segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Simsim

Ele abriu os olhos e ela já estava acesa, lendo bukowski do outro lado da cama. Ele permaneceu imóvel, mantendo a respiração do sono, no intuito de não acordá-la da leitura. (Ele tinha um jeito de cuidar dela nas coisas em que ela nem sabia que poderia ou precisaria ser cuidada.) E ficaram assim por um tempo, até o momento em que ela fechou o livro e abriu um sorriso gigante. "Bom dia, amor.", disse antes do beijo nadacurtoquaselongo. Ela também beijou cada um dos olhos e espalhou a ponta do nariz pelo pescoço dele. (Ela tinha um jeito de dar carinho que ele nem sabia que poderia ser dado ou recebido.) Ele contou o que tinha feito e estudado na noite anterior, enquanto ela já dormia, e ela listou os possíveis (desem)planos para aquele dia. E ficaram ali e nada decidiram e falaram em filmar um curta e escrever um conto e riram feito bobos e lembraram coisas da infância e falaram da vontade da viagem e contaram a grana nos dedos e acharam graça da falta da cortina e da possível super valorização dos apartamentos do prédio da frente e beijaram e encharcaram o lençol sem nenhum apego à secura da cama e conversaram mais um tanto e dormiram de novo, no mais leve e profundo dos cansaços. Quando ela despertou, olhou para ele ali, ao lado, e perguntou a si mesma em voz muda: "ele existe?". E ele, como se tivesse escutado, acordou e perguntou a ela, só que em claro e bom tom: "você existe?".
Sim.
Sim.
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Rádio Plutão
ama itamar.
e canta assim... =)

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