia muito bem com aquela pessoa ou começava a fazer julgamentos e a censurava diante de outros. Isso se tornou, para mim, uma boa indicação de que eu fizera uma concessão, não dissera nada e agora estava ressentido. Mas aos poucos esse tempo foi diminuindo e minha reação passou a ser mais rápida. A consciência ampliada de que estava fazendo uma concessão, como fiz tantas vezes no passado, reacendeu a chama de uma fúria que eu estava reprimindo. Foi uma boa fas, mas acabei percebendo que a invasão e a reação a ela não eram, de jeito nenhum, o fim do processo. Minha raiva vinha ainda da criança emocional, que trazia consigo toda uma vida de ressentimentos. Reagir com raiva não é estabelecer limites. Não há nenhum poder real nessa reação. É só a criança emocional que saiu da desistência e passou para a explosão.
Tive de perguntar a mim mesmo do que sentia raiva - e por que tanta raiva. Em parte era por acreditar que, se eu não reagisse imediatamente, não estaria seguro. As pessoas se aproveitariam de mim. E em parte vinha do fato de querer que o outro ou a situação fosse diferente. Parece que a criança emocional jamais perde a esperança de que todo mundo (especialmente as pessoas do seu mundo) seja sempre amável, protetor e atencioso. Quando me sentia invadido por alguém, minimizava, negava ou ignorava, e então ficava indignado. No primeiro, caso dizia a mim mesmo: "Ela não quis dizer isso", "Tudo bem, não foi grande coisa.", "Fulano sempre faz isso.", "Preciso aprender a ser mais tolerante.", "Não devo ser tão rigoroso." Eu sustentava essas convicções com crenças sublimadas de toda espécie. "É bom ser tolerante e flexível." "É melhor não criar caso por qualquer coisa." Essas atitudes acabavam permitindo que as pessoas me invadissem porque eu enviava uma vibração que dizia "faça o que quiser comigo, não me importo." (...)
Finalmente, vejo que meu aprendizado de estabelecer limites não tem nada a ver com a outra pessoa. Ela vem da clareza (grifo meu!). Clareza do que eu necessito para mim e clareza para ver as pessoas como são e não como eu gostaria que fossem. Começo a entender que todos são inconscientes e que a inconsciência leva à insensibilidade, à invasão, ao desrespeito e até ao abuso. À medida que essa compreensão se aprofunda, vou deixando de me expor ao sofrimento, ao abuso ou à decepção porque vejo tudo mais claramente. E também, por não depender mais tanto de colher migalhas de atenção e de aprovação, sinto-me muito mais capaz de dizer não ao que considero errado em mim. Desenvolvo o senso do que está certo e do que não está.
Mas para realizar essa mudança tenho que estar sempre enfrentando meus medos de abandono, rejeição, punição ou reprovação. Quando sinto que alguém me magoa continuamente, é porque não estou vendo a pessoa como é. Mantê-la num patamar muito alto em meus ideais e expectativas afasta a solidão apavorante que sinto quando acordo de meu sonho. Se começar a dizer não, ela poderá achar que eu sou egoísta. Pior ainda, poderá se vingar. É mais seguro e familiar fazer concessões. É assim que nossa criança pensa e age. Mas, com a consciência da invasão, desenvolvemos a possibilidade de escolher. Podemos reconhecer quando a invasão ocorre, sentir os medos e estabelecer algum limite. E, muitas vezes, sem precisar reagir, apenas dando uma resposta clara."
Krishnananda
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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Hã Biloute?

fotoca roubada do templo

¨¨ Novembro chegou, passou e foi embora. Alguém viu? Alguém?
¨¨ Carro placa preta do glorioso Senado Federal entra a toda, me corta e acelera como se o mundo fosse acabar right now. Na N2, que tem faixas de pedestre a cada 300m. Que bonito, né minha gente?
¨¨ Domingo, tarde chuvosa, fui a uma aula de kundalini yoga para despedir da doce e forte Fernanda, acumpunturista querida que parte para a Espanha e já deixa saudades desde já. Aula de sonoridade rica, percepção da dureza do corpo e de movimentos que fazem você se perder em dança entregue. Muito bom ponto. E Fernanda ali falando do resistir ao tempo, das sinas, das escolhas... e da orientação para o prazer imediato, que é areia que escorre rápido por entre os dedos... e pensar nessas coisas só fortalece minha vontade de enfrentar tudo de difícil que vem sem procurar atalhos paliativos. Como dizia minha sábia Vó Elza, " a gente vence touro bravo é no olho". Simsim.
¨¨ O drops volta já, o templo tb, o rue parado, nina vieira sumida. É fim de ano na blogosfera. =(
¨¨ Vá mininex me manda email lindo, poético, divertido. E diz coisas do tipo "como diz costanza pascolato, paris é paris, e ponto. hj, por exemplo, fui numa casa de chás e gritei umas 37 vezes. sem comentários. " rs! Saudade boa de gritar com ela! =)
¨¨ Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Massachussets revela que a atividade "entregar camisas" pode provocar efeitos de relaxamento e satisfação profunda em mulheres brancas, pintadas e detentoras de dentes gigantes. Say no more. =)
¨¨ 5 noites seguidas sonhando com mar bravo. Ondas gigantes e furiosas, como as de Maricá. Vai saber.
¨¨ Um amigo uma vez me disse que "brazilian women don't get old, they get blonde" e acho que o mesmo está acontecendo com Margotcachorrobravo. Ela que era marrom chocolate está mais clara a cada dia que passa, caminhando para um loiro platinado. hehehe. Mais gana a cada dia que passa tb! Amomargóti =)
¨¨ " preta, fala pra mim/ fale o que você sente por mim" toca de surpresa no carro e a gente dá pala de cantar entre risos. Que bonito estar em ares abertos para a alegria do simples. Agradeço todo dia. Todo dia, viu?!
¨¨ Uma terça colorida aos que passarem por aqui. beijosmeus!
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Por que amo a fal
e morro, MORRO de saudades dela.

"Como disse a sensacional Wanda Sykes, se você você for contra o casamento gay, não se case com um. E vale o mesmo pra aborto e cassino: não faça, não frequente e, principalmente, não se meta na vida alheia. De mais a mais, essa conversa sobre a tal ditadura gay tá me deixando passada. O que eu quero dizer é: onde eu assino? Se vocês quiserem tomar o poder, sou a favor. Taí uma ditadura que eu apoio. Por favor, derrubem o governo e ocupem tudo. Colaboracionista de primeira hora, contem comigo generalíssimos. E se, no poder, vocês espirrarem, saúde.
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Tava lendo uns e-mails _ não-dirigidos exatamente pra mim, mas prum número enorme de pessoas, euzita incluída _ e me dando conta de como é bom, como é abençoado não ter importância nenhuma, nenhuma. Leio sobre as providências que todos terão que tomar e penso que é uma maravilha chegar num ponto da vida que um elástico de cabelo, um pouco de rímel e o endereço no papelzim pra explicar pro taxista donde vamos é o que basta.
Não ser ninguém na ordem das coisas, não buscar ou ser buscado, é liberdade.
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E gente, me explica o seguinte: que tanta implicância é essa com aqueles adesivinhos que tem nos carros da familinha feliz? Já vi de pai, mãe, fio, cachorros, dois papais um cachorro e um gato e um de um cara com dois gatos. Nunca vi de duas mamães. O que eu não entendo é: pq a implicância? Que que tem se o caboclo gosta do carrinho dele adesivado? Vejam que eu não legislo (oi, Silvana, o verbo é assim?) em causa própria: não tenho família e nem Torresmo comporta adesivos mas, oi? O cara gosta de adesivinhos. Ele vai lá, cola meia duzia de adesivinhos na porra do carro dele. Hum hum, você vai me dizer que é o que os adesivinhos representam, que eles são o baluarte de tudo que há de errado neste país, a letra escarlate que marca a nociva classe média deste rincão tropical? Hum. E tu qué coisa mais classe média, aliás nelsonrodrigueana, que ficar reparando no carro dos outros, camarada? No que que tem no carro dos outros?? Hahaha. Imagina se a gente fosse implicar com a sua tatuagem, fio. Ah, tem gente que implica com a sua tatuagem? Hum, manda ir se danar, mô bem. Eu implico com a implicância. Tá tudo patrulhinha demais, vcs tão um pé no saco, sabiam? (hahaha, lembrei de um que o prof. PC postou, era uma familinha feliz e tipo, o adesivinho da mãe tinha sido raspado, oia, o casamento alheio em crise e eu rindo)"
Fal, a incrível, Azevedo
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We all can dance =)

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Rádio Plutão
Comemora o Dia Nacional do Samba na beleza vocal do velho e do novo.
Sambemos pois. =)


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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"Vai um queijinho aí, moça?"
Tarde de terça e cá estou com meus pezinhos na areia e de frente para esse mar sem fim de verde único. Lindo. Não me canso de repetir: lindo. Também não me canso de pensar naquele poema de Fernando Pessoa que diz que a vida parece uma mas é sempre duas: a pensada e a de fato vivida (ou algo parecido). Penso nisso porque  esse viagem tem sido duas. Uma vivida, com horas que passam e praia e sol e vento e situações das que deixam um clima estranho no ar. E outra silenciosa, que observa, quieta, atenta, e guarda para si o valor (mesmo que bobo) dos pequenos acontecimentos. Tem sido assim. Bem, um alguém me disse que nesse tempo aqui eu encontraria a clareza que procuro, a clareza dos olhos para o todo do mundo, e ele estava certo. A clareza me vem a todo instante. A dor e a alegria me solapam por que elas chegam sem pele, sem casca. Claras. Vou recebendo recados de desconhecidos e não perco a oportunidade de recebê-los. Reflito sobre eles e depois os coleciono aqui nesse caderno. Um por um. Vou recebendo o apoio e o afeto do meu amor, que está longe (mas perto, ai, tão perto), e valorizo cada palavra como tesouro precioso que é. Valorizo. E não compartilho nada porque de nada valeria. São coisas que só tem esse sentido para quem as vive. O que posso dizer é que, pelo bom ou pelo estranho, tudo me remete ao amor amplo, ao amor humano. Sua importância, seus limites, seus melindres. E espero não deixar que o tempo e os reveses da vida me façam esquecer dessa clareza que agora mora aqui. Respiro clareza. E escrevo livre, sem me preocupar em fazer sentido.
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Rádio Plutão
cantarola entre beijos.
e ama. ai, como ama.

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Presente
Coquine é uma pipoca chuvisqueira que habita terras estrangeiras. E ela é um ser tão querido que não se contenta em enviar presentes doces (um caderno lindo e um marcador de livros que é uma pequena obra de arte). Ela vai além. Ela vai a um museu na França e vê na tela pintada as palavras escritas por mim em um dos minicontos sobre a falta. E me manda um postal da obra com o miniconto e recado carinhoso no verso. Chorei de alegria boa, me sentindo abraçada lá de longe. =).
Obrigada, querida. Amei ponto.

le repos, arte de jean-françois colson
 
Um susto. E ela levava a mão na barriga. Também o fazia quando ria leve, quando sentia medo e quando alguém trazia notícias boas. Levava a mão na barriga para passar pelo degrauzinho do box na hora do banho. Também enquanto lia, tranquila, entregue ao embalo sonoro da rede. Quase nem notava que também acordava com a mão assim. Sentia a mais dura das faltas, aquela ciente da perda mas ainda inteira imersa na presença vazia. "Todo dia é aquele domingo.", dizia. Ela carregava a falta no corpo. E a protegia. Com a mão.
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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Hã Biloute?
¨¨ manhã nublada, fresquinha e gostosa na amada brasólis.
¨¨ tataaaa, a sábia, pontuou bem que a gente deveria sempre ter uma semana extra de férias, assim, pra descansar das férias. eu digo amém ponto.
¨¨ maceió é uma cidade dona de um mar sensacional: verde, morninho, com ondas calmas que te chamam em um dengoso "ai, vem". e eu fui. todas as vezes. =). dona também de gente madrugueira que me fez sentir menos et nesse mundo. eu saía para correr às 5 e 30 da matina e dava de cara com o calçadão lotado de gente que já tava ali há muito mais tempo que eu. bonito de se ver!
¨¨ se descansei? si, pero no mucho. se a viagem foi leve? hum, no mucho. mas curti meus momentos, a saudade, o contato com a natureza, o que teve de bom e o que aprendi com o que teve de ruim. não reclamo. acho bonita essa imprevisibilidade que conduz a vida, mesmo quando ela traz surpresas ruins. tudo tem propósito e não sou eu que vou ficar de mimimi. mas acho que aprendi. ufa. =)
¨¨ não sei se vocês sabem, mas sou internacionalmente conhecida por errar o sexo dos bebês que habitam barrigas de pessoas queridas. nêgo pergunta minha opinião pra já contar com o contrário certeiro. nesses 35 anos acertei, pasmem, uma única vez: quando veio a fernanda, filha dos adorados dudu e maria paula (oi mp!! saudades sempre, viu? =)) e só. mas lalous está aí, gerando com carinho mais um sobrinho para a tia di aqui, e algo me diz que vou contrariar as expectativas e acertar em cheio. vai ser menina ponto. nina, lindo nome provável, vai ser recebida com alegria sem fim por todos nós! =)
¨¨ e é isso. uma semana aconchegante e leve a todos. tava com saudades. =). beijosmil!
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Sem medida
Cheguei de viagem mas ainda não cheguei em casa. Dona Elzinha querida
perambula pelas Minas Gerais e eu cumpro feliz a incumbência de cuidar
da casa e da Margot cachorromaisfofodoplaneta. E ontem à noite eu
guardava a louça quando me peguei com os olhos fixados no copo medidor
azul que descansava ali no armário da cozinha. Óleo, água, açúcar,
etc, com marcações precisas de suas quantidades. Bonito isso. Queria
ter um copo desses, mas feito para outras coisas não tão facilmente
mensuráveis.
Tento seguir meu caminho guiada pela máxima "só faça com os outros o
que você gostaria que fizessem com você" e boto fé que o mundo seria
menos cão (pois é cão simsim) se essa reflexão fosse imprescindível.
Por que ninguém é bobo. Sei que todos somos confusos, vivemos trocando
os pés pelas mãos, mas nosso discernimento funciona muito bem obrigada
quando se trata do nosso próprio umbigo. E trazer para a nossa pele os
efeitos do que fazemos com os outros clareia a compreensão e a decisão
entre o "certo" e o "errado" naquele momento. Não estou aqui no
intuito de pagar de perfeitinha... muito longe disso. Também faço
merda ponto, mas sei que faço menos desde que incorporei o trem.
Beleza, minha questão é a seguinte: em que ponto esse modus operandi
deixa de ser salutar? em que medida essa compreensão ampla vira uma
forma de passividade?
Pergunto porque acredito que essa filosofia de "se colocar no lugar do
outro" vicia.  E, estando constantemente transposto, você entende demais o
outro nas suas limitações. Parece bonito, mas não é.
Nêgo te falta com o respeito? Te trata com descaso? Te causa
sofrimento com ações várias? Está tudo bem, já que você sabe que
aquilo é uma limitação do outro. Putz, foi phoda... mas você entende
que o outro agiu assim por que é egoísta ou altruísta, fala demais ou
tem dificuldade em se expressar, está passando por um momento difícil
(e quem não está?) ou acabou de sair dele ou nunca encarou o difícil,
é muito poliana ou é pessimista ao extremo, e por aí vai. Você sabe
que todos nós temos nossas limitações, você inclusive, e deve
entender, conversar numa boa e perdoar tudo com o coração cheio de
amor, né?
É?
O problema é que essas atitudes ditas "louváveis" acabam fazendo com
que os outros acreditem que podem fazer o que for, pois você sempre
vai entender e vai ficar tudo bem. Você é "sensacional", "invejável",
"de boa", "está acima de picuinhas". Você aguenta tudo.
É?
Me parece que compreender demais te deixa conivente, passivo. A
intenção é excelente, sem dúvida. Mas a falta de limite acaba se
tornando terreno fértil para que os outros deitem e rolem diante da
sua permissividade. Então, alguém please me diga: qual é o limite? Em
que momento a gente deve jogar a compreensão no chão e gritar na cara?
Quando?

Provavelmente antes de agora.
E de agora em diante.
Sem mimimi.
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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Férias!!!
I'm in heaven dancing cheek to cheek ponto.
Diz pra eles, ella e louis! =)

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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Arrastão
Não é por nada assim muito grave não, é por que cansa. Você olha pela janela e lá está o mundo todo cansado. Por trás das caras aquelas mesmas diárias - talvez com cor, talvez com nada - o desbotado escondido arregala os olhos e te laça sem fita. O som dos sapatos parece de solado mas é do chacoalhar dos ossos enterrados nas paredes, como já sabia o Gabriel Garcia Márquez. Todos nós ali, digerindo em silêncio necessário, fazendo o possível e ignorando com graça o que ainda não é de digestão. Todos nós ali, quase guerreiros um pouco sempre quase vencidos. Nada grave. Vive-se bem assim. Mas há dias em que, sabe-se lá como, você vê, ouve e sente o cansaço guardado até de quem só passa. Você é rede grande enchendo de peixe em peixe. Você é braço esticado que abraça maisquear. E você se cansa. Também. Só que mais.
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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Hã biloute?

fotoca que copiei e não anotei a fonte. sorry. =(

¨¨  Dia frio, chuvoso e gostoso.
¨¨  O fim de semana foi de uma maciez laranjada. Excelente companhias, colo a quem precisava de colo, singela arrumação na minha bagunça quarteira, saudadinha festiva, morgação, rede, corrida no eixão repleta de "bom dias"e leveza, leveza, leveza
¨¨ Iza Cosenza está em um relacionamento sério com "modern family". Viciada ponto. Tudo culpa da Cecília. E isso não é uma reclamação. Meu estoque infinito de risos bobos agradece! =)
¨¨  "Sim, é como a flor/ de água e ar, luz e calor/ o amor precisa para viver/ de emoção e alegria/ e tem que regar todo dia." Sim, eu sou antiga, eu sei. =)
¨¨ Se você quiser passar um dia todo observando as mais variadas reações humanas faça o seguinte: corte na nuca o cabelo que estava no meio das costas and enjoy the show. "uaus", espantos, elogios tímidos, invejas do dito "ato corajoso" (coragem de que? é só cabelo, minha gente!), sorrisos abertos, cafunés de minuto de gente que nunca te encostou na vida e por aí vai. Mas o meu preferido foi o "misericórdia!" que uma senhora do trabalho gritou lá do final do corredor. Ela disse que era um pecado cortar assim um cabelo daqueles e que se eu fosse filha dela ela não permitiria. rs! Eu? Tô leve e feliz da vida com os meus quasecachos curtinhos. =)
¨¨ Falzuquitcha me cita lá no drops e eu fico toda boba... AMO essa mulher. Loucamente. Ponto.
¨¨ O amor dele me traz uma alegria azul. Que dá vontade de ficar na pontinha dos dedos e espreguiçar em sorriso, bem devagarzinho. Esse tipo de alegria.
¨¨ O pior não é tocar "you give love a bad name" do Bon jovi na meio da aula de spinning. O pior é eu descobrir que sei cantar a dita quase toda de cor e cantar achando bom. I give music a bad name. Shame on me.
¨¨ Esqueci de contar que (finalmente, já era hora) descobri meu talento nato. E não tem nada a ver com palavras ou tintas ou atos impensados (como eu imaginava). Queridos, venho aqui dizer que eu nasci pra compor funks! Os "versos" brotam na minha mente de maneira ridícula de tão natural. É lindo! Chega de investir em textins e desenhos de bichos... o meu rio de dinheiro virá do funk ponto. E só não posto aqui minha primeira composição por que ela é deveras pornográfica e mimha mãe lindinha lê o blog de quando em vez. (oi mãe! =))
¨¨  Não entendo como uma revista é capaz de cometer a insanidade de colocar a Sandy entre as 20 mais sexys do ano. Não entendo. E não entendo como alguém como eu perde tempo lendo a tal lista e AINDA questiona o trem.... aff! Francamente.
¨¨ E acho que é isso. Beijos a todos!
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Palavra Roubada 1
Da felicidade simples
"Acabei de assistir Somewhere de Sofia Coppola, o primeiro presente de 2011. Eu não entendo muito de cinema, mas não resisti e escrevi umas linhas sobre esse filme bonito.
Somewhere é um filme sobre coisas simples. É também um filme sem lição. A ausência de sentido na vida de um astro hollywoodiano, seus excessos esvaziados de prazer, são tão clichês quanto nossos dias tediosos. Mas não porque o filme tem um viés realista ou de identificação, e sim pela sua capacidade de narrar uma história singular fazendo com que prestemos atenção no seu modo. Trata-se, portanto, de falar sobre como viver junto, como se estabelece uma relação que, embora seja com a própria filha, não é natural, nem óbvia, é sempre construída. Sofia Coppola fala sobre como fazer, e não sobre o que fazer mantendo a normalidade dos acontecimentos sem nenhuma ruptura brusca para que se repense a vida, o comportamento, os hábitos, etc. Por isso, é um filme sem lição.
É o cotidiano trazido à superfície imagética tão visível quanto invisível aos nossos olhos. Tão recheado de acontecimentos e possibilidades que sequer percebemos ou aproveitamos. As decisões tomadas, os compromissos cumpridos tudo segue cotidianamente dentro de uma vida normal sem muitas explicações (como as sensacionais mensagens do celular). Mas há a experiência e o sentido construído sempre depois dela. A diferença é que em Somewhere, a excepcionalidade dos acontecimentos, porta aberta para a felicidade, não é catártica; ela surge quando se torna possível ver uma parte do mundo embaixo d'água. É uma mudança de perspectiva. E assim é nosso cotidiano: incrivelmente tedioso e potencialmente mágico. (grifo meu.!.) O mágico, no caso de Somewhere, é que Coppola consegue inserir na superficialidade e aparente automatismo do dia-a-dia uma felicidade simples, que está sempre ali, à espreita: somewhere, sometime."
Flávia Cera (daqui ó)
diquinha boa da lutianita. obrigada, meu bem!  =)
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Palavra Roubada 2
Soma
"Coma! Teu soma precisa
do aroma do leite
a ferver no metal
fundido, busca o ferro
da carne prensada,
resfriada e envolta
em trigo e mais laticínios:
é cálcio também,
por que não?

É osso com osso numa boa,
em químicarmonia em meio
a tendões, tensões
junto ao tortuoso solo;
é rolo em cima de rolo
que só c'um bom bife
acebolado com dois olhos
[em cima] p'ra enxergar
a solução.

Pelo sim, pelo não
e o talvez, mais uma
vez alimento-me muito mais
de teus afagos, temperos
d'alma; pura energia vital;
primordial fator de saciedade
mental - elo entre o já dito
e psique - como num sopro
de paz, de forma plena, me satisfaz.

Que todo exagero seja beijo,
que toda gula seja desejo,
que atenuo em tua carne - tênua
linha entre o pueril e a febril
face da volúpia - macia como tudo
que aconchega; quente, como todo
verdadeiro ninho, todo berço
de carinho, todo lar de verdade:
sem culpa, sem dúvida, sem senão."
Felipe Sanches ( do excelente poesia de padaria)
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Rádio Plutão
na linha "entregando a idade" meets "as porcarias que a gente curte em segredo".
dá nisso. =)
 
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Flor e marimbondo

arte de duy huynh

Lá estava ela: os mesmos olhos e colar com pingente de flor. Ainda usava maria chiquinhas e cuspia marimbondos quando a vida pedia. E como passava os dias lendo o que ninguém lê, sua mente tempestiva - abarrotada de sentidos - às vezes não a deixava dormir. Ela trocava a cabeça pelos pés, cobria os olhos com cheiros, abraçava o elefante de pelúcia, virava água corrente de rio e nada. Permanecia acordada. Até que descobriu uma forma de aproveitar melhor aquele tempo inquieto. Nas noites de nãosono ela vestia uma capa florida que a fazia invisível aos olhos noturnos. E, invisível, ela invadia casas à procura de barulhos que pertubavam os preocupados, tristes e de sono leve. Vasculhava os cômodos e os arredores e fazia o silêncio do descanso imperar. Calava corujas, cessava o ronronar das geladeiras, fechava pingos de torneiras, segurava ponteiros de relógios e parava o bater das janelas com suas mãos pequeninas. E depois de limpar toda a perturbação do ar, se aproximava do já dormindo e deixava cair sobre ele palavras de nino. Caía inteira, perdia ela seu próprio corpo em quasecanto sussurrado para afastar os pensamentos ruins, os desagrados, as dores de alma que teimavam em sacudir o sono de quem estava ali. Depois da tarefa cumprida, leve também do seu pesar, voltava pra casa em passos mudos e deitava na cama tendo na capa o aconchego do melhor cobertor. E dormia. Só então dormia.
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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Palavra Roubada


Por uma vida mais Anti-heróica
"Não tomo jeito. Não amadureço. Não deixo de perder, nunca.
Deixar de me orgulhar é minha maior vocação.
Sinceridade degenerativa. É comigo mesmo.
Mas sou um bom moço. Desde que não me peçam nada.
Não que eu faça por mau gosto. Mas é que eu faço sempre errado.
Não por maldade. Talvez eu tenha Asperger. Ou seja um baita de um fresco.
Mas às vezes eu faço certinho, e até se orgulham de mim.
Expectativas, não as crie! Elas podem se virar contra você.
Cante uma música, duas, três… até ficar sem voz. Os fantasmas devem sumir. Ou cantar contigo.
Na hora do cansaço, procure um amigo, mas um “daqueles”.
Se não achar um amigo, encha um copo.
Se não achar um copo, arranje um travesseiro bem fofo e o aperte, desesperadamente.
Leia um gibi, bata uma punheta, coma uma caixa de doces. Procure briga na rua.
Olhe para a lua, para as estrelas, peça para que os OVNIS venham.
Grite: VAI TOMAR NO CU o mais alto que puder.
Daí você vê que o planeta Terra é o que tem pra hoje, e volta pra lá.
Daí você compra um relógio e uma agenda.
Daí você amarra os cadarços e abre a porta da garagem.
Daí você coça a cabeça e lembra o quão grande é o mundo.
E o tanto de coisas que ainda dá pra você tentar fazer antes de desistir.
E se não der certo? Foda-se. Foda-se mesmo.
Se for pra se agarrar num clichê, que seja o ‘ligue o foda-se e seja feliz”.
Não recomendo cautela, calma, serenidade nem nada. Recomendo que faça.
Se errar, foda-se. Se acertar, foda-se. Não tem jeito.
Por mais que fique rico, famoso, saudável e cheio e de seguidores no meu blog,
o fato mais cruel e inescapável é o de que eu vou morrer sozinho.
E você também.
Portanto, vivamos mais juntos, mesmo que errando pra caralho.
Não quero ser cobrado pela perfeição que querem me dar.
Quero ser sentido, abraçado e compartilhado. (grifo meu. !)
Se não gosta, não entende ou apenas julga, é mais fácil que apenas ignore.
Não sou um bom moço, mas não sou um vilão sanguinário.
Apenas assumir os pecados pra tentar pagar as indulgências para que
o dia-a-dia, lazarento por nascença, seja menos penoso."
André Oliveira (o link do blog dele tá ali ao lado)
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Por que amo a Fal
na rua, dando sequência... =)

"Senhora Helena
 Antes de tudo, vou pedir desculpas pela demora em respondê-la. Não peço desculpas de nada nem a ninguém, nem dou explicações sobre o que quer que seja a quem quer que seja. Não percebo porque alguém haveria de se interessar e já não disponho mais de pudores que me provoquem a necessidade de me desculpar por algo que tenha feito, dito, pensado ou desejado.
Há pessoas que pensam, provavelmente, que sou amargo. Que sou estranho. Que sou arrogante. As pessoas pensam o que querem, senhora Helena. Não me importo com elas. Sinceramente, não faço a mínima sobre o que passa na cabeça de qualquer pessoa desse mundo. Todos pensam muito sobre tudo, o que significa que não pensam nada sobre nada. A única pessoa a quem eu daria explicações, pediria desculpas ou coisa que o valha seria Beatriz. Mas me senti aqui tocado pela sua carta, veja só, a segunda que recebo da senhora em tão pouco tempo. Há anos não recebia nada, como já disse, e pela segunda vez recebi seu envelope verde, o que provocou em mim uma reação bastante curiosa. E é a essa reação que se deve minha demora em respondê-la.
Ao receber seu envelope verde, senhora Helena, não senti medo. Não, desta vez não senti nenhum medo. Ao contrário, senti uma enorme vontade de cantar. A senhora canta, senhora Helena? Eu não canto. Nunca cantei. Sou incapaz de emitir um arrulho sequer, ou mesmo um som gutural, ou mesmo de movimentar os lábios para qualquer lado com a pretensão de que deles saia uma melodia. Uma vez minha mãe fez uma competição em casa, senhora Helena. Éramos cinco irmãos, eu o mais velho, depois duas meninas, depois outros dois meninos. A competição consistia em cada um cantar a melodia que mais lhe agradasse e, pelo voto direto de todos, o que melhor desempenhasse a função de rouxinol-mirim ganharia um mês de sorvetes e uma semana sem fazer as lições de casa, que seriam realizadas por minha mãe. Evidente que meu pai não imaginava nada disso. Na minha vez de cantar, senhora Helena, emudeci. Minha boca ficou presa na forma de um “o”, e era impossível movimentá-la. Passei três dias assim, senhora Helena. Uma paralisia, que gerou muitas visitas médicas, cerca de quatrocentas injeções de um líquido amarelo em minhas nádegas e o pânico eterno de cantar. Esse pânico ainda se tornou maior e se transformou em vergonha já que meus irmãos, depois do fatídico, para mim, concurso caseiro, formaram um grupo vocal, agraciado em Viena como a maior revelação da música erudita na Europa. Desde então, não canto.
Sua carta, então, me deu vontade cantar. Sentei na escada do meu edifício, senhora Helena, respirei fundo e sem me dar conta do que fazia, me senti Charles Aznavour e cantei Que C´est Triste Venise. Cantei, senhora Helena! E os vizinhos abriram as portas, e mesmo assim eu não me sentia intimidado, e todos olhavam admirados, não sei se por alguma eventual qualidade musical ou pelo estranho fato de alguém como eu, segurando um envelope verde, cantar Que C´est Triste Venise, no hall, sentado na escada. Ao fim, senhora Helena, todos me aplaudiam. Me aplaudiam, com fervor. E ouvi alguém gritar “bravo”, e alguém me jogou flores do último andar. Eu era Aznavour, senhora Helena. Eu cantei. E foi a sua carta que me fez cantar. Mas fiquei sem entender porque Que C´est triste Venise. Nunca fui a Veneza. Mas subi, senhora Helena, em meio aos abraços efusivos dos vizinhos, e li a sua carta, e agradeço por querer me ajudar a encontrar Beatriz. Não creio, às vezes, que isso seja possível. Reencontrar Beatriz. Mas decidi algo. Vou a Veneza, senhora Helena.
Há anos não saio deste cubículo em que vivo, nem desta cidade. Vou tomar um trem, porque não tenho pressa, as pessoas sempre têm muita pressa e eu não tenho nenhuma. Não acredito em viagens de avião. Toda viagem tem de ser por terra, para que se perceba o deslocamento do tempo. Enfim, vou sair daqui e vou a Veneza. Talvez consiga entender porque surgiu em mim essa canção que fala de Veneza e de amor e de desamor.
Se me permitir, enviarei nova carta, contando algo. Não sei se lhe incomodarei.
Ia falando tanto de mim que quase me esqueço de algo que realmente me causou surpresa, talvez até estranhamento. Senhora Helena, eu lhe afirmo que nunca, jamais, enviei uma carta sequer em envelope cor de vinho. Não sou afeito a esses caprichos, senhora Helena. Meus envelopes, digo novamente, são como eu: sem cor. São sempre brancos. Completamente brancos. Não creio que seja daltônica. Mas nunca utilizei envelopes cor de vinho. Não compreendo. Não compreendo.
Outra coisa: me surpreende também a qualidade de sua escrita em francês. Pude deduzir que é brasileira, mas que lindo o seu modo de escrever em francês. Nem Blanchot o faria tão bem. Já viveu em França?
 Um abraço,
 H."
Fal Azevedo
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

historinha

era uma vez um homem barbudo e uma mulher dentuça.
o homem barbudo olhou para a mulher dentuça.
a mulher dentuça olhou para o homem barbudo.
eles disseram: "- opa."

fim
assim
=)
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Rádio Plutão
diz amém.

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Rádio Plutão
repete o que é bom.
=)

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Minicontos sobre a falta
os derradeiros, creio eu.
 
¨¨
A manhã de sexta era pra começar como de praxe: corpo dormido que acorda e vai cedo para o trabalho. Mas a noite anterior tinha sido desemplanada em som bom de Recife, dança pouca mas plena, cachaça baiana e tempestividades madrugueiras. Aí ele rompeu. Passou a manhã na cama e só saiu de casa para o almoço. A paisagem de fora era a mesma mas alguma sutileza provava que era não. O seco da grama, a copa das árvores, o reflexo dos carros e até mesmo o céu pareciam cobertos por uma camada espessa de mel. O sol intenso daquela hora trazia um tempero espalhado de que ele quase tinha esquecido que gostava. É que há ausências que são assim, de tão simples só se manifestam quando acabam. E só ali, diante dela, já finda, ele percebeu que sentia falta da cor do meio dia.
 
¨¨
Carregava por ele um amor declarado e um ódio secreto. E tentava de certa forma conter os dois. Quando perto, derretia melada, se esvaia em água e sua devoção até doía. Já pelas costas era a pior das inimigas - a silenciosa - que muito pensa e nada faz. Até fazer. O ódio era consequência das frases de farpa e da acidez que ela tinha em si. O amor vinha de todo o resto e era muito. Muito que era muito mas virava ar sem balão nas horas plenas de ausência. Parecia que ela só sabia amar na presença. Não sabia se lhe faltava crença nele ou crença ponto. Na verdade, nem sabia ao certo o que lhe faltava.
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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Terça rima com

momento de claridade, de duy huynh

a noite bem dormida, a oração na cama, as cigarras em trance cantante, o leite quente com mel, os melindres da CF, o batom quase no fim, a garganta arranhada, a bota, o céu com sol enfim, a lembrança boa do olho dele na claridade primeira, CCR no carro, a mesma cadeira, a dança dos dedos no teclado, a manga azedinha intervalesca, o feriado mudado, a imagem de duy e o trecho da anônima que não sai da cabeça.
 
"No sótão, outra vez. Ele não é minha casa. Não tenho mais casa nenhuma. Claro que a peça mobiliada que me foi tirada pelos bombardeios também não era minha. Ainda assim, ao longo de seis anos eu a preenchi com a atmosfera de minha vida e com meus livros e quadros e centenas de coisas que acumulamos em torno de nós. Minha estrela do mar do último verão pacífico em Norderney. A tapeçaria que Gerd me trouxe da Pérsia, o despertador amassado, fotos, cartas antigas, a cítara, minhas moedas de doze países, o tricô começado - todas as recordações, peles, cascas, sedimentos, os cálidos trastes dos anos vividos.
Agora que tudo se foi e só me resta uma mala de mão com roupas, me sinto nua e leve. Por não ter mais nada, tudo me pertence."
Anônima ( em "Anônima, uma mulher em Berlim")
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Tec tec
Que prático é o mundo interconectado. Uma beleza. Até a rede cair e você ficar mais de hora olhando pendências urgentes saltitando na sua mesa sem você poder fazer nada. A rede cai, a impressora fecha a boca e eu vou à loucura. Numa dessas, na ânsia de fazer os processos seguirem seu caminho sem mais atrasos, liguei para o depósito e perguntei ao responsável se eles não tinham uma máquina de escrever véia encoxtada (com x mesmo) por ali. Eu poderia datilografar (ói só que antigo) o que não precisasse de numeração do sistema e desenrolar metade do imbróglio. A resposta que eu recebi, em meio a risos, foi "tê tem, minha senhora, mas não funciona não". Bem, tentei.
Um colega de trabalho ouviu meu telefonema e me contou que tinha achado uma máquina de escrever em perfeitas condições na garagem do pai e levou a dita para casa para mostrar ao seu filho de 7 anos, que nunca tinha visto uma daquelas. Sem explicar nada, colocou o papel e saiu batendo as letras sonoras com gosto nostálgicobom de um passado distante. O filho, espantado, soltou um "UAU, pai! Que moderno esse teclado que já vem com impressora! E nem precisa de monitor!". Achei graça do comentário e pus-me a pensar sobre a questão do velho/novo, sobre os valores que atribuímos às coisas e pessoas tendo como base a idade que elas carregam. Nada de surpreendente não, tanto que nem vou postar aqui o que escrevi a respeito do trem. Mas sei que a historinha boba e o comentário do filho me trouxeram uma sensação boa, uma leveza. Acho bonito isso, a multiplicidade de interpretação e entendimento das coisas se manifestando assim, de forma tão simples e espontânea. E a riqueza desses possíveis e válidos olhares mil me fez sentir dentro de um caleidoscópio, sendo eu um quadradinho desse mosaico dinâmico. Bom fazer parte disso: desse rodar, desse mudar de cor... E embalada pelo quasetorpor levefrebril das mudanças também em mim, perdi o fio da meada e não sei mais como terminar esse textinho. Sorry. Fica assim sem fim. =). Um beijo e ótima segunda aos que passarem por aqui.
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Pra tudo na vida tem uma música do Chico
quanto chico é muito chico mesmo?
AMO.

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Por que eu amo a Fal
na rua, dando continuidade...

"Prezado senhor H., aqui estamos nós, mais uma vez.
Como vai?
Ontem cheguei em casa tão cansada, com tanto calor. Eu me sentia suja e um pouco alheia, como se esta vida não fosse minha e eu não estivesse realmente aqui.
O senhor já se sentiu assim? É uma sensação estranha e terrível, ainda que libertadora. Alcancei o prédio, venci o corredor, virei a chave na fechadura e meu coração quase parou. Antes mesmo de ter aberto a porta completamente, com o canto dos olhos vi uma sombra cor de vinho no chão. E soube que era o senhor. Ou melhor, a sua carta. Soube assim que a vi. Joguei minhas coisas no chão e apanhei o envelope. Olavo aproveitou meu susto para escapar, mas só notei isso vários minutos depois, quando o senhor Issamu, um senhorzinho aposentado que vive no apartamento 14, veio com o gato no colo, espantado por ver minha porta aberta, por ver minhas coisas espalhadas, chave para fora da fechadura e eu, um joelho no chão, lendo sua carta completamente esquecida de tudo o mais.
O senhor me pergunta se eu sei o que é sentir medo. Claro que sei. Foi o que eu senti ao ver sua carta esperando por mim no chão. Não resisti a agir como uma maluca e rasguei o envelope imediatamente, com medo. Muito medo.
Mas o senhor, agindo muito além de minhas expectativas, não apenas respondeu à minha carta, como não me censurou. Pelo que me sinto grata e aliviada.
Ontem foi um dia terrível no trabalho. Muitos gritos, muita confusão, longas horas de pé. E poder chegar em casa e ler uma carta escrita especialmente para mim foi um prazer. Gostei de ter esse breve vislumbre sobre seu cotidiano. Temos algo em comum: apesar de trabalhar cercada de muitas, muitas pessoas, passo o dia todo em silêncio. Quando chego ao trabalho, a equipe já está envolvida em seus afazeres (o escritor carioca-mineiro Eduardo Almeida Reis os chama de ‘quifazeres’) e fico num lugar separado do resto do pessoal. É certo que há um entra e sai constante no meu canto de trabalho, mas estamos todos ocupados demais para o que quer que seja, mesmo acenos de cabeça e um eventual “Oi, tá boa?”. E, quando saio, uma nova equipe ainda trabalha frenética, ocupadíssima, não há despedidas e nem “Bom descanso”. Também por isso, sua carta foi quase uma voz falando comigo no apartamento vazio.
Depois de ler suas palavras uma vez, levantei-me do chão, ralhei com o gatinho, recolhi minhas coisas, coloquei uma lasanha pronta no micro-ondas e tomei banho. Depois jantei, vi televisão e li sua carta mais duas ou três vezes antes de dormir. Dormi bem, sem sonhos e, como hoje não fui trabalhar, acordei mais tarde do que de costume e agora respondo sua carta, que vai para o correio logo mais. Gostei imenso da imagem que o senhor usou, dizendo que ao acordar, encontrou meu envelope de olhos abertos.
Sinto muito que meu envelope verde o tenha feito chorar. Sinto, realmente. E mais, sinto muito que o senhor não consiga alcançar sua Beatriz. É uma pena. Há algo que eu possa fazer? Alguém que eu possa procurar?
Os dias aqui seguem sufocantes e terrivelmente longos. Espero que o frio aí esteja terrível, paralisante.
Receba meu abraço,
Helena Nucci

P.S. Senhor H., seus envelopes são sempre cor de vinho. Sempre. Será que sou daltônica? Existem mulheres daltônicas? Não sei. Amanhã farei uma experiência e depois conto o resultado. Mas aqui, na minha mão, salvo engano muito profundo, há um envelope cor de vinho, com sua letra pequena e regular, seu endereço e o meu. O senhor me diz que compra envelopes brancos, sempre na mesma quantidade, sempre no mesmo lugar, e acredito no senhor. Mas os envelopes que me chegam às mãos são cor de vinho. Creia.
Até já.
H."
Fal Azevedo
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