quinta-feira, 11 de abril de 2013

Hã, Biloute?
¨¨ Cri cri cri, cantam os grilos que habitam o MTA.
¨¨ A frase tema da minha adolescência foi "eu quero transparência". Espalhava a dita repetidamente por cadernos, livros, agendas e diários. Andava com um durex daqueles branquinhos na mochila para escrevê-la e pregá-la em lugares escondidos, pra frase me pegar de surpresa: na parte de baixo da carteira da escola, no cantinho da escrivaninha, atrás dos cabides do armário, no pedaço de parede que olha pra cabeceira da cama. Pedia e pedia e pedia por que não podia ser transparente. O contexto não permitia. Mas de tanto pedir ela finalmente chegou e fez casa em mim. =). Gosto dela aqui, a gente se entende bem, mas confesso que vez ou outra gostaria que ela me escapasse por um minutinho. Naquele minutinho em que seria melhor se o olho não dissesse tudo. Fazer o quê, né. Pediu....
¨¨ Maria! Oi, querida. Te ver é sempre uma alegria única. Beijos e carinhos mil p'c!
¨¨ Uberlândia. Encontrar com conhecidos em toda esquina, tomar sorvete na praça da bicota, matar saudade de tanta gente querida, perder a noção da hora no bom e velho Bar dos Mundim, passar a manhã no parque do sabiá, fazer visitas, dançar no Vinil, derreter de calor. Uberlândia é casa.
¨¨ Eis que meu amigo Pequi está de malas prontas para fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Minha doce tarefa foi escolher o livro pra acompanhá-lo nessa jornada, ói que presente bom. Livro escolhido, resolvi colocar junto algo meu também pra ele ler no caminho e revirando meus arquivos acabei dando de cara com os "trechos esparsos sobre o amor" e os "mini contos sobre a falta". Reli cada um deles com calma e a sensação que me veio foi a da leitura primeira, só que temperada pelos anos que passaram. Acho bonito isso, da escrita desconhecer anacronismos e aproveitar a passagem do tempo pra trazer ares novos. E já que só ando escrevendo não postáveis, vou respostando um ou outro por aqui.
¨¨ Eu quero fluidez .=)
...................................................................................
Trechos Esparsos sobre o Amor


A dor dela. A dor dela me fez sentir sem lugar no meu próprio quarto: luz incômoda (acesa ou apagada), espaço pouco, cama desconfortável. E passei toda a noite de quasesono sendo acordada por uns arrepios extensos. Era a dor dela. Era o meu amor sentindo a dor dela.

Naquela época chorar em aeroportos fazia parte da minha rotina. Choros intensos de alegria no reencontro e desatados na despedida. Os da despedida, no ar ou em terra, eram encorpados, quicados, daqueles de cotovelos nos joelhos e mãos cobrindo o rosto. Eu sofria demais. Não entendia a temporalidade, a inevitável impermanência das coisas. E não sabia enxergar o colorido do estar sozinho estando junto. Era cedo. Mas hoje sei bem.

Os domingos parecem ser dias especialmente nossos, mesmo sendo domingos. No último, em mesa de almoço longo e tardio, ele falou do descanso que o rosto sente quando fica um tempo sem os óculos. Me aproximei em sorriso e beijei sem pressa cada um dos seus olhos. Foi como um transe. Achei que fosse me esvair em afeto.
...........................................................................................

2 comentários:

  1. Pra não tirar a poesia, não peço detalhes sobre esse caminho de perseguir a transparência e, "muito cuidado com o que desejas", de ela aderir a nós (ou aderirmos a ela), mas fico feliz que você e ela convivam. Eu também escrevi e colei muitos adesivos para me surpreenderem em diários. Um beijão, Iza com zê! =)

    ResponderExcluir
  2. que bonito que vc tb é fã das pequeninas surpresas, isa. =)
    e simsim, devemos cuidar MUITO cuidado com as coisas que desejamos... e tb com o que tememos. pq elas vêm ponto, não é vero?

    obrigada pela adorável visita, isa com ésse. =)

    beijobomdiadivã!

    ResponderExcluir