terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Depois
Dia de chuva. Todo. Do sair ao voltar pro travesseiro.
No início da noite ele me ligou contando que tinha passado a tarde no cemitério, no enterro da esposa de um amigo, mais nova que eu. Conversei com ele um pouco, falei sobre o que penso e lembrei as frases bonitas daquela canção do Cavaquinho. Desliguei o telefone e mandei um olho fechado de energia boa para a mulher que foi e para o homem e a filha pequenina que ficaram. E foi isso. Um minuto puro assim.
Gosto de acreditar que tenho uma relação tranquila com a morte. Nunca a concebi nem a senti com grandes alardes. Talvez por minha formação religiosa, talvez pelo meu jeito mesmo. Penso nela não como "o fim", mas como o fim da vida que conhecemos aqui na Terra, que parece grande mas é apenas mais um pedaço. Um pedaço importante do tanto já vivido e do ainda por viver. E é isso. A morte em si não me entristece. Me entristece a dor dos que ficam, essa falta que muda de cara com o passar do tempo mas não some nunca (oi Fal. oi Vá.). A mulher do amigo talvez esteja agora em um plano mais evoluído, talvez seja preparada para voltar em breve ao convívio dos seus aqui na Terra, talvez qualquer coisa diferente do que eu acredito ou imagino. Não sei. O que sei é que a morte está aí pra todo mundo. E quanto mais eu entro em contato com ela mais sinto gana de viver bem, de viver consciente. De olhar com mais serenidade para as alegrias e os revezes. De valorizar a simplicidade de cada dia e a relevância concreta dos que fazem parte do meu caminho. Soa blábláblá, eu sei, mas é como sinto. Rezo pelos que choram rios nessa noite molhada e peço a Deus que me dê a clareza necessária para andar com os pés no presente, distribuindo minhas "flores" e minha "mão amiga" aqui, em vida.
Vivamos o agora pois.

"Sei que amanhã quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha bom coração
Alguns até hão de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro, um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém quiser fazer por mim
Que faça agora
Me dê as flores em vida
O carinho, a mão amiga
Para aliviar meus ais
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais"
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Falando nisso
Daniel Piza se foi...
Excelente escritor, excelente. Tem um pedacinho dele aqui no meu todo , o link pro blog dele mora ali ao lado e deixo aqui as bonitas homenagens do Marcílio e do Carpinejar.
Uma boa semana a todos.
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2 comentários:

  1. Quem somos nós? Para onde iremos?

    Vejo o homem com uma capacidade sem igual para construir arranha céus, ir ao espaço, escrever obras clássicas, enfim dominar o mundo, mas no fim vai se semear à terra da qual ele veio.

    Penso como você, devemos viver BEM o momento presente, pois no final é o único que temos. Acredito também que teremos outra vida, baseada no bem, ou parafraseando, nas flores que distribuímos nesta vida....

    abraços!

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  2. ah... é o inescapável ciclo, não é mesmo? que bom seria se conseguíssemos encarar a morte na beleza da sua simplicidade, de um jeito menos sofrido, menos fatalístico. Mas o desapego não é uma tarefa muito fácil pra gente... talvez ainda não...
    e simsim, vivamos BEM com letras cavalares, aprendendo com o bom e o ruim da nossa existência aqui nesse plano.
    obrigada pela presença constante, paulo!
    abraços!

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