segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mafalda, simsim! ...................................................................................................
Hã biloute?

¨¨ Hoje é dia de retorno! Sorrisos, abraços bons de "quantotempo!", crachá (tava solitário o pobre...) na blusa caramelo, procedimentos conhecidos descartados e os novos já em prática (decreto manda, a gente obedece ponto.), espaço deliciosamente ampliado em dois monitores, br office e eu em busca de entendimento, café da Dona Cecília que é ruim mas é bom e o CAOS instaurado na minha mesa. É. Fim de férias. Bom também simsim...

¨¨ Uberlândia era pra ser de calmaria, leitura e saudades vagarosamente matadas. ã-hãm. Pois sim que quem imperou foi o desemplano em forma de riso, MUITO canto, encontros mil, dias que emendam na noite que emendam no dia e a presença das pessoas queridas foi um presente degustado a cada segundo. A palavra "festivo" nunca fez tanto sentido. =)

¨¨ Flavinha, minha flor, obrigada pela hospitalidade boa, dessas que faz a gente se sentir maisqueemcasa e não quer ir embora nunca mais. Obrigada mesmo! E á, seja sábia e troque o segredo da fechadura. rs!

¨¨ Dani, Ave cruz que cafés intermináveis combinam com praça! Beijoamarelo p'c!

¨¨ Maria mãezinhatb, nem dá pra falar da alegria que foi te rever. Guarde sempre um café com bolo e prosa pra mim. Te amo, querida.

¨¨ Pedrão, valeu pelo espaço cedido e pelo paredão festivo. Ainda insisto que meu desempenho teria sido melhor em outros calçados. Botas não rimam com futebol. Ponto. hehehe!

¨¨ Little Jane, fiquei de cara com sua voz que canta. Pintar divinamente e fotografar pelas lentes dos seus olhos verdes tava pouco, né meu bem? Sua lista de talentos é cheia de surpresas. Coisa boa! Compromisso positivo e operante para a próxima, viu? =)

¨¨ Marcinho, o adjetivo "evoluído", na sua hilária e complexa amplitude, agora acompanha grande parte dos meus pensamentos. rs! =)

¨¨ Maria, tantos amigos comuns e a vida esperou por aquele dia, aquele dia, para dar o passo da proximidade. Obrigada por sua companhia SENSACIONAL! Já começo a preparar as poesias para o varal de aniversário... =) Beijo p'c!

¨¨ Amelie, minha chocolatiebrrr preferida! rs! ESSA aí é a sua energia, minha flor. Prepare-se para colher os frutos que serão muitos e que serão bons. Fico genuinamente feliz. beijogengibrecastanha!

¨¨Célioquerido, não deu tempo, né? Ficou pra próxima! =)

¨¨ Mininex, leveza do primeiro ao último segundo... bonito isso. Usaremos práticas telepáticas para os meses que virão" sem rádio e esem notícias das terras civilizadas". Beijo!

¨¨ rosí!! Pronto. Já não há razões pra torcer o nariz pro dia 23 de março! rs cavalar! Odeio viajar sem você. Amo sentir tanto sua falta! =) Beijo, flordocampo...

¨¨ E á, o rei RC reinou soberano nesse fds, "só conto o milagre" se prepara para voltar à ativa e simsim: "a novidade é o máximo"!! Um brinde ao NOVO!!

¨¨ Beijosdoces e uma ótima semana a todos...

............................................................................................

Segunda rima com Caio

"Eu deveria cantar.Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses nunca, na caixa de metal "Para as Almas do Purgatório". Agradecer, pedir luz, como nos tempos em que tinha fé.

Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou Deus. Sem juiz nem platéia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante de fevereiro, olhando o telefone que acabara e desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos, mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.

Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos, dinheiro aplicado, imóveis nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. nada muito sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda e os joelhos tremessem com freqüência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.

Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um nome. Chamava-se - um emprego.

Olhei minha cara no velho espelho riscado, as marcas que eu nem sabia mais se pertenciam ao vidro ou à pele, cumprimentei com uma curvatura de cabeça: "Muito bem, parabéns. Você agora tem um emprego". Mas não conseguia sentir nenhum calafrio de dignidade, nenhum frêmito de esperança que pudesse iluminar meus olhos vermelhos ou empurrar para fora meu fatigado peito onde - não queria lembrar, mas lembrei - há menos de uma semana descobrira o primeiro fio de cabelo branco. Suspirei.

Verdade que só um completo idiota ou alguém totalmente inexperiente sentiria, nem digo êxtase, mas qualquer espécie de animação por ter conseguido um trabalhinho de repórter no Diário da Cidade, talvez o pior jornal do mundo. Acho que ainda não tinha me transformado num idiota, não completamente pelo menos. E quanto à experiência - bem, aquela cara marcada, ainda inchada de sono, com barba de três dias, me observando por entre os risos do espelho, parecia tê-la de sobra. Tudo bem, disse a cara no espelho, já que você prefere mesmo confundir experiência com devastação... Suspirei outra vez. Não, querida cara, encher laudas e laudas nas máquinas de escrever daquele pasquim pré-informático certamente não era motivo para dar pulinhos.

Mas eu tinha que ficar contente. E quando você quer, você fica. Comecei a ficar. Afinal, aquele podia ser o primeiro passo para emergir do pântano de depressão e autopiedade onde refocilava há quase um ano. Gostei tanto da expressão pântano-de-depressão-&-etc. que quase procurei papel para anotá-la. Perdera o vício paranóico de imaginar estar sendo sempre filmado ou avaliado por um deus de olhos multifacetados, como os das moscas, mas não o de estar sendo escrito. Se fosse bailarino, talvez imaginasse estar constantemente, em qualquer movimento, sendo esculpido? Ah, cada gesto, uma verdadeira apologia estética da forma pura.

Era engraçado. E bastante esquizofrênico. Mas de repente o real tinha-se tornado bem menos retórico.

"Você começa hoje, cara" - dissera Castilhos no telefone. Com aquela voz no fundo da qual, para manter o velho hábito subliterário, eu poderia localizar algo que chamaria de áspera-ternura-cúmplice, mas na verdade não passava de excesso de nicotina e saco cheio: "e vê se não me faz cagada logo no primeiro dia, oquêi? Garanti pros homens que você é da pesada".Espantoso: na noite anterior eu fora dormir como um jornalista desempregado, endividado, amargo, solitário e desiludido de quase quarenta anos para acordar no dia seguinte, magicamente, com aquela voz do passado me comunicando pelo telefone que eu era - da pesada. A partir de hoje, uma vida feita de fatos. Ação, movimento, dinamismo. A claquete bate. Deus vira mais uma página de seu infinito, chatíssimo roteiro. O escultor tira outra lasca do mármore. Coloquei água para fazer café, cogumelos branquicentos cresciam na umidade da cozinha. Simpáticos, até meio bucólicos. Liguei o rádio, entrei no chuveiro. O apartamento era tão pequeno que a gente podia fazer todas essas coisas praticamente ao mesmo tempo. Com uma das mãos, ensaboava a cabeça, com a outra controlava o volume do rádio na sala, enquanto estendia uma das pernas para apagar o fogo quando a água fervesse.

- Eia! Avante! Sus! - gritei embaixo da água gelada. Ai - pi - ai - ô, Silver!

Enquanto ouvi no rádio uma música que parecia conhecida. Dizia qualquer coisa como "a realidade não importa, o que importa é a ilusão", no que eu concordava plenamente. Pelo menos nos últimos meses, não me acontecera nada além de fantasias. Mas a música que ressoava em algum porão da memória era antiga como um bolero, um fox, e o que saía do rádio agora era um desses rocks com baixo elétrico desesperados, percussão envenenada e sintetizadores histéricos. A voz da cantora lembrava vidro moído num liquidificador. De qualquer forma, pensei, a letra está certa. E todas as coisas que eu lembrava, ou achava que lembrava, porque de tanto lembrar delas acabara por transformá-las em mera - e péssima - literatura, já não importavam mais. O resto do último sabonete escorregou entre meus dedos. Era tão pequeno que desapareceu pelo ralo."

Caio Fernando Abreu

.................................................................................

Leminski é.


Incenso fosse música

"isso de querer ser

exatamente aquilo que a gente é

ainda vai

nos levar além"

Paulo Leminski

..................................................................................

4 comentários:

  1. Tb adorei mto, mininex! Sim, usemos práticas telepáticas!

    ResponderExcluir
  2. :) bom vc de volta...

    Gostei do Leminski... da trabalho querer ser quem se eh... mas vale...

    "Errado é quem fala correto e nao vive o que diz..." - Teatro magico.

    ResponderExcluir
  3. pequi!!!! bom estar de volta! bom vc aqui! =)
    AMO o leminski... simplicidade e completude, simsim!
    linda a frase do teatro...obrigada por compartilhar!
    saudadocê... fds tá chegando... =)
    beijo, querido!

    ResponderExcluir