segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pequenez
"E — como uma caixa dentro de um caixa — entre os menores pigmeus do mundo estava o menor dos menores pigmeus do mundo, obedecendo talvez à necessidade que às vezes a Natureza tem de exceder a si própria.Entre mosquitos e árvores mornas de umidade, entre as folhas ricas do verde mais preguiçoso, Marcel Pretre defrontou-se com uma mulher de quarenta e cinco centímetros, madura, negra, calada. (...)
Nos tépidos humores silvestres, que arredondam cedo as frutas e lhes dão uma quase intolerável doçura ao paladar, ela estava grávida.Ali em pé estava, portanto, a menor mulher do mundo. Por um instante, no zumbido do calor, foi como se o francês tivesse inesperadamente chegado à conclusão última. Na certa, apenas por não ser louco, é que sua alma não desvairou nem perdeu os limites. Sentindo necessidade imediata de ordem, e dar nome ao que existe, apelidou-a de Pequena Flor. (...)
Foi, pois, assim que o explorador descobriu, toda em pé e a seus pés, a coisa humana menor que existe. Seu coração bateu porque esmeralda nenhuma é tão rara. Nem os ensinamentos dos sábios da Índia são tão raros. Nem o homem mais rico do mundo já pôs olhos sobre tanta estranha graça. Ali estava uma mulher que a gulodice do mais fino sonho jamais pudera imaginar. Foi então que o explorador disse, timidamente e com uma delicadeza de sentimentos de que sua esposa jamais o julgaria capaz:

— Você é Pequena Flor."
Clarice Lispector
( leia "A menor mulher do mundo" na íntegra no http://claricelispector.blogspot.com/2008/04/menor-mulher-do-mundo.html )
..............................................................................
Grupo Corpo. Ímã.
Quanta centena de corpo ali sentado descolado do corpo e aglomerado no palco. No palco, tanto corpo passeia por cores e ritmos. Tanto contido e gritado no corpo expressado. No meu corpo, tanto sendo feito. No meu corpo, tanto por fazer. Um santo querido diz que se não fosse mulher seria brinco. Sim,sim. E eu se não fosse matéria queria ser dança. Pra brincar.

2 comentários:

  1. Aquele sábado...,iniciado tão deliciosamente tão cedo, vai ficar PARA SEMPRE na memória.
    E agora registrado pelas palavras coloridas de poetIZA. Que maravilha.

    Sábado curado da febre da tarde, pronto para ser curtido, sendo uma noite com um final de prosa na serra. Perfeito.

    Imã: cola mim, que eu colo na faixa, que a vida cola em suas cores. E assim vai o círculo da vida.

    bisous

    ResponderExcluir
  2. coquine...recadinho mais poético...lindo... =)
    sim,sim.o sábado foi espontâneo e descomplicado, como tudo deveria ser.Almoço de minuto,tarde de morgação,café com miudezas sobre a mesa,ímã e serra de prosa... tudo isso em companhia mais que excelente!
    vida longa ao círculo da vida
    vida longa ao amor que está em tudo
    E,mais uma vez,obrigada pelo branco da sua cor...
    beijo grande!

    ResponderExcluir