quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Ela

a concretude colorida do som
(foto tirada em cantoria sem-par em uberlândia, 2011)

Eu e a música. Se já fomos próximas a vida toda, agora estamos ainda mais perto uma da outra. Eu, que nunca havia tocado instrumento algum, e ela, que dispensa qualquer oração subordinada adjetiva explicativa. Eu e a música. Na semana passada tivemos nosso primeiro encontro formal: sala, alunos colegas, professor e aquela excitação boa da chegada do novo. Há anos eu já tinha escolhido meu instrumento de preferência, por motivos tantos e tão certos e tão simples e tão meus que nem me proponho a compartilhar. Seria desnecessário. E agora me vejo com o pandeiro na mão. Através dele me entrego mais ao que a música é para mim. Pratico sozinha/com ele os dois toques que aprendi. Eu mais acerto que erro e mesmo assim mal tiro som dali. E já adoro. Adoro. Vejo nesse quasesom o esboço do que se pinta, a ideia antes do que se escreve ou qualquer manifestação primeira do que se cria. Sinto nele e ouço dele a simplicidade do querer criar. Sinto poesia nesse quasesom.
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Baú
escrito em março/2010

 Som
Já não dava mais.Uma hora iria acontecer. E a madrugada de hoje disse que era hora. Dias extremamente agitados têm me consumido. Não de um jeito ruim. Muito trabalho. Trabalho, malhação, saidelas, muito cansaço. Cansaço feliz. Reclamo não...me sinto mais viva. O problema é que não sobra espaço para a palavra. Aquele tempo quase que diário sumiu da minha rotina. Aí a madrugada vem e me sacode. Faz a hora pra que eu faça o que preciso fazer. Necessidade. Rio e olho feio pra essa necessidade. Anyways, ontem fomos ao clube do choro. Quatro virados pro palco. Pouca prosa e muita música. Fiquei ali entorpecida pelo som bom de chorinhos mil. Êxtase que teve em mim um efeito chuva de brocal azul. Mexe comigo o tocar de um instrumento com gosto.Queria sentir esse deleite em mim. Meses atrás, falei pra um amigo que vou aprender a tocar algo assim que passar em um concurso melhor. Ele riu. Me chamou de Izaboba. Disse que eu já tocava. Disse que meu instrumento é a palavra. Talvez seja, não sei. Penso se junto comigo agora muitos tantos também acordaram para dedilhar o violão, a flauta, o cavaquinho. Dedos que não se controlam diante da força da necessidade. Necessidade que, se não satisfeita, te transforma em um ser incompleto. Quase infeliz. Talvez meu instrumento seja mesmo a palavra. E eu a toco com os dedos infantis de quem não sabe o que faz, mas faz mesmo assim. Torpor feliztriste, esse o da palavra. Palavra instrumento. Mas mesmo se for, nada me impede de tocar outro que seja aprendido. Vai ser um pandeiro. E nele vou escrever palavrinhas de uma noite insone... e nele vou viver o novo combinado com o conhecido... e nele vou sentir a palavra em apagar gradativo... e nele vou virar som. Completude.

" E eu corri pra o violão num lamento
E a manhã nasceu azul
Como é bom poder tocar um instrumento."
Caetano Veloso
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Rádio Plutão
toca suzano. =)

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2 comentários:

  1. uma escapulida do estudo e passei aqui...HD morrido trocado é = a mais textos no blog.hihi. seus textos são como vc, de uma boniteza e leveza...gosto muito.bjos!

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  2. ai, paulinha... que alegria boa você aí e aqui ao mesmo tempo. agradeço mil vezes. =)
    força aí nos estudos, queridinha!

    beijodocindocin procê!

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