terça-feira, 18 de setembro de 2012

Hã, Biloute?
¨¨ HD morrido foi trocado e a vida volta ao meu vazio, desarquivado, desenpastado notebook. iêi.
¨¨ Ele, nascido e crescido no cerrado, me disse hoje de manhã que daqui até chover vai ser assim: um dia mais quente do ano por semana. O lado ruim? Malhar na hora do almoço está, sendo modesta na escolha do adjetivo, insalubre. O lado bom? Seguir a linha "sete dias da semana, sete vestidos diferentes". Meu lado mulherzinha sorri feliz, obrigada. =).
¨¨ Lembro com saudades daqueles idos tempos em que uma noite virada (por insônia, doença, escrita, folia ou puro melindre) não fazia nem cosquinhas e no dia seguinte eu estava zerada. Doces tempos. Que bom que bem aproveitei. Porque agora, minha gente, ai, melhor nem entrar em detalhes.
¨¨ Todos caminhos levam a Cortázar.
¨¨ Quanto mais a vida me vem, mais repito que TUDO depende do propósito da empreitada. E não sou eu que sou repetitiva (bem, talvez.), a vida é que "adora uma repetição". (citando o Chico, de novo, vejam bem.)
¨¨ Cinema yeah. "360" yeah. O bom e véi porquelenãofoiobond? Anthony Hopkins yeah.
¨¨ Sei que não é lá muito bonito se sentir melhor por causa do inferno alheio, mas às vezes funciona assim e ponto. Conheci um cara que torceu o pulso há semana da prova. Uma semana. Uma semana. Eu ali toda chiliquenta por causa da quantidade ridícula de matéria para revisar e o cara usando seu último suspiro de tempo para treinar preencher gabarito e desenhar números com a mão esquerda. É nessa hora que a gente respira aliviado e diz para si "póprio": tá tudo bem,  tá tudo bem...
¨¨ Blogger não tá me deixando responder comentários no MEU blog. Ói que bonito.
¨¨ Tenho vizinhos barulhentos. Todo dia, por volta das 5 da matina, eles me acordam com sua algazarra festiva. É uma cantoria sem fim. Bem te vi, João de Barro, o marronzinho que grita picado, aquele minimalista que é cinza xôxo do bico laranjado e faz um despretensioso "piu" e outros não claramente identificados. Tenho vizinhos barulhentos. E não reclamo. =).
¨¨ Em passeio dia desses, uma criança pequenina me perguntou "é de verdade?", apontando para a Srta Margot. Respondi que sim e ele passou a mão nela com o olho maravilhado de quem está diante do bicho de pelúcia vivo. Uma gana de cachorro ponto. Ela volta para a casa da Donelza no sábado. =(.
¨¨ Terça boa a todos. =).
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C de Cortázar
" Nesse tempo ainda não falávamos muito de Rocamadour; o prazer era egoísta e nos encontrava gemendo no seu estreito objetivo, amarrando-nos com sua mão cheia de sal. Cheguei a aceitar a desordem da Maga como condição natural de cada instante. Passávamos  da evocação de Rocamadour a um prato de macarrão requentado, misturando vinho, cerveja e limonada, descendo à rua para que a velha da esquina nos abrisse duas dúzias de ostras, tocando no piano descascado de Mme. Noguet melodias de Shubert e prelúdios de Bach, ou tolerando Porgy and Bess com bifes grelhados e pepinos salgados. A desordem em que vivíamos, ou seja, aquela ordem em que um bidê se via convertido, por ordem natural e paulatina, em discoteca e arquivo de correspondência ainda por responder, parecia-me uma disciplina necessária, ainda que eu não desejasse dizê-lo à Maga. Eu depressa compreendera que não se podia apresentar a realidade à Maga em termos metódicos: o elogio da desordem tê-la-ia escandalizado tanto quanto a sua denúncia. Para ela não havia desordem, uma coisa que descobri no mesmo momento em que travei conhecimento com o conteúdo da sua bolsa, enquanto eu, por meu lado aceitava essa desordem e até a favorecia, depois de tê-la identificado; de resto, as minhas relações com quase todas as pessoas sofriam dessas mesmas desvantagens. Quantas vezes, deitado sobre uma cama que não era arrumada havia muitos dias, ouvindo a Maga chorar porque no metrô uma criança lhe trouxera a lembrança de Rocamadour, ou vendo-a pentear-se depois de ter passado toda a tarde diante diante de um retrato de Leonor de Aquitânia, morta de vontade de parecer-se com ela, ocorria-me, como uma espécie de arroto mental, que a todo esse abc da minha vida era uma penosa estupidez por se limitar a um mero movimento dialético, na eleição de uma inconduta em vez de uma conduta, de uma indecência módica em vez de uma decência gregária. A Maga penteava-se, despenteava-se, voltava a pentear-se. Pensava em Rocamadour, cantava algo de Hugo Wolfe (mal), beijava-me, perguntava-me o que eu achava de seu penteado, começava subitamente a desenhar num pedaço de papel amarelo... e isso tudo era ela, indissoluvelmente, enquanto eu, numa cama deliberadamente suja, bebendo uma cerveja deliberadamente morna, era sempre eu e a minha vida, eu com a minha vida diante da vida dos outros."
Julio Cortázar
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Rádio Plutão
 ama. as duas.


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