"E pareceres contínuo"
Assisti a esse vídeo do Eddie Vedder em que ele lê um trecho escrito por Damien Echols antes de cantar Bob Dylan. E sim, o tempo não existe. Mas existe. Assim como o vento (eita, ói "O tempo e o vento" aí), que não possui um corpo visível mas a gente o reconhece no contato com as folhas que voam, no frescor que bate na nuca, no cabelo que bagunça como que por pequeninas mãos; o tempo também se faz material nas coisas. Eu o vejo imprimindo linhas no meu rosto, nas crianças que voltam diferentes a cada 4 dias com o pai, na mãe que virou minha filha. Vejo o tempo palpável na construção dos afetos, em abraços e beijos que se transformam. Também o vejo na concretude dos silêncios, no sentido de falta que vai se descolando de nós e some, mas nunca em um passe de mágica. Leva tempo. O tempo existe. E não existe, Damien tem muita razão, o tempo é só truque. Só existe o agora. Porque o que foi e o que virá são fugidios e só o agora é real no nosso campo de ação. Agora.
"Uma coisa que eu adoraria ter é uma ampulheta ou uma coleção delas. Algumas que medem minutos, outras que medem horas, outras que medem o dia inteiro. E relógios de pêndulo e relógios de bolso. O que mais gosto sobre o tempo é que ele não é real, está todo na cabeça. Claro que é um truque útil se você quer encontrar alguém em um lugar específico do universo para um chá ou um café, mas é tudo que ele é, um truque. Não existe passado, ele só existe na memória. Não existe futuro, ele existe apenas na nossa imaginação. Se nossos relógios fossem verdadeiramente precisos, a única coisa que eles diriam é "agora"."
Damien Echols
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