sexta-feira, 20 de julho de 2012

Hã biloute?


arte de amjad rasmi
¨¨ Um passo por vez.
¨¨ Não conheci minha bisavó paterna, a Vó Til (o nome dela era Gentil, ói que bonito), mas sei que ela dizia que a cadela quando vem nunca vem sozinha, vem seguida de uma renca de filhotes. Era o jeito dela de dizer que coisas desagradáveis andam em pacote. Nice. Você não tem nem tempo de se recuperar do primeiro susto e lá vem outro baque. E mais outro logo em seguida, muito provavelmente. A segunda feira foi assim. As últimas horas do dia me deram "material" (hahaha... adoro substantivos modestos) suficiente, em variedade e quantidade, para passar um mês em retiro digestivo. Plutão ponto, darlings. Cê lá vi. Vó Til sabia das coisas.
¨¨ Na segunda também tive mais uma confirmação de que dor física é um trem que realmente não me pega muito. Fui fazer um exame que nunca tinha feito e todos os avisos que recebi falavam de uma experiência dolorosa e traumática. Pra ser sincera eu chamaria aquilo mais de desconforto do que de dor. O mesmo ocorreu com a tatuagem, com a laringoscopia (até a enfermeira me desejou boa sorte. rs.) e com a colonoscopia. Talvez os joelhos sempreralados e os dedos estrupiados semanalmente no espirobol da infância me deixaram calejada. Ou talvez a intensidade com que sinto as dores nãofísicas deixe todo o resto no chinelo. Vai saber. Só sei que na noite seguinte fui pra cama com o aperto de quem não tem espaço pra falar sobre o que angustia e de manhã vi que tinha escrito algo na madrugada (coisa de escrevedor compulsivo, que acorda, escreve e no dia seguinte nem se lembra de ter acordado). No pedaço de papel ao lado da cama estavam duas palavras: um "isso" em letras cavalares e um "dói" escrito bem pequenininho. ISSO dói. Pois sim. Não são as físicas que me pegam indeed.
¨¨ Sentiram que o mimimi/mememe hoje tá positivo e operante, né? Sim mas nem tanto. Recebi uma carta tão linda que só não bordo na camiseta por que quantidade absurda de carinho daquela não caberia em lugar outro nenhum senão na própria carta, assim como me veio. Mas escrevi "tem motivo" no canto do pulso esquerdo, só pra carregar um pouco dela comigo. =)

¨¨ Gerenciar conflitos à distância é uma arte. Uma arte só para guerreiros. Requer noites em vigília, chás borbulhantes, caminhadas mentais, quaserituais de passagem, cânticos entoados para ampliar ouvidos moucos, gessos quebrados, peitos prontos para recuperar a temperatura e doses cavalares de uma força misteriosa e desconhecida, para a qual ainda não não dei nome. Só para os guerreiros, minha gente.  
¨¨ Aquela leitora contumaz que devorava até 5 livros de uma só vez está de férias. E sua substituta só quer passear sem compromisso pela estante. Só quer reler pedaços esparsos e mudar de livro de novo. Bom também. E meu companheiro dos últimos dias tem sido o "ostra feliz não faz pérola" do Rubem Alves, de que gosto por que gosto e gosto por que é o caderninho dele, impresso ali no papel. Bonito isso.
¨¨ E é isso. Apreciem a arte de Amjad Rasmi, peguem a senha e entrem na fila. beijos a todos. =).
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Palavra Roubada
"O múltiplo e o simples


O Tao-Te-Ching, livro sagrado do Taoismo, já dizia há mais de um milênio, que nós temos dois lados. Há um lado, o lado que olha para fora. Olhando para fora defrontamo-nos com o mundo da multiplicidade, 10.000 coisas que se impõem aos nossos sentidos, nos dão ordens, nos atropelam, e nos enrolam aos trambolhões, como aquelas ondas de praias de tombo. Mas há um outro lado que olha para dentro. Aí nos defrontamos com uma única coisa, o desejo mais profundo do nosso coração, aquela coisa que, se a tivéssemos, nos traria alegria. Jesus contou a parábola de um homem que tinha muitas jóias e que, ao encontrar uma única pérola maravilhosa, vendeu as muitas para comprar uma única. No primeiro lado mora o conhecimento, a ciência, a bolsa de valores, a cotação do dólar, as coisas que se podem comprar, e todas as coisas que compõem a nossa vida de fora. Essas coisas são “meios para se viver” – ferramentas que podemos usar. No segundo lado mora a sabedoria, que é a capacidade para discernir as coisas que valem a pena. Num bufê você encheria o seu prato com tudo o que está na mesa? Somente um tolo faria isso. Você consultaria o seu desejo: “De tudo isso que está à minha frente, o que é que realmente desejo comer?” Tolos são aqueles que, seduzidos pela multiplicidade, se entregam vorazmente a ela. Eles acabam tendo uma terrível indigestão... Sábios são aqueles que, da multiplicidade, escolhem o essencial. Simplicidade é isso: escolher o essencial."
Rubem Alves
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Mil umas pra um
ná canta itamar...
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