terça-feira, 25 de outubro de 2011

Terça rima com

momento de claridade, de duy huynh

a noite bem dormida, a oração na cama, as cigarras em trance cantante, o leite quente com mel, os melindres da CF, o batom quase no fim, a garganta arranhada, a bota, o céu com sol enfim, a lembrança boa do olho dele na claridade primeira, CCR no carro, a mesma cadeira, a dança dos dedos no teclado, a manga azedinha intervalesca, o feriado mudado, a imagem de duy e o trecho da anônima que não sai da cabeça.
 
"No sótão, outra vez. Ele não é minha casa. Não tenho mais casa nenhuma. Claro que a peça mobiliada que me foi tirada pelos bombardeios também não era minha. Ainda assim, ao longo de seis anos eu a preenchi com a atmosfera de minha vida e com meus livros e quadros e centenas de coisas que acumulamos em torno de nós. Minha estrela do mar do último verão pacífico em Norderney. A tapeçaria que Gerd me trouxe da Pérsia, o despertador amassado, fotos, cartas antigas, a cítara, minhas moedas de doze países, o tricô começado - todas as recordações, peles, cascas, sedimentos, os cálidos trastes dos anos vividos.
Agora que tudo se foi e só me resta uma mala de mão com roupas, me sinto nua e leve. Por não ter mais nada, tudo me pertence."
Anônima ( em "Anônima, uma mulher em Berlim")
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2 comentários:

  1. Terça rima com Kerouac: Tristessa. Tentando ler.

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  2. ai nina, kerouac rima com tanta coisa... o primeiro dia dese blog aqui começou com ele! =)
    nunca li tristessa...depois me conta o que achou??
    beijoontheroad =)

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