Inteireza
Hoje meu dia começou um pouco mais tarde e acordei ainda rindo o riso tanto da noite passada: gil em marley, vinho, gato de bigodehitler, bukowski (quem gargalha lendo bukowski, dio mio?? pois é), vitamina c, rede e torta de maçã gelada. Dia começado, cheguei ao trabalho ainda cansada da corrida e Vitor chegou um pouco depois de mim. Ele e seu sotaque sulista arrastado me pegaram em prosa longa que misturava contratos, pagamentos e assuntos pessoais festivos. E ouvindo ele falar sobre coisas várias só conseguia pensar no quanto ele ama isso aqui. Ele trabalha por uns três, tem responsabilidade de uns cinco e ainda assim aparece pra trabalhar no meio da sua semana de férias, assim, por que quer. Parece insano (e talvez seja um pouco), mas admiro o quanto ele é inteiro no que faz. Inteireza. Bonito isso. A inteireza foi assunto de mesa no sábado e tem tido presença garantida em muito do que penso, escrevo e faço ultimamente. É que ela tem muito a ver com a entrega natural ao que se vive e é imprescindível para a incorporação do amor amplo na vida. É o estar inteiro na conversa com a moça que vende tortinhas, no dueto de um minuto com um desconhecido na rua, no "bom dia" ao senhor de chapéu que passa em sorriso paternal, na dor que te acompanha sem tréguas, no almoço em família, no sono do domingo à tarde, no levantar o olho do livro pra ver ele dormindo, na corrida madrugueira pro sol que nasce, na bronca no sobrinho, na tarde em que o trabalho te vira do avesso, naquela lembrança triste, naquele plano bom, no susto, no encaixe, no escolher. E em tudo mais. Viver com gosto e estar inteiro, realmente presente, nos momentos todos. Viver sem gesso, em entrega consciente a cada coisa que se faz. Inteireza. Meu querer pontual diário.
.......................................................................................