sexta-feira, 23 de setembro de 2011

de quê

Comecei a reler "paris é uma festa" de hemingway e ele me parece um livro nunca lido. Tavez seja pela passagem do tempo esticado ou por desta vez estar lendo a versão em português ou então por esse momento meu, de olhos outros, distantes. Provavelmente por um pouco de cada. Anyways, sempre gostei de livros que falam sobre a escrita, das suas sutilezas, das inspirações, do seu dinamismo. E durante a insônia da noite passada me vi com inveja do hemingway. Sinto nas palavras dele uma inteireza quaseplena, mesmo quando as situações narradas indicam o contrário. Passei boa parte da madrugada tentando sugar cada gota daquela entrega e depois corri para o meu caderno para tentar achar nas palavras minhas algum sentido de pertencimento. Em vão. A verdade é que tenho me sentido uma estranha em cada aspecto da minha vida, como se eu estivesse descolada, sem um ponto de contato sequer. "Barco embriagado ao mar". O livro me parece novo, mas essa estranheza me é mais que familiar. E a conhecendo bem, sei que é momentânea. Sei bem pra quê ela vem e sei que passa. Mas nunca deixo de me espantar com a calma com que ela chega e se instala, causando desordem através da passividade que lhe é característica. Ela não puxa meus cabelos, não me joga no chão, nem grita na minha cara. A estranheza prescinde de alardes. Ela sutilmente junta dois dedinhos e tira a minha cor. Pronto. Gesto simples e certeiro. Um amigo querido me disse dia desses que andava esquisito, "sem vontade de contato com vcs, humanos", e entendo o que ele sente. Também me sinto et. Inverno na primavera. E até eu conseguir me tirar da minha estranheza e fazer voltar a cor, vou seguindo assim. Um corpo solto em uma vida outra.
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Rádio Plutão
questiona a autoria


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2 comentários:

  1. Me condena, porque eu nunca li Hemingway - e acho engraçado quando as pessoas, de um modo geral, me contestam por uma série de obras que não li. Não faz mal. Gostei do título e do seu sentimento perante o livro. Vou procurar. Abração.

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  2. condeno não, nina! ah, eles/nós esnobes literários e suas/nossas listas de mustberead... =)
    pois eu nunca li dostoievski e só agora, por influência sua, vou trazer pra perto o benedetti. agradeço. =)
    beijo p'c!

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