terça-feira, 10 de agosto de 2010

Que passa

Pra mim já era sexta. Mas todos os calendários passaram o dia me lembrando que ainda era quinta.Fim de tarde, café, Gwyneth Paltrow cantando "bette davis eyes" e gente que passa. Algo me apetece em estar entre gente desconhecida que olha,senta,não demora,levanta e segue. Passa.É confortável ser também desconhecida e poder observar tudo à distância. E devo dizer que, por vezes, o mesmo sentido de conforto nos abraça quando vivemos,também, distanciados de nós mesmos. É o assistir às suas coisinhas, suas atitudes e situações como se elas não te pertencessem. Não é você vivendo aquilo ali. Você olha de fora. E aprende. E se protege. E não escolhe. Sim, é confortável. Mas até certo ponto. Até o ponto em que o conforto vira inércia, a inércia vira incômodo e você precisa voltar pra você. Precisa assumir que está em luto pra poder sair dele. Precisa trocar de casca. Deixar cair, pedaço por pedaço, a invisível armadura escamosa e sem cor que te cobre. Precisa trazer à tona o viço brilhante da pele nova. Voltar pra você e pro seu lugar no mundo.Porque continuar vivendo descolado de si te tira da realidade de forma sutil. É um esconderijo bem disfarçado. E quem só vive escondido só pensa que vive. Não vive. Só passa.
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Sean
Galo canta aqui não.Rá!rs!
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Palavra roubada

"Peguei estrada às 7 da manhã. Novamente o puro autoconhecimento da estrada. Mas sei também que há junto comigo, enormes amigos sobrevoando meus passos . Sempre.Não digo sobre a solidão que existe no coração, quando se apaixona por alguém que não se apaixona por você, ou quando acaba um namoro ou "affair".Nem talvez a solidão dos ônibus coletivos ou metrôs, cercado de pessoas todas imersas em si, evitando encontrões ou disputando bancos e poltronas. Nem mesmo a solidão geográfica do estranhamento ao se deparar numa outra cidade em nova faculdade ou emprego. Digo sobre a transcedental e fantástica solidão ao estar só e ao mesmo tempo confiante e de mãos dadas com o acaso, da permissividade consentida para que o destino aja em sua vida recolhendo as oferendas predispostas na trajetória dos dias. Há de habitar em si o signo da oportunidade e instituir como bandeira, cravada nos ombros, a aritmética imutável do tempo considerando o futuro equação indivizível.
O futuro é sempre 10 dividido por 3. Infinito.
O passado é 2 mais 2. Concreto.
A estrada, portanto, destila sobretudo a máxima... "nada será como antes"."
Robisson Sete
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Sim sim
"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem."
Bertold Brecht

2 comentários:

  1. uauuu!
    Iza é muito! Mas Brecht é demais!! NÚ..... QUE frase a dele hein!!
    afe...
    não dá nem para comentar depois de ler textinho desses...
    OBRIGADA!

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  2. ai,coqine...aff que essa do brecht diz...
    beijo,querida!

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