terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

 Oníricos n°2


Entrei pela porta sem tocar a campainha e não me espantei com a quantidade de gente. Era a sua casa, mas não a casa que eu conheço. Da sala fui para uma varanda comprida que não existe e, a partir daí, lembro só de uma coisa ou outra. De brisa fresca, cortinas vermelhas, luz de fim do dia, burburinho gostoso de encontro festivo e de um bolo de chocolate no centro da mesa. Imaginei ser o aniversário da sua cria, pelo tanto considerável de criança espalhada ali. Até que você segurou meu braço, polegar em movimento, e disse meio de lado sem me olhar no rosto: "não vai embora, tá". Também sem olhar, mas sorrindo, respondi um macio "talvez". E ali ficou clara a sua questão em relação a quem eu fui e a minha tranquilidade em não ser mais. Acordei já fora do sonho e, ao abrir a rede social, lá estava você: vela soprada, bolo, comemorando seu aniversário na noite anterior.


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