temos medo, muito medo, da morte. Mas tememos ainda mais a vida. Ah, essa merda de vida… “Viver é perigoso, seu moço!”, avisa o jagunço Riobaldo em “Grande Sertão Veredas”. Por isso, para escapar do perigo, recorremos ao queijo branco, à vidente, ao pilates, à cabala light da Madonna, ao ansiolítico, às cercas elétricas, ao Dr. Hollywood, ao brócolis.

queremos, enfim, viver “em segurança”.

ora, não há como blindar a vida, seu moço. Quer segurança? Estoure os miolos com um balaço de espingarda ou se jogue do décimo andar de um prédio e “descanse em paz”.

afinal, só os mortos não correm riscos. Seres em movimento, com contas para pagar, filhos para criar e uma existência inteira para suportar, estão sempre sujeitos ao imponderável. “Vai que…”

esse desejo contemporâneo de viver mais e melhor, com “saúde total” e “alma lavada”, não combina com a nossa vontade louca de simplesmente viver. Jimi Hendrix e Janis Joplin viveram apenas 27 anos. Mas, acredito eu, devem ter vivido intensamente. Não tentaram “enganar” a vida com Light Shake.

como você, temo o câncer, temo a bala perdida, temo a fralda geriátrica, temo a morte. Minha grande dúvida é: será que vale a pena “pisar no freio”, abrir mão das coisas gostosas e arriscadas e viver 100 anos?

e se lá na frente eu descobrir que, para escapar do perigo, eu parei de viver aos 20?"

Marcos Guinoza
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Rádio Plutão
canta o texto do guinoza


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Rádio Plutão 2
em deleite


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