sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nada urgente
Normalmente escrevo quase que de forma compulsiva.Mas,de tempos em tempos,chega a mim um ou outro dia atravancado.Minha cabeça não pára de escrever...mas nada cai no papel.E o remédio para que as palavras caiam e que a mente não vire um redemoinho tempestivo é um só:ler.Um texto ou uma poesia ao acaso.E aquilo que leio parece sempre estar relacionado com o que me move naquele momento.Aí a porta se abre e consigo organizar em letras o que sinto.Hoje foi assim.Um poema de Eugênio de Andrade,sobre a urgência das coisas,provocou um dilúvio de indagações e meia dúzia de constatações sobre o urgente.O urgente é motivado, determinado... mas meio burro. A carga de ansiedade ali socadinha impede que as coisas sejam percebidas com clareza. E nós,nas nossas urgências, guiados pelos holofotes falsos do imediatismo,acabamos dando cabeçadas bobas.Tropeçamos em sinais de aviso gritantes e esquecemos o já sabido. Aff, que bobagem. Deixemos as urgências para os prazeres simples (e essenciais!).Urgente é respirar o sol que nasce,é o suor que escorre da corrida,é cair no rio depois da trilha,é sorrir e distribuir "bom dias" aos emburrados,é comer com gosto a comida do prato,é sentir a água do banho molhando o cabelo.Urgente é rir.Urgente é qualquer abraço espontâneo e bem dado. Para os desenrolares mais complexos,nada de urgência.Para eles, pequenos passos. Persistência e paciência....
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Mil vezes Pessoa
"Para ser grande, sê inteiro:
Nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda brilha,
Porque alta vive." Fernando Pessoa

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Trilhinha sexteira
"Eis o melhor e o pior de mim
O meu termômetro, o meu quilate
Vem, cara, me retrate
Não é impossível eu não sou difícil de ler
Faça sua parte
Eu sou daqui, eu não sou de Marte
Vem, cara, me repara
Não vê, tá na cara, sou porta bandeira de mim
Só não se perca ao entrar no meu infinito particular
Em alguns instantes
Sou pequenina e também gigante
Vem, cara, se declara
O mundo é portátil pra quem não tem nada a esconder
Olha minha cara é só mistério, não tem segredo
Vem cá, não tenha medo
A água é potável daqui você pode beber
Só não se perca ao entrar no meu infinito particular..."
Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown

2 comentários:

  1. Cuy, Cuy.
    O diagnóstico de um "cuy" é definitivo.
    Ler o "infinito particular" em plena sexta insana não tem preço....
    QUE DELÍCIA!!!
    esse fds será longo...
    com o tempo de uma semana toda...
    aproveite-o bem chèrie!

    bisous

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  2. Cuy,Cuy!!
    Coquine...todo dia é dia para "infinito" particular...
    Quem?Quem vive com o pé na estrada,roda mundo por aí,mas,pra mim,nunca sai daqui??Quem?Quem??
    Aproveite tb,darling!!
    bacibaci...

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