terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Miniconto sobre a falta 

Ela soltou sua confissão e chorou. Chorou num misto de alívio e vergonha, como quem não quer mas quer puxar de volta a água já escorrida por entre os dedos. Assenti com os olhos, estendi minha mão em silêncio e consegui lê-la pelo tato. Vi um mar de faltas cercado de excessos por todos os lados, o avesso de uma ilha sendo ilha ainda assim. Quis explicar que entendia bem aquela dor, aquela humanidade, mas a mim não cabiam as palavras. Mergulhei no mar dela então, sofri junto. Minha tentativa, meu jeito, minha intenção de não deixá-la só. E só.