segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Leva para voltar
Os dias de horas cheias. Quanto cabe em uma hora? O que pode render em uma hora? O que se perde em uma hora? Os significativos minutos seguem como corredores em uma prova de revezamento. E eu, que revezo sozinha e passo o bastão de uma mão minha para a outra, vez ou outra me canso de horas tão cheias. Não quero sair delas, estou bem ali, mas me canso. E quando me canso busco um pensamento leve para alimentar o ânimo.
Na aula de local, calor ridículo, meio dia, Talles solta um "ah, vontade de deitar no asfalto quente!" e eu tive que parar as pernas em extensora para rir.
O cachorro baixinho, malhado, gordoforte do olho caído sacudiu a cabeça e uma de suas orelhas gigantes meio que deu um tapa na cara da Margot, que levantou o focinho, olhou de canto de olho e fez sua melhor cara de grilada.
A chuva de folhas em redemoinho na tarde seca.
As fotos que o Cláudio me mandou.
A sensação de sair da água.
O ritmo da escrita do Cortázar.
A Carolzinha ao telefone perguntando qual é o nome da minha casa.
A fragilidade implacável que permeia tudo e o quanto a percepção dela dói e tira o peso das coisas ao mesmo tempo. Tira o peso.
O dia mudando de cor.
O prazer de alongar a panturrilha.
Cada um de meus pequenos quereres.
E o segundo distante daqui me atrasa o passo e me alivia. O que há de leve me leva para eu poder voltar. Respiro tranquila, troco o bastão de mão e sigo para encher a próxima hora.
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How it feels 

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