segunda-feira, 31 de março de 2025

"quero te dizer nenhum segredo"

*A biblioteca da meia-noite. A história é interessante, o livro foi bem escrito, mas me peguei, página a página, esperando por um sobressalto, uma pausa forçada que não chegou. Aquela frase, aquele parágrafo que te faz fechar o livro pra respirar. E você volta e relê o trecho dez vezes e copia no caderninho e fica se perguntando, maravilhada, como alguém escreveu AQUILO (pausa) DAQUELE JEITO (pausa). O lance não é a história, é quem conta a história. Isso faz toda a diferença. Aí sinto que sou tão bem acostumada à maestria poética de Fal Azevedo, Carla Madeira, Ana Suy (conta outra linha de história, mas entra lindamente no time), entre outras, que espero a delícia e o impacto do dito susto. Terminei "A biblioteca.." como quem come um pacote rosa de pipoca sem achar uma doce sequer. Mas, enfim, é um livro válido. A história é boa.

*Assistir à série "Adolescência" enquanto se lê "A vontade de mudar" da bell hooks abre pauta para dez sessões de terapia. Pra começar.

*Responsabilidade afetiva. É bonito na teoria e difícil pra cacete na prática. Requer uma escolha minuciosa das palavras, do tom da prosa. Requer ensaio. Requer lidar com taquicardia e mãos ridiculamente geladas para soltar um "queria te falar sobre como me senti ontem à noite" e seguir dizendo que não há interesse da sua parte, dando a real sem esquinas nem vãos. Difícil pra cacete. Mas aí o outro te escuta, se coloca, diz que tá tudo bem e te agradece pela sinceridade. Ói p'cê vê. No fim das contas, responsabilidade afetiva é bonito na teoria e na prática. Erasmo Carlos sempre soube: gente certa é gente aberta.

*"O pior é o que eu não contei" me fez gargalhar.

*Os filhos de mim abominam carnaval mas são dois ratos de biblioteca, graças às deusatudo. André veio me mostrar esse livro que pegou sobre um E.T. e contei pra ele que aquela era a história de um filme que eu havia assistido quando pitica, quando tinha a idade dele. Ele me olhou incrédulo. rs. Aí lá fomos nós três assistir ao "E.T. o extraterrestre" juntinhos e, putz, foi tão gostoso que dá pra escrever um livro sobre.

*Olha, se sentir incomodada e não ter que fingir que tá tudo bem é altamente libertador. Recomendo. Ainda que rolem cabeças. Ainda que seja a sua. Vale demais da conta.

*Põe um sorriso na minha cara. Nada não, só cantando. =)


sexta-feira, 28 de março de 2025

 Rádio Plutão 

morando no repeat 



quarta-feira, 26 de março de 2025

Acorde

Trouxe pouca coisa além da lembrança. A roupa do corpo, celular no bolso e chaves de lugar nenhum. Abriu sorrisos - um com algum pesar -, falou de alívios e da textura atrativa da falta de chão. Ele ali, pisando onde eu já pisei. Eu ali, escutando tranquila, como casa aberta de frente pra praça. Ali, os dois desatados de nós ouvindo de fundo a sonora nova de quem mudou de direção. Outras trilhas. E nos despedimos bem, cada um seguindo a sua.

Um Lá. Um Lá Bemol.

segunda-feira, 24 de março de 2025

(escrito há 1 ano, em 25/03/2024)

Meu pai morreu. Encerrei a ligação, dei a notícia a minha mãe e continuei a trabalhar, mas não me lembro de uma linha do que fiz. Avisei meu chefe e quem mais eu quis avisar, fechei a porta e apaguei por quase 3 horas. Acordei esquisita, meio seca, perdida. E perdida tive um tempo ali antes de buscar os meninos na escola. Meu pai morreu. Meu pai morreu e não posso discorrer sobre o quanto eu o achava admirável, dizer que nossa experiência juntos foi incrível. Não, essa não é a nossa história. E precisei chegar a idade adulta para entender que meu pai era um "homem do seu tempo" e entender o quanto desafiador deveria ser para ele ter uma filha como eu, que não via sentido algum nas atitudes típicas de um "homem do seu tempo". O que ele conhecia como relação era pra mim inaceitável, desrespeitoso; e o que eu propunha como relação era pra ele inaceitável, desrespeitoso. E assim passamos a vida, patinando no terreno do conflituoso ou indiferente. Sei que ele me amava e por vezes soube do meu amor por ele, mas a gente achava pouca brecha pra trazer esse amor para a prática. Com a chegada da demência, há alguns anos, comecei a demonstrar um ou outro afeto e ele também. Meu pai morreu. Meu pai morreu e tenho pra mim que fizemos nosso melhor, ainda que tenha sido pouco, ainda que pareça pouco. Meu pai morreu e eu que sou de gritar por ajuda e sofrer junto quero ouvir nada, dizer nada. Quero ficar quieta para tentar dar nome para o que sinto sem ser rasa, afoita, e chamar de "uma tristeza enorme" porque é outra coisa que não isso. Meu pai morreu e me escapa a palavra. E, de alguma forma, eu me escapo também. E sinto muitíssimo. 

domingo, 23 de março de 2025

Parecia brincadeira e meio que era. Ela passeava tranquila pelo corpo dele: as pontas, os meios, os pedaços óbvios, os cantos escondidos e intocados. Sem pressa. Sem pressa, mas não em silêncio. Ia contando coisas bobas, aleatórias, pelas quais sua pele já tinha passado. Contou da sensação da rocha quente no corpo gelado e molhado de cachoeira. Contou da gengiva que recebeu de volta dois dentes de leite numa queda. Contou da borda dos olhos que parecia sumir a menos 17° celsius. Tudo isso enquanto espalhava dedos, nariz, boca, língua, queixo pelo todo dele. Sem pressa. Até que chegou na tatuagem do braço e cravou os dentes com alguma força. Ele quicou assustado, susto bom, e se entregou em riso a aquele relaxado tenso. E ela também. Se entregou.

segunda-feira, 17 de março de 2025

 Por que eu amo a Fal

sábado, 15 de março de 2025

Retórica 

e se for isso? esse todo?


Nada leve

Faz bem umas duas décadas que eu digo basicamente a mesma coisa a cada brinde: saúde e leveza. Mas confesso que já há algum tempo a segunda palavra me sai meio que agarrada na garganta. Não pelo que eu quero que ela signifique, mas pelo que muitas vezes ela representa de fato. Uma quase máscara com outro significado escondido por detrás. Comecei a me tocar disso em um passado já passado (ufa), em um movimento de retomada de protagonismo no "meu vidinha" (idiossincrasia). Lá estava eu caindo no mesmo buraco de sobrecarga : trabalho + logística doméstica + cuidado com os filhos, me responsabilizando praticamente sozinha por um conjunto de coisas que deveriam ser compartilhadas. E, já desperta e consciente, manifestava constantemente meu desagrado e indignação diante daquela disparidade. Aí veio a pérola: o problema não era a situação em si, mas a minha "falta de leveza". Eu deveria viver daquele jeito, nadando na merda (perdoe meu francês), sem reclamar nem exigir mudanças. A "leveza" era estar agradável ao outro, independentemente de como eu realmente me sentia. Bacana, né?. Então que dia desses falava eu sobre incômodos latejantes com outra pessoa quando ela me interrompeu e disse: "Calma, Iza. Vamos manter um tom leve!". Taí, de novo, esse mesmo sentido distorcido. Na boa, se for para encarar a leveza assim, como mansidão incondicional, eu a dispenso de pronto. Pra vida. Não quero ser leve. Quero ser a expressão genuína dessa paleta variada de sentimentos que fazem parte do existir, inclusive incômodo, raiva, indignação, tristeza, irritação e por aí vai. E que minha voz e atitudes sejam o reflexo PLENO desses sentires, os meus sentires todos. Porque leveza para mim é estar conectada comigo mesma e ser sincera em relação ao que eu penso e sinto, sem que o outro seja a baliza avaliadora e limitante da minha fala. Para mim leveza não é mansidão , é plenitude.

Saúde e plenitude. Tim tim.


quarta-feira, 12 de março de 2025

segunda-feira, 10 de março de 2025

Miniconto sobre a falta

Ela sentiu nada. Percebeu a presença dele e continuou descendo as escadas inalterada. O sorriso de longe, o aproximar, o abraço alto e demorado, o contato com o corpo: um todo sem impacto. A conhecida suspensão virara um sereno sem, um vazio espontâneo e confortável. Ela tão não estava ali que até o cheiro dele passou despercebido. E pôs-se a pensar no quanto o desejo por vezes tem vontade própria. É capaz de sobreviver a intempéries colossais e também de sumir assim, sem aviso nem plano. Sumir. Ela sentiu claro o desejo ausente. E subiu de volta as escadas. Inalterada.


sábado, 8 de março de 2025

Momper

"Como na palavra, palavra, a palavra estou em mim". Era o início dos anos 80 e Caetano já cantava a pedra. Outras palavras. Cada um sabe de si e eu não sei de você, mas sinto essa necessidade febril por outras palavras. Não acredito em mudar o dado, o pré-estabelecido, usando os mesmos nomes. Porque penso que chamar o novo do algo antigo é uma maneira de desconhecê-lo, limitar o campo de criação, de transformação. A palavra nova abre espaço para outras construções que abre espaço para outras palavras e vai-se assim. Em movimento. E pouca coisa me interessa mais nesse momento do que dessignificar (outra palavra) ou mesmo ressignificar. Escolher outras dinâmicas e dar nome a elas. Escolher o nome das coisas descobertas, escolhidas. Bonito isso. E essa necessidade minha não vem de uma pretensa pompa literária ou ímpeto aventureiro. Longe disso. Ela grita porque não sei viver com as palavras que me foram ensinadas. Vivo mal, vivo pouco, me perco. Preciso de outras palavras para me ser e, mesmo que momentaneamente, nomear quem sou. E escrever.

domingo, 2 de março de 2025

 Não é pequenez 


E é. Mas não é. E é.  Cê tá com tempo? (Oi, Anelis Assumpção). E á, perguntinha: sua carne é de Carnaval?

Verdades (são sempre) contestáveis 

não importa onde quando como por quem. Se alguém clama "eu falei faraó" e você NÃO responde "ê, faraó", é indicativo de que está morto em vida.
pé de manga não dá jaca, dizem lá em Minas. Só que dá. Eu dei duas, Paulinha deu uma. As que querem seguir o som indefinidamente rua afora, ficar DENTRO da música, a um palmo da fanfarra e colocaram no mundo serumaninhos que acham o carnaval um quase transtorno. Sem mais.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Planeta em pauta

Vasculho as gavetas do escritório à procura de uma folha pautada. Sempre tive essa predileção pela pauta, desde criança, como se a linha fosse aconchego necessário para a palavra prestes a vir. Estou na casa da minha mãe, casa vazia, em um dia de folga. Folga por mim decretada para, entre outras coisas, ter tempo e espaço para o que é simples e essencial como uma folha pautada. Por que a vida vai tomando um ritmo tão automático que não ter tempo nem espaço vira rotina. É um conjunto de pequenas e grandes tarefas, pequenas e grandes programações dentro de um pote cheio até a tampa de variadas responsabilidades. Penso na Izabela menina, marcando com régua os cantos das folhas e traçando linha por linha, sem nem imaginar as responsabilidades que a vida traria. E é aí que eu paro. Paro por que sei que essas responsabilidades não são exatamente minhas, por mais que pareçam ser. Não vou discorrer sobre a origem do patriarcado nem sobre como vamos aprendendo a viver nesse pacote como se fosse o jeito certo, jeito único de se viver. Tem gente boa escrevendo e falando sobre isso desde antes de eu nascer. Quero falar sobre como eu percebo o sistema. Vem a mim essa imagem da mulher, que nasce gente, ser humano, mas aos poucos vai deixando de ser. Iluminação, cenários e maquiagem vão mudando em cada etapa para que essa transformação passe batida, não seja perceptível. E a mulher, que nasce gente, vai virando um satélite. Uma forma, uma função, cujo destino é não precisamente viver, mas orbitar. Orbitar: "estar, girar na esfera de ação ou de influência de; ligar-se a um centro de influência." Segue-se orbitando, então, em torno da logística familiar, dos filhos, da casa, do trabalho e, pasmem, em torno de outro adulto (?), que é seu parceiro. E, função que é, passa a ser a principal responsável por suprir a manutenção e as necessidades dos acima citados. É a lógica do sistema. Mas para mim essa lógica não faz sentido algum. Se fosse lógico, natural, não seria tão exaustivo, vazio, adoecedor e insustentável. É insustentável porque mulher não é satélite. Mulher é planeta. Um corpo celeste que nasceu para girar em torno de sua própria estrela, sua própria luz, sua própria essência, e traçar seu próprio curso. Eu, Izabela adulta, quando teci essa trama de ideias, senti que o pensamento tomou forma, saiu de mim. E me vi, fora de mim, claramente na mulher que nasci, no planeta que sou. Um planeta amarelo com rajadas de verde, roxo e vermelho, que deve é seguir pelas linhas que eu própria traçar no que para mim importa, no meu aconchego de pauta. E me senti forte, quente, plena. Plena para continuar lutando por um movimento que realmente tem lógica e não nos limita a orbitar em torno dos outros. Vejo muito mais sentido em sair do curso "esperado" e brigar para ser o que é. Brigar para ser quem eu sou . Mulher não é satélite. Mulher é planeta.

*escrito em 16 de junho de 2022

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Oníricos nº 3

Ontem à noite, você, mais uma vez. Era uma festa no Praia Clube, sambão, eu e Larissa. Você chegou meio cabeludo, meio bêbado, meio inconveniente, mas parecia se sentir em casa. E ali nos acompanhou pelas andanças e pequenos acontecimentos num misto alternado de ocupando todos os espaços e invisível por completo. Até que, em certo momento, você me levantou pela cintura com um só braço e me beijou. E esse beijo foi, sem dúvida alguma, o beijo mais insosso e vazio que já beijei. Ainda fiz o esforço de me concentrar nele, buscando algum sentido de encaixe, algum gosto, um tempero qualquer. Sem sucesso. Ruim. Comicamente ruim. Na boa, se é para invadir meu sonho e meu samba, faça a gentileza de me beijar propriamente. Beijo de bambear coxas e arrepiar pelos que nem tenho e de me sumir por um instante do ao redor e de mover águas em mim. Francamente. rs.

 Estrada e mato

domingo, 23 de fevereiro de 2025

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

 Hã, biloute?

*** gosto de dizer que quem tem filho pequeno não tem plano, tem intenção. Mas a verdade é bem mais ampla que isso. Quem está vivo não tem plano, tem intenção. É claro que a gente planeja, estrategiza (isso é um verbo válido, produção?), sonha, deseja. Mas uma mudança, às vezes externa e que foge completamente ao seu controle, chega e lá vai você se perder e recalcular a rota em condições ridículas de temperatura e pressão. Ridículas. Ridículas. Ridículas.

*** uma semana horrenda, horrenda, horrenda, horrenda. Tão horrenda que dá preguiça de caçar adjetivos melhores. Só repito os mesmos. Mas te digo, há uma vantagem de estar nesse ponto, no lustrar o fundo do poço com a cara. Pra mim, essa é a hora para as pequenas ousadias que normalmente me deixariam receosa, nervosa, sei lá. Eu tô tão ridiculamente (ói a repetição) na merda que eu só vou. Qualquer situação desconfortável vai ser nada perto do que já está rolando. Então vou. 

*** minhas incríveis amigas não têm o poder de me tirar da situação horrenda - completamente fora do alcance delas- mas elas vêm me visitar no fundinho horrendo, limpam minhas bochechas, fazem chá, trazem Van Goghs, leem pra mim, falam delas, gargalham, brilham ideias de estrada e mato. Incríveis. Incríveis. Amo loucamente. 💛

 Retórica 

Não é cortante a certeza de que tudo não vai ficar bem? De que tudo não vai dar certo no final?

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Trecho esparso sobre o amor

Eu converso contigo. Ocasionalmente. Acho súbito, não entendo bem o por que, mas converso com você. Assim: prosas eventuais, imaginárias, com pausas reticentes nas frases em que eu diria seu nome. Eu não conheço seu nome. Conheço sua capa, sua voz e sua vibe que passa, transita perto. Conheço seus bons dias, como você me olha e o efeito do seu olho no meu. Isso conheço. E tem algo ali, um chamativo, uma intensidade presente e, não sei, talvez contida. Não sei. Um algo que talvez toque algo adiado em mim.

domingo, 16 de fevereiro de 2025

Pele

Bonito o caráter expansivo da arte. O filme fala do livro que cita o espetáculo que menciona a autora que escreve sobre o quadro que te lembra a série na qual rolou aquele som, aquele som. É meio o poema do Drummond - "João que amava Teresa que amava Raimundo..." - e também na "Quadrilha" da arte os elementos diversos seguem entrando e se movimentando pela nossa história. 

Ouvi Letuce pela primeira vez em uma peça de teatro. Tocou "Potência" e eu fiquei simplesmente alucinada, memorizando partes para depois ir sedenta descobrir (e amar) que banda era aquela. Descobri Elizabeth Bishop lendo um artigo sobre Drummond e é dela meu poema favorito na vida. Daí ontem aconteceu algo do tipo. Assistia ao excelente, "Boa sorte, Leo Grande" quando entrou em cena uma cena de dança (ahh, as cenas de dança) e lá fui eu quase me desconectar do filme para mergulhar no som. Voltei a cena várias vezes, me levantei, dancei junto até sentir bem o que havia para sentir ali. Fiquei em dúvida se já conhecia a música porque a conhecia ou se só parecia ser conhecida pelo jeito macio de encaixar em mim. Viajei sem pressa naquela onda prazerosa até que enfim reconheci a voz. Brittany. Dois minutos de busca pelos sons do Alabama Shakes e lá estava ela , Always alright, me esperando. Veio certeira ao meu encontro para fazer casa no meu repeat. Através do filme. Acho isso bonito demais, esse encadeamento que a arte faz, esse juntar colorido de missangas no fio de um colar (oi, Mia Couto). Colar que desconhece fim e vai dando voltas festivas no pescoço, se espalhando, ocupando espaços do corpo. A arte compondo minha pele. Não me canso de achar bonito.

Ouça aqui

P.S. : Just in case you walk by here, there is a US tour going on, DC in september. Do yourself and the universe a favor and go, por favor. Obrigada, de nada. ;)


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Impecável
"Tudo em linha reta
tudo combinado, previsto, controlado Dizia nunca ter sentido nenhuma inveja
Não se permitia nenhuma gula 
e engolia só a ira 
Preguiça, jamais 
Luxúria, nem pensar 
E de tanto temer o fogo 
congelou todos seus desejos 
Com vergonha do orgulho 
rebaixou suas alegrias
e o sorriso alheio lhe ofendia 
Mas nós, pecadores, que você tanto repudia e deseja 
te convidamos a brincar conosco nesse lamaçal 
Vem 
Talvez tenha chegado a hora de não ser mais tão impecável." 
Geni Nuñez

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Conversê

I: O Irineu existe???? 😱😱😱 Chocada

F: eu tava quase morta naquela padoca

 I: Ele nem sonha que é uma celebridade, tadico...

F: né, eu me pergunto se tenho direito de separar aquele homem da celebridade que ele merece

I: hahaha! Toda uma vida paralela, poética, cheia de melindres. E ele lá, só comprando pão.

F: ele tava tomando uma cynar

eram 7h15 da manhã

terno branco com camiseta branca

cynar

no balcão

eu sei que era ele

I: Joguei cynar no Google e GARGALHEI

Só pode ser ele, falzuquitcha

F: eu sei que era

I: E a gente só sonha em chegar lá, né? Desfilando elegância e cynar na padoca às 7:15 da manhã 

Algo a se sonhar

Um quase propósito na vida

Hahaha

Até lá você escreve sobre fins de mundos e eu escrevo trechos esparsos sobre o amor inspirados em 1- caras que eu não conheço e 2- caras que eu preferia não ter conhecido. Até a gente, enfim, pedir pro seu Manoel dois aperitivos de alcachofra no balcão da padoca. É um plano.

F: HAHAHAHAHAH ❤️ ❤️ liamo

I: Te amo, meu bem ♥️

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025