terça-feira, 26 de julho de 2011

Por que amo a fal
e choro com ela.

arte da carol, da brigite acessórios

"Chorei tanto, tanto pensando em você. Hoje chorei pensando em você. Não chorei por causa do dinheiro que perdi nalgum bolso dalguma calça dalgum lugar, dinheiro grande, de passar o mês. Não chorei por causa de trabalho, embora este aqui, este bem aqui na minha frente, com todos os seus dezesseis capítulos forrados de jargões inacreditáveis e frases de sete linhas, já tenha me feito chorar numa dessas madrugadas. Não chorei de solidão, embora eu me sinta tão só, tão, tão, tão só, tantas vezes, tão só. Não chorei de raiva ou de dor, mesmo sentindo raiva e dor. Não chorei de medo, meu bem, embora 'medo' seja meu nome do meio. Chorei por mim. Chorei por mim. Não chorei por angústia, por dó da gatinha que morreu, porque meu cabelo não é mais o que era, nem minha saúde, nem minha pele, nem meu olhar. Não chorei de saudade do meu irmão ou dos meninos, porque meu pai não me amava, porque quero lugares que não posso ter, porque, porque, porque. Não chorei por nada disso. Não chorei por nenhuma das velhas razões e frustações, não chorei por medo do futuro (que é enorme. O meu medo, não o futuro). Chorei, porque sinto a sua falta. A sua falta, a sua. Não é falta de um marido, não é falta de trepar, não é falta de ir acompanhada aos lugares, não é falta de um toque ou um abraço (Passo dias e dias sem tocar ninguém, sem ser tocada por ninguém. Estamos em 1998 e eu não percebi?), não é falta de vida nenhuma que eu já tenha tido e que acabou, nada. Chorei porque sinto sua sinto a sua falta. A sua."

Fal Azevedo
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