"quero te dizer nenhum segredo"
*A biblioteca da meia-noite. A história é interessante, o livro foi bem escrito, mas me peguei, página a página, esperando por um sobressalto, uma pausa forçada que não chegou. Aquela frase, aquele parágrafo que te faz fechar o livro pra respirar. E você volta e relê o trecho dez vezes e copia no caderninho e fica se perguntando, maravilhada, como alguém escreveu AQUILO (pausa) DAQUELE JEITO (pausa). O lance não é a história, é quem conta a história. Isso faz toda a diferença. Aí sinto que sou tão bem acostumada à maestria poética de Fal Azevedo, Carla Madeira, Ana Suy (conta outra linha de história, mas entra lindamente no time), entre outras, que espero a delícia e o impacto do dito susto. Terminei "A biblioteca.." como quem come um pacote rosa de pipoca sem achar uma doce sequer. Mas, enfim, é um livro válido. A história é boa.
*Assistir à série "Adolescência" enquanto se lê "A vontade de mudar" da bell hooks abre pauta para dez sessões de terapia. Pra começar.
*Responsabilidade afetiva. É bonito na teoria e difícil pra cacete na prática. Requer uma escolha minuciosa das palavras, do tom da prosa. Requer ensaio. Requer lidar com taquicardia e mãos ridiculamente geladas para soltar um "queria te falar sobre como me senti ontem à noite" e seguir dizendo que não há interesse da sua parte, dando a real sem esquinas nem vãos. Difícil pra cacete. Mas aí o outro te escuta, se coloca, diz que tá tudo bem e te agradece pela sinceridade. Ói p'cê vê. No fim das contas, responsabilidade afetiva é bonito na teoria e na prática. Erasmo Carlos sempre soube: gente certa é gente aberta.
*"O pior é o que eu não contei" me fez gargalhar.
*Os filhos de mim abominam carnaval mas são dois ratos de biblioteca, graças às deusatudo. André veio me mostrar esse livro que pegou sobre um E.T. e contei pra ele que aquela era a história de um filme que eu havia assistido quando pitica, quando tinha a idade dele. Ele me olhou incrédulo. rs. Aí lá fomos nós três assistir ao "E.T. o extraterrestre" juntinhos e, putz, foi tão gostoso que dá pra escrever um livro sobre.
*Olha, se sentir incomodada e não ter que fingir que tá tudo bem é altamente libertador. Recomendo. Ainda que rolem cabeças. Ainda que seja a sua. Vale demais da conta.
*Põe um sorriso na minha cara. Nada não, só cantando. =)