Cara diária, seria essa insônia "um antiacidente como uma rima"?
Madrugada ativa por aqui. Acordei por volta da 1:30 e segui desperta até o sol de quinta-feira chegar. E não foram incômodos que me mantiveram acordada, foram coisas de outra ordem, específicas e aparentemente não interligadas: uma excitação, uma paixão e um mergulho temático.
A excitação veio de algo não vivido por mim diretamente, mas que me sacudiu em contentamento. Pedro partiu ontem para sua primeira viagem solo e passei o dia recebendo imagens dele solto - com amigos, na água, na baladinha. Fui tomada por uma energia quicante, uma alegria genuína em ver, de longe, a cria em voo desgarrado, vivendo dias de autonomia mais concreta. Despertei pensando nisso, na beleza dessas mudanças, e meu peito foi aos poucos se aquietando, mas pensar em mudanças me remeteu à paixão corrente. Aqui talvez caiba um parêntese: (paixões não me são raras nem óbvias. elas surgem por pessoas, objetos, coisas imateriais e quase inimagináveis, mas são ridiculamente efêmeras. por isso me entrego, por isso as degusto). E sim, como me apaixono por autoras e autores. Acendi o abajur, peguei os óculos e li Édouard Louis me espalhando por suas palavras, por sua escrita livre e tão tão rica em tanta coisa. Quase dormi. Mas acontece que ele tocou em um ponto que eu tinha debatido naquele mesmo dia com minha adorável prima Pat e só aí me toquei que tinha tudo a ver com o que eu havia escrito, meio sem elaborar, no dia anterior. Pronto. Mergulho temático. Fechei o livro, puxei o caderno e o resto é história. O in-crível é que, já com sol e sabiás-laranjeira gorjeando, saí da cama bem, disposta, como se tivesse dormido a noite toda. Por isso te pergunto, diária, terá sido essa insônia "um antiacidente como uma rima"?
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Rádio Plutão
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