Hoje parei o carro para assistir a uma chuva de mangas, yeap, mangas, cortesia da forte ventania que passou pelo norte da asa. O som imponente do vento, o som estalado de cada queda, os galhos chacoalhantes, as folhas voando em polvorosa, um espetáculo, diária. Me peguei pensando na energia que te conecta com essa linha de evento. Me peguei pensando em como há momentos em que temos energia limitada pro contato com outros e nosso todo parece voltado mais pra dentro e pra pequenez ao redor. E não é por que você está melancólica, triste, depressiva, respirando um grande incômodo ou incômodos diminutos que brincam de montinho, coisas que demandam alguma reclusão. Nada disso. Você só está mais quieta, meio distraída, quase dispersa. Dorme-se bem, há bom humor, a vida segue bem. Mas você não quer responder mensagens pendentes, essas sim brincam de montinho, nem chamar para um boteco aquela amiga que disse Me chama que eu vou (oi, Édouard) nem cair no axé da comemoração de aniversário da pessoa querida nem buscar contatinho para um date. Você até que ensaia, diz Vamos, compra ingresso, cogita a possibilidade, mas não. Você nem marca ou farrapa os marcados. E não é caso de descaso ou desconsideração, é só seu corpo e mente em outro lugar, em frequência outra. Pacata você. Vai pra academia tranquilona, joga jogos cazcria, desenrola os pormenores do dia a dia, lê FELIZ, escreve, vai ao Cine Brasília sozinha essa delícia, encontra uma ou outra amiga, assiste um trenzinho bobo no streaming, faz nada, nada. E é issaê. Mas sei bem que "tudo que é muito é demais" e um sacode necessário me aguarda ali, virando a esquina, no provável amanhã. Penso nisso quando ele chegar. Até lá só quero o aqui macio. Repleto de nadas e nada prováveis chuvas de manga.
terça-feira, 30 de dezembro de 2025
Diária, meu bem, que dia da semana é hoje?
Jogo o travesseiro maior no pé da cama e deito assim pra ler por que quero ficar de frente pra janela. Só que fica meio escuro, o livro bloqueia a pouca luz natural que vem lá de fora nessa tarde nublada. Ou deito no sentido oposto, a.k.a "o certo" bem entre aspas, ou acendo a luz. Aí que dispenso solenemente as duas possibilidades e sento para escrever. Mas foi só pegar o Cícero, sim o caderninho novo tem nome, e o lance pensado escorreu como água de bica de fazenda que corre para se misturar a outros temas dentro da bacia que mora ali. Troco a cor da caneta? Corto rentes as unhas das mãos? Faço um chá de gengibre com limão? Deito um tempo no chão com a Margot? O que mais faço quando quero organizar o pensamento? Vou de chá.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário