Momper
"Como na palavra, palavra, a palavra estou em mim". Era o início dos anos 80 e Caetano já cantava a pedra. Outras palavras. Cada um sabe de si e eu não sei de você, mas sinto essa necessidade febril por outras palavras. Não acredito em mudar o dado, o pré-estabelecido, usando os mesmos nomes. Porque penso que chamar o novo do algo antigo é uma maneira de desconhecê-lo, limitar o campo de criação, de transformação. A palavra nova abre espaço para outras construções que abre espaço para outras palavras e vai-se assim. Em movimento. E pouca coisa me interessa mais nesse momento do que dessignificar (outra palavra) ou mesmo ressignificar. Escolher outras dinâmicas e dar nome a elas. Escolher o nome das coisas descobertas, escolhidas. Bonito isso. E essa necessidade minha não vem de uma pretensa pompa literária ou ímpeto aventureiro. Longe disso. Ela grita porque não sei viver com as palavras que me foram ensinadas. Vivo mal, vivo pouco, me perco. Preciso de outras palavras para me ser e, mesmo que momentaneamente, nomear quem sou. E escrever.
Fugindo do tema para entrar no tema, Gosta do Araçá Azul? Por anos foi meu disco preferido do Caê, hoje é o Velô.
ResponderExcluirA língua, sempre viva, segue animal comum, evolui, e a anomalia torna-se o raro sublime da noite pro dia.
Davi, gosto de uma e outra do Araçá. Acho lindo como a gente vai transitando pelos álbuns, tecendo nossa trilha sonora vida afora, não é mesmo? Há anos não ouvia o Velô, coloquei pra tocar e putz como ele é todo vivo! Adoro Sorvete: a poética, o jogo das palavras, a contradição assumida em rima.Tá firme aqui no repeat. :)
ExcluirE á, "a anomalia torna-se o raro sublime" é de encher os olhos.