segunda-feira, 12 de julho de 2010

Palavra Roubada

"as moças e os maridos das moças
Há muitos e muitos anos, o marido de uma amiga começou a ter um caso. Um não, vários casos. Com várias moças diferentes. A coisa era pública e notória. Eu não era confidente do cara, sejamos francos, eu não era nem amiga do cara, e eu via com clareza o que estava acontecendo, então era de se esperar que a mulher do cara também visse e soubesse. Mas ela não via e nem sabia.Mais ou menos um ano depois, quando a coisa explodiu, ela me perguntou se eu sabia. E eu disse que sim, que eu sabia. E ela ficou profundamente magoada. Com o fato deu saber e não dizer. Somos amigas até hoje, muito, muito amigas, mas essa sombra ficou. Eu sabia que havia alguma coisa errada e não disse.Muitos e muitos anos depois, conheci outra moça. Foi assim, daquelas amizades fulminantes. Ela me lembrava tanto o meu irmão, na risada, no humor, na graças, que me comovia. A vida pessoal dela não era lá essas coisas. E ela, um belo dia, pediu minha opinião sincera. Eu me espantei e mandei uma daquelas frases do 'olha, veja bem'. Mas a moça insistiu. Quero sua opinião sincera. E eu, assombrada ainda pela minha total falta de sinceridade com a outra amiga, vaidosa pro ter minha opinião pedida, animada com essa nova e tão (hahaha) sólida amizade, embuída de meu novo papel de amiga-que-diz-a-verdade, falei. Falei. Falei todas as vezes que fui perguntada. Não revelei nada incrível, não descobri a pólvora, não revelei códigos nucleares, nada. Tudo, tudo mesmo o que eu falei, a menina tá careca de saber e de dizer ela mesma.Magoada, decepcionada e (são quase 15 anos de divã, eu não posso fingir que não percebo) incomodada com as... hum, 'coisas que batiam', ela se afastou. Mil desculpas, de problemas com horários a incompatibilidades religiosas. Mas eu sei e ela sabe o que aconteceu. Ela pediu sinceridade, eu cai nessa esparrela (a vaidade é a mãe de todos os problemas da face da Terra) e a magoei. Nossa amizade não era assim tão sólida. Dai que eu quase perdi uma amiga porque não falei (certeza mais que absoluta, a amizade com a primeira amiga só não acabou porque era sólida demais, não fosse, teria acabado sim) e perdi a amiga porque falei. Eis um belo dia, olho desesperada para o bocal do telefone, outra criatura que ligou para saber minha opinião. Não dei minha opinião sincera. E nem fiquei muda fingindo que não estava acontecendo nada. Disse que isso era uma questão íntima, absolutamente íntima e que nada e nem opinião nenhuma minha, substituiria o que ela sente, o que ela vive, o que ela quer e que preços ela está ou não disposta a pagar. Mais Suíça impossivel. Fui delicada, fui gentil, fui calorosa e fui meiga. Resultado? Duas semanas depois a moça me liga para dizer que na hora em que ela mais precisou, eu não dei minha opinião. Não disse nem sim e nem não. Magoadíssima, parou de falar comigo. Faz o que, uns 4 ou 5 meses.
A vida não é para amadores. Ou seja, eu não sirvo presse negócio."

Fal Azevedo
Nem eu, Fal, nem eu. A inadequação te morde de um lado ou de outro.É abominavelmente ridículo. E já que a galera se assusta com o quer mesmo, boto fé é na verdade na cara...com jeitinho... mas preparada pra sinceridade não ser apreciada. Fazer o quê? =)

Um comentário:

  1. 00 horas e 30 minutos do dia 13 de julho de 2010. O rock mundial tomou emprestado para si o “Dia intergalactical de Iza Cosenza”.

    Pessoinha difusa essa hein?!?!?! Não no sentido negativo da palavra, mas no seu sentido difuso mesmo.

    Quem é Iza? Bela? Apenas Maíza? Só sei que não existe descrição única. Afinal, como descrever contrastes e paradoxos com uma palavra única? Até porque ela não conhece “palavra única”. Só sabe conjugar se forem várias. Dá preferência se forem ao mesmo tempo e com sentidos opostos. Haja duvidas... Também pudera, ela se alimenta de dúvidas. Tirem tudo dela, exceto suas dúvidas.

    Sua marca registrada é seu cabelo cacheado, que nada mais é do que o resultado das curvas e voltas que acontecem em seus pensamentos. Leveza; dureza; temperos; alegrias; simplicidade; descontração; despreocupação; crueldade... Tudo junto e certamente todos carregados com doses cavalares de sinceridade e transparência desconcertantes.

    Maíza das chapadas e cachoeiras; Maíza da sinuca. Poizé; Maíza de Margot e de Mela; Maíza do MFaz. Você faz a diferença por onde passa... Mas você não passa. Você nunca passa, porque você não tem cura.

    Que sejamos todos obrigados a conviver com todos os seus graciosos lados. Obrigados (em nome de todos que te conhecem).

    E parabéns ao rock pelo dia que escolheu. Parabéns para você.

    Jeann e Bela

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