quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Verde e amarelo?

Hoje, ao dar os primeiros passos para fora de casa, dei de cara com o céu nublado e nunca um céu nublado foi tão bem recebido por mim. A seca ferrenha e o sol impositor de calor insalubre têm castigado tudo o que é vivo nessa cidade e estamos cansados. A verdade é que a cidade anda cansada de muita coisa. Não vou aqui perder nosso tempo falando da sujeirada politiqueira. Nós sabemos. Nem das raízes históricas desse nosso peculiar modus operandi governamental. Nós sabemos. Muito menos dos personagens bizarros que escolhemos para sentar nas nossas cadeiras e rodar em volta de si próprios em movimento festivo. Nós sabemos. Somos um bando de plutos e sabemos bem disso. Mas o glorioso sete de setembro parece ter trazido e deixado no ar um algo meioquesemnome, uma espécie de tempero. Uma multidão de plutos mudou a cor da esplanada, trouxe preto para o marrom seco. E caminhamos e cantamos e gritamos e, plutos que somos, não sabíamos por onde ir ou o que fazer mas fizemos mesmo assim e sentimos a falta de liderança (ói que bonito isso) e invadimos o espelho d'água do congresso nacional e, enfim, fomos primeira pessoa do plural. E ficou esse "que" vibrante no ar. Penso que o sete de setembro pode ter sido o início, ainda que desajeitado, de uma nova articulação. Talvez a aspereza da secura em tudo esteja lixando as gargantas para tempos de grito. Dizem que chega uma hora em que é preciso pular a cerca e enfrentar os cães, mas talvez seja essa a hora de lembrar que não nascemos plutos, que antes somos cães. E talvez o necessário seja o tempo nublado, o som do latido feroz, a mordida. Talvez. Só sei que ficou esse "que" queroso no ar. Um "que" de cor cinza e com gosto de dentes. E para mim, que, veja bem, estava lá de branco, ficou a certeza de que nós somos cães.

Brademos pois.
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