quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Cara diária, "eu quero a esperança de óculos e meu filho de cuca legal."

Foi o que Elis cantou assim que entrei no carro e sorri de quase distender um músculo da face. Aquele sorriso apertadinho que lembra o efeito de tamarindo na boca, sabe? Porque estava eu usando óculos fresquinhos, que agora seguirão comigo full time. Pausa para o contexto: quando criança eu sonhava em usar óculos. E não ouse me julgar pois "cada ser tem sonhos a sua maneira" (quanta referência musical é muita referência musical? Nunca saberemos, diária.). Achava bonito, estiloso, mas também achava que me comporia, criança nerdinha amante das palavras e escritora de poemas ruins. rs. O lance é que tinha olhos de águia e sempre saia da oftalmologista desgostosa do elogio. Pois sim que agora os 49 anos de praia juntaram a vista cansada com um cadinho de hipermetropia e fui finalmente coroada com essa mudança, com olhos que veem o mundo com outra nitidez. Bonito isso. E penso eu que mudanças tem tudo a ver com esperança. É o incômodo que inquieta e abre espaço para vislumbrar e cavar caminhos melhores, com mais sentido, e traz a vontade de mudar (oi, bell hooks). Espera-se com a mudança, senão nem haveria propósito em passar pelo transtorno e desgaste de deixar o antigo e abraçar algo desconhecido. Esperança. E me tocou a música tocada ali, bem na hora da minha pequena grande mudança. Eu quero simsim a esperança de óculos e meus filhos de cuca legal. Por isso mudo, em voz e atitude. E abri a tarde cantando encantada e mudada eixinho afora.

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Rádio Plutão 

E olhos se movendo assim


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