quarta-feira, 16 de maio de 2012

BU - á
Acredito que as pessoas vivem em estado permanente de mudança. Mesmo as mais resistentes, que se engessam nas suas convenções e seus certoseerrados, até essas o fazem o tempo todo. A única diferença é que mudam escondido (shh...) dentro de suas cascas pre-paradas. Gente muda e que bom que muda ponto. Boto fé que é o nosso propósito maior por aqui. Eu, gente sendo (até segundo aviso. rs!), não poderia nem gostaria de escapar à regra. E se uma quantidade absurda de coisas já cedeu espaço pra virar coisas outras, uma característica minha parece permanecer intacta: o como eu choro.

Sim, carrego comigo ao longo desses 35 anos de estrada a merecida fama de chorona. Assumo. É claro que choro menos do que quando criança, até porque tenho consciência de que aquilo era demais da conta, mas continuo chorando por quase tudo. Choro de alegria, de raiva, de pânico, de impaciência, de ouvir algo triste, de vergonha, de saudade, de gozo. Choro em filmes, choro enquanto recebo passes, choro na reza, choro ouvindo música no carro. Choro mesmo. Choro encorpado. E se choro assim é porque me faz bem, senão isso também já teria mudado.

O interessante é que mesmo quem sabe disso e convive comigo muitas vezes não compreende esse meu modus operandi. Chamam de exagero, acham que a quantidade de choro é diretamente proporcional à intensidade do sentimento, ou acham que é um sinal de fraqueza, excesso de fragilidade. E até entendo, já que tem gente que chora apenas em situações extremas. Mas não é o meu caso. E o meu propósito é claro: assim como escrevo para transformar o que penso em algo palpável (em palavra ali, no papel), choro para trazer para a realidade o que sinto. A choradeira nada mais é que o sentido abstrato achando sua concretude na água. Não quer dizer que eu esteja MORRENDO de seja lá o que for. É só o meu jeito de transformar o abstrato em real e, isso feito, de cara com o concreto, me sinto pronta para digerir o trem e lidar com ele ou deixá-lo passar. Na maioria das vezes, meu choro não é um clamor por coisa alguma. Apenas é. Um choro e só.

Hoje tive um choro desses que prescinde de explicação ou motivo certo. Chorei com saudade, confusão, alegria, riso, tudo misturado. E que bom quando há um outro te escuta sem ler aquilo como drama (e por isso não faz drama em retruco), entendendo que nada ali é muito sério ou grave. É apenas choro que precisa ser chorado e que às vezes, como o meu de hoje, precisa só de conforto. E tive conforto. Porque tenho ponto. Que bom que tenho. Agradeço. E agradeço chorando um pouquinho, é claro. =)

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2 comentários:

  1. Oi Iza lindo seu texto, quase chorei! :) Bom eu sou o contrário, sou mais difícil de chorar... o choro não é sinal de fraqueza não, e sim muito mais uma forma de externar a emoção, como o riso, raiva, etc..... Chore amiga, porque quem chora normalmente ri e muito!!!!

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    1. choro sem miséria mesmo, paulo. e vc tá certo no " quem chora normalmente ri e muito"... muitos rs cavalares para cada lagriminha. =)

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