quarta-feira, 3 de abril de 2013

Hã, Biloute?

¨¨ 1 carneirinho, 2 carneirinhos, 3 carneirinhos, 4 carneirinhos...
¨¨ Eu e meu cabelo: desde 1976 fazendo o que dá. E boto fé que parte da minha segurança pessoal é garantida pelo meu constante look descabelado. A figura perigosa olha pra mim e pensa: "Ok, a pessoa que banca sair de casa com essa revolta aí na cabeça deve estar preparada pra tudo. TUDO. Eu é que não vou tentar passar a bolsa dessa mulher." E eu sigo sã e salva por mais um dia. =)
¨¨ Acho interessante essa gente por aí que se diz carente de contato, queroso por conviver, mas se esquece do básico. Esquece que conviver é viver COM. E viver COM é uma troca. Uma troca idéias, opiniões, sentidos, afinidades, diferenças. Viver COM não é chegar para o outro e dizer " ói só, gosto de você, quero ser seu amigs coisetal, mas 1 - você só pode expressar sua opinião se for a mesma que a minha, senão a casa cai. 2- É direito meu te tratar como eu quiser, te fazer de receptáculo apoiador da minha verborragia negativa e 3- você, pessoa boa que é, deve sempre ser compreensivo e aguentar com paciência as minhas eventuais patadas e malcriações." Acontece que a linha que separa o compreensivo e o capacho é tênue. Compreensão tem limite e deixa de ser benéfica a partir do segundo que te impede de ser quem você é. Penso que essas pessoas não querem conviver. Querem é um brinquedinho "vivo" manipulável ou coisa outra que eu nem quero saber o nome. Na boa, quer reinar soberano? Quer tudo tudinho exatamente do seu jeito? Quer ter espaço ilimitado para destilar suas reclamações, paranoias e mimimis pelos cotovelos? CRIE UM BLOG e se isole no mundo virtual! Que aí só quem quiser entra em contato com o trem, sem imposição, sem anulação, sem desrespeito. Fica a dica.
¨¨ Srta Margot está de volta!
¨¨ A Cosenzada foi uma dê. Pousada gostosa lá em Monteiro Lobato, solão de dia e friozinho à noite, prosa festiva, familiada, chalezinho, cachoeira e outras alegrias. Rolou até trilha mato afora, rumo ao mirante, apelidada de "a trilha dos inconsequentes" (porque né, se toparam ser guiados pelo Tio Tibério, são certamente algo entre inconsequentes e insanos). Foi divertido. =). E dormi e dormi e dormi... dias bons aqueles.
¨¨ 5 carneirinhos, 6 carneirinhos, 7 carneirinhos, 8 carneirinhos....
¨¨ Quanto vale uma noite dormida para o insone? Escolha um número de 1 a 9 e complete com infinitos zeros. É quase isso.
¨¨ Uberlândia logo na esquina. iêi!
¨¨ Beijos estalados e uma ótima quarta a todos. =)
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Por que eu amo a Fal

"Meu pai, as empregadas, os pianistas, os filmes dos trapalhões e o grande mover divino (o título não tem muito nexo, mas eu achei sensacional)

Falei com meu irmão. E quando falo com meu irmão, penso no meu pai. e pensando no meu pai, li mais uma notícia sobre essa história toda das empregadas. O fuzuê e tal. Os exageros. E lembrei duma história. Minha. Do velho.
Pequena, eu era completamente entregue, apaixonada, louca, desvairada por cinema. Por um longo período da minha infância, tudo o que quis foi ir ao cinema e só. Queria ir todos os dias ao cinema. E daí, queria ficar pra sessão seguinte. Durou um tempo essa fase.
E um dia, enquanto íamos ao cinema, meu velho resolveu me falar mais sobre cinema. Ele era chegado nesse negócio de 'vamos explicar sobre a vida pras creonças'.
Falou uma porção de coisas sobre a experiência coletiva, o sentimento compartilhado e o sentimento acerca do sentimento compartilhado. Sobre o fato da sala ser escura e disso ajudar a reforçar os laços temporários com o colega do lado, o fato da única luz vir da tela no meio de toda aquela escuridão e de como isso ajuda no encantamento com o veículo e mais um monte de coisas muito muito legais e talvez um pouco profundas demais pruma menina de seis anos, mas que nunca esqueci. Ainda que grande parte daquilo só fosse fazer sentido anos mais tarde, guardei as palavras e uso o discurso do velho até hoje como se fosse meu, como se as sacadas geniais fossem minhas e tal. Ah, eu faço isso sim, claro.
Mas teve mais. Ele resolveu me contar um pouco da história do cinema. De como era quando ele era menino.
E caímos na conversa do cinema mudo.
Mesmerizada, tive que tentar compreender que tempo houve em que o cinema não tinha som. Nenhum nenhum, nenhum som. E que um ou mais músicos ficavam ali do lado do palco fazendo musiquinhas enquanto o filme rolava.
Dito isso, ele tentou seguir em frente com o assunto, explicar os filmes falados e de como isso....
Ei, pera aí, só um instantinho. E o que aconteceu com aqueles músicos todos quando o cinema passou a ter som?
Daí ele me explicou que, num primeiro momento houve uma sensação de 'opa, e agora?' e que depois, alguns foram trabalhar com outras coisas, outros viraram músicos de estúdio, outros professores, outros....
E me disse que a vida era assim. Que as coisas mudavam. Para melhor. Para pior. Dum monte de jeitos que às vezes a gente entende de prima, às vezes escapam à nossa compreensão. Mas que as mudanças vinham e a vida seguia.
E lendo um mundo de cousas hoje, de amigos queridos, amigos-não-tão-queridos (hahaha, eu tenho essa categoria, uai), de gente e longe, fiquei pensando que, ou meu cérebro tá numa marcha mais lenta do que a de costume (e a de costume é Homer Simpson dançando tango com um chimpanzé) ou eu não sou capaz de processar a agonia geral.
Não era para essa mudança toda da relação de trabalho com as empregas ter vindo agora. CLT é lei há décadas. Creia. Décadas e décadas. Não deveria ter ninguém espantando, porque ninguém fica espantado por ter que assinar a carteira e pagar direitos e horas extras para a secretária, para o porteiro, para a professora, para a editora, para o manobrista, para o funcionário, esteja ele no cargo que estiver, empresa grande, pequena, familiar, multinacional.
Ninguém fica surpreso por arrumar um emprego e ter a própria carteira assinada.
Juro por Deus: o mundo não acabou. E não vai acabar. Não por causa disso.
Algumas empregadas serão despedidas? É bem provável. E arrumarão outros empregos. Como empregadas. Como cozinheiras. Como funcionárias de coisas que elas nem sonhavam, em empresas que elas nem poderiam imaginar vir a trabalhar um dia.
Se em 2006 você me contasse que em um ano eu estaria viúva, ia começar a traduzir literatura e que quase seis anos depois eu estaria muito bem obrigada, pelo menos profissionalmente, traduzindo em velocidade de cruzeiro, livros grandes, livros bacanas e com umas dezenas de livros no currículo, eu mandaria internar você.
Mas foi assim.
É assim.
Não estou comparando o meu trabalho ou minha vida com a de mais ninguém, só me usando como exemplo para dizer: é a vida. É a vida. É a vida. Ela flui. Com você, sempre, dum jeito ou do outro. A não ser que você morra, o que também é uma mudança, hahaha, como não?
A lei tá aí há décadas. Você, seu pai, seu marido, sua melhor amiga, o professor do seu filho, a sua dentista que é contratada da clínica, todos vocês trabalham sob o CLT. Eu não, né, mas eu sou um vira-latas. Tou falando de gente normal. O que você achava, que CLT é bacana e tal, mas não deveria valer para todo mundo? Que é bacana e tal, mas quando passa a valer pra sua empregada vira 'lei paternalista'?
Seja contra a CLT, seja a favor, odeie, ame.
Mas não se espante, por favor.
É coisa muito, muito, muito antiga.
Até os pianistas dos cinemas de lona e cadeiras desmontáveis do tempo do meu pai e do pai do meu pai, já se acostumaram com ela.
Sua hora chegou."
Fal Azevedo
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Rádio Plutão
ah, o amor...ah, o Tom Zé...


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