Bateu aqui essa brisa. Bom, tendo em vista essa nova ondinha minha de escrever assim, como carta para um interlocutor, faz sentido o substantivo masculino? Sei que a escolha de "o" em diáriO e cadernO foi feita pela gramática da língua portuguesa antes de euzinha pisar aqui nesse plano, está dada. Mas, aqui entra meu sonoro Mas, faz sentido que você seja um substantivo masculino no meu contexto, contexto composto massivamente por interlocutorAS? Me peguei pensando nisso ontem a caminho do bar para uma hora feliz anárquica em plena segundona feriado. Lá, em mesa pra quatro, Nati, Tati, Gi e eu passamos tempo sem pressa em prosa aberta. Nós quatro falamos e ouvimos e reclamamos e cantamos e rimos de doer maxilar, misturando-nos umas nas histórias das outras e nas nossas histórias conjuntas. Assim também no sábado com Paulinha e Pri na casa verde e no domingo com Paulinha no cãopão. O pequeno recorte de três dias, falando só do presencial, grita "a" no final. AmigAs interlocutorAs. Minha existência é uma não ilha cercada de mulheres por todos os lados. Felizmente. Não faria mais sentido então eu lançar mão da minha liberdade poética e te chamar de "querida diária"? Faria. E fará.
Mudando de assunto sem mudar de assunto, você pode me dizer: " Tá aí você toda prosa e cheia de graça, Izabela. Desistiu de viver plenamente o sweet sad love?". Não, minha cara, de jeito algum. Estou no deguste, curtindo literalmente a fossa, porque 1- faz parte do amor (vide vídeo do Louie) e 2- acredito que os lutos (pequenos ou grandes) quando não vividos acabam depois vindo te cutucar em outras horas e de jeitos disfarçados. O lance é que o sweet sad love não precisa ser um buraco escuro, ele vai perpassando a vida no que ela tem de bacana e festivo também. Ainda sinto um pouco a falta do que era bom e muito o alívio da ausência do que era ruim. Ainda bate o engasgo de quando em vez (oi, Fal) mas já "me pego cantando sem mais nem porquê". Vou vivendo o trem e ele vai achando seu lugar tranquilo em mim. Lembrei-me de um miniconto sobre a falta que escrevi há uma pá de tempo (2011, serasse?) e que fala sobre minha capacidade afiada pra esquecer. Vou ali buscar e já volto.
Ela comeu só metade da maçã. Não precisava se fartar. Naquela hora, precisava de quase nada. Não entoou hinos, não chorou rios, não gritou farpas. Não precisava se fartar. Apenas abraçou seu luto em pequenina reclusão. Sofria um pouco pelo perdido, um pouco pelo tempo cedo, um pouco pelo que queria. Mas sofria mesmo por conhecer de longa data aquele talento que tinha. Sabia esquecer como ninguém. Sabia bem viver sem. E por isso sofria.
Talento para a entrega e talento para o esquecimento. Ói p'cê vê. rs
Beijo, querida.
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Rádio Plutão
Reverencia o tiny desk fresquinho da Céu Aqui!
E putz que bonito Grains de beauté, uma das minhas favoritas na vida, cantada assim. :)
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