domingo, 22 de junho de 2025

Trecho esparso sobre o amor 

Ela imprimiu o silêncio. Jogou para o campo do inexistente o que viria, como se ele assim passasse de fato a inexistir. Mas não se calou no todo. Falou e cantou e riu sobre coisas outras da vida mostrando estar bem, confortável naquele hiato criado. E eu, que sou por demais galgada na fala, na palavra, guardei o silêncio no engasgo da garganta e fiz o que podia: respeitei. Não cabe a mim invadir o que nela nem é.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

Nada frágil 

Fala. Olha e fala. Se coloca, alinha essa estradinha aparentemente torta. Desenha seu querer em letra, seja pela boca ou pela caneta. Fala, tenta, é mais de boa do que você pensa. Descasca seus medos, joga seus sins. Usa sua voz, banca seus nãos. Um não bem bancado é mais que revolucionário. Fala. Põe seu azulejo colorido no meio do chão de cimento batido e vê o que acontece. Fala. Ou cala, vai, se preferir assim. O silêncio também é bonito do seu jeito, no seu claro imperfeito. O silêncio é vasto, morada de nós imaginários e espaços nada gastos. Então cala. Calar é mais regra que rebedia.

E, no fim do dia, 

até o que cala

fala

na pequena poesia